Adrien ainda estava chegando em sua casa tentando se acostumar com a ideia de ainda precisaria estudar para a prova de história que seria nos próximos dias. Se não bastasse o sono que teimava o derrubar, ainda teria que se preocupar com uma prova a qual nem sabia que tinha sido marcada. Porque? Ora, simples resposta. Estava disfarçado como Chat Noir ajudando novamente Paris a não ser dominado por Hawk Mofh junto com Sua Lady e isso durara um dia todo que ele deveria estar na escola.

 “Teria feito errado?” questionava-se mentalmente enquanto entrava em sua casa. Afinal, ele estava errado?

Não que ele não gostasse da ideia de ser Chat Noir, longe disto. Adorava estar perto de LadyBug, a garota que ele amava e nem sabia quem era por trás da máscara. Sempre que se juntava a ela seu dia ficava melhor, não importasse qual era o vilão que estaria enfrentando, pois só olhar para Sua Lady o deixava feliz. Adorava ser o seu “gatinho bobo”. Entretanto sua vida como Adrien Agreste era muito mais entediante e controlada que o mesmo nem poderia tirar um tempo e escapar de sua rotina.

O garoto loiro entrou pela porta de seu quarto e logo em seguida lançou-se sobre sua cama. Logo Plagg saiu de seu esconderijo e fora reclamar com ele. Tampando os ouvidos, Adrien entregou um pedaço de queijo Camembert para o kwami que voou até onde ele estava.

— Você está com uma cara horrível Adrien. – comentou mastigando o pedaço de queijo.

— Valeu mesmo Plagg. – o loiro respondeu ao mesmo sarcasticamente. O olhou de soslaio para o kwami e se sentou na sua cama. – Você queria que eu estivesse com que cara afinal? Não consegui dormir direito essa noite.

— É claro, ficou pensando na LadyBug ao invés de dormir. – soltou o kwami fazendo Adrien coçar a nuca envergonhado. Afinal era mesmo verdade, ficara boa parte da noite pensando em sua amada.

— Isso não vem ao caso Plagg. – o cortou antes que continuasse.

Levantando-se foi até a janela encarar o céu azul. O dia estava bonito aquela manhã. Estava quente e a cidade exalava o cheiro parisiense que o mesmo adorava sentir. A brisa fria alertava que logo mais iria chover, dando um toque de dia completo a Paris, nem tão quente e nem tão frio. Uma combinação perfeita.

O loiro ouviu alguém se aproximar no corredor e rapidamente escondeu Plagg em suas coisas, bem a tempo de impedir que Nathalie visse o kwami terminando de comer queijo. Virou-se e deu um pequeno suspiro de alívio ao perceber que fora rápido o suficiente.

— Adrien, o almoço está servido. – a assistente avisou abrindo a porta rapidamente e encarando o garoto com uma aparência inexpressiva no rosto.

— Obrigado Nathalie. – agradeceu arrumando suas coisas. E logo após se dirigindo para fora do quarto.

O mesmo passou pelos outros cômodos da casa se dirigindo a sala de jantar, onde a mesa já se encontrava arrumada. Sentou-se colocando a bolsa ao seu lado e discretamente entregou pedaços de queijo para Plagg ficar quieto até que ele terminasse de comer. Logo o almoço foi colocado na mesa e mais uma vez ele estava sozinho na sala.

Sentia falta da companhia de alguém para conversar enquanto comia. Há muito tempo isso já lhe fazia falta.

***

Era uma tarde calma no centro de Paris. Nenhuma ocorrência de clima ruim. Nenhum ataque dos akumas. Nenhuma complicação dentro do prédio onde estava. Nenhuma confusão. Absolutamente nada, tudo calmo. Calmo até demais para um japonês experiente. Tão experiente quanto um velho dragão das lendas de seu país ancestral. Um país que ele a muito queria voltar um dia.

Andando de um lado para o outro dentro de seu escritório, Mestre Fu, como era chamado por seu kwami, questionava seus pensamentos. Seria o momento no qual ele tanto esperara acontecer? O momento em que ele escolheria os outros portadores dos miraculous? Ou ainda não? Perguntas e mais perguntas rodeavam sua cabeça e o fazia andar cada vez mais dentro do cômodo onde permanecia, deixando-o mais tenso e pensativo, segundo após segundo.

— Mestre, o que tanto pensa para estar andando de um lado para o outro há horas? – seu kwami perguntou flutuando levemente a sua frente, intrigado. Seu nome era Tortuise, que era nada menos que uma pequena tartaruga.

— Estou pensando se realmente está na hora de usar os outros miraculous Tortuise. – respondeu admirando, através janela, a movimentação da rua de frente com seu prédio de yoga. – Mas ainda não tenho certeza se é uma boa ideia, pois ainda existe um miraculous desaparecido. O do pavão.

— Está certo Mestre, mas enquanto o miraculous da raposa? O miraculous ainda está na caixa. – Tortuise observou flutuando ao lado do senhor Fu. O mesmo suspirou por um momento.

— Muito bem lembrado. A única coisa que pode atrair um miraculous, é outro miraculous. – comentou lhe dando um sorriso. – Se quiser escolher o próximo portador do Paon, preciso descobrir onde ele está antes. E a única maneira de descobrir onde ele está, é através de outro miraculous.

O senhor de camisa tropical vermelha e com flores amarelas encarou o amigo kwami esverdeado flutando ao seu lado por alguns segundos. Aquele olhar... O olhar que o kwami a muito tempo descobrira que significava que algo iria acontecer. E, de fato, algo muito bom seria feito por Mestre Fu. Tortuise só precisava descobrir o que era.

***

No centro, bem próximo ao local onde estava localizado o prédio de yoga do mestre Fu, havia um pequeno restaurante bem popular entre os franceses, L’e Vent Souffle, que continha como donos uma família estrangeira, que veio do Canadá para Paris. Logo ao lado do estabelecimento estava a casa da família O’Greens.

Nesta família, a pessoa que mais se destacava era Kattie, uma garota alta e ruiva, de dar inveja a muitas outras meninas que insistiriam em competir com ela para saber quem é a mais bonita. Seus olhos eram esverdeados e curiosos, suas tonalidades variam muito de acordo com a estação do ano, mas nunca saindo do verde e nem do azul. Sempre se vestia com alguma peça de roupa com cores escuras, seja o tempo frio ou quente sempre variava suas tonalidades para combinar com o seu dia. Era uma garota divertida e, ao mesmo tempo conseguia ser séria. Era feliz. Adorava ajudar seus pais no restaurante e dar conselhos aqueles que a procuravam. Uma menina de ouro.

A mesma estava trabalhando a tarde inteira no restaurante quando seu pai a dispensou para ir para a escola. Se despedindo de seus pais a garota se dirigiu a sua casa e rapidamente saiu novamente, com o material nos braços. Iria para a sua escola, no outro lado da cidade.

Antes de virar a esquina, a mesma encontrou com uma de suas colegas de classe. Lila. Se cumprimentando, logo em seguida seguiram conversando e rindo. Suas risadas podiam ser ouvidas em muitos lugares mesmo assim, nenhuma das duas ligava para as pessoas as olhando feio por onde passavam.

Ela mal sabia que, ao longe, alguém as observava pensativo.