Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 13
Chapter – XIII The missing girl


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi!
Postando hoje, por motivos de que... Não estarei em casa amanhã. Então resolvi postar na quarta-feira mesmo.
Boa leitura!!



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E todas as estradas que levam você até lá são tortuosas. E todas as luzes que iluminam o caminho nos cegam. Há muitas coisas que eu gostaria de dizer a você. Mas eu não sei como eu disse que talvez. Você será aquela que me salva. E no final de tudo você é minha protetora"   Wonderwall - Oasis

STEFAN 

Cheguei em casa e pulei direto para telhado, e agradeci a Zach por manter todas as janelas abertas. Entrei no quarto com cuidado para não fazer ruído algum, não queria atrair atenção de Zach que tentaria saber de todos os detalhes do meu encontro com Caroline.

Tirei a jaqueta e a joguei em cima da cadeira e deitei na cama com as mãos cruzadas em cima da barriga. Pensei por um segundo se deveria abrir as janelas e deixar o ar puro circular. Meu quarto fedia a mofo, realmente parecendo o quarto de um velho centenário.

Nos últimos dias tinha me acostumado a abrir as persianas assim que acordava. Gostava de olhar para céu anil pela manhãs, mesmo quando o dia estava encoberto pelas nuvens eu me perdia olhando para o céu apreciando a natureza e tudo ao meu redor. Desde que ela apareceu na minha vida, tudo mudou. Ela o presenteou com um sentimento que o tempo se encarregou de apagar. E esse sentimento era libertador e ao mesmo tempo perigoso, porque ele podia ser facilmente roubado.

E não precisou de mais de um encontro com ela para ter a esperança esmagada.

Suspirei exasperado enquanto cruzava as mãos em cima do estômago e ignorava a penumbra e cheiro desagradável de coisas velhas amontoadas. Nada parecia ter tanta importância ou incomodava mais do que aquele olhar.

Era medo, ou melhor, pavor. Ela me olhou como si eu fosse um monstro prestes a devora-la. Correu de mim apavorada e foi esse medo que cravou minhas pernas no chão como se pesassem toneladas. Sabia que tinha passado dos limites e provavelmente assustado ela.

Afinal, qualquer pessoa em sã consciência teria esperado no mínimo dois meses ou mais para dizer que conhecia a outra como a palma da mão. Mas quando estava com ela, eu era reduzido ao adolescente inconsequente que agia por simples impulso.

Os mais de cem anos que tinha era deixado atrás da porta e voltava a ter dezessete anos, nervoso, animado e assustado com milhares de palavras sendo atropeladas pelas emoções borbulhando dentro de si.

E como se não bastasse toda essa confusão e perguntas sem resposta que ela deixou como presente, ainda tinha Elena.

Nós finalmente nos encontramos cara à cara, depois de um mês perseguindo-a e descobrindo tudo o que podia sobre ela.

Era estranho finalmente conhecê-la e vê-la sorrir para mim. Notei como seus olhos de corça não deixaram os meus nem por um segundo, mesmo estando ao lado do namorado. Ela parecia nervosa e curiosa para saber tudo sobre mim e sorria timidamente enquanto fazia milhões de perguntas que eu respondia mecanicamente porque estava confuso demais para conseguir raciocinar direito.

Conhecer Elena Gilbert foi diferente do que imaginei. Mesmo ansiando por conhecê-la, ouvir sua voz e descobrir se tinha a mesma entonação. Ver se seus trejeitos eram os mesmos que os de Katherine. Quando olhei para ela, tudo se confundiu e pude finalmente entender o que Lexi queria dizer com transferir os sentimentos.

Eu sempre ria ou me irritava com os avisos de Lexi, não era estúpido e sabia diferenciar as duas e com toda certeza não iria transferir sentindo algum para Elena porque não sentia nada além de ódio e desprezo por Katherine.

Mas essa convicção era muito fácil de ser mantida quando não conhecia Elena pessoalmente, quando ainda não sabia a sensação de ouvir como meu nome soava em seus lábios.

Derrotado folheei o diário, contando por cima quantas vezes nas últimas semanas o nome de ambas surgiram. No meio do diário ainda se encontrava o retrato de Katherine Pierce. Peguei a foto e adormeci olhando para ela e me lembrando de tudo que aquela mulher causou na minha vida.

No dia seguinte acordei sobressaltado por causa de sonho tão vivido que poderia muito bem ser uma lembrança si não fosse tão confuso. No sonho eu voltava ao passado e era de novo um humano. Katherine entrava no meu quarto na calada da noite e fazia sinal para que eu não gritasse. Ela sorria docemente para mim, vestindo seu vestido azul turquesa.

Ainda com dedo indicador sobre os lábios, ela subiu em cima de mim e me peguei querendo que ela saísse. Mas ela me ignorou e beijou-me. Quando ergueu a cabeça seus olhos enegreceram e as presas saíram.

“Não grite” ela ordenou. E cravou as presas no meu pescoço. Sem conseguir gritar ou me debater tudo que conseguia fazer era olhar para parede sentindo a ferida arder e meu sangue sendo sugado e todo meu corpo amolecendo.

Quando ela se satisfez ergueu a cabeça e de repente não era mais ela. Era Elena. 

Os cachos se desfizeram e mechas deslizavam lisas e mais escuras emoldurando o rosto. Ela estendeu a mão e acariciou meu rosto e isso fez que a compulsão terminasse. Fechei os olhos gemendo de dor, ergui a mão e pressionei a ferida.

Senti uma mão quente e macia segurar a minha mão, abri os olhos e me deparei com olhos azuis me mirando. Caroline sorriu e notei seus lábios vermelhos, manchados de sangue, meu sangue. Ela se inclinou e segurou meu rosto e assim como Katherine olhou fixamente em meus olhos e ordenou 

“Não grite”

Ela selou seus lábios nos meus. De repente todo e qualquer desejo de gritar foi substituído pelo desejo de erguer a mão a agarrar um punhado daquele cabelo dourado e percebi que podia. Quando ergui a mão para fazer isso, ela si afastou e sorriu ostentando as presas. Ela riu da surpresa em meu rosto e inclinou-se de novo dando-me um beijo. A sensação de seus lábios contra os meus, seu corpo pressionado contra o meu era maravilhoso demais para conseguir pensar em qualquer outra coisa. Meus dedos enredaram seus cachos, gemendo com sensação de sentir a textura macia deles enquanto sua língua adentrava a minha compartilhando o gosto metálico de sangue.

Esfreguei o rosto e respirei fundo tentando despertar daquele sonho confuso mesmo que meu corpo inteiro parecesse totalmente acordado com imagem de Caroline em cima de mim. Grui de frustração enquanto entrava no banheiro e tomava uma ducha fria para acalmar meu corpo que parecia acreditar piamente que aquele sonho era real.

Quando terminei o banho me vesti com a primeira roupa que encontrei e desci para andar de baixo, encontrando Zach na cozinha lendo jornal na mesa. Ele ergueu os olhos para me encarar. Respondi por educação seu bom dia e estava prestes a sair quando ele me chamou.

— O que aconteceu ontem, Stefan?

— Você quer saber se eu machuquei alguém no caminho?

— Não — ele rebateu incerto, seus olhos se desviaram para chão por um segundo e desanimado por sua desconfiança. Manei a cabeça em desistência — Eu não acho isso de você Stefan, sei que tenta…
— Não arrancar a cabeça de todos que vejo pela frente.

— Uau! — ele franziu os lábios

— Pelo visto foi pior do que eu imaginava.

— Sim… Foi.

— O que aconteceu… Talvez contar ajude — ele sugeriu nada sutilmente. Suspirei, me dando por vencido me juntando a ele na mesa. Contei a ele tudo que ouve por cima.

— Então, você encontrou a Elena ontem?

— Sim.

— É como se sentiu?

— Estranho.

— Estranho? — assenti com a cabeça e ele franziu a testa por um segundo, mas depois sorriu largamente — Aposto que as coisas que vim tentando te dizer fizeram sentido.

— Sim…. Infelizmente fizeram — admiti. Ele assentiu, pegando a xícara fumegante de café e tomando-a em seguida. Ele sorriu, parecendo satisfeito.

— É enquanto a filha da Xerife?

Me afundei um pouco na cadeira, olhando para parede. Me lembrando do olhar apavorado, da voz embargada e das acusações dela.

“Você não me conhece!”

Suspirei alto sentindo aquelas palavras afundarem. Ela estava certa sobre isso, eu não a conhecia, mas queria. Queria saber tudo sobre ela e entender o medo que surgia em seus olhos quando tentei confortá-la. Queria entender o porquê daquele ódio faiscando em seus olhos, desejei pode ler a mente daquela garota e desvendar todos os segredos que ela escondia.

Me arrependia de não ter corrido atrás dela ontem, mas meus pés pareciam colados ao chão. Talvez fosse o peso esmagador da repulsa e medo nós olhos dela quando tentei tocá-la. Tal qual ela fez no mercado. Me senti pequeno, reduzido apenas ao monstro que escondia de todos, mas que sempre se revelava quando me encarava no espelho.

— Foi tão ruim assim? — Zach inquiriu me despertando para realidade. Tinha me esquecido totalmente da presença dele que até me assustei quando o encarei.

— Ela… fugiu de mim ontem. Parecia apavorada…

— Por quê , o que você fez? — inquiriu com voz pingando de julgamento.

— Eu não tentei nada Zach! — suspirei me levantando — Eu apenas tentei…. Confortá-la. E ela me olhou com tanto… Medo. Como se eu tivesse querendo machucá-la.

— E por que ela pensaria isso?

— É o que gostaria de saber, mas quanto mais eu tento descobrir sobre ela, quando eu penso que estou perto… Ela me afasta e muda completamente.

— Stefan… Você já chegou a pensar no que eu te disse?

— Sobre o que Zach? — inquiri impaciente

— Sobre confundir as coisas. Ela pode realmente nunca ter dito seu nome. Você pode estar usando-a como…

— Ela disse meu nome. Eu não estou louco! E o encontro de ontem só me faz ter mais certeza disso.

— E o que vai fazer agora? Continuar perseguindo uma adolescente até descobrir tudo sobre ela?

— Sim Zacary, eu vou. Sei que não concorda com isso, mas… Eu preciso saber.

Sem esperar pela possível crítica de como eu estava sendo imprudente e egoísta colocando ela e todos ao seu redor em perigo, eu sai. Correndo para floresta tentando dissipar as acusações dele que mesmo odiando admitir, tinham toda razão.




VICKY

Já era tarde da noite quando consegui me esgueirar pela portas do fundo com a desculpa de levar o lixo para fora. Finalmente sair daquele bar estupido que era forçada a trabalhar.

Peguei minha bolsa escondi em um dos sacos e coloquei a blusa preta e avental dentro dela. Meu celular vibrou anunciando que alguma mensagem tinha chegado. Era Peter avisando sobre a festa e que Tyler provavelmente estaria lá.

Todos meus amigos se encontravam na floresta perto do cemitério em volta de uma fogueira, sorri assim que os vi. Não que eu fosse uma gótica ou coisa do tipo, mas adorava me reunir com eles ali. Longe de todas aquelas pessoas que olhavam para nós como se fossemos a escória da cidade. Ali ninguém aparecia apara incomodá-los.

As vezes a Xerife da cidade e alguns dos seus subordinados eram atraídos pelos barulhos e então nós corríamos um para cada lado rindo como loucos tentando não sermos pegos.

Olhei em volta procurando por Tyler e fiquei ansiosa quando não o encontrei. Mandei outra mensagem, mas nem sinal dele. Frustrada e irritada peguei uma garrafa de vodca e comecei a entorná-la no gargalo. Luke chegou não muito depois, se sentando ao meu lado. Torci o nariz quando reconheci quem ele trazia consigo. A pequena e irritante Tracy. Ela claramente estava desconfortável ali. Ela forçou um sorriso para mim que torci o rosto em sorriso falso.

Me perguntando que diabos ela fazia ali? Ela era filha do pastor da cidade, uns dos mais insuportáveis na minha opinião. Sempre pregando palavras de deus com os olhos fixos em mim , chamando minha atenção e tentando trazê-la para luz. Ressaltando que todos eram iguais diante dos olhos de deus, mas fora da igreja torcia a cara para eles e deus o livre se ele descobrisse que sua linda filhinha se encontrava com a turma de degenerados da cidade.

Tracy Carter era a legítima filhinha do papai. Sempre obediente, com as melhores nota da sala e sempre estava pdisposta a ajudar ao próximo. Ela era perfeita! Tal qual a chata da minha cunhada. Sempre sendo o exemplo, aquele tipo de garota que meu irmão sempre me comparava.

“Você deveria ser mais como ela”

Fuzilei a garota com os olhos e como um rato ela se se encolheu cruzando os braços buscando Luke com olhos, mas este estava do outro lado sendo muito simpático com Michelle, ou melhor sua língua estava.

Seus olhos castanhos de repente se inundaram quando encontrou com casal que quase se engolia. E não pude evitar um pequeno sorriso de satisfação com a decepção nos olhos dela. Peter sentou-se entre nos colocando o braço envolta do nosso ombro

— Chegou quem estava faltando — ele riu — Sentiram minha falta?

— Nenhuma — retirei o braço dele do ombro, ainda observando Luke agarrar a cintura de Michelle e beijá-la. Tracy torceu as mãos em cima do colo, com lágrimas rolando pelo rosto.

— Alguém está a de mal humor hoje — Peter zombou

— O que foi Vicky, não tomou seus remedinhos hoje?

— Vai se ferrar Peter!

— Ah mas eu vou! Só que mais tarde — ele piscou — Então, cadê o Tyler?

— Não sei, por que eu saberia? — dei ombros

— Porque você é vadia oficial dele.

— Vadia é mãe! — ele riu mais ainda e bateu com ombro no meu, revirou os olhos quando não ri.

— É brincadeira Donovan, não se leve tão a sério! — quando não o respondi ele bufou e se voltou para Tracy — Ei gracinha, eu conheço você?

— Añ? — ela virou o rosto para Peter enxugando o rosto com costa das mãos — Desculpe, o que disse?

— Disse que…. Você não é filha do…

— Pastor Carter — completei

— Sim, ela é.

— Sabia que te conhecia de algum lugar! Mas então, se divertindo?

— Sim… Muito — ela mentiu forçou sorriso

— Seu paizinho sabe que você está aqui?

— Sim… Claro que sabe — gaguejou com voz fina.
Peter e eu rimos com aparente falta de talento que a princesinha tinha em mentir. Tracy suspirou alto e se levantou.

— Acho melhor eu ir embora.

— Não deveria nem ter vindo, queridinha — rebati. Tracy franziu os lábios e assentiu.

— Ei — Peter segurou o pulso dela e ela arregalou os olhos supressa — Não ligue para Vicky, ela só está sendo uma cadela — Peter me fuzilou com os olhos, soprei um beijo para ele que revirou os olhos se voltando para Tracy — Por que não fica mais um pouco?

— Eu não sei se é uma boa ideia… Eu tenho que voltar pra casa…

— Orar o terço — completei — Ou melhor, estudar a bíblia?

— Vicky! — Peter me reprendeu, mas não escondeu o sorriso — Deixa a menina em paz. Já é castigo suficiente ser filho daquele cara…. Sem ofensa!

— Tudo bem… Eu acho — respondeu incerta. Ela meteu as mãos no bolso da blusa.

Peter a puxou pela mão e sentamos no galho caído perto da fogueira. Vendo os outros dançarem. Peter suspirou alto e fez um comentário sobre Luke e Michelle, Tracy voltou a chorar feito uma idiota e sem paciência estendi a garrafa para ela que confusa aceitou. Ela fez uma careta ao experimentar, mas para minha surpresa voltou a entorná-lo.

Alguns minutos depois estávamos os três dançando e partilhando o que sobrou da garrafa. Peter puxou Tracy pela cintura e a beijou. A garota arregalou os olhos e tentou afastá-lo, esmurrando seu peito. Peter se afastou xingando quando ela mordeu seu lábio.

— Ficou louca é?

— Eu mandei parar!

— Merda — ele apertou o lábio que sangrava — Isso é o que eu ganho por beijar garotas — ele saiu resmungando e Tracy o seguiu com olhos, com peito arfando.

— Você é mesmo uma frígida, não é?

— O que?

— Frí-gi-da — soletrei as sílabas lentamente — O que veio fazer aqui?

— Eu vim… Me divertir.

— É como tem se saído? — arquei a sobrancelha e ela abriu a boca para responder mas não conseguiu — Você veio aqui porque achou que Luke queria algo com você.

— Ele me convidou e disse que…

— Que você era bonita, especial — completei — É você achou que ele te apresentaria os amigos dele e ficaria de mão dadas com você, enquanto recita poesias?

— Não… Eu não.

— Você é patética, sabia? — ela desviou olhos para chão abraçando a si mesma — Ele só queria zoar com você.

— Não… Ele não é assim!

— Cai na real garota! Ele queria zombar de você, ou no máximo de levar pra cama para saber como é transar com uma garotinha frígida metida a santa.

— O que foi que eu que eu te fiz? — gritou se debulhando em lágrimas.

— Nada — respondi sinceramente, dando ombros.

— Então porque me trata assim, por que está agindo feito uma cadela?

— Oh — tapei a boca rindo — Olha só a santinha sabe xingar! Sabe que sua alma vai arder no inferno por isso, não é?
— Eu… sinto muito… Eu não quis.

— Claro que queria. Aposto que me acha mesmo uma cadela, não é? — aproximei do rosto dela que chorava e fazia que não com a cabeça

— Aposto que se acha muito melhor que eu não é?

— Não… Claro que não.

— Ótimo. Porque você não é! Você não passa de uma garota sem graça que as pessoas riem pelas costas, inclusive o Luke. Ele sempre ri pelas suas costas.

Tracy soluçou dando um passo para trás. Ela correu para floresta, tropeçou num galho no chão. Se levantou atordoada e olhou para trás, ainda chorando. Cruzei os braços observando-a correr para longe. Peter suspirou alto olhando na mesma direção que eu.
— Precisava mesmo fazer isso?

— O que é Peter? Trocou de time agora, se apaixonou pela santinha é?

— Deus, não! — ele fez uma careta — Mas foi crueldade com a menina.

— Crueldade porquê? — dei ombros — Eu só disse a verdade para ela e si quer saber eu fui misericordiosa.

— Sim, claro!? Vicky Donavan pensando no próximo, eu vivi para ver você fazendo caridade — ironizou e revirei os olhos batendo em seu ombro.

— Nenhuma caridade, eu só fiz um favorzinho a ela.

— É que favor seria esse?

— Colocá-la no lugar dela, que claramente não é aqui — expliquei olhando em volta — Ela nunca será uma de nós.

— Graças a deus por isso — ele riu e pegou uma lata de cerveja colocando no lábio inchado — Aquela vadiazinha quase arrancou meu lábio.

— Bem feito! Aliás, por que você a beijou?

— Queria ser simpático — explicou — É não tinha nenhum cara interessante hoje é ela estava implorando pra ser levada pra casa.

— Você não presta sabia?

— Nós não prestamos — corrigiu piscando para mim. Depois disso dançamos e bebemos. Tyler não apareceu naquela noite e então acabei na cama de Peter aquela manhã.

Acordei confusa torcendo para ter usado alguma proteção. Com a ressaca mais insuportável fiz a caminhada da vergonha e voltei para casa. Já passava do meio dia agora e sol castigava minha retina. Matt estava na cozinha conversando com Lenny. Subi para meu quarto na ponta do pé, tomei um banho e voltei para cama.

Horas depois acordei com Matt me ligando para ir para Grill. Me vesti de qualquer jeito e mesmo sendo quase noite coloquei óculos de sol. Quando cheguei fui recebida com o sermão de Matt. O ignorei e fui para despensa, quando sai encontrei uma agitação no bar. Elena e Matt conversavam baixinho perto da mesa de bilhar com pastor Carter.

Suspirei exasperada já esperando pelo pior. A filhinha dele deveria ter contado tudo que disse a ela e o paizinho dela veio tirar satisfação. Estava indo na direção deles pronta para mandá-los para inferno, quando Peter me puxou pelo braço.

— Me solta! — ele não obedeceu, me puxou para banheiro masculino e fechou a porta em seguida. Estava prestes a xingá-lo quando notei sua expressão nervosa

— Por que me puxou daquele jeito seu idiota? Eu estava prestes a mandar aquele pastorzinho para inferno.

— É eu reparei. Por isso te impedi.

— E porquê fez isso? Tenho certeza que ele veio reclamar de mim para o Matt.

— Não, ele não veio.
— Como você sabe que não? Aquela idiota deve ter falado sobre ontem…

— Não, ela não falou.

— Como você sabe?

— Porque ela não voltou para casa ontem.

— Tá é daí?

— É daí que… O pai dela prestou queixa do desaparecimento dela.

Peter arqueou a sobrancelha e quando não falei nada ele suspirou alto. Tirou um maço de cigarro e o acendeu.

— Minha tia chegou de manhã dizendo que ele estava desesperado atrás da Tracy, que ela tinha dito que ia a casa de uma amiga da igreja e depois não voltou mais pra casa.

Bufei alto e ignorei Peter, estava prestes a abrir a porta quanto ele fechou a porta e me encarou com testa franzida.

— Você por acaso ouviu o que eu disse?

— Sim, eu não sou surda — ele tirou a mão da maçaneta e me puxou — E daí que santinha sumiu. O o que eu tenho a ver com isso?

— Tudo! Você gritou com ela, bancou a vadia louca e criatura correu para floresta e puf! Desapareceu.

— Eu não coloquei uma arma na cabeça dela e no mínimo ela se perdeu. Logo vão achar ela, não tem ursos ou lobos por aqui.

— Mas é se ela não….

— Se ela não aparecer — completei e dando ombros — Ela não disse a ninguém para onde ia e se um dia chegarem a descobrir, o único que vai ficar encrencado é Luke, não eu.

Sem esperar por sua resposta sai de dentro do banheiro e de má vontade atendi algumas mesas. Enquanto estava no bar limpando o balcão não pude deixar de ouvir a voz rouca e olhar arrasado do pastor Carter.

Não pude deixar de me lembrar da filha dele correndo para floresta, chorando arrasada por que eu a humilhei. Sacudi a cabeça e tentei ignorar o peso incomodo no estômago com voz irritante de Peter ressoando.

E se Tracy não voltar e se ela... Morrer?”

Matt me chamou apontando para outra mesa. Resolvi ignorar todas aquelas perguntas e o destino da Tracy. Porque seja lá o que acontecesse com a garota, eu não tinha culpa alguma.

 

STEFAN 

 

Fazia dois dias desde que vi Caroline, desde então não tive notícia alguma dela. Continuei rondando a sua casa por mais errado que fosse na esperança de encontrá-la, mas ela não saiu. Cheguei a cogitar bater em sua porta e perguntar se ela estava bem, mas a maneira como ela o olhou na última vez o impediu de fazer isso. Não queria assustá-la mais ainda, mas com passar do tempo, minhas opções estavam se esgotando.

Cansado de ficar em casa escrevendo em meu diário tentando em vão resolver a confusão que se instalou na minha cabeça, decidi ir até o Grill com a esperança tola de quem sabe encontrá-la por lá. Fiquei uma hora ou duas, sentado em uma mesa, observando as pessoas irem e virem, olhando em direção a porta com ansiedade.

Depois de mais de duas horas desisti e resolvi ir embora. Estava em frente a porta quando esbarrei alguém. Era a neta de Sheila. Segurei seu braço para que ela não se desequilibra-se e ela forçou um sorriso, mas ele logo se desmanchou quando ela olhou-me nos olhos.

— Você está bem?

— Sim, estou — sorriu. Soltei seu braço sorrindo, Bonnie continuou com a expressão seria, olhando estranho para mim.

— Tem certeza que está bem?

— Ahãm, claro. Só estou… Distraída. Bem, eu tenho que ir.

— Bonnie — chamei, ela parou e se virou forçando um sorriso. Ela agarrou a alça da bolsa arqueou a sobrancelha e me encorajando a prosseguir

— Sim?

— Você sabe da Caroline, sabe se ela…

— Se ela está bem — completou — Sim, ela está. Falei com ela… Agora pouco.

— Ela está vindo para cá? — inquiri odiando o sorriso que se formou no rosto de Bonnie.

— Não que eu saiba. Mas por que não liga para ela e descobre por si mesmo?

— Boa ideia — sorri sem jeito e acenei com a cabeça me sentindo de volta a estaca zero porque tinha esquecido de pedir o número dela ou dar o meu.

— Você não tem o número dela né? – inquiriu ela com sobrancelha arqueada e sorriso de lado

— Você me pegou. É eu não tenho. — admiti. Bonnie acenou com a cabeça e estava prestes a dizer algo, quem sabe me dar o número de Caroline, mas alguém a chamou ela virou no mesmo instante.

— Ei Bon, já encontrei uma mesa…. — Elena parou de falar assim que me viu, um sorriso se formou em seus lábios automaticamente — Stefan, oi.

— Oi, Elena — cumprimentei.

Elena continuou a sorrir. Podia notar um leve rubor em seu rosto. Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha desviando os olhos do chão e voltou a me encarar. Quando nossos olhos se encontraram, um nó se formou na minha garganta.

— Você disse que arranjou uma mesa — Bonnie inquiriu chamando a atenção de Elena.

— Sim, achei — ela apontou com a cabeça para lado — Então, vamos?

— Ahãm, vamos — ela sorriu sem graça estava prestes a seguir Bonnie, masp parou segurando o braço dela — Stefan, você não gostaria de se juntar a nós?
Bonnie franziu a testa para Elena, mas forçou sorriso sem jeito quando olhei para ela.

— Eu agradeço o convite Elena, mas eu tenho um compromisso urgente.

— Ah... Tudo bem. Fica para próxima então — cumprimentou parecendo desapontada, acenei com cabeça concordando.
E sai, ainda pude escutar Bonnie cochichando com Elena o porque de ter me convidado.

“Eu só estava sendo educada Bonnie”

“É mesmo?”

Entrei no carro dando partida em seguida, querendo chegar em casa e me afastar dela o máximo que podia. Eu estava tentando me manter longe, escutar os conselhos de Zach e me afastar de Elena. Mas estava cada vez mais difícil fazer isso com ela surgindo em todo lugar que eu ia. Mesmo odiando admitir, ela o perturbava.

E a reação dela quando o encontrava não ajudava em nada. Podia ouvir seu coração acelerar quando eu sorri de volta, mesmo que por educação. Ignorei o que aquele olhar pudesse significar, ignorei o nó que se formou em minha garganta enquanto ela sorria para mim… Finalmente para mim como desejei.

Apertei o volante respirando fundo, percebendo que ter esse desejo realizado não foi tão bom quanto pensei que seria. Olhar para ela trazia um turbilhão de sentimentos e eu não conseguia saber ao certo se eram bons ou ruins, porque sempre que olhava para ela, as lembranças começavam me dominar e de repente me perdia no passado e era muito difícil controlar a si mesmo, e manter-se em vigília quando minha mente se distanciava da razão e a culpa o dominava com força.
Estacionei em frente a mansão e respirei fundo, encostei a cabeça no banco. Imaginei os olhos castanhos de Elena tornando-se azuis, como sempre faziam ultimamente em meus sonhos. Imaginei o som do riso dela, as covinhas na bochecha.

Pensar em Caroline o acalmava, mesmo agora cheio de dúvidas sobre ela, lembrar do riso dela ainda tinha o poder de calar a voz de Elena e Katherine que insistia em ressoar na minha cabeça. Apoiei a cabeça no volante, suspirando de frustração quando lembrei que a chegada de Elena impediu que Bonnie me desse o número de Caroline. E agora, eu não tinha ideia de como fazer para falar com ela, saber se ela estava bem.

E ainda por cima tinha Bonnie. A neta de Sheila reagiu estranho quando a toquei e sendo neta de quem era, sendo uma Bennett era bem possível que fosse uma bruxa como avó e mãe. Precisava manter distância dela por segurança… Mas no momento, ela era o único meio de entrar em contato com Caroline.

Sai do carro desanimado, querendo deitar em na cama e me fundir nela. Abri a porta e me deparei com as janelas abertas, as cortinas se movendo com o vento. Acendi a luz e olhando em volta apreensivo, assustei-me quando alguém tocou em meu ombro.

— Stefan, eu preciso falar com você.

— Tem que ser agora?

— Sim. Porquê algum compromisso importante como perseguir alguma outra adolescente?

— Olha Zach, eu não estou a fim de discutir agora, então…

— Você prometeu Stefan!

— Prometi o que?

Zach maneou a cabeça e entrou no quarto sem esperar convite. Tirou um maço de jornal do bolso e me estendeu. Olhei para jornal confuso e ele revirou os olhos impaciente e apontou para foto de uma moça sorridente na capa. O nome da moça era Tracy, tinha desaparecido há dois dias.

— O que está querendo me dizer com isso Zach?

— Você sabe muito bem Stefan! Você prometeu que não iria…

— Matar alguém — completei — Eu não o fiz, eu não fiz nada. Nunca vi essa garota na vida.

— Bem, si você não fez alguém o fez.

— Ela só desapareceu Zach, não é como si…

— Ela foi encontrada Stefan, agora pouco. Estava na delegacia junto com pastor Carter, quando a Xerife informou que encontraram ela.

— Então…

— Ela está morta — contou

— Encontraram na floresta… Eles acham que foi algum ataque animal, mas nós dois sabemos que não.

— Eu não fiz isso, Zach!

— Se não foi você…

— Não pode ser — manei a cabeça incrédulo.
Sentindo um peso no estômago se formando. Olhei para janela aberta sentindo um arrepio surgindo na espinha. Não poderia ser ele.

— Eu não fiz isso Zach, tem que acreditar em mim.

Zach suspirou e esfregou a mão no rosto.

— Eu sei Stefan. Eu acredito em você…

— Mas… Sempre há um mas.

— Infelizmente há. Nós dois sabemos que onde você vai…

— Ele vem atrás — completei

— É se realmente for ele Stefan, se seu irmão estiver na cidade… Ninguém esta a salvo. Principalmente se ele descobrir sobre…

— Elena — completei e senti o nó na minha garganta ficando maior.

Sentei em minha cama e cobri o rosto. Se Damon descobrisse da existência de Elena, ele não a deixaria em paz. Ele nunca superou Katherine, ainda acreditava piamente que ela o amava. Se ele chegasse a conhecer Elena, ele sabia que a história se repetiria e Elena e todos a sua volta estariam em perigo.
De repente os avisos de Zach para ir embora não pareciam uma má ideia. Nunca deveria ter voltado para começo de conversa. Se ele não tivesse voltado e encontrado Elena, provavelmente Damon não saberia da existência dela. Suspirei em derrota, sentindo a cabeça doer, contrariando as leis da sobrenaturais ou talvez fosse somente a sede.
Comecei a me sentir doente, talvez fosse as horas sem me alimentar ou fosse o maldito sangue animal que não chegava o satisfazer nem um décimo do que gostaria.

Encarei Zach que ainda permanecia no batente da porta olhando para ponto qualquer na parede. Mesmo sem dizer uma palavra ele poderia adivinhar o que ele pensava, estaria agora amaldiçoando sua existência, desejando que ele nunca tivesse voltado. Por um segundo Caroline me veio a mente, aquele mesmo olhar surgindo em seus rosto quando ela acordou e olhou para min.

E com essa constatação desejei sentir a forças necessárias para ir embora e atrair Damon para fora de Mystic Falls, mas quando mais ele pensava nela. Mas o desejo de vê-la crescia dentro dele, mais o sonho com ela se repetiam. Ele precisava vê-la pela última vez. Precisava ao menos falar com ela uma última vez antes de ir embora e salvar ela e Elena do risco que eu representava.
Me deitei na cama fechando os olhos, desejando que as coisas pudessem ser diferentes. Desejando ser um humano comum que pudesse conhecê-la sem representar um risco a vida dela, sem ser uma maldição. Mas nada era tão fácil para ele, nunca foi e jamais seria.



CAROLINE

 

Bonnie insistiu para que saísse de casa. Ela contou com a ajuda de minha mãe que começou a se preocupar com meu desejo repentino de permanecer na cama assistindo Friends pela décima vez. Fui obrigada a aceitar para calar as perguntas sobre minha depressão repentina. Era mais fácil assim, evitaria todas as perguntas que no momento era incapaz de responder.

Mas não foi fácil levantar da cama e sair. Me sentia péssima, fraca. Não conseguia dormir direito e quando fazia era apenas pesadelos confusos que misturavam o passado e o futuro. Em consequência disso eu parecia um zumbi. Inventei uma história para minha mãe que não muito convencida incentivou Bonnie a me arrastar para Grill. Enquanto íamos para lá Bonnie agia estranho, fazendo-me milhares de perguntas sobre Stefan.

— Eu… realmente não sei Bonnie. Eu não conheço ele tanto assim — menti — Mas porquê essa curiosidade repentina sobre ele agora? Está até parecendo a Elena — Bonnie me encarou com olhos semicerrados — O que foi, falei algo de errado? Ela está obcecada por ele.

— Ela não estava obcecada por ele – defendeu — Ela está curiosa, como todos estamos. Ah, em falar nele, ele está te procurando.

— Está?

— Ahãm, esbarrei com ele ontem e ele estava querendo saber se você estava bem…

— Hum — assenti cruzando os braços sentindo um frio no estômago.

— Hum? É tudo que tem a dizer?

— Bem.. É!

— O que rolou entre vocês dois naquele dia?

— Nada, ele me levou pra casa e foi só.

— Caroline — ela me reprendeu, suspirei alto sabendo que aquilo soou falso até para mim — Você não confia mais em mim é isso?

— O que, não! É claro que confio em você.

— Não é o que vem demostrando Care. Você vem agido estranho ultimamente. Tem estado aérea e reservada. Você nem si quer me contou sobre você e Stefan.

— Não contei porque não há nada entre mim e ele – afirmei irritada

— Se você diz — ela deu ombros

— É verdade.

— Okay — ela assentiu parecendo chateada — É até bom mesmo — ela murmurou

— O que disse?

— Nada.

— Bonnie Bennett, desenrola já!

— Eu... — ela mordiscou o lábio e maneou a cabeça — Você vai rir!

— Não vou, prometo! Pode me contar.

Bonnie suspirou apertando o volante com os olhos fixos na estrada. Ela franziu os lábios antes de soltar a respiração.

— Eu… Senti algo estranho.

— Algo estranho... Como? — inquiri, temendo saber exatamente a que ela se referia.

— Uma sensação, um frio na espinha. Quando ele tocou em mim — ela murmurou com olhos arregalados

— Ele tocou em você?

— Ahãm — ela respondeu mecanicamente e revirou os olhos quando notou meu olhar assombrado — Não é nada disso! Eu esbarrei nele no Grill e ele me segurou antes que me estatelasse no chão.

— Ah.

— Ah, né?! — ela revirou os olhos com meio sorriso — Depois diz que não gosta dele.

— E… Não gosto mesmo! — menti.

Ela me encarou seria, com sobrancelha arqueada. Não pude resistir mais tempo. Acabei sorrindo mesmo tentando muito não rir. Bonnie sorriu vitoriosa me lançando aquele olhar irritante de “Eu sabia!” que optei por ignorar completamente

— Tá, mas é ai? O que você sentiu quando ele…Tocou em você?

— Foi estranho sabe… Por um segundo olhei nós olhos dele e senti um calafrio. Um arrepio até a alma, sabe? Uma ausência de… tudo! Era como se fosse jogada...

— Na escuridão — completei e ela assentiu me encarando com os olhos semicerrados — Qual é Bonnie? Deve ter sido imaginação sua. Ele é meio… misterioso e tudo mais, mas ele claramente não é um dementador — brinquei.

— Eu sabia que você não acreditaria.

— Eu acredito — cutuquei seu ombro, mas ela virou o rosto para lado — Bon, eu juro que acredito. Mas… Talvez você deva… Conhecer ele.

— Conhecer? Depois daquela sensação… Eu quero ele bem longe. Sem ofensa!

— Bon, você tem que ao menos conhecê-lo pra tirar essa má impressão — sugeri.

— É por que mesmo eu faria isso? — ela arqueou a sobrancelha sorrindo — Por acaso ele é algum possível pretende a namorado de alguma amiga?

— Rá, rá muito engraçado — lhe dei língua — Mas vai saber — dei ombros — Do jeito que Elena estava devorando ele com olhos.

— Eu sabia! Você está morrendo de ciúmes dele — ela apontou o dedo pra mim rindo.

— Que? De jeito nenhum! Só acho… Sacanagem com Matt! Ele estava do lado dela, pelo amor de deus!

— Ahãm, sei! — ela concordou rindo

Chegamos ao Grill com Bonnie me amolando sobre Stefan. Estava irritada tentando meu melhor convencê-la do contrário, mas nunca consegui disfarçar quando sentia ciúmes de bonecas quem dirá de garotos. Estava olhando o menu quando meus olhos se deparam com Vicky Donavan, olhando para parede com olhar fixo. Segui o olhar e me encolhi na cadeira automaticamente.

Ela olhava para foto de Tracy Carter, a filha do Pastor Carter. A garota que desapareceu e surgiu morta na floresta pouco depois. Ataque animal foi o que minha mãe contou no dia anterior, com pesar no rosto.

Ela implorou que eu me afastasse da floresta e que em hipótese alguma fosse até lá sozinha. Senti um peso no estômago, a culpa engolindo-a agora, estava tão distraída com Stefan que si quer me lembrei que Damon poderia já estar na cidade a espreita. A cidade estava em perigo, mas todas as minhas energias eram para Stefan e Elena.

Bufei irritada comigo mesma. Tinha que colocar meu plano em prática logo, mas para isso precisava de Stefan. Precisa ganhar sua confiança e expô-lo logo, porque  sabia o meio de matá-lo… Mas  jamais o faria. Me senti enjoada com esse pensamento.

— Care — Bonnie estalou os dedos pra mim — Viajou de novo né?!

— Desculpa.

— Estava pensando nele?

— Não… Estava pensando na Tracy — Bonnie abriu a boca e assentiu com a cabeça olhando para Vicky que retirava a fotos dela do mural.

— É surreal imaginar que ela morreu. Ela era mais nova que a gente.

— Sim é.

— Você acredita mesmo nisso?

— No que?

— Que foi um ataque animal — inquiriu ela colocando o canudo nós lábios e sugando o suco.

— Bem… Sim. Pelo menos foi o que minha mãe disse. Ela estava com eles quando… Encontraram o corpo.

— Mas que animal faria isso?

— Lobos — respondeu uma voz conhecida atrás de mim — Soube que lobos estraçalharam a garganta dela — Tyler contou arregalando os olhos e sentando-se ao meu lado

— Oi, pra você também Tyler — Bonnie cumprimentou com uma careta de descontentamento — E não acho que lobos, tenham feito isso.

— Ah não? Então o que fez, algum veado… Ou leprechaun? Você acredita neles, não é?

— Eu acho que foi algum animal selvagem mesmo. É triste e injusto… Mas uma fatalidade, infelizmente — respondi antes que Bonnie tivesse a chance de responder e ao julgar pelo olhar mortal que ela lançou a Tyler, foi uma boa ideia.

— Fatalidade é? — Tyler maneou a cabeça — Pra mim foi… assassinato

— Quem faria isso com a filha do Pastor. Ela era uma… Criança.

— Não tão criança assim — ele rebateu com sorriso estranho — Alguém que odiava seu pai, um ateu!

— Atá só um ateu pra matar a filha de religioso — Bonnie revirou os olhos — Solucionou o caso, Sherlock.

— É bem provável si quer saber. Dizem que ele não era um santo quando jovem. Pode ser vingança.

— Okay, esse papo… Está mórbido demais. Vamos mudar de assunto — Bonnie cortou Tyler — Vão a festa hoje a noite?

— Festa?

— É na clareira. Festa da fogueira, queimar coisas velhas e tudo mais — Tyler explicou e arregalou os olhos quando notou que eu não fazia ideia do que ele falava Ele colocou a mão na minha testa — Caramba, você está doente mesmo!

— Añ, por quê?

— Caroline Forbes, não sabendo de festas? Ou melhor, não as planejando… Deve estar mesmo doente.

— Rá, Rá muito engraçado — lhe dei língua batendo na sua mão.

Mas meu sorriso se desfez quando escutei um riso conhecido. Elena entrou no Grill acompanhado de Stefan. Ela estava rindo de algo que ele disse e ele correspondeu sorriso. De repente perdi a fala, podia ver Tyler e Bonnie falando comigo, mas parecia desconexo. Tyler apertou meu ombro e pisquei os olhos me assustando com seu toque

— O que disse? — inquiri maneando a cabeça.

Evitando olhar na direção deles que estavam no bar sendo muito confortáveis uns com outros, mas o que eu podia esperar de dois sócias destinados a se apaixonarem? Tyler franziu a testa e olhou na direção em que olhei disfarçadamente ele e Bonnie partilharam um olhar.

— Parece que forasteiro, arrumou outra guia — ele cruzou os braços se jogando na cadeira. Bonnie abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu quando o risinho de paqueira de Elena ressoou

— Será que Matt sabe do novo emprego da Gilbert?

— Ela não está traindo o Matt — Bonnie rebateu olhando com cantos dos olhos pelo Grill a procura do amigo. Tyler riu maneando a cabeça.

E de repente me senti claustrofóbica. Me levantei com desculpa de ir ao banheiro, planejava escapar sem que Bonnie ou casalzinho vinte me visse. Corri em direção ao banheiro, mas Tyler chamou meu nome chamando a atenção de quem eu menos queria.

— Caroline — Stefan me chamou, demorei a me virar. Xinguei Tyler de todos os nomes possíveis na minha cabeça antes de me virar e encará-lo

— Oi, Stefan… Elena — cumprimentei. Elena sorriu brilhantemente, se aproximou de mim me dando beijo no rosto. Stefan por outro lado se mantinha estático encostado no balcão, seus olhos fixos nos meus. Engoli seco quando ele se aproximou, não quebrando o contato com meus olhos.

— Ei — ele cumprimentou.

— Ei — respondi, ele colocou as mãos no bolso de sua jaqueta de couro e desviou os olhos para chão por um segundo.

— Você está melhor?

— Sim, nunca estive melhor — forcei um sorriso

— Eu… Estive procurando por você.

— Ah é?

— Sim, mas… Não sabia seu número… E depois do que aconteceu. Eu não sabia se você me receberia.

— Está tudo bem Stefan — forcei outro sorriso — Não se preocupe com isso.

— Eu não posso — ele sussurrou. Engoli seco e desviei meus olhos dos dele

— Eu precisava saber se…

— Se eu estava bem — completei — Eu estou. — Stefan abriu a boca para dizer outra coisa, mas o cortei. Impaciente pelo olhar intrigado de Elena — Bem eu já vou indo.

— Mas já? — Elena inquiriu arqueando a sobrancelha, alternando o olhar entre mim e Stefan — Por que não senta com a gente?

— Eu tenho um compromisso, não vai dar. Mas valeu pelo convite.

Acenei com a cabeça e não esperei que ela rebatesse, apressei o passo e sai dali quase correndo. Estava do lado de fora, olhando ansiosa para droga do semáforo esperando a luz ficar verde quando senti alguém agarrar meu braço. Não precisei olhar para saber de quem se tratava. O arrepio que percorreu meu corpo confirmava que era ele.

— Caroline, espera — ele pediu.

Desviei meus olhos para sua mão e ele soltou imediatamente dando um passo para trás, ele levantou as mãos em sinal de rendição

— Eu sinto muito. Eu não vou… Tocar em você, prometo! Mas a gente precisa conversar.

— Agora não vai dar, eu estou atrasada.

— Caroline, por favor — ele implorou me olhando um daquele jeito que enfraquecia meus joelhos. Fechei os olhos respirando fundo, tentando não me deixar envolver por aqueles olhinhos de cachorro  que caiu do caminhão de mudança — Eu… Só quero conversar. Cinco minutos, apenas. E tudo que eu te peço. 

— Eu… — ele deu mais um passo em minha direção.

E instintivamente dei outro para trás, não notando que o pequeno degrau para rua, ia me desequilibrar e cair, mas ele foi mais rápido… Ele sempre era. Ele agarrou me pela cintura e me puxou para calçada. Meu coração disparou com a proximidade, sentindo seu peito contra meu, sua respiração contra meus lábios. Mergulhei em seus olhos e perdi o fôlego. Prendi a respiração por um segundo ou dois, enquanto ele mantinha os olhos nos meus.

— Você está bem? — inquiriu ele voz baixa

— Ahãm — respondi balançando a cabeça, com voz rouca. Ele concordou com a cabeça.

— Tem certeza? — inquiriu com meio sorriso surgindo

— Sim, tenho. Eu não cai, nem nada – ele assentiu com a cabeça e desviou seus olhos dos meus para meus lábios, lambendo os dele — Acho que já pode me soltar.

— O que? — inquiriu ele erguendo a cabeça e voltando a me encarar

— Eu disse que já pode me soltar agora — repeti. Ele arregalou os olhos e soltou-me. Senti frio percorrendo meu corpo longe do corpo dele e me odiei porque querer que ele nunca me soltasse.

— Desculpe… Eu me distrai.

— É… eu percebi — ele sorriu largamente — Obrigada por…

— O prazer foi todo meu — revirei os olhos com sua resposta e ele riu.

— Cala à boca! — rebati e sorri sem perceber olhando para o sorriso alegre e despreocupado em seus lábios

— Bem, eu tenho que ir agora.

— Mas eu pensei que…

— Você pediu cinco minutos, e eles já se passaram.

— E quem é que estava contando? — ele rebateu com sorriso insolente, revirei os olhos tentando conter a maldita vontade de sorrir de volta.

— Stefan — Elena o chamou.

Estourando a pequena bolha de felicidade que tínhamos criado ao redor de nós. A voz dela foi como água gelada me despertando para dura realidade. Dei um passo para longe dele, me sentindo estúpida por ter me deixando levar mais uma vez. Elena correu para nós alcançar. Stefan franziu os lábios desviando os olhos para chão antes de encará-la.

— Elena.

— Eu pensei que tinha ido embora? — inquiriu ela olhando para ele — Você sumiu.

— Eu precisava falar com a Caroline — explicou ele e ela assentiu com cabeça

— Por que vocês dois não voltam para Grill — sugeriu acenando com cabeça em direção ao bar.

— Não dá.  Como eu disse,  estava de saída.

— Você não podia ficar só mais cinco minutos?  — inquiriu ele com olhos brilhando e a sobrancelha arqueada.

— Eu não... 

— Ela não pode — Tyler respondeu por mim. Colocando o braço envolta do meu ombro

— Nós temos um compromisso agora.

— É… nós temos — concordei. Respirando aliviada pela ajuda repentina de Tyler que sorriu para Stefan, que o fitava com uma carranca — Fica pra próxima.

— É forasteiro. Fica para a próxima — Tyler cantarolou — Mas agora você está em boas mãos, Elena é uma ótima companhia.

Tyler acenou para Stefan e Elena que permanecia com testa franzida olhando para Stefan que mantinha os olhos em mim. Acenei com cabeça e deixei que Tyler me guiasse até seu carro. Ele colocou a chave na fechadura e arqueou a sobrancelha me chamando para entrar no carro.  Entrei e coloquei o cinto mecanicamente com meus olhos ainda em Stefan que seguia Elena, mas olhando para mim. Tyler suspirou alto e estalou os dedos em frente aos meus olhos.

— Desculpa, o que foi? — Tyler revirou os olhos rindo — Qual é graça?

— Tá caidinha pelo Salvatore, não é?

— Não, claro que não.

— Hum-hum — ele assentiu — Me engana que eu gosto. Eu e Eleninha estávamos em frente ao bar, procurando por vocês dois. E vimos todo o salvamento, aliás … Que clichê!

— Eu me distrai, okay! Não fiz de propósito.

— Ahãm.

— Ahãm — o imitei — Você está parecendo a Bonnie.

— O que? Não me ofenda! — revirei os olhos pra ele batendo em seu ombro.

— Aliás, porquê  fez aquilo?

— Por aquilo, você quer dizer te resgatar? — franzi a testa confusa e ele riu — Você precisava ver a sua cara quando a Elena chegou. Parecia um filhotinho de gato acuado.

Bati meu ombro com dele e ele riu resmungando que ia perder a direção do carro. Tyler estava me levando para casa mesmo sem eu ter pedido.

— Está entregue — ele anunciou

— Obrigada, Tyler.

— Pelo salvamento, ou pela carona?

— Pelo dois — respondi — Eu… Precisava mesmo voltar pra casa.

— Disponha — ele deu ombros. Sai do carro e estava alguns passos da escada de casa quando ele buzinou — Vai festa hoje à  noite?

— Eu não sei.

— Ah qual é Forbes, está com tanto medo assim do Salvatore?

— Eu não!

— Então não tem desculpa! Eu te busco às oito — declarou e piscou pra mim. Não esperou pela minha resposta.

Dei partida sumindo de vista me deixando confusa atrás dele. Era uma péssima ideia ir aquela festa, mas por outro lado, eu poderia me aproximar de Tyler e saber se Mason estava na cidade, sondar sobre a pedra da lua. Suspirei exasperada, pegando a chave dentro da bolsa pensando em como aquela seria uma longa noite. E com tudo isso ainda precisava descobrir quem assassinou Tracy.

Bonnie nem fazia ideia de que suas suspeitas estavam certas, Tracy não foi atacada por nenhum animal, nenhum lobo ou coisa do tipo. Escutei minha mãe cochichando no telefone, suspeitando de algo que eu já tinha certeza. Tracy tinha sido morta por um vampiro e eu bem sabia que só podia ser uma pessoa. Senti um calafrio quando pensei nele.

Fechei a porta e por um segundo e pensei ter visto um corvo no parapeito. Olhei para varanda apreensiva, mas nada encontrei. Tranquei a porta e me encostei nela respirando fundo. Eu tinha que fazer algo logo, si não Tracy Carter não seria a última vítima da cidade.


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Notas finais do capítulo

Foi longoooooooooo né? Mas como é um por semana agora, compensa, né!?
Então é isso! Me digam o que acharam, se ficou muitoooo longo e querem menor. O próximo vai rolar muita coisa e já aviso que vai ser longo igual, na verdade já o escrevi mais ficou imenso e resolvi dividir pra não dar canseira.
Até quinta-feira
XOXO ♥