— Encontrou alguma coisa Mari? – Adrien perguntou batendo as mãos em uma parede que fazia um barulho estranho.

— Não, eu... – a mesma olhou assustada para algo negro brilhando perto do garoto. – Adrien tem alguma coisa na sua mão!

— É o meu anel... – respondeu observando um intenso brilho esbranquiçado perto de Marinette. – Os seus brincos estão brilhando também!

— O que isso significa Tikki? – a morena perguntou receosa para a kwami.

— Significa que Louis deve ter encontrado o último pergaminho. – explicou analisando os brincos de Ladybug – Se eu não me engano, esse brilho está saindo de todos os outros miraculous. É o momento de derrotar o Hawk Moth.

— Acho que encontrei alguma coisa aqui. – Plagg disse chamando a atenção de todos para um pequeno bloco solto da parede. – Tem cheiro de queijo. Hum...

— Espera Plagg. – Adrien gritou quando viu o kwami atravessar a parede. Correu até o bloco e o puxou com força. – Eu juro que se ele fosse um pouco mais legal eu implicaria menos com aquele queijo fedorento dele...

— Bingo. – a morena disse ao ver a passagem secreta por onde o kwami havia passado. Sentiu sua respiração falhar quando o loiro segurou sua mão. – Vamos. Temos que sair daqui antes que seja tarde.

Ambos entraram com cuidado na passagem secreta e seguiram por um longo corredor estreito. Este era pouco iluminado e continha uma grossa porta no final. Marinette respirou fundo e encarou o garoto. Estava com medo do que os estava esperando por trás daquela porta. Mas daquela vez tinha alguém ao seu lado e nada iria acontecer com ambos juntos. E como se lesse seus pensamentos, o loiro depositou um pequeno beijo em sua testa.

— Pronta? – indagou segurando a maçaneta da grande porta a sua frente.

— Pronta.

Receosamente abriram a porta. Adrien foi o primeiro a sair e identificar o local onde estavam. Não podia acreditar no que estava vendo. Era o escritório de seu pai! A porta da passagem secreta havia dado na sala onde havia o grande quadro de sua mãe exposto na parede e as criações de moda da última coleção de Gabriel Agreste. Arqueou uma sobrancelha e olhou para Marinette.

A garota olhou para o quadro da mulher loira e admirou sua beleza por alguns segundos. Agora sabia de onde Adrien havia herdado tanta beleza para ser modelo. Deixou que um pequeno sorriso saísse de seus lábios e observou as primeiras criações de Gabriel que havia feito sucesso pelo mundo. Mal podia acreditar! Estava realizando um sonho. Estava frente a frente no que mais queria ver desde que decidiu ser estilista. Mas... havia alguma coisa de errado ali.

— Porque viemos parar aqui? – indagou ao garoto enquanto caminhava até a janela da sala. A cidade estava um caos. O céu negro. Pessoas correndo e fugindo dos akumas soltos. Prédios e casas destruídas. Tudo aquilo diante dos seus olhos fez com que seu coração se apertasse.

— Alguma coisa está me cheirando mal. E não é o queijo Camembert do Plagg. – respondeu indo em direção à porta. – Venha, precisamos sair daqui e encontrar os outros.

Quando abriu a porta o garoto se assustou ao ver Nathalie jogada no chão a sua frente. Rapidamente parou ao seu lado e tocou em seu rosto. Estava desacordada e inconsciente. Chamou por seu nome e não houve resposta. Chamou de novo. Nada. Arregalou os olhos quando viu uma mancha vermelha em seu pescoço.

— Nathalie... você está me ouvindo? – chamou mais uma vez quando sentiu a presença de Marinette ao seu lado. – Mari, ela não me responde... ela... ela...

— Ela ainda está viva Adrien. – afirmou tocando levemente no pescoço da mulher. – Só está desacordada. Vamos leva-la para dentro daquela sala que estávamos, vai estar segura lá.

Com muito esforço, conseguiram arrastar a secretária para dentro da sala. Fecharam a porta com firmeza e correram para a porta principal da mansão Agreste. Subitamente pararam quando sentiram a presença de alguém os observando. Do alto da escada estava Gabriel Agreste, totalmente diferente do normal.

— Pai! – Adrien disse correndo escadaria acima para abraçar o mesmo. – Que bom que o senhor está bem... Nunca me perdoaria se você...

— Fico feliz em te ver salvo meu filho. As coisas estão muito perigosas lá fora. – Gabriel respondeu olhando fixamente para Marinette ao pé da escada. – Onde vocês estavam? Eu fiquei preocupado.

— Desculpe responder pergunta com outra pergunta. Mas, onde o senhor estava? – indagou arqueando uma sobrancelha. Algo lhe dizia que alguma coisa ali estava errada.

— Eu estava em meu escritório quando vários akumas atacaram a minha mansão. Quando percebi que o sistema de segurança não iria suportar o ataque, eu e minha secretária Nathalie nos escondemos no segundo andar. – o mesmo explicou enquanto Adrien se posicionava ao lado da morena.

— O mesmo escritório que possui um quadro com a sua esposa? – perguntou observando a expressão do rosto do estilista começar a mudar.

— Exatamente. – confirmou exprimindo um sorriso em sua face. – Como sabe que existe uma pintura dela em meu escritório?

— Isso não vem ao caso senhor Agreste. – respondeu friamente e arqueou suas sobrancelhas. – Agora diga-me, se o senhor e sua secretária Nathalie haviam se escondido no segundo andar, porque a encontramos desacordada no corredor e do lado de fora de seu esconderijo? Porque somente ela?

— O que você está fazendo Mari? – Adrien sussurrou em seu ouvido. A garota continuava a encarar o homem a sua frente.

— Obviamente os akumas nos encontraram e acabaram a levando a força para fora. – respondeu inexpressivo.

— Então não se preocupará em me responder por que existe uma passagem secreta no seu escritório, não é mesmo Gabriel Agreste? – indagou com toda a coragem que encontrara em si mesma.  – Ou deveria dizer... Hawk Moth?

O silêncio tomou conta de todo o hall de entrada. Ninguém se movia. Marinette precisava cumprir a promessa que havia feito para si mesma, mesmo que pudesse destruir suas chances de boa primeira impressão. Era o momento final da história. Onde os mocinhos deveriam provar o seu valor e destruir a ameaça que assombra Paris.

— Hawk... Moth? – Adrien repetiu incrédulo. Não podia ser. Ele era seu pai, não tinha motivos para que fizesse tudo aquilo que acontecera com Paris... Ou tinha?

— Isto é completamente ridículo. – o homem alegou entre um sorriso largo. – Esta garota está fora de si.

— A única pessoa que está fora de si neste lugar é você! – gritou apontando-lhe o dedo no meio do rosto do estilista. Estava furiosa. – Chega de mentiras! Por Deus... porque? Porque senhor Agreste? O senhor tem de tudo nesse lugar! No mundo inteiro! Pra que causar todo esse caos? Toda essa destruição? Não tem sentido.

— Vejo que seus brincos estão um pouco diferentes da última vez que nos vimos. – Gabriel indagou ignorando os olhos arregalados da mesma para ele. A rodeou por alguns segundos e então continuou: - Sabe... esse tipo de acessório não está na moda já faz algum tempo. Se quiser, posso trocá-los por alguns de minha coleção. – sugeriu com um sorriso sarcástico. - Tenho certeza de que ficará satisfeita.

E antes que a garota pudesse evitar que o vilão fizesse alguma coisa, um vulto veio em sua direção. Não vinha do homem, mas de uma janela no fim do hall. Era o escudo de Tortoise. O objeto bateu na mão de Gabriel e a afastou antes que pudesse fazer algo a mais com os brincos de Ladybug. Todos se surpreenderam e encararam o dono de tal objeto misterioso. De repente um sorriso de felicidade surgiu na morena e isso fez com que sua determinação voltasse ao que era antes. Com toda sua equipe reunida, os miraculous começaram a brilhar intensamente. Logo, um brilho roxo pode ser reconhecido de um dos bolsos de Gabriel Agreste.

— Eu acho que não Hawk Moth. – Abelle disse parando ao lado de Tortoise e Paon. – Ou deveria dizer... Gabriel Agreste?

— Irão se arrepender. – o homem disse tirando o broche de borboleta de um de seus bolsos.

Talvez por saber que estava em desvantagem, gritou alguma coisa em voz alta e foi rodeado por uma grossa onda púrpura. Subitamente desapareceu sem deixar rastros. A mansão ficou silenciosa por alguns segundos enquanto os heróis tentavam assimilar tudo o que acabara de acontecer no local, principalmente Adrien. Não podia acreditar em nada do que havia visto. Seu próprio pai... era Hawk Moth. O mesmo que ele e sua amada Marinette tanto tentavam encontrar e fazer com que parasse com tanta destruição... Estava perto de si o tempo todo! Sentiu o mundo ao seu redor desaparecer e ouviu as batidas de seu coração diminuir conforme se sentava nos degraus da escada de sua casa. Agora entendia perfeitamente o porquê de Nathalie estar desacordada quando lhe encontraram. Certamente devia saber de alguma coisa e por isso seu pai tentara eliminá-la. Apoiou os braços nos joelhos e encarou o chão do hall de sua mansão. Precisava pensar claramente em tudo aquilo que estava acontecendo.

— Que bom que vocês chegaram. Achei que colocaria tudo a perder agora. – Marinette declarou abraçando Tortoise e em seguida Paon. – Como conseguiram me localizar tão rápido?

— Quando descobrimos quem era o verdadeiro Hawk Moth sabíamos que encontraríamos a nossa líder. – o garoto respondeu fazendo com que um pequeno rubor passasse pelas bochechas da azulada. – Aliás, é um prazer conhecê-la por trás da máscara.

— Devo dizer que por essa eu não esperava. – Abelle comentou com uma pontada de deboche em sua voz. – Quem diria que a senhora Dupain-Cheng seria a minha super heroína favorita?

— Menos Cholé. – Paon repreendeu entre poucos risos. - Lembre-se de tudo que você disse a mim e a Tortoise.

— Espera um minuto... Cholé? – Marinette repetiu incrédula. – Mas... como é que...

— É uma longa história. – a loira afirmou antes que a morena continuasse.

— Que nós podemos deixar para depois da derrota de Hawk Moth, não é mesmo? – Paon ressaltou trazendo todos de volta a realidade novamente.

— Temos que ir atrás dele. Hawk Moth não pode ter ido muito longe. – Marinette afirmou olhando para os demais, sendo o mais confiante que conseguiu.

— Já estou à frente de vocês. – Paon respondeu com rapidez. Pegando seu leque em sua mão novamente comemorou seu ato. – Consegui rastrear o sinal do miraculous da borboleta, ele está indo em direção a Torre Eiffel.

— Perfeito. Vão na frente e impeçam que ele fuja para outro lugar. – a morena pediu olhando para onde Adrien estava sentado. Deu um pequeno suspiro e encarou Abelle e Tortoise. – Eu preciso resolver um assunto primeiro. Alcanço vocês.

— Não demorem. Todo o cuidado é pouco agora. – o garoto alertou enquanto ambas garotas saíam pela porta da frente da mansão. – Boa sorte.

Aproximou-se de onde o loiro estava e silenciosamente se sentou ao lado do mesmo. Seu olhar estava desolado e até mesmo Plagg permanecia em silêncio, agarrado a perna do amigo. A morena podia não entender muito bem aquilo que realmente se passava na mente do seu amor, mas apenas o fato de estar próxima a ele era o suficiente para fazer o seu corpo se arrepiar completamente. Percebeu o mesmo fechar os olhos e tocou sua mão com cuidado. Era incrível a capacidade de ambos se comunicarem sem palavra alguma. Era como se soubessem o que cada um pensava ou como se sentia a qualquer momento. Um tipo de conexão entre os dois.

— Ele é o meu pai Mari. – o loiro repetiu em voz baixa, quase num sussurro. A tristeza era notável em suas palavras. – Eu... Não posso lutar contra ele... Eu...

— Shh. – a garota o repreendeu, o puxando para um abraço apertado. Surpreendeu-se com a naturalidade que teve ao mexer em seus cabelos e como acalmou sua respiração a trazendo de volta ao normal lentamente. – Acalme-se gatinho. Tudo vai ficar bem... Eu prometo. O mais certo a fazer agora é nos juntarmos e tentar acabar de uma vez por todas com aquilo que controla seu pai. O poder negro do miraculous do borboleta está influenciando ele... Tenho certeza de que existe alguma coisa boa nele ainda. Só precisamos trazer isso a tona.

— Eu... Não sei o que dizer My Lady. – revelou a abraçando mais forte. A garota não pôde conter um suspiro de surpresa. Retribuiu o abraço do mesmo. – Obrigado... Eu amo você pequena.

— Eu também te amo. Mais do que você possa imaginar. – afirmou com um pequeno sorriso irônico. Sempre quisera dizer aquilo para o loiro. Aquela era a oportunidade de sua vida. Não conteve seu sorriso aumentar. – Podemos colocar nossa dupla imbatível em ação agora?

— É claro My Lady. – respondeu dando um rápido selinho na morena. A mesma ainda não havia se acostumado com a ideia de que Adrien a amava, portanto, ficou completamente sem jeito arrumando timidamente seu cabelo solto. – Venha. Paris ainda precisa de nós.

“Plagg me transforme!”

“Tikki, transformar!”