Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 24
Chapter - XXIV I'll be waiting


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi pessoinhas! Cês tão bom? Voltei rapidinho pra postar um caps, especial. A fic completou um ano, Eba! Tudo isso ja?! E autora ainda não finalizou esse trem, que sacanagem né gente. Mas sei que vocês são discípulos do Tefinho é são pacientes, mas como pedido de desculpas um capítulo enorme de 10K. Dedico a Carolzita que me deu várias idéias e para Loys do TT que leu pedacin. Espero que gostem :D



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Enquanto eu viver, eu estarei esperando. Enquanto eu respirar, estarei do seu lado. Sempre que você me chamar, eu estarei aqui. Sempre que você precisar de mim, eu estarei do seu lado. Eu te vi chorar noite adentro. Eu sinto sua dor. Posso fazer isto certo? Eu compreendi que não há fim por dentro. Eu ainda esperarei que você veja a luz" I'll be waiting - Lenny Kravitz

CAROLINE

 

A luz pálida da lua projetava sombras de galhos no teto e único som que podia se ouvir era da nossa respirações em conjunto. O disco de Bon Jovi tinha parado, talvez Lexi estivesse percebido que eu não desceria tão cedo e resolveu sair de fininho já que tinha anoitecido. Fiquei deitada com a cabeça apoiada em seu peito nu, com dedos descendo e subindo trilhando caminhos secretos enquanto escutava o ritmo do seu coração aumentar. Ele acariciava meu braço e as costa  provocando pequenos arrepios e tremores involuntários que o faziam sorrir, aquele sorriso insolente que tanto amava odiar. Fechei os olhos me sentindo sonolenta e exausta. Mas ao mesmo tempo sentia algo que não deveria sentir.

Paz.

Eu deveria estar em pânico com que acabamos de fazer, fugindo para colinas e procurando alguma poção que me fizesse esquecer dele pra sempre.

Será que existia algo assim? Alguma poção ou feitiço que me permitisse esquecer dele. Era uma pena que Bonnie ainda não fosse uma bruxinha ativa com grimório em mãos e nem vampiros originais por perto. Porque quanto mais eu tentava ignorar, mas lembrava.

As lembranças recentes de seus lábios sobre os meus, trilhando o pescoço e deixando um rastro de fogo a onde tocava. As mãos ágeis pareciam tocar toda parte, cada centímetros de pele como se estivesse mapeando meu corpo e anotando a onde provocava mais gemidos.

Sua boca fazia igual estrago. Sua língua envolta do meu mamilo corria lento e sem pressa, fazendo-a gemer coisas incoerentes e agarrando seu rosto para beija-lo. Faze-lo deitar sobre mim e se aproximar mais do que eu desejava. O calor em meu ventre não era mais uma agonia suportável e ele sorria insolente parecendo lê-la como um livro. Ele e acariciou meu lábio inchado com dedo.

A lembrança de sua versão estripador sujando meus lábios com sangue me fez prender a respiração.

O olhar em seu rosto era tão intenso e diziam tantas coisas ao mesmo tempo. Fazia tantas promessas que tentei não acreditar, mas me peguei  fazendo  as mesmas promessas enquanto dizia seu nome repetidas vezes.

"Você é linda" ele sussurrou com testa colada a minha.

Não ousei duvidar disso, porque encontrei tanto desejo e admiração que me fez perder a capacidade de falar. Ele beijou-me lento, sem presa no início, me fazendo perder a noção do tempo e espaço e do quem eu era.

Naquele momento não existia duvidas, medos e mágoas. Todo o futuro incerto desaparecera quando ele entrelaçou nossos dedos e deslizou para dentro. Não somente do meu corpo, mas da minha alma.

Era como se estivéssemos dançando, uma musica que apenas nós dois conhecíamos e sabíamos todos os passos. Era como se já tivéssemos feito aquilo milhões e milhões de vezes.

Como de fato já tínhamos feito.

Mas em outro tempo, em outro mundo, um paralelo. Aquele em que dois melhores amigos receosos dançavam entorno do que sentiam e cruzavam a linha quando não tinham nenhum juízo na cabeça.

Mordi o lábio sentindo o calor ressurgir com toda força, aquelas lembranças pareceram incendiar todo meu corpo de novo. Ele deslizou o dedo pela minha espinha e desceu lentamente. Apoiei o queixo em seu peito e olhei para ele que me olhava sorrindo.

— Ei – ele disse com voz rouca e sorriu quando enrolou o dedo em mecha do meu cabelo.

Era um sorriso tão largo que enrugava os cantos dos olhos e deixava a mostra um lado dele que aprendi a amar.

A leveza que apenas eu trazia e tinha orgulho disso. Sem dizer mais nada subi em cima dele e ele agarrou ambos os lados da minha cintura e o sorriso se desfez quando me ergui o suficiente para ele deslizar outra vez.

Ele prendeu a respiração antes de soltar um gemido rouco que me fez sorrir. Ele fechou os olhos com boca entreaberta quando comecei a me mover. O imitei fechando os olhos me perdendo na sensação  de senti-lo me preenchendo.

Ele estendeu a mão e deslizou o dedo envolta do mamilo. Com movimento rápido ele se sentou com mãos envolta da minha cintura ele beijou o pescoço e mordeu de leve. Me fazendo rolar os olhos, mas o grito só veio quando sua boca envolveu o mamilo, chupando duro, me fazendo ofegar.

Segurei sua cabeça e puxei os cabelos que consegui. Ele começou a investir cada vez mais forte e de novo começando a nós mover com uma sincronia perfeita. Meu corpo indo de encontro ao dele de bom grado como si ele fosse parte dele.

E quando ele pediu que abrisse meus olhos e olhasse para ele, percebi que era verdade.

Ele era uma parte minha, sempre seria.

E isso era meu maior problema. Ele calou toda e qualquer duvida com sua boca caindo sobre a minha, espalhou beijos pelo queixo, pescoço e clavícula. Agarrei suas costas e olhei para teto enquanto mordia seu ombro querendo marca-lo como ele fez comigo, mas sabia que desapareceria dentro de um segundo.

As sombras continuavam se projetando no teto e agora poderia jurar que podia ver uma constelação inteira no teto daquele quarto.

 

LEXI

 

Finalmente anoiteceu, estava contando os minutos meio desesperada. Porque lá pelo últimos arranjos de Linving on a Player era difícil ignorar os gemidos que reverberaram    do andar de cima. Estava feliz e tudo. Era ótimo saber que Stefan e Caroline tinham se entendido, mas não queria ter que ouvir como a vida sexual deles era tão melhor que a minha.

Furtei a chave de sua moto e sai sorrateiramente, não que isso fizesse diferença porquê com toda certeza eles não dariam a mínima pra mim agora.

Acelerei e sorri apreciando o vento contra o rosto. Algumas mechas de soltaram e batiam contra meu rosto e pinicava, mas nada disso diminua a sensação maravilhosa de liberdade.

A liberdade que só uma Harley Davidson  poderia proporcionar.  E era ainda melhor quando se estava com uma jaqueta de couro e se inclinando sobre ela com se fosse parte de uma gangue.

Stefan odiaria saber o risco que sua garota estava sofrendo nas minhas mãos. Era por isso que ele odiava empresta-la e dizia para parar de assistir Son's of Anarchy.

Mas o que os olhos não veem o coração não sente. Percorri a estrada daquela cidade desejando muito cruzar a fronteira e andar sem destino de novo. Era tão excitante não saber qual era próximo passo, acordar em  um cidade nova e desconhecida e conhece-la no dia seguinte, no meu caso era sempre a noite.

Era uma maldição  estar aprisionada ao luar, mas sendo uma criatura das trevas o que mais eu poderia esperar.

Eu nunca fiz amizades com bruxas legais que me presentearam com anéis mágicos que  me salvassem de queimar ao sol como os irmãos Salvatore. O que era uma bela merda.

Estacionei em frente a um bar e quando entrei lembrei de já ter estado aqui nos anos 90. E não tinha mudado tanta coisa desde então, naquela cidade as coisas pareciam sempre as mesmas.

As mesmas tradições de respeitar as famílias fundadoras, bailes e eventos entediantes que quase sempre me forçavam a entrar naqueles vestidos desconfortáveis e dançar valsas intermináveis. Naquelas horas entendia porque Stefan detestava dançar, talvez fosse resquício de nossa época. O costume existia e éramos obrigados a vive-los, mas depois de cem anos, parecia apenas chato.

Me sentei no balcão e pedi um Arizona Jim, olhei para os banquinhos de madeira vazios e algumas mesas cercadas de jovens conversando. Não era um lugar muito animado. Bufei entediada até que meus olhos encontraram uma jukebox velha aposentada.

Entre um gole e outro decidi pela mais animada que encontrei que não fosse country Music ou pop.

13. B Just like heaven.

Sem ligar para os olhares estranhos que ganhei por escolher algo que não fosse deprimente, comecei a dançar The Cure e cantarolar fingindo que estava de volta aos anos noventa. Em Forest At The Rock Werchter ou em  Glastonbury com Stefan e Steven ao meu lado.

Por um segundo podia vê-lo dançando feito um louco. Seu cabelo loiro escuro esvoaçando enquanto ele pulava. Camisa preta larga, calça jeans clara cheia de rasgos com uma blusa de flanela vermelha amarrada a cintura.

Uma imitação quase perfeita de Kurt Cobain, se não fosses os olhos amendoados e negros como a noite. E o delineador, e piercing no nariz faziam um belo contraste entre o que Steven queria ser e o que realmente era. Stefan dizia que ele era uma mistura bizarra de Kurt, Axel e Robert Smith e não poderia discordar. Mas aquela mistura o fazia ser tão ele... Tão único.

Rodopiei pelo salão  com Enjoy the Silence tocando. Um pouco da bebida caiu no chão e abri os olhos xingando minha animação exagerada e estava concentrada em beber as últimas gotas que restaram quando alguém tocou meu ombro.

Virei tão rápido que meu cabelo bateu na cara do coitado que cobriu o rosto gemendo.

— Porquê será que toda vez que a gente si encontra, eu saio machucado?

— Matt?!

— Você ainda lembre do meu nome?

Sorri realmente feliz por vê-lo bem. Tinha um curativo na testa e muito mais cor no rosto. Vestia uma camisa azul marinho que parecia fazer seus olhos parecerem ainda mais brilhantes e azuis.

Apontei para minha testa e ele riu.

— Eu tenho uma super memória, garoto.

— Ah sim, eu tinha me esquecido que estava falando Jean Grey

— Hum, não. Eu não tenho nada de Jean Grey – balancei a cabeça rindo  - Eu estou mais para...

— Vampira.

Arregalei os olhos realmente assustada e ele riu disso me fazendo sorrir, mas de nervoso.

— Por que logo a vampira?

— Pelo jeito. Jaqueta de couro, moto, punk...

— Você me viu chegando?

— Ahãm – confessou ele desviando os olhos e colocando as mãos no bolso da calça jeans clara. Cruzei os braços me aproximando dele que ergueu a cabeça e parecia adoravelmente embaraçado.

— Por que não disse nada?

— Eu... Tentei mais você estava concentrada em achar algo que não fosse Jonnhy Cash  na Jukebox que não quis atrapalhar

— Não atrapalhou. Eu devia estar assustando todo mundo com minha dança esquisita.

— Não se preocupe, eles já viram piores que essa.

— Sério?

— Ah sim! Deveria ter me visto no ano passado. Primeiro porre da vida. Eu acho que assustei muito mais gente com minha dança de boneco de posto de gasolina do que você.

— Eu pagaria pra ver isso.

— Não precisa pagar. Só meia dose de tequila já é suficiente.

— Eu gostaria muito de ver isso, pena que vai ficar para uma próxima.

— Por quê? – ele inquiriu franzido a testa e parecendo se encolher um pouco

— Porque seria muita imprudência dar bebida para um menor e ainda mais estando convalescente.

Ele soltou um pequeno suspiro de alívio antes de sorrir.

— Falando nisso... Você está melhor? Nenhum osso quebrado…

—  Não, nenhum osso quebrado. Eu estou bem. Só bati com a cabeça, lembra? E ela dura demais pra quebrar tão facilmente.

Estendi a mão tocando a testa dele, no curativo. Ele arregalou os olhos surpreso, mas depois sorriu.

— Vai deixar uma cicatriz.

— Sem problemas! Acho até que vai me deixar mais… másculo. Tipo…

— Clint Eastwood – completei

— É, pensando por esse lado até que não é tão ruim.

— Não, realmente não é. Mas eu preciso tomar mais cuidado.

— No volante – completei – Isso com certeza – zombei

— Isso também. Mas eu estava me referindo a encontrar com moças loiras na estrada. Acho que elas tem a estranha tendência de causar acidentes.

— Ai! Essa doeu. Tem outras moças loiras além de mim? E eu aqui pensando que era a única.

— Mas você é! – ele se apressou em dizer, me fazendo rir de seu nervosismo – Quer dizer… É única louca que conheço.

— Awn. Isso me deixa lisonjeada – provoquei com a mão direita sobe o coração.

Alguém trocou de musica e Zombie do The Cranberries  tocava agora. Ele franziu os lábios olhando para baixo antes de voltar a erguer os olhos outra vez. Ele sorriu quando me viu cantarolar o refrão.

— Minha mãe costumava ouvir essa música. Ela tinha o disco deles e adorava cantar Linger enquanto cozinhava – ele confidenciou sorrindo. Mas o olhar parecia mais escuro, mais distante.

— É você não gosta da banda, mas acaba sabendo cantar todas por causa dela.

— Exatamente. É como uma maldição e trabalhar em lugar com uma jukebox velha não ajuda muito.

— Você trabalha aqui? – ele anuiu com a cabeça

— Trabalho meio período, faz uns dois anos.

— Mas você é tão... Novinho.

— Eu tenho pouca coisa a menos que você – rebateu rindo e sorri também.

Mal sabia ele que em alguns estados eu poderia ser presa e condenada há uns bons anos se soubessem da diferença gritante de idade nós. Um século pra ser mais exata.

— Mas não deve ser tão ruim trabalhar aqui. É um lugar bacana

— Quando não si está nele todos os dias, até que é – disse ele dando ombros.

Ele abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompido por alguém que gritou seu nome. Ele suspirou resignado antes de gritar que estava indo.

— O dever me chama – ele anunciou dando passo para trás – Acho que nos vemos por ai?

— Hum sim, com certeza. Eu preciso conferir todas as músicas da sua jukebox. Tenho fixação por essa coisa.

— Sorte a minha então. Foi bom te ver, Vampira.

— Igualmente, Gambit.
Ele se virou e foi até balcão mais voltou logo em seguida.

— É legal essa coisa de quadrinhos, apelidos e tudo. Mas eu ainda não sei seu nome.

— É porquê eu não disse – rebati fazendo-o corar de novo – Pensei em deixar um ar de mistério, sabe?! A garota da estrada soa muito mais atraente e inesquecível do que um nome qualquer.

Ele sorriu concordado

— Sim realmente é. Mas talvez eu queria que essa garota tenha um nome. Porque eu não quero que ela seja só uma memória.

Dessa vez foi a minha vez de perder as palavras. Estava com a boca aberta para dizer meu nome quando alguém puxou  braço dele. Reconheci na mesma hora, era a moça da foto.

— Bonnie… O que aconteceu?

— Sua amiga louca bateu no meu carro, foi isso que aconteceu – um garoto moreno com maxilar quadrado respondeu por ela que revirou os olhos para ele.

— Foi um acidente, Lockwood!

— Barbeiragem você quis dizer, Bennett.

Congelei.

Uma Bennett e um Lockwood a poucos passos de mim. Era um mal sinal encontrar uma possível bruxa e outro membro da família fundadora no mesmo lugar e era ainda pior porque ainda tínhamos mais uma Gilbert e Forbes na equação.

Todos eles eram amigos de Matt. De repente aquele bar nem parecia mais tão legal e cidade muito menos. Ela parecia menor a cada instante. Me perguntei se as bruxas de Salem sentiram coisa semelhante poucos antes de irem para fogueira. De repente era como si aquele pequeno grupo de amigos estivessem segurando tochas e estacas de madeiras vindo na minha direção.

— Okay, dá pra alguém me explicar o que esta acontecendo? – Matt inquiriu pacientemente alternando o olhar entre os dois, parecendo estar acostumado com as discursão entre eles.

— Simples, essa doida bateu no meu carro…

— Novo que a mamãe me deu – zombou a garota o imitando – Eu sei Tyler, você não cansa de dizer isso pro mundo inteiro. Mamãe te dá tudo, bom pra você! Provavelmente ela deve ter pago o seguro, então em vez de reclamar tanto, liga pra droga do seguro.

— Sua…

— Chega vocês dois! – Matt gritou perdendo a paciência -  Tyler ela tá certa, liga pro seguro. E Bonnie peça desculpa si bateu mesmo no carro dele.

Mas Matt?!

Os dois disseram em uníssono e se fuzilaram com olhos quando perceberam isso.

— Okay, desculpe Tyler. 

— Por… - Matt incentivou

— Bater naquela droga de carro.

— Droga de carro? – Tyler riu

— Você tem ideia do quanto custa ele? Nem si eu vendesse você...

— Como é que é?!

— Cara, você não disse isso? – Matt esfregou o rosto e olhou para amigo incrédulo.

Bonnie estava prestes a pular e cima do cara e não tiraria a razão dela, ele era um idiota. Mas Matt estava enrubescido provavelmente de aborrecimento com a discussão dos dois

— Cara, se manda! – mandei

— É quem é você pra mandar em mim?

— Alguém que vai chutar a sua bunda se não calar a boca. Liga pra droga do seguro e vai embora. Não percebe que a garota esta nervosa?

Tyler abriu e fechou a boca talvez procurando mais coisas para dizer e nos aborrecer. Mas pra minha surpresa ele suspirou e anuiu com a cabeça

 - É melhor dar calmante pra ela. Está tendo alucinações.

— Não eram alucinações! – rebateu Bonnie irritada – Por que diabos eu fui te contar isso?

— Eu é que sei? Você bate no meu carro quase e atropelada andando em transe feito uma doida. Eu te salvo, aliás cadê um obrigado por isso?

— Do que ele está falando, Bonnie?

— Caroline… eu preciso encontrar  ela. Fui na casa dela, mas ela não estava lá. Eu preciso avisar...

— Que um  monstro vai ataca-la na floresta – Tyler completou em tom de zombaria e se meu coração pudesse sofrer um enfarto, aquele era o momento perfeito.

— O que?

— Matt, eu realmente preciso encontrar ela. Por acaso sabe dela?

— Ela esteve aqui hoje – Tyler contou – Estava com reverendo e outro cara.

— Isso foi há muito tempo?

— Algumas horas.

— Mas me explica isso direito Bon. O que tem de tão importante pra dizer a Care?

— Eu não posso explicar porque em mesmo eu sei direito – ela confessou esfregando a testa e se encostando no balcão.

Ela segurou na borda do balcão e olhou para baixo. Matt e Tyler se entreolharam e Matt se aproximou e apertou o ombro dela.

— Ei, sabe que pode me contar qualquer coisa né? – ela riu em resposta e anuiu com a cabeça

— Eu só preciso saber si ela esta bem, entende?

— Claro que entendo.

— Mas ela não atende o celular e tenho medo de ligar pra mãe dela e colocar ela em uma encrenca...

— Ela deve estar bem Bennett. Forbes é uma garota grande e esperta. Ela sabe  si cuidar – remediou Tyler tentando acalmar Bonnie que mordeu os lábios anuindo com a cabeça.

Matt a puxou pelos braços e beijou o topo de sua cabeça. A garota apoiou a cabeça em seu peito e envolveu os braços entorno da cintura dele.

— Eu sei onde ela está – confessei por impulso. Sabia que deveria ter mantido a boca fechada, mas não consegui. Os três olharam para mim surpresos, mas foi Matt que se pronunciou primeiro.

— Você conhece a Caroline?

— Sim, conheci hoje mais cedo.

— É a onde ela está? – a garota perguntou se desprendendo dos braços de Matt

— Na casa do meu amigo.

— Que seria? – Tyler impaciente – Aliás quem é você?

— Ela é uma amiga – Matt respondeu por mim - E isso tudo que você precisa saber Tyler.

— Okaay! Entendi Donavan. Mas quem não vai gostar muito disso é a Elena.

— Elena?

— A namorada dele – Tyler explicou sorrindo e arqueando a sobrancelhas sugestivamente para Matt que o fuzilava com os olhos.

Então as peças se encaixaram e lembrei de Stefan mencionar um namorado com certo desgosto.  Elena era a namorada de Matt e não quis pensar no porquê isso tinha tanta importância. Saber que ele tinha alguém e esse alguém tinha  o mesmo rosto de Katherine Pierce.

— Ela não é minha namorada.

— Desde quando? - inquiriu Tyler rindo

— Desde que eles terminaram – Bonnie rebateu irritada

— Finalmente, cara! Pensei que nunca fosse se liv...

— Tyler, quer fazer o favor de calar a boca? – Matt pediu com os dentes cerrados.

— Então, onde é a casa desse seu amigo? Por acaso é muito longe...

— Não, não é.

— Posso te dar uma carona si quiser – me ofereci

— Afinal quem é o seu amigo? – Matt indagou parecendo ansioso agora.

— Stefan Salvatore.

Matt forçou um sorriso e murmurou um: “Claro! Tinha que ser” e balançou a cabeça rindo para si mesmo parecendo... Chateado.

— Claro! Como não pensei no Stefan – Bonnie se reprendeu – Você si importaria de me dar mesmo aquela carona?

— Claro, vamos!

— Okay, obrigada...

— Lexi Branson – disse olhando para Matt que sorriu discretamente  antes de se voltar para alguém que o chamava.

Ele passou para o outro lado do balcão e ajudou um cara com a torneira de um barril de cerveja. Ele me lançou um ultimo olhar antes que eu cruzasse a porta.

Bonnie me seguiu e mantinha os braços cruzados olhando envolta parecendo apreensiva.

— Aqui – estendi o capacete para ela – Já andou de moto?

— Na verdade, não.

— Ótimo! Vai andar hoje.

Ela arqueou as sobrancelhas e pareceu ponderar por um segundo se deveria aceitar ou não. Por fim estendeu a mão e pegou o capacete  e o colocou na cabeça. Me sentei na frente e esperei que ela subisse na moto.

— Aproposito, eu me chamo...

— Bonnie. É eu sei.

— Sabe? - indagou ela franzindo a testa enquanto envolvia os braços ao redor da minha cintura.

— Reconheci você pela foto... E pela voz. Nós nos falamos no celular no...

— Você é a loira da estrada!

— Em carne e osso – admiti rindo e pisando fundo.

 

BONNIE

 

A mansão Salvatore sempre foi impressionante vista do lado de fora.

Alguns lugares simplesmente puxam você como um imã e aquela casa era um desses lugares onde paira uma nuvem de mistério que te excita a entrar. O mesmo apelo que casam mal assombradas tem em te manter curiosa mesmo que tenha medo de cruzar a porta.

Aquela era assim.

Uma energia diferente pairava sobre ela, era uma sensação estranha. Como sentir energia elétrica irradiando pelo ar como pequenas moléculas. Era como se ela fosse viva. Eu costuma a sentir essas coisas desde pequena, mas ultimamente estava piorando muito.

Lexi abriu a porta e me convidou a entrar. Forcei um sorriso sentindo meu estômago se revirar, fazendo piruetas como se estivesse em uma montanha russa. 

E a casa por dentro, era mais impressionante ainda. O salão era extenso com lareira, bar e poltronas com estofado vermelho. Era como entrar dentro de filme antigo e fazer parte dele. Me sentia presa a um cenário e o que incomodava era isso.

Lexi me ofereceu algo para beber e estava tão nervosa que disse água. Ela anuiu com a cabeça e sumiu pelo corredor me deixando sozinha naquela sala de estar enorme.

Esfreguei a mão tentando trazer calor para as pontas dos dedos que estavam dormentes. Tentei respirar fundo e me acalmar, afinal Caroline estava sã e salvo aqui. Não estava numa floresta escura caída no chão como um cadáver ensanguentada.

Fechei os olhos para reprimir aquela imagem, deletar o brilho se esvaindo dos olhos dela e deixando-os tão opacos e vazios.
Mas quanto mais fazia isso mais os detalhes dantescos pareciam ganhar cor e definição diante dos meus olhos.

Lexi apertou meu ombro e pulei de susto e senti meu coração saltando

— Ei, está tudo bem?

— E... Sim! – menti – Eu me distraí olhando a lareira.

— Aqui, sua água – disse ela me estendendo o copo. Bebi enquanto forçava um sorriso. Olhei para andar de cima desejando que Caroline descesse logo.

— Porque não si senta um pouco?

— Sentar? Acha que ela vai demorar?

— Sinceramente – ela olhou para escadas e riu – Eu acho que sim. Mas se quiser eu posso, ir até lá...

— Não, não. Eu não quero atrapalhar – bufei e coloquei o copo em cima da mesa de centro de madeira e apoiou os cotovelos na perna e esfreguei as têmporas  - Eu acho que deveria ir...

— Não, não deveria. Você não parece muito bem.

— Mas eu vou ficar... Pelo menos acho que vou – forcei um sorriso ela o correspondeu com sinceridade.

De repente me toquei que tinha descoberto a identidade da “Loira da estrada” e nem tinha me dado conta por causa de toda aquela confusão. Olhei para ela atentamente e lembrei da maneira como Matt a descreveu.

Loira alta, olhos cor de mel e tagarela. A garota que salvou meu melhor amigo não parecia ter mais que seus 22 anos. Estava com uma calça jeans de couro, uma camisa do The Clash e pulseiras de couro no braço.

— Eu nunca agradeci.

Ela franziu a testa e parou de fitar uma pulseira de prateada no braço.

— Agradeceu?

— Por ter salvo o Matt.

— Eu não fiz nada, só levei ele pro hospital com carro dele mesmo.

— É eu sei. Mas ele poderia ter tido um acidente pior se tivesse ficado sozinho aquele dia. Você o salvou.

Ela abaixou a cabeça e parte da franja caiu pelo rosto ocultado os olhos.

— Ele é um garoto legal.

— Sim ele é. É meu melhor amigo desde sempre e   não sei o que faria se algo ruim acontecesse a ele, Care e a Elena. Eles são...

— Sua família – ela completou e olhou para a escada

— É eu sei como si sente. Sinto mesmo pelo Stefan. Ele é o irmão mais novo que nunca tive...

Passos e vocês chamaram nossa atenção no andar de cima, segundos depois Caroline desceu as escadas enquanto abotoava a blusa. Ela parou assim que me viu. Ela abriu e fechou a boca sem conseguir dizer nada.Stefan desceu logo em seguida chamando por ela, estava sem camisa e com cabelo bagunçado.
Ele também congelou quando nós viu.

— É aí pombinhos – Lexi brincou quebrando o gelo. E não pude conter o sorriso ao ver o rosto de Caroline enrubescer de tão maneira que ela parecia um tomate. Stefan escondeu um sorriso ao olhar pra ela, desviou os olhos para Lexi e a fuzilou com os olhos.

— Bonnie, oi! – ele cumprimentou parecendo envergonhado

— Oi, Stefan... Care.

— O que tá fazendo aqui? – Caroline inquiriu se aproximando e agarrando meu braço

— Eu meio que precisava te ver urgente – forcei um sorriso amarelo me sentindo mal por causar constrangimento para ela e Stefan  - Mas eu posso voltar outra hora...

— Não! – ela gritou e ignorou o olhar ferido de Stefan quando ela se negou a olhar para ele – Quer dizer, você tem algo importante pra dizer, não tem?

— Tenho, na verdade.

— Então é melhor nós irmos embora... Agora! – ela se virou para eles e sorriu - Então tchau Lexi.

Ela a abraçou rapidamente e Lexi correspondeu rindo e olhando para Stefan por cima do ombro.

— Foi um prazer te conhecer.

— Prazer foi todo meu noiva loira – ela brincou e Caroline correspondeu o sorriso mesmo tendo corado um pouco mais. Ela de virou para Stefan e se calou por segundo.

Limpou a garganta pigarreando sem saber o que fazer ou dizer pra ele. Eu e Lexi nos entreolhamos e rimos deles. Era como assistir uma novela. Ver os dois dançando entorno de si era divertido. Stefan estava olhando para ela parecendo um gato. Juro que os olhos verdes pareciam maiores quando olharam para ela. Caroline parecia incapaz de formar uma frase sem desviar os olhos para lado, cruzar os braços ou olhar para carpete.

— Bem... Eu.. Preciso ir agora – ela anunciou e ele assentiu com a cabeça.

Ela se aproximou e o beijou no rosto e quase correu porta a fora depois disso.  Mas ele gritou seu nome e puxei seu braço impedindo-a de fugir.

— Caroline!

— Hum... Sim?

— Posso te ligar?

— É....

— Claro que pode – respondi por ela – Tem o número?

— Na verdade, não. Ela nunca me passou.

— Tem papel?

— Argh! – Caroline rosnou e se aproximou de Stefan estendendo a mão – Me dá seu celular?

Obediente ele deu a ela, segurando  riso.

— Tá vendo essa mensagem aqui? – ele se aproximou o rosto do dela e olhou para tela – É o meu número. Eu mandei uma mensagem ontem.... Mas você não leu.

— Eu não tinha visto! Não sabia....

— Que era eu – completou por ele – Eu sei. Salva esse número, okay?!

Sem dizer mais nada ela forçou sorriso para Lexi e saiu me arrastando.

— Tchau, gente – gritei – Foi um prazer, Lexi... Ah..  é obrigada pela carona – gritei enfiando a cabeça para dentro e sendo puxada por Caroline

— Ai, anda logo!

— Tá, estou indo – apressei o passo e alcancei. Entramos no carro dela, compactei o cinto e ela fez o mesmo e arrancou de lá.

— Vamos pra sua casa – ela avisou – Não vou pra minha de jeito nenhum.

— Por causa do Bill?

— É! –  ela sacudiu a cabeça - O cara se instalou no quarto de hospedes acredita?

— Bem... sim. Ele é seu pai e tem todo...

— Direito? Ah, por favor? Ele não tem direito a nada. Não sei porque diabos ele voltou... Ou melhor, eu até imagino o que seja. Veio complicar minha vida que já não anda nada complicada – divagou parecendo estar falando consigo mesma.

Ela parou em um sinal vermelho e fico olhando para semáforo tamborilando os dedos na volante. Ligou o som e chiou quando Taylor Swift começou seu Love Story

— Odeio essa musica!

— Desde quando? Você tem esse CD em casa e diz que a Taylor e uma visionaria...

— Pois é, eu escutei tanto que enjoei. Se escutar Dear Jonh mais uma vez...

Balancei a cabeça rindo e ela rolou os olhos mais riu.

— É você fica rindo.

— Ah – dei ombros – O que posso fazer se tenho uma louca como amiga.

— Ei!

Troquei de estação e ela riu quando começou Get Low e comecei a cantarolar

— Você deveria voltar a dançar. Era ótima nisso

— Era nada.

— Bonnie, para de modéstia. Você arrasou naquela festa e fez a Jolie morrer de inveja do seu rebolado.

Balancei a cabeça rindo me lembrando da festa e de ter tido um final feliz. Um final moreno de olhos verdes Jason Montgomery no final da festa como prêmio.

— Tá pensando no Jason né?

— Claro que não! 

— Tá sim mentirosa. Fica com essa cara quando pensa nele – ela fez uma careta afetada que me fez querer bater nela.

— Ah sei, é a mesma que você fica quando pensa no Stefan né?

— Cala boca! – ordenou rindo – Eu não faço cara nenhuma. Porque eu não penso nele.

— Ahãm, me engana que eu gosto. Tá caidinha pelo Salvatore

— Não! Eu não estou. Nós somos amigos...

— Amigos coloridos só se for né?

— Bonnie!

Caí na gargalhada e ela parou em frente a minha casa e emburrada por ter tido um acesso de riso. Peguei a chave dentro da bolsa e abri a porta indo para lado e dando passagem para ela entrar.

— Vó, cheguei! – avisei. Mas não obtive resposta alguma. Talvez ela estivesse no mercado.

— Bon, se importa si eu...

— Tomar um banho – completei

— Como sabia que eu ia

— Geralmente a gente toma uma banho depois do  sexo...

— Bonnie! – ela riu e olhou para lados preocupada – Sua avó...

— Ela não tá em casa. Não se preocupe. Ela não vai si chocar com sua vida amorosa...

— Não tem vida amorosa nenhuma.

— Que não tem sou eu tá. Para de drama! Quem dera eu ter um Salvatore e Lockwood nos pés.

— Tyler? – ela franziu a testa e depois riu -  Não para!

— Lockwood gosta você.  E si bobear.. .

— Se bobear o que?

— Nada, deixa quieto. Eu acho que estou viajando... Pelo menos eu espero – sussurrei a ultima parte nem querendo pensar si a minha teoria estivesse certa. Elena surtaria com toda certeza.

— A onde tem...

— As toalhas ficam na porta do meio do guarda-roupa, e minhas roupas você já sabe.

— Okay, isso já está ficando assustador – ela zombou e começou a subir as escadas

— Ei, quer alguma coisa pra comer?

— O que tem de bom? Sua vó fez torta?

— Não, mas tem cheesecake na geladeira

— Pra mim tá ótimo – disse ela lambendo os lábios – Estou morrendo de fome.

— É, eu imagino.

Ela revirou os olhos e subiu a escadas correndo.  Enquanto ela tomava banho preparei um suco de limão e os pedaços de cheesecake nos pratos.

 

(...) 

 

Caroline vestiu um pijama antigo repletos de florezinhas amarelas e agora estava sentada em minha cama com as pernas cruzadas fazendo tranças no cabelo. Fiquei observando-a e tentando fixar a imagem dela corada, mordicando o lábio inferior enquanto trançava o cabelo, tentei apagar a imagem dela morta.

— Então o que aconteceu, Bon? – inquiriu ela se deitando ao meu lado cruzando as mãos em cima da barriga.

— Eu nem sei como começar – desabafei

— É muito ruim?

— Sim! Ruim e enlouquecedor. Aliás tem uma grande chance de eu estar ficando realmente louca.

Ela riu e balançou a cabeça e apertou minha mão

— Bonnie Claire Bennett, você é a pessoa mais sensata que conheço e duvido muito que esteja si quer perto de ficar louca.

— Você não teria tanta certeza se soubesse das coisas que vem acontecendo comigo .

— Por que não me conta e eu decido se você precisa de psiquiatra ou não.

— É difícil. Eu nunca contei isso pra ninguém

— Ninguém? – neguei com a cabeça – Nem mesmo pra Elena?

— Nem mesmo ela.

— Mas porquê não? Você sempre conta tudo pra ela – inquiriu franzindo a testa confusa.

 E novamente me lembrei daquele dia no Falls, da conversa sobre Elena e todo resto. E mais uma vez senti culpa por negligenciar Caroline. Matt estava certo sobre isso e na hora fiquei com raiva dele por me dizer a verdade. Mas depois refleti sobre a maneira que tratava as duas e percebi que deixei Caroline de lado muitas e muitas vezes e talvez tenha feito quando ela mais precisou de mim. Não era de se admirar que ela não confiasse mais em mim como antes. E isso me magoava muitas vezes, mas quantas vezes ela não deve ter sentido o mesmo em relação a mim?

Respirei fundo.

Eu precisava falar, dizer o conteúdo louco daqueles sonhos, sensações e transes repentinos  antes que isso me enlouquecesse. Parte de mim temia a reação dela. Sentia medo de encontrar pena ou repulsa nos olhos dela.

— Ei – ela apertou minha mão – Si não puder dizer, ou não se sentir pronta tudo bem....

— Não, eu estou. Eu quero falar, na verdade eu preciso. Porque tem vocês na minha cabeça, sussurrando meu nome... Dizendo algo que não consigo compreender.

— Você vê o rosto da pessoa que te chama?

— É uma mulher. Negra e jovem, mas que se veste com roupas do século passado. Ela aparece nos meus sonhos e me chama, mas nunca chega a dizer nada.

— Quando isso começou?

— Há um mês ou mais pra ser sincera. Mas piorou depois da festa da fogueira.

Ela franziu os lábios parecendo refletir tudo que eu dizia, não parecia nervosa ou supressa. Estava perturbadoramente calma.

— É o que mais vem sentindo?

— Sensações...

— Como as que sentiu com o Stefan?

— Sim. Só que pior. Depois de sair do hospital eu entrei em uma loja. Eu nunca tinha reparado nela, mais ela me chamou. Eu entrei e tudo dentro dela era familiar e me soava atraente. Quando resolvi ir embora... Olhei para uma vela e fiquei em transe e de repente a vela de ascendeu...

Ela abriu a boca em espanto e pensei que ela fosse rir ou me chamar de louca, mas ela fechou a boca e anuiu com a cabeça.

— Não foi a primeira vez, não é? Que entrou em transe...

— Não, não foi.

Quis perguntas porque ela estava agindo assim, tão calma como se aquilo fosse algo corriqueiro e normal. Quis sacudi-la até que ela surtasse ou risse da minha cara como esperava que alguém fizesse. Eu queria que alguém me dissesse que aquilo era mentira e que estava apenas estressada e tendo alucinações.

Queria a Caroline Forbes racional e insensível que eu jamais teria aquele tipo de conversa porque ela não acreditava em nada que não pudesse ter uma  explicação lógica.

— Não é só isso é?

— Não – murmurei – Tem mais.

— Então me conta.

— É horrível – fechei os olhos e cobri o rosto com as mãos – Foi horrível....

— Seja lá o que tenha sido, você pode me contar

— Não, eu não posso.

— Porque eu não entenderia?

— Não, porque não pode ser verdade – disse um pouco mais alto, mais minha voz soou abafada e rouca

— O que não pode ser verdade.

— Eu vi você numa floresta... Estava fugindo de alguém que não consegui ver o rosto. Você atirava nele com uma besta, mas isso não o matava e ele...

— Me matava – ela completou fitando a parede.

— Sim.

— Isso foi num dos sonhos ou....

— Não... Eu estava bem acordada. Não foi um sonho.

— Foi uma visão – ela disse e suspirou em seguida.

E esperei que ela dissesse que aquilo tudo não existia, mas não fez nada. Calou-se e permaneceu olhando para a parede do meu quarto perdida em outro mundo.

Uma visão, aquilo foi mesmo isso? Eu não queria nomear, ou melhor, pensar no que tudo aquilo significava porque tinha um medo terrível do que me esperava caso eu abrisse aquela porta.

— Não vai dizer nada? – inquiri angustiada – Não vai rir e dizer que eu sou louca?

— Eu não...

— Sim você faria! Você não acredita em nada sobrenatural, nunca acreditou.  Porquê esta agindo assim?

Me levantei e comecei a andar pelo quarto passando a mãos pelos cabelo, querendo gritar com ela. Abri a janela sentindo o quarto quente e abafado me apoiei na parede e respirei fundo, e estremeci quando senti a brisa fria no rosto fazendo meu cabelo esvoaçar em todas as direções.

Abri os olhos e olhei para céu me perdi olhando para as estrelas tentando identificar as constelações porque isso sempre me acalmava. Mas não hoje, não com a lua cheia e circulo vermelho envolta dela

Lua de sangue.

Caroline apertou meu ombro e quase saltei de susto. Me virei para encara-la e ela esfregou meu braço e sorriu. Mas o olhar em seu rosto era tão triste que me causou um nó na garganta. Automaticamente senti os olhos encherem d'água e queixo tremer. Ela me abraçou forte enquanto esfregava minhas costas.

— Vai ficar tudo bem – sussurrou com voz baixa e reconfortante que teve o efeito reverso. Me irritei de novo, como ela podia estar tão tranquila depois de tudo que acabei de dizer.

— Não, não esta tudo bem e nem vai ficar. Você entendeu tudo o que eu disse? Acreditou? Eu estou ouvindo vocês e tendo visões... E posso acender velas com a mente!

— Bonnie... Respira! Se acalma...

— Não dá. Eu estou surtando okay?! Eu pareço ter acabado de sair de um livro do Stephen King, caramba!

— Carrie a estranha não podia acender velas com a mente....

— Caroline!

— O que foi? Ela não podia mesmo.

— Deus, eu tó tão ferrada – esfreguei o rosto rindo de nervoso

— Não, não está – ela agarrou meus ombros e me sacudiu de leve – Você sabe que não está enlouquecendo, nem tendo alucinações...

— Então o que é tudo isso?

— Você não sabe mesmo? – ela arqueou uma das sobrancelhas e franziu os lábios

— Não Caroline, eu não faço ideia.

— Bonnie cadê as caixas que achou no porão ?

— Embaixo da cama – apontei com a cabeça – Mas o que tem elas?

Ela ficou de joelhos e puxou a caixa. Ela sentou no chão e cruzou as pernas na posição de buda e colocou a caixa em cima das pernas e pegou o caderno velho com capa de couro marrom e envelhecida.

— Piorou depois que leu isso, não foi ?

— Bem... Sim. Como você sabe disso...

— Você entendeu alguma coisa disso? – ela apontou para ingredientes e frases em latim que não compreendia quase nada

— Bem pouco. Mas o que tem isso a ver...

— Tudo. Tem tudo a ver Bon. Você sabe o que esta acontecendo, ou pelo menos faz uma ideia não sabe?

Manei a cabeça negando a ideia e Caroline suspirou alto. Ela se levantou e saiu foi quarto quase correndo.

— Ei, onde você vai?

— Eu já volto – gritou e me deixou ali com aquele maldito caderno.

...

— Você esta me zuando né?

— Não, eu não estou. Agora feche os olhos e respire devagar. Se concentre na vela e imagine ela acesa

— Eu não vou fazer isso.

—  Vai sim, para de ser teimosa! Não deve ser tão difícil assim, já que você já fez uma vez.

— Sim não é assim tão difícil, então faz você.

— Eu faria se pudesse. Mas não fui agraciada com esse dom.

— Dom? Chama isso de dom? Isso é uma merda, uma maldição.

— Vai ser uma maldição se quiser que seja Bonnie. Tudo vai depender da maneira que encarar isso.

— Como pode estar tão calma e não surtar com isso? – inquiri admirada e ela sorriu e fitou as mãos por um instante.

—  Eu não sei – ela deu ombros – Acho que eu só confio que tudo vau dar certo.  E agora..  Você vai tentar?

Anui com a cabeça e fechei os olhos e respirei fundo e imaginei a vela apagada. Me concentrei nela e de repente senti um formigamento nas pontas dos pés e nas  mãos.

— Abra os olhos – ela sussurrou no meu ouvido e assim o fiz e dentro de segundos a vela se acendeu. Prendi a respiração assustada e olhei para Caroline, ela cobria a boca com as mãos e sorria.

— Você acendeu a vela!

— Eu...

— Acendeu a droga da vela com a mente!

— Eu acendi – murmurei incrédula – Eu sou uma aberração.

— Não – ela riu – Você não é uma aberração.

Ela apoiou o queixo no meu ombro e olhou para vela

— Então o que eu sou?

— Uma bruxa – ela disse sorrindo – Uma bruxa Bennett.

Deixei aquela frase afundar em mim e de repente a pequena fresta da porta se escancarou e tudo fez sentido. Nomeei aquilo que mais te dá medo no mundo e ela perdera a força. Meu pai costumava dizer isso quando tinha medo de monstros em baixo da cama ou no armário. Elena compartilhava o mesmo medo e sempre cobria o rosto com a coberta e me oferecia o Senhor Afagos para espantar o medo, mas Caroline revirava os olhos. Ela nunca acreditou em nada disso, descia da cama e acendia o abajur e verificava o armário e a cama e dizia que não tinha nada lá.

Bicho papão, ela dizia sem medo algum de invocar monstros.  E voltava para cama e dormia. Diga o nome e ele pede a força

Bruxa.

Eu era uma bruxa.

A porta do andar de embaixo se abriu e Caroline me assustou quando correu e assoprou a vela e guardou dentro da caixa e a empurrou para baixo da cama com o pé bem a tempo da porta do meu quarto se abrir e minha avó enfiar a cabeça para dentro.

— Bonnie... Caroline.

— Oi – dizemos em uníssono e nos entreolhamos rindo – Vó, você demorou?

— Eu estava na casa de uma amiga – explicou olhando envolta, parecendo procurar por fumaça ou coisa do tipo. Era irritante, ela sempre parecia saber quanto fazíamos qualquer coisa errada.

— Boa noite Sheila.

— Caroline – ela se aproximou e a abraçou. Franziu a testa quando se afastou e Caroline desviou os olhos corando e parecendo culpada – Boa noite querida. Vai dormir aqui hoje, não vai?!

— Sim, eu vou. Quer dizer,  eu posso?

— Claro que pode – ela riu – Já avisou pra sua mãe?

— Ainda não.

— Então avise e..

— Vão dormir – completei

— Exatamente – ela sorriu e beijou meu rosto antes de sair fechando a porta atrás de si. Caroline e eu olhamos para porta e suspiramos de alivio ao mesmo tempo. Ela se jogou na cama com pernas e braços abertos e fechou os olhos.

— Ei, folgada. Dá pra ir para lado?

— Não dá, estou exausta. Poderia, por favor, me mover com a força da sua mente? – inquiriu ela com sorriso maroto

— Besta! – ri e empurrei para canto. Ela embrulhou-se com edredom e virou para lado. Me deitei na cama virada pra ela que manteve os olhos fechados.

— Eu sou uma bruxa – sussurrei ainda descrente

— É você é – concordou sorrindo antes de bocejar e por reflexo a imitei. Dentro de poucos minutos ela adormeceu e depois do dia mais maluco da minha vida a segui fechando os olhos e adormeci.

 

 

MATT

 

 

— Vicky, seu carregador não está aqui – avisei em vão porque ela continuava a fuçar a gaveta da escrivaninha a procura dele.

— Argh, merda! Eu preciso carregar meu celular, vai desligar.

— Seria muito mais fácil você guardar ele em algum lugar pra variar. Em vez de deixar jogado em qualquer canto.

Ela bufou enquanto rolava os olhos me imitando pelas costas. Era incrível saber de tudo isso mesmo sem olhar. Meus amigos resmungavam sobre o dom dos pais em saberem quando estavam fazendo algo que não deveriam  ou fazendo caretas mesmo sem olhar para eles. Eu nunca tive pais por tempo suficiente para eles sabem qualquer coisa sobre mim, e agora sem que me desse conta agia como um em vez de um garoto de dezessete anos que deveria estar curtindo o pouco que resta do ensino médio com festas, bebidas e garotas.

Mas fui privado de viver meus anos rebeldes, afinal tinha uma irmã adolescente e revoltada que dependia de mim

— Cadê a seu porta retrato?

— Que porta retrato? - Inquiri enxugando o cabelo com outra toalha.

— Aquele com a sua adorável namoradinha – explicou fazendo uma careta de nojo. 

Dei ombros em resposta, cansado demais para discutir principalmente se assunto envolvia Elena Gilbert. Mas constatei que cometi um erro quando Vicky inclinou a cabeça para direita, cruzou os braços e sorriu de lado. Eu tinha aguçado sua curiosidade e agora ela não largaria o osso ate obter o que queria.

— Vocês brigaram não é? Nunca mais vi ela por aqui, nem veio te visitar no hospital pra pagar de boazinha.

— Vicky, eu não estou com saco....

— Para falar da Elena – ela completou e riu – Opa, então a briga foi feia mesmo. Porque deve estar com muita raiva pra não defender sua namoradinha.

— Victoria.

— Me chamar pelo nome não me assusta, Matt. Anda, cospe!

A ignorei e passei por ela pegando uma camisa e vesti bocejando.

— Matt!

— Esqueci.  Eu não falar sobre Elena com você.

— E por que não? – inquiriu ofendida

— Porque você odeia ela.

— Eu não odeio – arquei a sobrancelha pra ela que revirou os olhos – Odiar não seria a palavra que eu usaria. Porque não descreve o quanto eu desteto ela.

— Viu! É exatamente por isso que não falo sobre ela com você.

— E se não falar comigo, vai ser com quem? Com  a Bonnie que melhor amiga dela e vai sempre tomar partido dela ou ficar em cima do muro, ou Tyler?

Franzi os lábios e refleti sobre isso enquanto me deitava. Ela estava certa, mesmo odiando admitir isso.

— Nós terminamos.
— O que? – ela gritou riu – Cara, porque não disse logo? Ainda tem aquela garrafa de vinho na geladeira? Podemos comemorar agora ou...

— Vicky!

— Desculpa maninho. Mas eu não consigo lamentar por isso.

— Eu sei – suspirei encostando a cabeça na parede – Você nunca gostou dela.

— Nunca!

— Porque não? – abri os olhos e encarei. Ela deu ombros e deu tapa na minha  perna e se sentou na ponta da cama – Todos gostam dela.

— Nem todos – murmurou – Ela não serve pra você.

Eu ri da ideia de Elena Gilbert não ser boa o suficiente para alguém. Ela era perfeita. Doce, altruísta. Tinha um sorriso lindo que hipnotizava a todos, ela sempre sabia o que dizer e fazer em momentos ruins, era uma líder. A protagonista da historia, a garota por quem caras como eu sonham em se casar. Se tinha alguém que não era bom suficiente, esse alguém era eu. Cara mediano, com uma família bagunçada cuja o futuro era continuar naquela cidade fazendo drinques e anotando pedidos.

— E eu sei que ela não serve – murmurei sombriamente, sentindo a estômago doer ao lembrar do olhar apaixonado dela para Stefan Salvatore. O infeliz que tinha chego e roubado o coração de Elena e Caroline e ainda era melhor amigo de Lexi.

— E ela que não serve pra você e sabe porquê? Porque você merece uma garota real, que te ame. Não uma princesinha mimada que tem tudo que quer e te manteve na coleira porque não queria ficar sozinha.

— Ela não tem culpa Vy. Ninguém escolhe por quem se apaixona, infelizmente ela não me amava. É daí? Isso não faz dela uma pessoa ruim

— Sim faz. Ela te enganou Matt, cai na real! Ela é uma cadela...

— Victoria!

— Okay, Okay! Peguei pesado. – ela levantou as mãos em rendição – Eu sei que odeia quando xingo ela, foi mal. Mas eu não posso mentir e dizer que sinto muito porque não sinto. Ela não te merecia Matt.

— E o que eu mereço então?

— Alguém com mais.... Personalidade. Tipo a Caroline...

— O que? – ri abrindo os olhos – Caroline? Desde quanto você começou a ser fã dela?

— Eu não virei fã dela, mas reconheço que ela mais legal do que Leninha – zombou

— Caroline é só uma amiga e mesmo que não fosse, eu não estou procurando outra namorada.

— Ahãm, sei. Mas enquanto a outra.

— Outra, que outra? – inquiri confuso

A loira da estrada

Lexi Branson era o nome dela. Finalmente eu tinha um nome a dar aquele rosto que me assombrou desde o acidente, mas nem tive tempo de apreciar aquela conquista. Porque ela tinha revelado a identidade do tão amigo é claro que tinha que ser Stefan Salvatore.

— Matt, você ouviu alguma palavra que eu disse?

— Hum, não.

— Que seja. Eu vou para Grill encontrar o Peter e ai você pode curtir sua fossa a vontade.

Ela saiu logo em seguida batendo a porta. Abri a segunda gaveta da escrivaninha e embaixo de livro e walkeman antigo que pertencia ao meu pai, estava o porta retrato com foto de Elena. Olhei para foto, sem saber explicar o que sentia agora.

Deveria estar doendo mais que isso, eu deveria estar sofrendo por perder ela. A garota que desejei que fosse minha por tanto tempo, mas não estava l rastejando pela casa como esperado. Talvez eu já estivesse aprendendo a viver sem ela, deixando-a cada dia um pouco mais até  que restou apenas aquilo. Um amontoados de lembranças como aquela foto.

Eu devia isso a Caroline. Aquela bendita conversa me fez enxergar tudo aquilo que não queria e inevitavelmente enxerguei que não éramos para ser e tudo bem. Elena Gilbert não era a primeira a deixar de me amar. Tinha aprendido essa lição com minha mãe e talvez já estivesse vacinado contra isso.

Coloquei o porta retrato de volta na gaveta, mas dessa vez de cabeça para baixo. Peguei o walkman do meu pai e procurei alguma fita dentro da gaveta.

Coloquei os fones e fechei os olhos quando consegui achar a musica, a mesma que ela dançou no Grill como se não houvesse amanhã, queria adormecer sem sentir dor ou vazio em pensar em Elena. Queria dormir com Lexi dançando na minha cabeça.

 

STEFAN

 

 

— A onde você vai – inquiri sonolento vendo-a de pé ao lado da cama terminando de vestir a calça. Ela não respondeu ou se virou para olhar para mim. Se inclinou até  o chão e pegou sua blusa. Ela vestiu apressada e me desesperei com isso.

— Ei, ei – agarrei seu braço e ela fechou os olhos com força o que me fez agarrar seu rosto – Fala comigo.

— Eu não posso.

— Caroline, por favor. Olha pra mim, fala alguma coisa... Qualquer coisa - implorei

— Não dá – ela balançou a cabeça e manteve os olhos fechados me desesperando.

— Por que não? Você si...

Não consegui terminar, não queria que ela me respondesse. Não suportaria saber que ela se arrependeu do que fizemos. 

— Não é isso...

— Então o que é? – inquiri angustiado

— Você esta nu – ela disse apertando mais os olhos e não pude evitar de soltar um suspiro aliviado. Esfreguei seu rosto com pontas dos dedos e deslizei até seu pescoço o que a fez inclinar a cabeça para lado e mordiscar o lábio inferior.

— É isso te incomoda?

— Hum? - ela inquiriu abrindo os olhos confusa com pálpebras vibrando querendo muito fecharem novamente

— Eu perguntei se isso te incomoda? – repeti rindo do rubor crescente em seu rosto me fazendo de lembrar de outra coisa que deixava vermelha.

— Mas é claro que sim! – ela disse se afastando e virando de costas

— Mas porquê? Não é como se você nunca tivesse me visto nu antes.

— Stefan... Para! – ordenou tentando soar brava, mas não conseguiu esconder o sorriso

— Parar com o que exatamente – indaguei abraçando sua cintura ela estremeceu em meus braços e apoiou a cabeça no meu peito me dando livre acesso para seu pescoço. Me deleitei com pequenos gemidos que saiam de seus lábios enquanto mordia de leve seu pescoço. E quando  o fiz não pude deixar de lembrar do corpo quente se contorcendo embaixo do meu. Das mãos pequenas deslizando em minhas costas e ficando as unhas, mordendo meu pescoço. A lembrança despertava todo meu corpo sem esforço, mas também acordava aquela outra que enquanto gemia sobe seu pescoço salivava desejando mais, querendo uma gota do sangue dela.

— Eu tenho que ir – anunciou e tive  dificuldades em consegui desviar meus olhos do pescoço dela que se afastou e passou as mãos pelos cabelos franzindo os lábios

— Tem mesmo? E quase meia noite, Caroline...

— Sim é exatamente por isso. Minha  mãe vai surtar e ainda vai ter meu...  O Bill pra ajudar. Eu preciso ir pra casa.

Ela passou por mim e corri atrás dela e fechando a porta antes que ela tivesse a chance de fugir. 

— Caroline, a gente precisa conversar.

— Outra hora.

— Quando?

— Eu não sei, agora me deixa ir - ordenou nervosa

— Não.

— Não? – ela virou e me encarou rindo incrédula – Como assim não vai? Vai me prender aqui?

— Se for preciso, sim!

Coloquei ambas as mãos envolta de sua cabeça. Ela engoliu seco e tentou desviar os olhos, mas não deixei que fizesse isso. Encostei minha testa na dela e ela fechou os olhos.

— Eu não vou deixar você fugir de novo, não dessa vez.

— Stefan... Você disse que iria ser meu amigo...

— É eu vou. Eu quero ser seu amigo, seu melhor amigo. Mas eu também quero mais que isso. Eu quero estar lá a cada passo do caminho, segurando sua mão e enxugando qualquer lágrima que não seja de alegria. Mas eu também quero te beijar, amar cada parte do seu corpo...

Rocei  meu nariz no dela e deslizei minha mão ate alcançar seu rosto e a outra mão encontrar sua cintura e traze-la pra mim.

— Eu quero mais Caroline. Quero conhecer cada parte sua... Quero...

— Não, você não quer. Acredite em mim. Eu sou uma bagunça completa - ela avisou com voz baixa e aguda

— Eu também sou.  Eu sou apenas isso, um cara quebrado que se perdeu e não consegue achar o caminho de volta. Mas eu não me importo em estar quebrado agora porque quando estou com você eu  me sinto inteiro de novo. Eu sei que está com medo agora..

— Você não faz ideia, Stefan – ela  balançou a cabeça – Você não entende...

— Então me faz entender, me dá uma chance de mostrar que nós dois...

— Eu preciso pensar.

— Okay..  Mas...

— Eu realmente preciso pensar Stefan. Você vai me dar esse tempo?

— Claro. Eu vou esperar quanto tempo for.

Ela a anuiu com a cabeça e me afastou gentilmente.

— É melhor eu ir agora... É você deveria mesmo vestir uma roupa.

Sorri anuindo com a cabeça e achei minha calça em na instante e vesti correndo. Ela esta a no corredor quando enfiei a cabeça para fora

— Você se arrependeu? – inquiri não aguentando ficar sem saber e mesmo que me despedaçasse sua resposta eu precisava saber que ela sentia o mesmo. Ela parou e permaneceu de costas para mim.

— Não – ela sussurrou olhando para frente, mas depois me olhou por cima do ombro e me deu um sorriso. Aquele que tinha aprendido a conhecer, era um sorriso que não alcançava seus olhos – É esse o problema.

Ela disse e desceu quase correndo não me dando tempo dizer qualquer coisa.

 

(...)

 

— Ei – Lexi passou a mão em frente do meu rosto – Volta para este plano, por favor.

— O que disse?

— Caramba, você não ouviu nem uma palavra do que eu disse? - inquiriu ela franzindo a testa. Esfreguei o rosto e balancei a cabeça.

— Desculpa, Lexi.

— Tudo bem – ela apertou meu ombro – Estava pensando nela... Ou relembrando a noite de sexo selvagem.

— Não foi isso... Não foi só sexo. O que fizemos foi...

— Opa! Vamos poupar a amiguinha dos detalhes, fazendo o favor. Já basta ter ouvido tudo daqui de baixo.

— Eu não ia detalhar.

—  Ia sim! Ia descrever romanticamente como um Romeu apaixonado.

Atirei uma almofada nela que riu.

— Agora sério, me conta o resto.

— Resto? Não era você que não queria detalhes?

— É ainda não quero, pelo menos não os sexuais. Eu quero saber da conversa, antes e depois do... "De fazerem amor" – ela zombou rindo

— Ela estava perturbada com a volta do pai dela.

— Ele voltou?

— Sim.

—  Eu não estou gostando disso – ela murmurou olhando para lareira.

— Do que esta falando?

— Das intermináveis coincidências que rondam essa cidade – ela riu

— É nem você e nem Damon percebem.

— Percebemos o que?

— Você disse que a Caroline esconde segredos de você.

— É daí, eu também escondo segredos dela e meus são muito piores.

— Você vai contar não vai? - ela balançou a cabeça em reprovação – Stefan, você não percebe que vai cometer um erro si contar a ela? Ela e uma Forbes

— É o que isso tem a ver com todo resto

— Forbes, amiga de infância de uma Gilbert, Lockwood e Bennett. Isso não te soa familiar? Por que esse pai dela voltou agora?

— Eles não fazem parte dos fundadores Lexi. Eles são só adolescentes.

— É! Mas a família deles não são só adolescentes ingênuos e cá entre nos Caroline também não é.

— Lexi qual é o seu problema com a Caroline? Eu pensei que tivesse gostado dela e que estivesse feliz por mim. Afinal eu não estou rastejando atrás da reencarnação de um fantasma.

— Eu gosto dela, de verdade. Mas ela esconde coisas. E eu acho que ela sabe mais sobre você do que parenta.

— Porquê esta dizendo tudo isso, do nada?

— Porque eu voltei para essa cidade por você. Porque você esta em perigo aqui e esta colocando ela também.

— Você soa como Zach agora.

— É eu sei. É uma merda, mas na maioria das vezes seus sobrinho distante tem razão.

— O que que realmente esta tentando dizer Lexi? Tem a ver com Bonnie?

— Tem tudo a ver.

— O que aconteceu?

— Eu estava no Grill quando ela chegou acompanhada do Lockwood. Ele disse que ela estava alucinado.

— Dá pra ir direto ao ponto? Está me deixando nervoso.

— Ela teve uma visão com alguém perseguindo Caroline na floresta e ela...

— Não.... Não pode ser - me levantei me negando a acreditar nisso. Eu não poderia perder ela, não depois... 

— Ei, se acalme. Foi apenas uma visão...

— De uma bruxa Bennett – cortei

— E só uma questão de tempo até que aconteça e eu...

— Não vai acontecer!

— Eu mato ele si encostar nela, eu mato ele.

— Ei cara, olha pra mim – ela agarrou meu rosto – Respira!

— Eu não posso perder ela, Lexi. Eu não posso

— Eu sei e não vai perder. Nós vamos dar um jeito no Damon. Mas precisa estar preparado para perder ela.

— O que? – inquiri incrédulo

— Ela é humana, Stefan. Pode salva-la de todo o mal sobrenatural existente no mundo e mesmo assim não pode salva-la de envelhecer e morrer. E ordem natural da vida.

Me calei sem saber o que dizer. Queria ter forças para gritar que ela estava errada, mas Lexi nunca estava. Me afastei dela e me dirigi a estante com bebidas e escolhi uma garrafa de uísque e bebi no gargalo.

Lexi sentou na poltrona em silêncio  e odiava quando ela fazia isso. Era raro ela ficar assim, calada.

Seu silencio permitia que eu pensasse em coisas que não queria e era essa sua intenção. Ela queria que eu percebesse que eu e Caroline estávamos fadados a tragédia.

Um amor que nunca poderia dar certo.

Porque enquanto ela envelhecia com passar dos anos eu permaneceria igual.  Vendo seus cabelos dourados embranquecerem e o rosto de porcelana se encherem de linhas contornando o rosto. Cada dia sendo um a menos com ela, cada dia sendo um passo para o cemitério.

Olhei de esguelha para Lexi que continuava com os olhos fixo na pulseira na mão esquerda. Steven, provavelmente era nele que ela pensava agora. O humano que ela amou perdidamente, mas que a deixou cedo.

Estendi a mão e apertei a dela, ela forçou um sorriso

— Eu... Só não quero que você passe pelo mesmo que eu..

— Eu sei. E eu te amo por isso. Mas será que não vale a pena viver isso que sinto por ela? Você si arrependeu de...

— Não, nunca. Amar o Steven foi a melhor escolha que eu já fiz

— Ela também é. Ela melhor coisa que me aconteceu em muito tempo Lexi. Eu não posso me afastar, não posso.
Ela suspirou e assentiu

— É você também não deveria.

— Não deveria desistir da Caroline? Pera ai você quer uma disputa? Olha que você pode perder a garota. Eu tenho um charme irresistível quando eu quero.

— Eu estou falando sério – empurrei seu ombro de leve – Já faz anos. Você deveria se dar essa chance.

— Porque amar alguém pode mudar sua vida – ela disse parafraseando o que Steven sempre dizia quando beijava a mão dela – É eu sei. Aliás eu escutei muito bem.

— Lexi.

— Aliás muda completamente. Olha só pra você... Está até sorrindo.

— Eu sempre sorrio quando estou com você.

— Sim, mas não desse jeito. Está tão grande que parece o Coringa, sem ofensa.

— Palhaça.

Ela riu me dando língua e continuou zombando do assunto e fugindo da conversa. Fugindo da possibilidade de amar alguém de novo. A puxei pelos braço e abracei rindo de sua zombaria e desejando que ela encontrasse alguém que mudasse sua vida, que a despertasse para vida assim como eu encontrei Caroline.


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Notas finais do capítulo

Ufa !
Acabou gente, que canseira ler tudo isso né (imagina editar essa bagaça pelo celular) Então gente o que acharam do primeiro in love SC? Bonbon descobrindo que e uma bruxa ao lado da Care? E Lett ♥ cês pediram agora tome!
PS: Viram a fofura que foi Wesccola no Brasil? Queria nao shippar, mas eles não colaboram
Plastaytion 2: Sorry pelo titulo do cap, cabou a inspiração pra eles :/
XOXO