Eu não sabia o nome dos vampiros que me escoltavam para o castelo, as minhas mãos suavam de nervosismo e meu coração martelava em meu peito, minha respiração estava acelerada e tudo o que eu sentia era medo, nesse momento eu conseguia compreender o quanto o meu plano era estúpido e sem lógica. Quem sou eu contra o líder dos vampiros?

O vampiro maior abriu as portas do castelo enquanto o menor me empurrava para dentro, ambos tinham pele azeitonada e eram sérios a todo o momento, o que o faziam ser mais assustadores. Eles me empurraram até o mesmo grande salão em que fui para morrer, o maior empurrou a porta novamente e eles me levaram até o centro do salão, imediatamente reconheci Aro.

Ele estava sentado em seu trono, usava um terno preto e seu cabelo longo caia por seus ombros como um manto, sua pele branca era quase translucida e seus olhos leitosos, ele tinha um sorriso cruel no rosto e me olhava como se eu fosse um troféu.

“Grace!” ele disse animado e ficando de pé.

Tentei me afastar quando ele pegou minha mão mas os vampiros grandes me impediram. Aro segurou minha mão com as suas duas e a soltou logo em seguida, um sorriso maior cresceu em seu rosto e ele virou-se para uma vampira loira.

“Tragam Bella para cá, imediatamente”.

Meu coração começou a bater mais forte. Aro notou isso e fez um gesto com a mão, os dois vampiros saíram de perto e caminharam para uma saída lateral, voltaram em seguida arrastando um vampiro de cabelo platinado, estremeci ao perceber que aquele era o Caius. Eles o jogaram perto de mim e ele imediatamente abriu seus olhos, eles estavam negros como a noite. Em frações de segundos Caius me puxava para baixo, eu torci novamente o meu tornozelo e bati meu outro ombro no chão, a dor fez meus olhos se encherem de lágrimas.

“O que faz aqui?” ele perguntou rouco.

“Te salvar” limitei-me a responder.

“Sabe que nunca irá consegui” ele disse ficando de pé e me levando com ele.

Olhei assustada para o Aro, ele olhava a cena satisfeito, feliz por ver seu ex-colega me atacando, entendi naquele momento seus planos e o motivo de ter sequestrado o Caius. Ele não queria o Caius, ele o sequestrou para me trazer até aqui, ele fez Caius ficar com sede para que ele pudesse me matar, Aro queria que ele convivesse para sempre com a culpa.

“Caius, ele quer que você me mate” sussurrei assustada.

Caius franziu a sobrancelha, apesar do seu rosto está quase próximo ao meu pescoço eu ainda podia o ver, ele pareceu entender o plano e se afastou, ignorou sua sede e me colocou atrás do seu corpo, esse gesto fez Aro se irritar, ele rapidamente puxou Caius para a frente, o jogando na escadaria, Caius ficou lá, fraco demais para ficar de pé.

Aro aproveitou-se e ficou na minha frente, ele rodeou meu pescoço com sua mão gelada e apertou de leve.

“Como você é covarde” sussurrei rouca, por cima do ombro do Aro eu vi Caius arregalar os olhos pela minha coragem, a coragem de uma pessoa morta.

Aro sorriu e desferiu um golpe no meu braço, eu escutei um estalo nas minhas costelas ao cair e bater novamente com a cabeça no chão, uma forte dor de cabeça me atingiu. Em um movimento surpreendentemente rápido Caius ficou de pé e tentou ir até Aro, mas foi impedido pelos vampiros grandões. Aro veio até onde eu estava, com um objeto afiado ele fez um furo em meu braço que imediatamente começou a sangrar mais que o normal, Aro me empurrou até os pés do Caius, me fazendo bater contra as suas pernas.

“Seu almoço, Caius!” Aro disse. “Você nunca será capaz de ter uma vida normal com ela. Tu sei il predatore e la preda*”.

Caius desviou o olhar do meu sangue.

“Essa é a mais pura verdade, Aro! Mas eu sou melhor do que isso”.

Caius, que estava solto novamente, abaixou-se e rasgou um pedaço do meu casaco e amarrou no furo. Ao me deixar com o curativo feito e impedindo que o sangue voltasse a sair, Caius foi até onde Aro estava, colocou a mão em volta do seu pescoço e o ergueu, todos os vampiros ficaram em alerta, não querendo atacar por medo de perder seu mestre.

“Que fique claro: quando eu voltar, eu irei acabar com você” Caius disse. “Suo impero sta arrivando la fine**”.

Ele soltou o moreno e veio me pegar, me pôs em seus braços e saiu andando de dentro do castelo, no caminho encontramo-nos com outros vampiros trazendo a Bella, Caius me deixou em um canto e desmembrou os vampiros, ele me pegou nos braços novamente e Bella nos seguiu assustada e sem falar nada.

* * *

Caius me levou até um hospital, um enfermeiro me tratou e ainda entregou para o Caius algumas bolsas de sangue que ele tomou todas, seus olhos voltaram rapidamente a serem vermelhos e ele ainda encheu uma mochila com mais sangue, provavelmente o enfermeiro sabia quem ele era.

Após o meu atendimento nós fomos de volta para a Itália, Caius permaneceu todo o percurso quieto ao meu lado, ele não falava nada e apenas permitiu que eu me aconchegasse ao seu braço. A situação já estava ficando irritante e todas as vezes eu tentava conversar com ele não funcionava, ao chegamos ao aeroporto Bella comprou nossas passagens e Caius se afastou totalmente.

Estávamos há mais de duas horas esperando o voo de volta para Seattle, Caius estava sentado o mais distante possível e eu não conseguia caminhar tanto, meu tornozelo voltou a doer e eu tinha três costelas quebradas e o meu braço direito engessado, Bella era a única que permanecia ao meu lado.

Ela saiu do meu lado somente para me comprar comida, eu não estava com fome, eu só queria que Caius conversasse comigo, que me abraçasse e prometesse que não iria mais procurar pelos Volturi por motivo nenhum, ele ainda devia uma explicação de porque foi atrás dele, estava tudo bem, eu precisa conversar com ele.

“Bella, você pode me ajudar a ir até o Caius?” digo implorando.

Ela fica desconfortável por um momento, ela e ele não se dão perfeitamente bem, existe uma história oculta por trás de tudo e ninguém me conta, mesmo assim ela me ajuda e me leva até o Caius e sai rapidamente. Ela me deixou sentada uma cadeira antes do Caius e ele não se moveu, nem me olhou, eu queria o bater e brigar com ele, mas eu tentava entender que ele poderia ter me matado.

Eu sou a presa, ele o predador.

“Caius?” chamei-o.

“Eu poderia ter te matado, você ao menos compreende a gravidade da situação em que se meteu?” ele disse grosso.

“Mas não matou” digo. “Você foi forte o suficiente para superar sua sede”.

“Não se pode confiar em um vampiro” ele disse sentado na cadeira vizinha, ele beijou o meu cabelo e senti inspirar o meu perfume, como se quisesse saber realmente que eu estava viva.

“Mas eu confio”.