Cholé estava em seu quarto tentando descobrir alguma coisa que lhe interessasse ao respeito do seu miraculous na internet. Quando percebeu que não havia nada para ser encontrado na web sobre o que procurava, desligou seu computador. Lily estava apenas observando a loira ao longe, comendo os mais variados tipos de chocolate que a mesma havia pedido para James trazer a ela. Deu uma pequena risada ao notar sua cara de decepção.

— Eu já lhe disse que não iria encontrar nada nessa coisa que você chama de finfernet. – disse com um pouco de desprezo.

— Internet Lily. – a loira a corrigiu.

— Não importa. Eu tinha lhe avisado que não encontraria nada, mas você é teimosa... – a kwami continuou, fazendo a garota revirar os olhos.

— Na verdade, se você me explicasse melhor essa história sobre todos os miraculous, eu ficaria muito feliz e não procuraria respostas onde não pudesse encontrar. – ressaltou para o pequeno ser amarelo e se jogou no sofá perto da imensa janela do quarto. – Mas como é difícil arrancar alguma coisa de você né...

— Menos Cholé. Já lhe disse que só direi aquilo que for necessário. – Lily repetiu enchendo a boca de um tipo de chocolate fino e se calando em seguida.

A garota já não aguentava mais tanto suspense da parte da kwami. Bufou irritada e pegou seu celular para tentar se distrair com alguma coisa interessante. Entre fofocas e mensagens de Sabrina, Cholé pôde ouvir vozes no mesmo corredor que se localizava seu quarto.

Estranhou o fato de haver pessoas conversando no local e olhou a hora na tela de seu celular. Os empregados não costumavam ficar até aquela hora da noite arrumando o andar do prefeito. Sentiu o coração disparar e rapidamente se levantou.

— Lily, fique quieta. – sussurrou para a kwami e a enfiou na pequena bolsa que carregava com alguns chocolates. – Acho que estamos em perigo.

Cerrou os olhos e apagou as luzes do quarto o mais rápido que pôde. O silêncio predominou em vários lugares do ambiente e nada mais foi ouvido do lado de fora. A garota então se escondeu atrás de um dos sofás no meio do quarto no momento em que a porta do quarto era aberta. Olhou por cima do cômodo e viu James. Deu um pequeno suspiro de alívio. Mas havia alguma coisa de errado com ele.

 Algo que foi explicado logo depois que seu pai e outro de seus funcionários entraram logo atrás do mordomo. Não podia acreditar quando viu o exato formato de uma borboleta roxa aparecer no rosto de ambos e os fazer começar a vasculhar o quarto.

— Cholé... cadê você? Tá brincando de esconde-esconde filha? – ouviu seu pai perguntar com ironia para o silêncio do quarto. Se encolheu o máximo que pôde quando as luzes se acenderam novamente. – Encontrem-na. Hawk Moth precisa dessa garota.

Com movimentos ágeis a loira prendeu o seu miraculous no cabelo e correu para fora do quarto, atraindo a atenção dos mesmos. Mal pôde chegar ao elevador no fim do corredor quando sentiu alguma coisa lhe agarrar pela perna e arrastar até perto de onde seu mordomo estava. O mordomo que era o seu único e verdadeiro amigo. Encarou sua face completamente zumbificada e sentiu um aperto no coração.

— Me solta James! Eu exijo que você me largue! Você não sabe com quem está mexendo! – gritou desesperada tentando se soltar das cordas que o mesmo havia prendido em uma de suas pernas. – Me larga! Eu tenho que sair daqui!

— Não tem como escapar daqui Cholé. – James afirmou encarando a loira profundamente a sua frente com um pequeno sorriso no rosto. – Acha mesmo que uma garotinha mimada como você pode ser a heroína que vai salvar a cidade?

— Eu não acho. Eu tenho certeza! – gritou empurrando o mesmo com toda a sua força e indo em direção as escadas do hotel.

Ao passar do terceiro andar do prédio, se escondeu atrás da porta das escadas. Seu coração galopava no peito e por um momento sentiu a adrenalina de afrontar alguém cara a cara. Ainda tentando raciocinar o que estava fazendo abriu a pequena bolsa e colocou todo o ar que ainda restava em seus pulmões num grito:

“Lily, mostrar as asas!”

***

Marinette estava em um espaço totalmente preenchido pelo vazio e pela branquidão. Estava em sua forma normal e tentava encontrar alguma coisa em meio ao nada que pudesse explicar o que estava acontecendo. O silêncio predominava no local e de certa forma lhe transmitia paz. Olhou ao redor e sentou no chão para pensar naquilo que estava fazendo. Subitamente um cheiro delicioso de biscoitos de chocolate invadiu as narinas de Marinette fazendo seu estômago roncar um pouco.

— Estou tão feliz por você Marinette. – ouviu uma voz ecoar pelos seus ouvidos. Olhou para trás e encontrou uma garota parecida com ela, mas com cabelos vermelhos e roupas da mesma cor com grandes bolinhas pretas. Em suas orelhas um par de grandes brincos negros com cinco pintas vermelhas.

— Quem é você? – a mesma indagou querendo confirmar a resposta em sua cabeça. Uma pequena gargalhada simpática veio da garota e fez com que a morena desse um pequeno sorriso.

— Não acredito que não me reconhece. – a desconhecida continuou encarando Marinette com seus olhos azuis violetas vibrantes. – Achei que depois de tanto tempo juntas você iria me identificar.

A garota de cabelos negros azulados não pôde deixar que uma expressão surpresa atravessasse seu rosto. Um sorriso meigo surgiu nos lábios da ruiva e um abraço fechou o espaço entre ambas garotas.

— Tikki? Como assim?... porque está parecendo com uma garota da minha idade? – questionou ao se separar da kwami e encará-la. – Por favor, me explique o que está acontecendo.

— Como Mestre Fu lhe disse, você e o Chat Noir precisavam encontrar o equilíbrio entre vocês dois para conseguir atingir o poder do Yin-Yang. Quando você começou a meditar para buscar esse equilíbrio conseguiu estabelecer uma conexão comigo, ou seja você conseguiu encontrar o que procurava. Eu represento a criação, a paz, a renovação, a sorte. – Tikki lhe explicou segurando suas mãos e fazendo com que um pequeno brilho vermelho brilhasse envolta de ambas. – Com isso você vai perceber que nós duas somos uma só. E é dessa união que você vai precisar quando estiver cara a cara com Hawk Moth. Você está preparada para o que vai vir?

— Eu já nasci preparada. – a mesma afirmou deixando que o brilho tomasse conta de sua visão. A última coisa que viu fora um doce sorriso da kwami.  

Haviam finalmente encontrado a conexão entre ambas e descoberto que eram uma só.

Marinette abriu os olhos rapidamente. Havia acabado de ter uma visão com a forma humana de Tikki e sentia que alguma coisa havia mudado em si. Se sentia mais forte. Com uma paz invejável. O mundo podia acabar lá fora que ela não iria ligar. Encontrara mesmo aquilo que precisava.

 Olhou para seu parceiro ao seu lado e o observava enquanto o mesmo meditava. Seus olhos mexiam de um lado para o outro debaixo de suas pálpebras e mostravam o quanto ele estava se esforçando para aquilo. O quanto estava se esforçando para se conectar com o seu próprio kwami. Como estava feliz e orgulhosa do mesmo! Queria abraça-lo e dizer que ele era a garota que ele tanto visitara durante as noites que o mesmo estava sozinho. A mesma garota que havia ficado extremamente grata pelo dia que a salvara de Chat Blanc e que não queria admitir que sentia algo pelo mesmo.

Deu um quase imperceptível sorriso e encostou-se a parede da cômoda em que Mestre Fu havia deixado os dois. Iria esperar o quanto fosse necessário pelo parceiro. Mesmo que isso arriscasse a vida de alguém.  

***

— Me soltem! Eu insisto que me libertem desse lugar! – Abelle berrava tentando de todas as formas sair do minúsculo quartinho de limpeza do andar da cobertura do seu prédio. Sentia sua mão arder de tão forte que estava batendo na porta á sua frente. – Eu vou contar até três e espero que vocês não o esperem para abrirem essa porta. – Um... Dois... – contou e pegando impulso dos fundos do quartinho correu em direção a porta novamente. – Três!

Teve uma enorme cara de surpresa quando percebeu a mesma á sua frente se abrir de súbito e fazê-la bater com força na parede. Logo após o impacto ouviu risadas no corredor e temeu que fosse mais um dos akumatizados por Hawk Moth. Sentiu uma mão lhe tocar o ombro e fechou os olhos com força. Não queria mais correr e ser presa naquele cubículo novamente.

— Achava que abelhas não faziam tanto barulho assim. – ouviu uma voz conhecida lhe provocar com uma pequena risada. Volpina.

— Volpina? – a loira indagou se levantando do chão. Não acreditava. – O que você está fazendo aqui?

— Vim te ajudar oras. – a raposa respondeu como se aquilo óbvio. – Ou você prefere continuar nesse quarto de limpeza pelo resto da sua vida?

— Não! – Abelle exclamou fazendo a morena rir de sua cara. – Quer dizer, você acha mesmo que esse lugar é digno de uma pessoa como eu? Me poupe raposa boba.

— Boba é você abelhinha. – Volpina rebateu segurando na mão da garota e arrastando com ela para longe dali. – Vem, precisamos sair daqui antes que aqueles akumas voltem.

— Se estamos fugindo deles, porque estamos indo direto para o escritório do prefeito? – Cholé perguntou desconfiada. Percebeu a garota lhe mostrando sua flauta como se fosse um comunicador que Chat Noir utilizava em seu bastão.

— Eu estou sem sinal aqui e preciso comunicar a Ladybug que precisamos de ajuda. – a morena explicou olhando rapidamente para a garota. – Ou você tem uma ideia melhor? Pelo que eu saiba você não tem nenhum comunicador nas suas lanças.

— Não, mas também não acho que indo direto para lá não é a melhor solução. – rebateu enquanto desciam as escadas em direção ao local.

— É a nossa única escolha. – afirmou parando á frente da porta com Abelle atrás de si. A raposa pareceu pensar por poucos minutos e pegou sua flauta novamente. – Fique aqui e tome cuidado. Vou tentar ligar para Ladybug de novo e chamar ela para nos ajudar.

Em poucos minutos Volpina desapareceu no corredor. Mas alguma coisa ainda não encaixava naquele quebra cabeça e Abelle não conseguia adivinhar o que era. A desconfiança lhe dizia que aquilo podia ser uma armadilha, mas Cholé preferia não acreditar naquilo. Afinal, Lila havia realmente mudado não? Porque ela trairia seu próprio grupo?

“Será que ela seria tão falsa e traiçoeira a ponto de fazer isto?...” Pensou com dúvida e se encostando na porta atrás de si.

Ou o que pensou que era uma porta. Sentiu um arrepio lhe percorrer o corpo inteiro e fechou os olhos, decepcionada com sua conclusão. Piscou várias vezes antes de se virar e encontrar a pessoa com quem ainda não queria enfrentar. Arregalou os olhos e se esforçou para que palavras saíssem de sua boca. Sentiu uma forte pancada em sua cabeça e sentiu o impacto de seu corpo ao chão antes que pudesse fazer mais alguma coisa. Sua visão começou a se escurecer e antes de se apagar totalmente viu Volpina parar ao seu lado sorrindo.

— Hawk Moth?...

***

Adrien estava em sua identidade civil e uma imensidão branca o rodeava. Não sabia onde estava e queria encontrar respostas o mais rápido que pudesse. Afinal queria chegar até o seu objetivo o mais depressa possível e acabar com toda aquela situação que Paris se encontrava. Respirou fundo e passou a mão os cabelos. Não importava o quanto andasse, nunca chagaria a lugar nenhum.

Olhou ao redor e não avistou ninguém. Pensou em gritar e chamar por alguém, mas estava sozinho. Sentou no chão e colocou a cabeça entre as pernas. Precisava encontrar uma resposta de qualquer maneira. Não sabia onde estava e nem o porque de estar ali. Mestre Fu havia lhe dito que se conseguisse se concentrar encontraria aquilo que precisava. Bom, até aquele momento não encontrara nada daquilo que ele havia dito. Talvez não estivesse fazendo o correto.

De repente um cheiro conhecido começou a dominar o ar que respirava e o obrigou a levantar a cabeça assustado. Á sua frente estava um garoto parecido com ele, com o cabelo totalmente negro e com olhos mais verdes do que dele mesmo. Recuou rapidamente para trás e o viu o moreno cruzar os braços.

— Também te amo viu Adrien? – disse ironicamente ao loiro. Quando percebeu que o mesmo não sabia quem ele era continuou: - Não está me reconhecendo? Achei que depois de Mestre Fu ter me dado a você já me conhecia o suficiente.

— Plagg? – indagou arregalando os olhos e se levantando do chão. Quando viu o mesmo assentir começou a observar o mesmo. – Como... Porque... Não sabia que você se parecia comigo. – o loiro comentou ainda um pouco impressionado com o kwami em forma humana.

— Na verdade eu sou muito mais bonito do que isto aqui. Só apareci assim para você para ver compreender que sou eu. – respondeu começando a andar ao redor do garoto. - Mas então? Você tem algum pedaço de queijo ai com você?

— Antes de tudo quero saber onde estou e porque estou falando com você. – Adrien respondeu cruzando os braços para o moreno e o encarando com uma sobrancelha arqueada. O kwami pareceu pensar por um momento e assentiu com a cabeça. Logo, o loiro o entregou o pequeno pedaço de queijo Camembert e esperou a resposta que precisava. – Comece.

— Bom, você está basicamente na sua mente. Lembra que Mestre Fu havia dito que você e Ladybug precisavam encontrar o equilíbrio dentro de vocês para conseguir o poder do Yin-Yang? Então, quando você realmente se concentrou e fez o que ele havia pedido, conseguiu estabelecer uma conexão comigo. Eu represento a destruição, a morte, o azar e a autoconfiança. Ou seja, quando você se transforma em Chat Noir, nós nos tornamos um. – Plagg em versão humana explicou terminando de comer seu pedaço de queijo. Lambeu os dedos e voltou a encarar o garoto com expressão confusa á sua frente. – Este lugar e esse encontro comigo é para transformar o seu jeito de pensar, para fortalecer o equilíbrio entre você e a portadora do miraculous da Ladybug. Tem certeza de que está pronto para esta responsabilidade? É algo muito sério e importante para vocês dois.

— Se isto significa conseguir o que falta para encontrar o Hawk Moth, então eu aceito o seu desafio Plagg. – Adrien afirmou confiante daquilo que estava fazendo.

Os dois juntaram as mãos e a última coisa que o loiro viu foi um forte brilho negro e verde lhe engolir. Descobrira que eram um.

Chat Noir abriu os olhos com confiança enquanto seu coração ainda batia rapidamente. Sentia-se mais forte e mais confiante do que nunca havia se sentido antes. Como se daquela vez não estivesse sozinho na batalha. Olhou ao redor e viu Ladybug lhe encarar com um pequeno sorriso nos lábios. Não pôde deixar escapar um pequeno suspiro sob o olhar da heroína sobre si.

— Você conseguiu? – a mesma lhe perguntou cautelosamente. Apenas um sorriso do loiro confirmou a resposta que ela tanto almejava ouvir. – Você conseguiu!

Um abraço cortou o espaço que havia entre os dois, fazendo que ambos sentissem o coração bater mais rápido. Um brilho foi o suficiente para afastá-los um do outro e observarem o que seria aquilo. Enquanto um brilho negro envolvia as mãos de Chat Noir o mesmo acontecia com Ladybug com um estranho brilho branco. Aos poucos a luz se apagou e na mão de cada um apareceu um pequeno pergaminho.

— Os nossos pergaminhos! – o heroí exclamou olhando para a parceira em seguida. – Mas como? E o primeiro que você havia encontrado?

— Mestre Fu havia me dito que todos os miraculous possuíam um pergaminho. Talvez, aquele seria o do miraculous do Hawk Moth se revelando para mim. Como se fosse um tipo de pedido de socorro. – Ladybug explicou com base de suas teorias. Realmente aquilo fazia sentido para ambos então não houveram mais perguntas. – Agora só faltam mais três.

“O equilíbrio encontrado é apenas mais um passo dado. O jogo está quase terminado. A luz da esperança depende de todos e às vezes apenas uma atitude errada pode ser a escolha mais certa.”

— Deixe-me ler o meu agora. – o loiro pediu abrindo o pequeno pedaço de papel com cuidado.

“O traidor está mais perto do que se imagina. O fim logo se aproxima. Quando a pedra mágica brilhar e o ,arrependimento vier, lembre-se de que todos merecem uma nova chance onde estiver.”

Antes que pudessem dizer alguma coisa a respeito da nova pista, a televisão ligou. Mestre Fu havia entrado na sala onde estavam e nenhum dos dois havia percebido. Viram o velho chinês balançar a cabeça em direção ao eletrônico ligado e rapidamente suas expressões de confusão desapreceram.

“- Ladybug e Chat Noir, como é bom saber que estamos finalmente nos vendo ao vivo. – Uma voz que há muito tempo não ouviam disse fazendo uma onda de medo atravessar seus corpos. – Como podem ver, estou no estúdio de TV pessoalmente. E olhem quem está comigo... – o vilão apontou para Abelle desacordada presa a uma cadeira bem atrás de si. Foi o suficiente para o coração da joaninha disparar novamente. – Seria uma honra ter você e seu parceiro Chat Noir aqui comigo esta noite para conversarmos a respeito da sua nova heroína. Eu sei que vocês estão com Chat Blanc e penso que poderíamos fazer uma troca justa. – o mesmo encarou a câmera com a expressão séria novamente. - Mas não tente dar uma de espertinha. Quero apenas você e Chat Noir aqui. Se por algum acaso ou coincidência o resto de sua fracassada equipe aparecer por aqui liberarei todos os meus akumas pela cidade e todos ficarão sob o meu controle para o resto de suas vidas. Então? Trato feito? Estarei aqui ás onze horas em ponto. A menos que queiram ver sua amiga novamente aconselho que apareçam aqui.”

Logo após o término da mensagem a televisão começou a chuviscar. Logo Mestre Fu desligou a mesma e encarou os heróis a sua frente procurando uma resposta. 

— Espero que tenham um plano a respeito disto.

— E nós temos. – Chat Noir afirmou olhando para a parceira em seguida.

— Realmente temos um plano. – confirmou com com pequeno suspiro preocupado.