Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 19
Chapter - XIX I can't Love you


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
Feliz Ano Novo.
Espero que as festas de fim de ano tenham sido melhores que as minhas
Avisando desde já que vai ser longo. Mas infelizmente como não tenho mais tempo de postar quando eu quero, vai ter que seguir sendo assim. Sorry pela provável canseira que vai dar.
Boa leitura!



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Porque ela é a garota que eu nunca tive. Ela possui o coração que eu tanto quis. A musica que eu ouvi no rádio. Me fez parar e pensar nela. E eu não posso, não posso me concentrar mais. Eu preciso, preciso mostrar para quê seu coração serve. Ele tem sido gravemente maltratado. Agora seu mundo certamente está caindo aos pedaços, caindo aos pedaços” Jamie Scott – Unbreakable
 

CAROLINE 

2018

 

Meus lábios ainda formigavam e meu coração ainda custava a voltar ao ritmo normal depois dele abraça-la e chorar em meu braços pedindo que eu o não deixasse, pois ele estava enlouquecendo.

Acariciei o cabelos desgrenhados e admirou a expressão tranquila que ele mantinha enquanto ressonava com cabeça apoiada em meu peito. Sabia que precisava fugir, ir para bem longe onde ele não a alcançaria. Mas não tinha forças pra fugir e sendo sincera consigo mesma não queria deixa-lo, não depois de vislumbrar uma pequena parte do homem que amava.

Sua humanidade, apesar de fragmentada ainda existia, ontem foi a prova disso. Não poderia simplesmente fugir com maldita pedra e deixá-lo sozinho quando ele mais precisava dela.

Beijou-lhe o topo da cabeça e notou como ele saltou assustado despertando abruptamente. Ele olhou para os lados com corpo enrijecido, completamente em alerta.

Quando virou o rosto e notou minhas mãos sobre o seus braços, seus olhos de jade se arregalaram em espanto. Por um segundo fiquei paralisada, temendo que o brilho de surpresas desse lugar ao ódio de outra hora.

Sem perceber me afastei dele me encostando no tronco da árvore. Ele estendeu a mão e virei o rosto, fechando os olhos com força.

— Caroline – ele murmurou. Abri os olhos incerta, virei o rosto e encarei. Stefan. Senti um misto de alívio e dor quando notei os olhos dele marejados.

— Você ainda está aqui – murmurou incrédulo.

Suas mãos agarram meu rosto. Endureci no mesmo instante e ele franziu a testa confuso. Ergui a mão e segurei a dele. Ele suspirou e encostou a testa dele na minha.

— Eu te amo, eu te amo – ele sibilou com os olhos fechados.

Senti as lágrimas rolando em seu rosto. Estendi a mão hesitante até seu rosto e quando dei por mim estava como ele, chorando de soluçar, abraçando-o e beijando cada centímetro do seu rosto. Agradecendo aos céus por tê-lo de volta e enquanto o abraçava, rindo de alívio  e felicidade, seus olhos foram atraídos para uma árvore logo a frente deles.

Franzi a testa e semicerrei os olhos quando notei um vulto olhando diretamente para mim. De repente senti uma pontada na perna, levei a mão por reflexo no local e lembrado da pedra. Mesmo estando dentro do meu bolso podia senti-la quente, tinha queimado minha pele. Ergui a cabeça e notei  o vulto tomando forma e ficando com longos cabelos negros a altura da cintura, pele de oliva e olhos azuis. Eram os olhos mais lindos que já viu na vida. Pareciam brilhar, cintilante como uma pedra de brilhante.

Duas fachas vermelhas sobre os olhos atenuavam ainda mais a cor e um brilho estranho que lhe pareceu ódio. O som de um trovão reverberou me despertando. Olhei para o céu por uma fração de segundos e quando me voltei para a mulher, ela tinha desaparecido.

 

(...)

 

Acordei assustada e toda suada. Olhei envolta e grui irritada quando constatou que ainda era 3 da manhã. Fazia uma semana que não conseguia dormir direito. Quando não era insônia, era dor de cabeça e pesadelos. Levantei da cama a contragosto, estremecendo com frio ao pisar no chão. Bocejei enquanto conferia o quarto da minha mãe que estava no sétimo sono.

Desci as escadas devagar, esfregando os olhos e sentei no sofá e ligando a televisão, mas deixado no mudo enquanto zapeava os canais. Deitei quando senti as costas doerem, continuei a zapear até achar reprises de  “I Love Lucy”. Suspirei desanimada comigo mesma por não conseguir deixar de pensar nele. Tudo que fazia, gostando ou não,  levavam a ele. Ainda podia lembrar do som alegre do risos enquanto fingiamos assistir aquela serie, mas sempre acabava em cócegas e beijos húmidos que os levava para cama.

E agora era praticamente impossível esquecer ele depois do beijo. Sabia que deveria ter impedido ele, ter gritado, mas não teve forças o suficiente para afasta-lo. Ele continuava mexendo com comigo, sendo minha maior fraqueza. Porque quando aqueles lábios finalmente tocaram os meus, pouco me importei com futuro desolador, maldição e a provável ira de Yahto.

Ms perdi  naqueles lábios que um dia foram minha  casa e deixei envolver pelo calor e o cheiro tão familiar dele. Esquecendo de toda e qualquer promessas e maquinações quando senti aquelas mãos passeando por minha cintura. Me sentu em completo êxtase quando meu cérebro compreendeu a duro trancos que ele havia beijado e dito que eu era tudo que ele precisava. Agora não tinha mais nenhuma duvida que destino foi alterado. Ela tinha mudado tudo salvando Elena. Como era mesmo o lema daquela serie?

"Salve a Cheerleader, salve o mundo".

E bem, eu salvei e isso mudou tudo. É agora não podia mais conter o sorriso, parei de negar para si mesma que não era apaixonada por ele e saber que ele se sentia do mesmo modo era incrível. Mas a felicidade se dissolvia rapidamente quando me lembrava de Elena e Damon. Do encontro deles e do medo nos olhos de Stefan.

Ele sabia o que viria a seguir. Sabia que Damon usaria a doce Elena Gilbert para atormenta-lo até descobrir que sua amada Katherine nunca o amou.

 

18 HORAS ANTES... 

 

Evitei Stefan o máximo que podia depois de praticamente fugir da sua casa após o beijo. Beijo maldito que me tirou o rumo.

Ainda sentia os pelos se arrepiarem involuntariamente quando lembrava dele chamando meu nome, seguindo-a até meu carro tentando fazê-la ficar, mas eu não podia. Pra começo de conversa deixa-lo me beijar foi um erro, mas em minha defesa não podia imaginar que ele faria tão coisa.

— Ei, você está me ouvindo?

— Infelizmente sim, Tyler. Cada palavra – respondi entediada.

— Hum, vejo que alguém esta de péssimo humor hoje. TPM?

— Hum, não! E só impaciência de te ouvir falar besteiras e cantadas horrendas pra essas pobres idiotas.

— Ciúmes?

— De quem? Delas? – ele assentiu ostentando um sorrisinho presunçoso.

Gargalhei de sua presunção. Enfiei a mão na bacia com amendoins que ficavam no balcão e joguei alguns dentro da boca.

— Si não é ciúmes, então e despeito. Não vejo ninguém dar em cima de você ultimamente.

— Sim Tyler. Você tem toda razão. Todos os dias quando chego em casa, eu choro por não ser assediada por jogadores imbecis que  me chamam de gostosa.

— Caramba Forbes! Eu não me lembro desse teu lado sarcástico. Você costumava...

— Rir de toda e qualquer besteira que me dissessem – completei.

— Bem, é.

— E você gostava disso? Que agisse feito uma boneca estupida que risse das cantadas idiotas e machistas, risse das piadas de loira e de como me chamavam de burra pelas costas?

— Uou. Você realmente deve estar naqueles dias.

— Ou vai ver ela cansou da sua cara de idiota – rebateu Matt, rindo da carranca de Tyler. Elena e Bonnie estavam logo atrás dele, coladas pelo quadril como sempre. Sem cerimônia sentaram-se com a gente.

— Rá, Rá, Rá muito engraçado Donavan.

— É eu sei que tenho senso de humor incrível.

— Eu vou indo agora – anunciou Tyler bebendo o restante da cerveja enquanto devorava uma loura sorridente do outro lado bar com os olhos – Sei quando não sou querido.

— Não faça drama! – eu e Matt dizemos em uníssono. Elena franziu a testa em confusão enquanto Tyler e Bonnie se entreolhavam incrédulos.

— Desde quando vocês combinam frases?

— Não combinamos, só sabemos da sua tendência em fazer tipo - explicou Matt com naturalidade ignorando o olhar estranho de sua namorada. Tyler deu ombros e saiu murmurando “estranhos” antes de partir ao ataque.

— Então, como vai as férias de vocês? – inquiri tentando puxar assunto.

— Trabalhando como sempre. Pra mim não existe férias – lamentou Matt dando ombros.

— Oh pobrezinho – zombei apertando sua bochecha, ele rolou os olhos, mas sorriu ostentando as covinhas na bochecha. Elena cruzou os braços e se seus olhos soltassem lasers com toda certeza eu estaria chamuscada agora.

— Eu estive na biblioteca ajudando Lenny, tirando coisas velhas do sótão da vovó para fazer bazar. Inclusive achei coisas bem estranhas.

— Como o que ? – Matt inquiriu inclinando-se na mesa.

— Nada demais, deixa pra lá – desconversou Bonnie embaraçada.

Estremeci de imediato, a idéia de Bonnie encontrando os grimorios de sua família me assustavam um pouco. Mas lembrei de todos os problemas  que ela sofreria por não saber como controlar seus poderes, então fiz uma anotação mental para me lembrar de fazê-la contar sobre isso. Ela precisava se abrir para mim, mas suspirei quando lembrei que infelizmente eu seria a ultima saber. Bonnie escolheria Elena para partilhar seu maior segredo, porque todos corriam para Elena quando tinham problemas e mesmo em uma linha do tempo diferente sabia que isso não seria diferente.

— Que grande férias essa nossa. Deveríamos estar nos divertindo como planejamos – resmunguei desanimada.

Não pelas férias ruins, quanto a isso não me importava nem um pouco. Mas em relação em ter fisicamente dezesseis anos, ter toda uma vida pela frente e me sentir com trinta. Cansada com tanta responsabilidade sobre as costas me impedindo de aproveitar a juventude e humanidade um dia perdida.

— É o que você tem feito nas férias? Nós mal nos vemos nessas semanas – reclamou Bonnie com biquinho e ela estava certa.
 

Nós mal nos vimos mesmo, mas o motivo era que deixei de segui-las implorando atenção, querendo ser incluída na rotina de melhores amigas que confidenciavam tudo. Não tinha mais tempo, nem interesse em implorar por migalhas. Tive que conter o desejo de dizer isso, mas sabia que a magoaria e sabia que não era culpa dela.

Infelizmente não tínhamos a mesma afinidade, nem assuntos em comum. Caroline Forbes não era muito conhecida por sua profundidade naquela época, era justamente o contrário.

— Nada de interessante também. Ainda estou na condicional depois do lance da clareira.

— Sério? - Bonnie inquiriu desconfiada

— Sim, minha mãe vem controlando meus horários e amigos.

— Eu sinto muito Care – Matt apertou minha mão – Eu acabei  dedurando você naquele dia.

— Nah, ela ia descobrir de todo jeito. Aquela mulher tem o dom de saber quando estou fazendo coisas erradas, não se culpe!

— Ela ainda tem recebido notícias sobre os ataques?

— Não Bonnie, graças a deus não soube de nenhum mais.

— Menos mal.

— É – concordou Elena – E agora que estamos fora de perigo podíamos fazer alguma coisa.

— Tipo? – inquiriu Matt brincando com canudo parecendo completamente desinteressando.

— Sei lá. Fazer uma festa, um passeio.

 - Festa, eu passo – rebati cansada.

Ganhando olhares estranhos dos ocupantes da mesa. Precisava me lembrar que Caroline Forbes adorava festas principalmente quando era eu mesma que as  planejava. Sabia que meu desinteresse pelo assunto estava levantando suspeitas, mas era difícil fingir animação com coisas que deixei de me importar hà séculos.

— Quitão irmos a represa amanhã – sugeriu Bonnie

— Por mim está ótimo – respondeu Elena sorridente – Estou mesmo precisando me divertir um pouco.

Elena e Bonnie continuaram a planejar o passeio perfeito, enquanto Matt mexia constantemente em seu canudo com olhos parados. Ao julgar pelo modo como Elena ainda o encaixava nos planos dela, subintendi que ele ainda não tinha conversado com ela e talvez nem chegasse a conversar.

Com toda a certeza a coragem tinha desvanecido quando ele a encontrou sorridente, fazendo planos para as férias e fingindo que tudo estava bem. Eu conhecia Elena o  suficiente para saber que ela postergaria o fim por enquanto. Ela não queria magoar Matt mentindo para ele sobre o que sentia, mas também não abriria mão dele correndo o risco de ficar sozinha.

Desviei meus olhos para Bonnie e percebi que ela estava olhando pra mim, com olhar estranho. Um bem semelhante ao de sua avó e fiquei subitamente desconfortável e tensa de repente. Desviei meus olhos dos dela, olhando para o bar e juro que todo o meu sangue pareceu congelar quando vislumbrei ele.

Vestido todo de preto, estendendo um copo vazio de uísque para mim como se quisesse brindar. Ele acenou com a cabeça e sorriu, ostentando seus dentes perfeitos e perolados. Ela estremeceu e sentiu um calafrio percorrer meu corpo. Ela foi desperta para realidade com Matt estalando o dedo na frente de seus olhos

— Care, você está pálida. Está tudo bem?

Abri a boca para responder, mas as palavras sumiram de repente. Meu coração tamborilava no peito, olhei para Elena de esguelha e notei que ela ainda não tinha si dado conta do abutre do outro lado com olhos postos nela.

— Por que não vamos agora pro Falls?

— Agora? – Bonnie inquiriu desconfiada, seus olhos verdes procuravam o motivo da minha súbita mudança. Para meu azar, ele permanecia com olhos postos em  nossa mesa, seu sorriso se alargou quando Bonnie olhou para ele.

— Sim, agora!

— Mas eu nem trouxe um biquíni – protestou Elena.

A ignorei e a puxei pela mão arrastando para fora. Do lado de fora empurrei ela para dentro do carro e fechei a porta, ignorando as perguntas dela. Quando me virei me deparei com Bonnie de braços cruzados e Matt com expressão confusa.

— Que diabos foi isso?

— Nada, ué – dei ombros – E que de repente me deu  um calor – menti me abanando com a mão.

— Ah conta outra vai! Você nem queria sair esses dias e de repente quer ir na cachoeira e arrasta a Elena que você mal fala ultimamente...
Elena tentou abrir a porta do carro e fechei com a mão.

— Pois então, eu tive uma epifania! Percebi que estou trancada em casa e  me isolando das minhas melhores amigas e decidi me divertir e a idéia da Elena é ótima.

— Care, você realmente acha que vamos cair nessa...

Bati a porta outra vez e ignorei Elena batendo na janela pedindo pra sair,  chamando atenção de alguma pessoas que passavam pela rua.

— Não é nenhum truque, Bonnie. Eu só queria me divertir... Agora si é difícil demais fazer isso comigo...

— Ei, eu não disse isso!

— Ei, digo eu – interveio Matt – Vocês duas parem agora!

— Mas eu...

— Bonnie, ela só quer sair, se divertir. Qual é o grande problema nisso?

— Nenhum – resmungou Bonnie.

Matt sorriu para ela e apertou seus ombros guiando-a para carro. Ele virou a cabeça e piscou pra mim que sorri agradecida. Abri a porta do carro e pedi para Elena afastar-se.

Coloquei o cinto e ignorei as reclamações de Elena e os olhares indagadores e acusatórios de  Bonnie. Pedi que Matt me levasse até em casa para buscar o que precisaríamos e ele anuiu com a cabeça  dando partida depois de ligar o rádio. Olhei para lado apreensiva e congelei quando encontrei Damon encostado na parede em frente ao Grill, ele sorriu e acenou para mim que apavorada mandei Matt correr.

 

STEFAN 

 

Aquele ditado de que nada era tão ruim que não podia piorar. Parecia ter sido feito especialmente para mim. Aquela semana provou-se o início de todo pesadelo que meu amado irmão iria trazer. Tudo estava indo de mau a pior desde que ele cruzou aquela porta.

Zach estava em recuperação, eu tinha conseguido salvá-lo, mas ele não o perdoou por curá-lo com sangue de vampiro. Ele mau olhava para mim agora e fazia questão de evita-lo o máximo que podia. Damon tinha feito outra vítima de acordo com a polícia. Foi  um pouco de trabalhoso  conseguir um câmbio que lhe permitisse cruzar com a linha do 911 e por lá tive a certeza que meu irmão não estava sendo nenhum pouco cuidadoso queria deixar evidente para qualquer um que não era uma onda de ataque animal. Não demoraria nada para os descendentes da família fundadora ligarem as peças e fizessem outra caças aos vampiros.

Suspirei  desanimado, depois de desligar o rádio. Peguei a chave do carro e saiu sem rumo, tentando encontra-lo  e enfrenta-lo de uma vez. Estacionei em frente a casa de Elena esperando encontra-lo a espreita, mas não havia sinal dele. Rodei pelos bares, becos e florestas e nada dele.  Ele não queria ser encontrado e esse pensamento me causava arrepios.

Damon estaria maquinando algo agora, tramando contra ele e ele tinha a horrível sensação de que seja qual fosse o plano, envolveria Caroline.

Parei no meio da estrada e apoiando a cabeça no volante. Querendo poder voltar no tempo e nunca ter voltado para aquela cidade. O barulho agudo do meu celular despertou-o do momento deplorável de auto depreciação e  arrependimento.

— Alô – cumprimentei  mecanicamente sem verificar o identificador.

Olá, estranho.

— Lexi.

Sim, sou... O que aconteceu?

— Como sabe que aconteceu alguma coisa?

Intuição de melhor amiga. Estava num restaurante japonês aqui perto, me empanturrado de sushi, quando o celular de alguém da mesa ao lado tocou.

— Me deixa adivinhar? O toque era de alguma musica do Bon Jovi?

Exatamente! Ai pensei em você que andava sumido... Você sabia que existem planos com descontos para ligações locais? Poderia quem sabe assinar um e ligar com frequência para sua patrocinadora sóbria.

— Eu sinto muito.

A coisa é seria mesmo pelo visto. O que aconteceu?

— Damon voltou e sabe da Elena.

Merda!

— É isso nem é o pior.

Não?— ela bufou rindo – O que poderia ser pior que seu irmão psicopata obsessivo descobrir sobre a copia da ex namorada vadia que ele ainda é obcecado?

— Ele sabe sobre a Caroline.

Puta merda, como?

— Acho que ele me seguiu.

E você não percebeu a presença dele porque estava ocupado demais babando pela Elena... Ou seria a Caroline?

— Não me julgue, Lexi. Eu fiquei atordoado quando me deparei com uma garota que era exatamente igual a  Katherine, qualquer um no meu lugar iria querer entender como isso aconteceu. E enquanto a Caroline...

Qualquer um ficaria intrigado com uma donzela que sofre um acidente, acorda e diz seu nome. É eu sei e nem estava julgando, só rindo de como sua vida parece uma eterna novela mexicana de baixa qualidade.

— Lexi... Eu não sei o que fazer – confessei exausto. Lexi suspirou do outro lado antes de responder

Se acalma, Stefan. Se desesperar não vai adiantar nada.

— Não me desesperar? Lexi eu feri o Zac querendo protegê-lo e agora ele me odeia. Damon voltou para cumprir a promessa de destruir todos e tudo com que me importo e ele sabe que não vai conseguir ferir Elena, então  ele vai atrás dela... Caroline.

Stefan...

— Ela apareceu na minha casa, logo depois que Damon foi embora. Ela cuidou  do Zach e não fez pergunta alguma. Ela simplesmente apareceu lá porque pensou que eu precisava dela, de ajuda.

E o que aconteceu depois?

— Eu a beijei. Não consegui mais resistir e na verdade eu nem queria.

Você está se apaixonado por  ela, não é?

— Sim – respondi sem excitar.

Porque tinha parado de tentar negar a mim mesmo que os sentimentos que ela despertava em mim era apenas curiosidade. Tive a certeza disso quando abri a porta e me deparei com ela. Quando encontrei nos olhos dela carinho e preocupação para com ele.

Então vai atrás dela e a proteja— ordenou Lexi displicentemente

— Enquanto a Elena?

Você mesmo disse que ele não teria coragem de ferir a alguém com o mesmo rosto do Katherine e enquanto estiver com a Caroline pode manter um olho nela.

— Eu não sei si é uma boa idéia. Ela correu logo depois do beijo e tem me ignorado desde então.

E você simplesmente vai deixar por isso mesmo?

— Eu não quero envolvê-la ainda mais.

Eu acho que agora é tarde demais pra isso, além do que, isso não é  uma escolha sua.

— Ótimo, então. Porque por ela nem tinha começado.

Stefan, ela gosta de você. E se estiver mesmo certo e sua teoria da conspiração  for mesmo verdadeira ela sabe sobre você e o que você realmente é.

— Si ela sabe tudo isso, por que fugiu? Por que tem vezes que ela parece me odiar?

Não sei. Isso é algo que vamos descobrir

— Vamos? Quer dizer que...

Sim, eu estou voltando em breve. Pra conhecer minha futura cunhada e chutar a bunda do seu irmão.

— Eu adoraria ver isso.

Então se prepara. Agora eu tenho que ir. Mas te ligo amanhã pra saber como foi o encontro.

— Que encontro? – inquiri confuso

O seu com a Caroline. Vai me dizer que não estava indo atrás dela?

Sorri involuntariamente. Admirado com o quanto Lexi me conhecia. Ergui a cabeça e respirei fundo antes de descer do carro e apertar a campainha. Fiquei tamborilando os dedos na porta, não conseguindo  esconder a ansiedade e a cada segundo que passava me sentia ainda mais nervoso.

Depois de uns  dois minutos esperando em frente a sua porta, desci a escada e me sentei no penúltimo degrau.

Fiquei ali sentado olhando pra rua relembrando o beijo. Lembrando de como me senti vivo como há muito não se sentia. Era como voltar a ser humano novamente. Sentindo o coração disparar, corpo tremer e lábios formigarem. Tentei lembrar da última vez que senti algo parecido com aquilo. Mas não tive mais tempo para  apreciar a felicidade momentânea que ela me deu.  Porque logo em seguida ela quebrou a magia facilmente dizendo um nome que eu jamais desejou ouvir da boca dela, Damon.

Aquele nome foi semelhante a um balde de água gelada despejada sem aviso algum. E aquilo significava que ele estava atrás dela  e não excitaria em usá-la contra mim. Logo em seguida ela fugiu de todas as perguntas e pareceu perturbada quando tentei descobrir porque ela achou que Damon seria um problema. Ela fugiu mais uma vez, parecendo irritada consigo mesma por ter ido até lá.

Eu não deveria ter vindo até aqui, isso foi um erro” declarou ela antes de entrar no carro e dar partida.

E não podia negar que doeu ouvir o arrependimento em sua voz. Tentei ignorar o buraco crescendo em meu estômago quando ela partiu. Não a procurei no dia seguinte porque não tinha coragem de encará-la e encontrar raiva e arrependimento em seus olhos.

Mas lá estava eu sentando em sua escada, brincando com os dedos incapaz de ir embora sem vê-la. Estava distraído, perdido em si mesmo que nem reparei o carro estacionando em frente a casa dela.

Somente ergui a cabeça e despertei de meus pensamentos quando escutei a voz incrédula dela chamando por meu nome.

— Stefan... O que... Mas o que está fazendo aqui? – gaguejou ela.

Levantei devagar e respirei fundo antes de encará-la. Abri a boca para explicar, mas calei-me quando notei que não estávamos sozinhos.

Elena, Matt e Bonnie estavam logo atrás dela. Bonnie com meio sorriso olhando para Caroline, Matt com rosto inexpressivo e Elena com olhos postos nos meus. Aquele mesmo olhar que torcia meu intestino em algo que não conseguia explicar. Ela automaticamente sorriu largamente quando notou meus olhos nos dela.

— Ei, Stefan

— Oi, Elena...Bonnie, Matt – cumprimentei acenando com a cabeça e metendo as mãos no bolso.

Franzi o lábio olhando para o chão sem saber o que dizer a seguir com todos eles a nossa volta. Caroline parecia no mesmo estado de espírito porque continuou fitando um ponto qualquer no chão enquanto seu dedo agarrava o cos  de sua calça jeans. Foi no mínimo constrangedor aquele minuto de silêncio que ninguém dizia nada.

— Ei, Stefan... Como está? – inquiriu Bonnie tentando quebrar aquele clima estranho.

— Bem, eu estou bem Bonnie.

— Okay, isso está constrangedor – Bonnie riu – Você quer falar com a Caroline  a sós, não é?

Abri a boca para negar, mas ela estendeu a mão me pedindo para parar.

— Sem problemas, Salvatore – Matt disse com simpatia na voz pela primeira vez, ele sorriu para Caroline antes de se juntar a Bonnie.

Ela é toda sua— brincou Bonnie dando um empurrão de leve no ombro de Caroline que a fulminou com olhos, com o rosto corado.

Matt perguntou a onde estava a chave e Bonnie revirou os olhos subindo os degraus e pegando uma chave metálica de dentro de um vaso de orquídea na parede. Ela abriu a porta sem cerimônia anunciando que ia buscar as coisas, ia fechar a porta, mas parou segurando-a.

— Lena, ei! Você não vai entrar? – inquiriu Bonnie arqueando uma sobrancelha para amiga. Elena arregalou os olhos e fechou a boca entreaberta.

Anuiu com a cabeça e  colocou uma mecha do cabelo escuro atrás da orelha. Subiu as escadas sem olhar para nenhum de nós, seus olhos postos no chão. Bonnie deu-me um sorriso de incentivo e sussurrou um “Boa Sorte” antes de fechar a porta.

Caroline continuou com lábios franzidos, mexendo com toco de cigarro com os pés.

— Então... Você vai dizer o que veio fazer aqui? – inquiriu ela, sem mover os olhos do toco do cigarro.

Sorri involuntariamente notando o esforço que ela fazia para fingir-se de indiferente. Mas o rubor em seu rosto e descompasso do seu coração a denunciava.

— Eu digo, si olhar pra mim por um segundo.

Ela mordeu o lábio com força parecendo conter o desejo explicito de me xingar, enquanto eu tentava não pensar no quanto desejava ser eu mordicar aqueles lábios, sentir o gosto doce que eles tinham mais uma vez. Ela ergueu a cabeça e me fitou.

Tentei manter o olhar impassível como das outras vezes, mas falhou. Ou seria que tinha ganhado a dádiva de traduzir aquele olhar? Era um misto de desejo, raiva e medo. Encolhi um pouco  com pensamento dela ter medo de mim.

Medo que ela realmente soubesse mais do que diz e soubesse tudo que há para si saber sobre a criatura que eu era. Engoli seco e abri a boca para explicar-se, mas nada saia.

— Stefan, o que veio fazer aqui? – inquiriu com voz grave e determinada. Suas safiras tornando-se dois cubos de gelos mirando os meus.

— Nada... Eu não deveria ter vindo aqui.

Me afastei apressado me sentindo idiota, confuso e egoísta por não seguir a dica e deixá-la em paz.

— Espera! – ela gritou. Me virei devagar e notei suas mãos brincando com a alça da bolsa – Desculpa.

— Desculpar o que?

— Tudo. Eu devo parecer uma louca, não é? – ela esfregou a testa rindo nervosamente – Primeiro eu apareço na sua casa sem aviso e fujo logo depois.... Hum... Você sabe!

— Mais ou menos – cruzei os braços notando os olhos dela se desviarem para meus braços, sorri quando ela engoliu seco e corou – Você saiu tão rápido que eu cheguei a pensar que foi tudo uma alucinação minha.

Ela revirou os olhos sorrindo de lado.

— Alucinação é? – ela balançou a cabeça e arqueou a sobrancelha – Você costuma alucinar beijando garotas que invadem sua casa com frequência?

— Depende, na maioria das vezes são sonhos, não alucinações. Mas tem acontecido com uma certa frequência. Desde que uma certa loira surgiu e confundiu tudo.

— Eu... Não queria fazer isso, Stefan.

— Eu sei – concordei acariciando seu rosto – Não é culpa sua causar esse efeito em mim. Me deixar louco, calmo, nervoso com apenas um olhar, ou sorriso.

— Stefan...

— Eu sei, eu sei! Cruzando a linha de novo – completei estendendo as mãos, me forçando a lembrar que tocá-la sempre acabava por afugentá-la ainda mais.

Ela sorriu novamente assentindo com a cabeça e subiu as escadas e sentou no terceiro degrau. Sentei ao lado dela fitando o céu anil logo em seguida meus olhos foram atraídos para suas mãos que brincava com um anel no dedo anelar.

Seus olhos ficaram fixos no anel. Um olhar diferente surgiu em seus olhos, olhar saudoso e entristecido que causou um nó na garganta. Provavelmente estaria pensando no ex namorado.

— Eu não posso ser quem você quer que seja agora – ela confessou em voz baixa, ainda mexendo no anel – Eu não posso e nem conseguiria abrir meu coração depois... Depois de tudo que passei. Ele me feriu muito, de maneiras que não consigo nem explicar.

— Eu sinto muito...

— Não sinta, não é sua culpa – ela afirmou olhando-me intensamente – Mas eu fiquei tão machucada e descrente das pessoas que desconfio de tudo e todos. Eu me esqueci o que é confiar. Eu acho que meu coração desaprendeu tudo.

— Eu sei como se sente – confessei, assim como ela fitando o meu anel da luz dia – Até pouco tempo, eu me mantinha longe, fechado em meu próprio mundo, perdido nos erros do passado. Lembrando somente das dores que me causaram e acabei esquecendo que minha vida continuava, embora eu desejasse o contrário. Eu me tranquei do mundo e parece que esqueci como era viver. Meu coração até pouco tempo estava em completo desuso e não me importava com esse status – sorri fitando os degraus – Até que um dia eu sem querer, conheci alguém novo. Alguém completamente diferente de tudo que conheci e que me trouxe de volta. Despertando todos os sentimentos que julguei não mais ser capaz de sentir. De repente sem aviso prévio, eu me peguei vivo novamente, sem perceber, ou esperar.

— Stefan – ela murmurou com a voz pequena e quebrada – Eu não posso, não posso te dar o que você quer. Não posso ser sua esperança... Porque eu não tenho nenhuma. Não posso amar você!

Ela disse essa última parte baixo, com voz quebrada parecendo querer convencer a si mesma do que dizia. Estendi a mão agarrando a dela que se mantinha em cima das pernas. Ela prendeu a respiração assim como eu.

Ambos sentindo a familiar corrente elétrica percorrendo nosso corpo, acordando cada célula com simples contato de pele. Ergui meus olhos de sua mão e fitei seu rosto que estava  uma bagunça.

Seus olhos marejados com um fluxo constante de lágrimas descendo por suas bochechas, a máscara escorrendo dos cílios, nariz avermelhado e vento soprando seu cabelo em direção ao rosto, grudado na bochecha.  Estendi a mão e livrei seu rosto das mechas rebeldes, com ponta dos dedos limpei a máscara e enxuguei às lágrimas e ela forçou um sorriso.

— Eu devo estar uma bagunça.

— Não, não está. Eu acho que nunca te vi tão linda – confessei.

Não sabia bem si era íris azul que tornaram-se cristalinos com as lágrimas flutuando em seus olhos, ou era sinceridade em cada olhar e palavra que me fazia vê-la assim.

Talvez fosse o fato de vê-la exposta, sem máscaras e receios de chorar na minha frente. Talvez fosse conhecer a parte quebrada dela que era tão similar a minha que me atraia. Mas em todo o caso  não menti quando disse que ela era linda.

Trouxe o rosto para mais perto e notou as pálpebras vibrando em sintonia com o coração dela que podia  não só escutar com exatidão, como sentir contra meu corpo. Acariciei a maça de seu rosto antes de depositar um beijo casto em sua testa.  E me permiti demorar-se alguns segundos, saboreando cada segundo restante, postergando o máximo que podia o fim. Quando o fez encontrou um olhar confuso, porém agradecido.

— Stefan...

— Eu entendo, Caroline. Entendo e aceito tudo que puder me dar. Si no momento for apenas amizade, eu aceitarei. Si precisar  que me distancie...

— Não, eu não quero – ela cortou – Mas, aceito a sua oferta. Eu acho que preciso muito de um amigo agora.

Anui com a cabeça tentando esmagar a frustração e ser o que ela precisava de mim.

— Então eu vou ser.

Ela abriu um sorriso triste que se refletia nos meus. Ela enxugou o rosto e deitou a cabeça no meu ombro. Passei meu braço envolta de seu ombro, fitando a rua, olhando para o céu e me perguntando o que o tal ex-namorado fez a ela de tão ruim para quebrá-la daquela maneira. Esfreguei o braço dela numa tentativa de irradiar calor, querendo livrá-la de toda dor que ele causou.
 

BONNIE 

 

Elena continuava enfiando biquínis dentro de uma bolsa distraída, volta e meia seus olhos se voltavam para janela. O pescoço esticou para direita tentando ver o casal que pelo semblante parecia estar tendo uma conversa séria.

Revirei  os olhos para amiga sem energia e vontade de aconselhá-la. Elena parecia ser incapaz de entender o que estava acontecendo a sua volta.

Ela si negava a aceitar que Stefan e Caroline si gostavam e parecia não entender o porquê ela o atraia. E desconsiderava o sofrimento que causaria em todos ao seu redor se continuasse a cobiçar Stefan.

 Olhei para lado e encontrei  Matt sentado na cama. Olhando para edredom de Caroline. Ignorando que   toda a atenção de sua namorada era voltada para outro cara. Pensei que em algum momento  ele surtaria de ciúmes, mas ele nada fez além de suspirar parecendo exaurido.  Ele havia me contado sobre a conversa com a Caroline.

Fiquei calada enquanto ele me contava sobre o parente estranho de Stefan e a conversa que tiveram sobre Elena. Dizer que aquilo foi chocante era eufemismo.

Caroline e Matt quase nunca interagiram. E de repente eles estão trocando confidências e conselhos?!

Mas fosse o que fosse, a conversa parecia ter surtido efeito porque Matt não estava mais fungando e olhando enciumado para Stefan. Ele revirou os olhos quando flagrou a namorada expiando Caroline. Ele abriu a porta e saiu, excitei por um segundo, pensando se valeria pena conversar com Elena mais uma vez, mas segui Matt logo em seguida.

Porque já tinha feito inúmeras tentativas que não davam certo. Elena parecia obcecada por Stefan e não conseguia enxergar mais um palmo a frente do nariz que não fosse relacionado a ele.

Desci os degraus deslizando as mãos pelo corrimão. Encontrei Matt olhando para um porta-retratos de Caroline de quando ela ainda era pequeninha. Ele sorriu quando me notou, estendeu o porta-retratos para seu devido lugar na instante.

Apoiei meu queixo em seu ombro e correspondi o sorriso vendo uma mini Caroline de quatro anos, ou menos fazendo uma pose vestida de princesa.

— Ela era adorável – comentou Matt, concordei com a cabeça

— Sim, sempre foi.

Ele suspirou e sentou-se no sofá e o segui, sentando ao lado dele.

— A conversa pelo visto vai longe.

— Espero mesmo que vá – confessei.

Porque mesmo tento minhas ressalvas contra Stefan, não podia negar que ele despertou algo em Caroline. Algo que ela insistia em negar para si mesma. Já estava mais que na hora dela enfrentar aquela situação e admitir que estava apaixonada por ele.

— Você acha que ela desistiu do passeio?

Dei ombros em resposta. Não fazia idéia do que se passava na cabeça de Caroline agora. Ela tinha mudado tanto nas últimas semanas que  parecia uma completa estranha para mim.

Alguns apostavam que foi a experiência de quase morte que a mudou, mas eu e Matt tínhamos teorias diferentes. Eu me  lembrava do choro compulsivo dela semanas antes enquanto me abraçando tão desesperadamente como se não a visse há séculos. Matt comentou dias depois que algo estranho tinha acontecido com ela para que de repente se transformasse em outra. Bem que  tentei arrancar o motivo da mudança, mas Caroline estava fechada. Por vezes se distraia e se perdia em outro mundo, um que infelizmente era desconhecido pra mim. Estive ao fundo, observando minha melhor amiga de infância mudar. Fechar-se em si mesma, fugindo de festas, planejamentos e garotos.  Conhecendo uma outra que era distante, centrada e misteriosa.

— Por que essa carinha? – inquiriu Matt soltando uma mão da almofada que segurava e apontando o dedo na minha testa

— Nada – menti dando ombros, olhando de esguelha para porta.

— Você é ela brigaram?

— Não, por quê?

Ele arqueou a sobrancelha em descrença.

— Vocês estavam estranhas hoje, estava atacando ela...

— Não estava não!

— Ah, estava!

— Desde quando você virou defensor da Caroline?

— Eu não virei defensor. Sou estou dizendo o que vi. Você estava desconfiando dela.

— E não é pra desconfiar? Ela mal procura gente agora, some do mapa e de repente do nada fica toda apressada pra ir passear...

— Talvez ela esteja com problemas e não saiba como dizer isso a vocês.

— E por que ela não diria? Ela me contava tudo...

— Você sente falta dela, não é?

— Bem... Sim. Sempre foi nós  três contra o mundo. E ultimamente só tem sido uma por uma.

— Enquanto a Elena?

— Hum, ela está comigo claro...

— Ela mudou também – comentou – Ou talvez tenha sido eu que me dei conta que ela sempre foi assim.

— Matt...

— Sabe porque procurei a Caroline pra conversar?

— Sinceramente, não. Vocês quase nunca conversavam.

— É verdade, mas si quer saber eu me arrependo disso. Ela me disse coisas que me fizeram refletir sobre...

— Elena. 

— Sim, sobre ela e sobre mim também. E por isso que não fui atrás de você. Porque eu sabia que você não me diria o que realmente pensa.

— Matt!

— Bon, não se ofenda. Você é  minha melhor amiga, mas também é a dela. Você sempre a defende não importa o que.

— Isso não é verdade – protestei ofendida.

Me levantei inquieta e estava com a boca aperta pronta para retrucar quando a porta si abriu revelando uma Caroline de olhos avermelhados. Ela fungou e forçou um sorriso nem um pouco convincente.

— Desculpa pela demora. Então, já arrumaram as coisas?

— Ahãm, claro.

— Nós ainda vamos? – inquiri preocupada com ela. Ela esfregou as palmas da mão em sua calça jeans e depois alisou o cabelo para trás tentando se recompor.

— Claro, por que não iriamos? E aliás, cadê a Elena.?

— Estou aqui – anunciou Elena assustando todos nós. Ela estava segurando uma bolsa pelo ombro – Já arrumei as coisas.

— Okay, então vamos. Podemos comprar alguma coisa na ida...

— Não, eu pego daqui. Podem ir indo pro carro si quiserem, tá – sugeriu ela nos dando as costas não dando tempo para que ninguém protestasse.  Matt franziu a testa olhando na direção em que ela si foi

— Eu perdi algum coisa? – inquiriu Elena confusa olhando para namorado que desviou os olhos do corredor e olhou para ela por alguns segundos longos demais. Elena franziu ainda mais a testa para ele e abriu a boca para fazer outra pergunta. Mas Matt a ignorou e saiu pela porta indo para carro — O que deu nele? – inquiriu ela apontando para porta com dedo e franzido a testa.

— Não sei, Elena. Porque não vai atrás dele e tenta descobrir?

Elena abriu a boca, mas fechou. Acho que finalmente ela tinha se atinado com  papel que estava fazendo. Anuiu com a cabeça e seguiu para fora. Suspirei desanimada antes de seguir para cozinha e encontrar uma cena que partiu meu coração.

Caroline estava com as mãos apoiadas na pia, olhando para cima, tentando conter o choro. Estendi a mão incerta, sem saber ao certo como ela reagiria.

Torcendo que ela me permitisse ajuda-la. Ela se assustou quando a toquei. Ela abriu a boca para falar, mas nada saiu. O que vi nos olhos dela me entristeceu de imediato. Era tanta dor e angustia junta que não me contive e puxei para um abraço. Um pouco enrijecida e sem jeito ela devolveu o abraço e deu um suspiro por cima do meu ombro antes de se afastar forçando um sorriso.

— Care, o que aconteceu?

— Nada, e bobeira minha. Eu estou emocional hoje e...

— Care, por favor, confia em mim. Eu só quero te ajudar.

— Eu sei, Bon.

— Então por que não fala comigo?

— Porque si eu falar agora... Eu acho que não vou parar de chorar – confessou ela com voz embargada e queixo tremendo.

A puxei para outro abraço e esfreguei suas costas suavemente antes de deixa-la se afastar. Ela respirou fundo enxugando o rosto, forçando um sorriso  antes de voltar a falar

— Obrigada, Bon – agradeceu ela com voz fraca. Pegou a sacola térmica e uma pequena cesta com algumas fruta e olhou envolta.

— Pronto! Acho que não esqueci nada. Podemos ir agora. – anunciou ela, não esperando uma resposta.

Ela saiu apressada pela cozinha não me dando tempo para perguntar qualquer coisa. Sem muitas escolhas a segui. E a encontrei parada em frente a porta segurando a maçaneta com força, franzi a testa e estiquei o pescoço e fique nas pontas pé para conseguir ver.

Elena segurando o braço de Stefan, sorrindo largamente para ele. Alternei meu olhar entre Caroline e Matt e encontrei o mesmo olhar dolorido e magoado. Pigarrei para chamar atenção de todos. Elena soltou o braço de Stefan como se houvesse levado um choque. Stefan por outro lado parecia perturbado e inquieto quando voltou seus olhos para Caroline.

— Vamos? – inquiri estendendo a sacola com mantimentos

— Vamos – Elena concordou e parou de falar abruptamente olhando para Stefan

— Você quer ir com a gente?

Stefan abriu a boca e fechou. Olhou para Caroline parecendo querer entender qual era a opinião dela.

— Eu acho melhor não..

— Para Stefan.  É  claro que você vai! – ordenou Caroline – Afinal eu prometi te levar até o Falls.

— Sim, eu sei...Mas agora é...

— E uma ótima hora. Está quente como o inferno e estamos todos entediados, então sem desculpas!

Stefan sorriu largamente enquanto balançava a cabeça para ela. Ele anuiu com a cabeça fazendo uma continência para ela, que revirou os olhos dando-lhe um empurrão no ombro. Stefan entrou em seu carro obedientemente, ainda ostentando um sorriso alegre que se espelhou no rosto de Caroline.

Elena por outro lado parecia aborrecida com ele e Caroline. Entrou no carro rapidamente e suspirou alto, apoiando o cotovelo no vidro e rosto no punho da mão.

Matt apertou o volante com força e ergueu os olhos para retrovisor e olhou para Caroline que sorriu pra ele com tristeza. Ele correspondeu o sorriso e seguiu para o Falls. E naquele momento tive certeza que Matt estava cansado, no limite. Ele olhou de esguelha para Elena e respirou fundo, antes de trocar a marcha e seguir para o irremediável fim de seu namoro.


 
Elena

 

Deus o que estava acontecendo comigo? Porquê diabos eu o convidei na frente do Matt?

Odiava ser esse tipo de pessoa, mas ultimamente não tinha mais controle sobre si mesma. Assim   que entrei em contato com os olhos dele fiquei em transe. E aquilo já estava ficando irritante, atrapalhando minha concentração, relacionamento e vida.

Tentei de todas as formas tirar ele da cabeça, mas tudo parecia em vão. Aquele sentimento era novo e semelhante aquelas musicas grudentas que você detesta no começo, mas decora.  Em seguida ela toma seus pensamentos e quando menos si espera você está cantarolando a musica mesmo odiando-a com todas as forças. Estava odiando a si mesma por desejar tanto aquele desconhecido.

Querer o cara que minha melhor amiga estava apaixonada. Me sentia um lixo por ter gostado tanto de ouvir a proposta de Caroline em querer somente amizade dele.

A parte egoísta vibrou de felicidade, fingindo acreditar que Caroline não gostava dele, mas a outra parte notou a voz embargada e destruída dela enquanto propunha tão coisa. Bonnie estava certa, Caroline estava apaixonada por Stefan, disso não havia dúvidas.

E era isso que tornava tudo tão confuso e complicado. Por que ela estava mentindo, dizendo que não gostava quando era justamente o contrário?

Si ela se declarasse logo, eu me forçaria a esquecê-lo de uma vez, engoliria aquele sentimento e me afastaria dele.

Por que tudo tinha que ser tão complicado? Despertei assustada de meu devaneio com o som de algo caindo na água. Ergueu a cabeça e   constatou que  Caroline havia pulando de mãos dadas com Bonnie. De repente as duas voltaram a si falar e estavam rindo e pulando na cachoeira como amigas de infância pra variar.

Olhei para lado e notei uma cena improvável que a deixou confusa e chocada ao mesmo tempo. Matt e Stefan sentados na grama conversando tranquilamente enquanto olhavam para as meninas.

Franzindo a testa pela cena, me levantei sentado ao lado de Matt, beijei seu ombro e roubei um gole de seu Doctor Pepper e notei que seus olhos não se desviaram para mim. Ele não  voltou seus olhos e sorriu como sempre fazia. Senti seu ombros endurecerem sobre minhas mãos.

Devolvi a latinha para ele que a segurou, ainda sem olhar pra mim. Stefan que estava o tempo todo com os olhos grudados em Caroline pareceu ter sentido a nuvem de tensão que pairava entre nós porque de repente si levantou e seguiu Caroline e Bonnie logo a frente.

Continuei seguindo-os com os olhos, impotente. Admirando os músculos de sua costas se contraindo com cada movimento  e infelizmente  Caroline parecia estar admirando o mesmo que eu, com a diferença que ele se encontrava admirando-a, tocando-a.

Qualquer um que olhasse de longe pensaria que eles estavam juntos. Desviei o olhar sentindo  o estômago doer com visão da felicidade deles. Quando fiz isso, notei que Matt estava ao meu lado com os braços estedidos e as mãos cruzadas.

— Você ouviu alguma palavra do que eu disse? – inquiriu ele com um sorriso. Um sorriso estranho que desconhecia.

Abri a boca para me desculpar, mas ele riu balançando a cabeça.

—  Desculpa, Matt e que eu me distrai…

—  Babando pelo Stefan. É eu meio que percebi. Inclusive, acho que escorreu um pouco – avisou ele apontando para canto dos lábios dela.

Ele se levantou me deixando chocada, sem ação. Me levantei quase correndo para alcança-lo, gritei por ele, mas ele não parou. Tive que correr muito para alcança-lo e mesmo assim, ele seguiu andando. Precisei  agarrar seu ombro para fazê-lo parar.
 

—  Matt, para agora!

—  O que foi Elena – inquiriu ele impaciente.

—  O que foi? – inquiri indignada – Você me acusa de estar…

—  Babando pelo Salvatore – repetiu ele lentamente.

—  Eu não estava.

—  Elena, me poupe! Você realmente deve me achar o ser mais estupido da fase da terra...

—  Claro que não… Meu deus, Matt. O que houve com você?

—  Comigo – ele apontou para si mesmo rindo – O que houve com você! Quem diabos é você porque eu realmente não faço idéia de quem você é agora. Eu pensei que você fosse especial. Uma garota honesta, altruísta que se impotava com os outros, que tinha ao menos um pouco de consideração e respeito por mim.

—  Mas eu tenho…

—  Tem? Me diz onde está essa consideração toda enquanto você baba por outro cara, enquanto você está comigo, me beijando, fazendo amor  pensando e desejando outro!

—  Matt! Você está me ofedendo – gritei, tentando conter as lágrimas e me encolhendo.

Cruzei os braços tentando me proteger de suas acusaçoes. Daquele ódio nos olhos de alguém que sempre disse que me amava.

—  Você tem razão – ele suspirou e passou as mãos no rosto, esfregou o nariz como sempre fazia para se acalmar.

Pensei que quando ele se recomposse, me pediria perdão por tudo que disse. Esperei que ele me abraçasse e beijasse minha testa e me levasse para casa. Mas ele não fez nada disso. Ele balançou a cabeça e suspirou.

—  Não era assim que eu pretendia terminar isso.

—  Terminar… isso? – indaguei incrédula com maneira como ele se referia ao nosso relacionamento. Como se não fosse nada.

— Você chama o que tivemos de “isso”?

—  Sim, Elena. Nosso namoro foi uma mentira. Você nunca me amou  de verdade. Só continuamos até aqui porque você não teve coragem de terminar, de dizer que apensar de gostar de mim um pouco, nunca se apaixonou realmente. E eu… pensei que com tempo melhoraria, com tempo você se apaixonaria. Eu fingia que era normal seu desisterrese, sua falta de animação e carinho. Eu fingi que estava tudo bem porque eu pensava que era suficiente, mas não é.

—  Matt, para! Eu gosto de você. Você me faz sentir segura…

—  Exatamente. Eu sou o bom garoto que seus pais aprovam, amigo do seu irmão e melhores amigas. Eu sou a escolha fácil. O namorado de colégio que não vai longe, que não representa nenhum risco.

—  Não é isso que eu quis dizer.

—  Nem precisa. Não quero mais ouvir desculpas, Elena. Eu vou acabar com isso. Vou libertar você desse relacionamento e te deixar livre para lutar por um cara que claramente mexe com você.

—  Ele não… Matt. Eu sinto muito – tentei negar e não chorar, mas foi impossível.

Matt estava terminando comigo e parecia me odiar. Eu tinha feito ele sofrer e nem ao menos me dei conta disso. Estendi a mão e tentei tocá-lo, mas ele segurou meu pulso.

—  Chega, Lena. Não torne isso mais difícil pra mim. Eu demorei muito pra reunir a coragem necessária para fazer isso. Si ao menos uma parte sua gostou de mim, pare. Não diga mais nada, não se desculpe. Acabou! Estamos livres um do outro e quem sabe com tempo…

—  Matt… Por favor...

—  Adeus, Elena.

Ele soltou meu pulso e saiu. Não olhou para trás nenhum só segundo. Fiquei ali parada abraçando a mim mesma, esperando o momento que ele voltaria e diria que tudo foi uma mentira.

Que me  olhasse da maneira que costumava me olhar. Com adoração e amor. Senti um vazio enorme afundando em meu estômago, a culpa crescendo e esmagando tudo dentro de mim. Não sei por quanto tempo permaneci assim. Mas quando dei por mim, estava escurecendo.

Enxuguei o rosto da maneira que pude, torcendo que Stefan já tivesse ido embora com Caroline e Bonnie e que Matt estivesse parado em frente ao seu carro esperando por mim. Fiquei  tão entorpecida com tudo que mal me dei conta que tinha ido para o lado oposto.

Ergui a cabeça e olhei envolta e mr amaldiçoei por ser tão distraída e estar no meio da floresta com um short curto e um biquíni. Olhou para céu tentando se guiar pelas estrelas, mas não havia quase nenhuma visível ainda. Gruiu irritada, sentido exausta e frustrada.

Segui arrastando os pés tentando manter os ouvidos atentos para barulho da cachoeira. Inclinei a cabeça e olhei para céu alaranjado com filete de azul se estendo por ele. Quando me virou desistindo de tentar achar o caminho com os astros, bati em algo duro e só não cai estatelada no chão porque a coisa em que esbarrou tinha braços firmes que seguravam seu braço.

Ergui a cabeça e encontrei um homem lindo de olhos azuis e cabelos negros que olhava para mim sem piscar. Acabei me perdendo naqueles olhos e demorei para ter alguma reação. E quando o fiz a primeira reação foi olhar para os braços dele que ainda se mantinha sobre os meus. Notei sua jaqueta de couro preta, calça preta… tudo nele era negro. E de repente me  senti desconfortável com a intensidade daquele olhar.

Ele não piscou uma só vez, parecia estar hipnotizado, ou coisa do tipo. Tentei dar um passo para trás, mas suas mãos não  afrouxaram. De repente lembrei de todos os ataques em florestas, percebi como fui imprudencia e comecei  a entrar em pânico. A parte racional do meu cérebro tentava calcular rotas de fuga, enquanto a outra estava imaginando que as mortes não foram causadas por animal algum e sim por algum louco.

Tentei me desprender, mas nada. Ele não moveu um músculos si quer

— Me solta – gritei.

Ele piscou duas vezes antes de soltar meus braços e estender as mãos em sinal de rendição.

— Calma. Eu não vou  te machucar.

— Não é o que parece – ironizei esfregando os braços doloridos.Tinha certeza que ficaria roxo.

— Eu só segurei você para que não caísse no chão – explicou ele sorrindo. Ostentando dentes alinhados perfeitamente. Mas o que mais incomodava era a maneira como ele olhava para mim. Havia um brilho estranho que a fazia querer correr para bem longe.

— Okay, obrigada então.

— O prazer foi todo meu. Mas posso fazer uma pergunta?

— Hum, sim… eu acho.

— O que estava fazendo aqui sozinha? – inquiriu ele olhando-me de cima abaixo me fazendo corar de constrangimento – Não sabe que essas bandas andam… perigosas?

— Claro que sei. Eu não estava sozinha. Estava com o meu… meu…

— Seu?

— Meu namorado! – respondi irritada. Voltando a me sentir pequena e miserável

— E onde ele esta agora? Porquê deixou você sozinha no meio do nada?

— Ele… não deixou. Ele esta voltando. Ele vai voltar logo. Então, obrigada pela ajuda. Agora tchau!

— Ei, ei! Espera – disse ele se colocando na minha frente me fazendo esbarrar contra ele mais uma vez. Franzi a testa estranhando a rapidez com ele se pós a minha frente - Eu não posso deixar você ir.

Ele parou de sorrir e ficou sério. Engoli seco me sentindo acuada, olhei para lados tentando encontrar algo para usar caso ele se atrevesse a fazer algo.

— Por que não? Vai me impedir de ir embora é isso? – inquiri devagar, dando um passo para trás.

— É exatamente isso! - afirmou ele sorrindo novamente. Um sorriso cheio de dentes e intenções que o fazia lembrar de gato cheshire.

Estava pronta para correr quando ele ficou sério e me olhou de um jeito que me causou um arrepio na nuca se espalhando através da espinha ouriçando os pelos do braço.

— Eu não posso deixa-la ir sozinha.

— O que?

— Eu disse que não vou deixar você sozinha como o  seu “namorado” fez. Seria muita irresponsabilidade minha.

— Eu já disse que ele não me deixou sozinha!

— Ah não? – ele riu olhando envolta – Não estou vendo mais ninguém além de mim aqui. Então se preferir ir sozinha para seu destino... O problema é seu.

Ele começou a andar sem olhar para trás e fiquei parada ponderando se o seguia, ou não. E mesmo sendo loucura apressei o passo para alcança-lo.

Afinal, já estava anoitecendo e Matt não voltaria e aquele desconhecido apesar de estranho não a atacou como  imaginei. Não tinha tantas escolhas assim, por isso o segui, mas mantive o cuidado de manter alguns passos de distância dele.

O observei com atenção agora e notei que havia  algo de familiar que a intrigava  e ao mesmo tempo que a assustava. Tente forçar a memória e lembrar se o já tinha visto em algum lugar, mas não. Com certeza lembraria dele, ou melhor toda cidade lembraria. Minha  língua coçou para fazer perguntas e por fim resolvi fazer somente uma ou duas, que mal faria? 

— Você não é daqui, é?

— Por que a pergunta? Eu pareço um alienígena, ou coisa assim?

— Não, mas não é daqui. Eu saberia se fosse...

— Porque um rosto como o meu e difícil de ser esquecido. É eu sei. Já ouvi muito isso. Não sou uma pessoa fácil de ser esquecida.

— E é muito   modesto, pelo visto – rebati revirando os olhos para egocentrismo daquele cara. Ele virou de costa andando sem esbarrar em nada. Ele sorriu largamente e piscou para mim

— Bingo! Você esta certíssima.

— Que você não sabe o significado de modéstia?

— Disso também. Mas estava me referindo a não ser daqui.

— Isso é obvio. É você é...

— Daqui mesmo. Eu nasci aqui, mas fui embora muito cedo. Por isso não se lembra de mim.

— E por que voltou agora. Tem parentes aqui?

— Sim, a maioria são moradores de uma cripta não muito longe daqui.

— Oh, eu sinto muito...

— Não se preocupe. Eles meio que morreram há mais de  um século, ou quase isso.

— Você veio visitar o túmulo?

— Claro que não. Quem é que conversa com concreto – zombou ele rindo quando me viu encolher. Porque eu tinha esse costume. Gostava de conversar enquanto trazia flores ao túmulo de minha avó.

— Ops, você faz isso?

— Sim, eu faço. E não vejo nada de errado nisso.

— Não há mesmo. Além da loucura temporária de falar com vazio. Mas respondendo a primeira pergunta. Sim, eu voltei para fazer uma visita a um parente. Meu irmão caçula, mas não estou tendo muita sorte para encontrá-lo, ele parece estar fugindo de mim, acredita?!

Novamente aquele tom sarcástico e zombeteiro voltou deixando-a cismada. Ele arqueou a sobrancelha dele para mim parecendo esperar por algo.

— O que foi?

— Não vai perguntar quem é o irmão ingrato?

— Não! Não é da minha conta.

— Saber sobre a minha cidade natal também não era e mesmo assim você a fez.

Dei ombros em resposta e ele riu.

— Ele sempre faz isso sabe? Foge de mim. Isso me magoa um pouco porque sinto falta do convívio familiar. Meu irmãozinho  é  a única família que me restou, entende? Você por acaso tem irmãos?

— Sim, tenho.

— Então deve entender como é difícil pra mim.

— O que você fez a ele?

— Eu? – inquiriu ele com as mãos sobre o peito dramaticamente – Nada, absolutamente nada. Eu sempre fui um ótimo irmão. Sempre cuidado dele, cumprindo as promessas que fiz a ele. Ele por outro lado. Tsk, Tsk. Um ingrato! Sumiu tem anos e nem notícias me mandou.

— Eu... Sinto muito, eu acho – disse incerta.  Com aquela  conversa aleatória me deixando confusa.

— Obrigada, e bom ouvir isso de vez em quando.

— Mas então, si ele é tão ruim e ingrato... Por que esta procurando por ele?

— Família é família. Nós temos nossas diferenças, mas no fundo eu sei que ele sente minha falta. A vida dele e um completo tedio sem mim.

— Uau, você realmente se ama muito.

— Mas é claro. E impossível não  amar. Se me conhecesse o suficiente saberia disso... Si bem que nem precisa.

— Ah não?

— Não, nós estamos a dez minutos conversando e você já caiu no meu feitiço. Não para de fazer perguntas para saber tudo sobre mim.

Revirei os olhos, mas não pude evitar de sorrir com presunção dele.

— E verdade. Tem razão. Eu estou encantada com tamanha modéstia e simpatia – zombei – É  agora que admiti meu crime. Qual é nome desse irmão ingrato?

— Ah sim, eu nem mencionei, não é? Mas antes de saber o dele, não acha que deveria perguntar o meu?

— Okay, qual é seu nome?

— É...

— Damon – alguém disse a nossa frente.

Desviei meu olhos do cara e olhei pra frente encontrando Stefan atônito, com os olhos arregalados. Caroline que estava ao lado dele parecia do mesmo modo, parecia estar prestes a vomitar.

— Baby Bro, quanto tempo.

— Pera aí, ele é seu irmão? – inquiri a um Stefan paralisado que não respondeu

— Sim, sou.  Sou o irmão mais velho dele – explicou ele – E vim de tão longe e não recebo nem um abraço? Isso me magoa, Stef.

— Damon...

— Sim, maninho. Esse é o meu nome. Ainda se lembra dele, que bom!

Ele  sorriu daquela maneira estranha e desviou seus olhos para Caroline se   demorando nela por alguns segundos antes de se voltar para mim e estender a mão.

— Aproposito, me chamo Damon, Damon Salvatore 

Hesitei por um segundo tentando entender o significado daqueles olhares estranhos de Stefan e Caroline, mas estendi a mão segurando dele, resolvendo apertar sua mão e me apresentar. Seria rude fazer o contrário, afinal ele era irmão de Stefan.

— Elena Gilbert.

— Mas que belo nome esse seu. Elena – ele disse pausadamente como quem saborear as sílabas – É um imenso prazer finalmente conhecer você.
 
 
 


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Notas finais do capítulo

Então gente, cansou né?! Sorry :( E ai o que acharam do começo da amizade Steroline, fim Malena e primeiro encontro Delena? Como será esse fim de tarde no Falls? Já avisando que vai ter a parte Steroline no Falls tá
XOXO



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