Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 11
Chapter - XI Crossing the Line




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"Eu vou deixar isso pra lá. E recuar se você quiser. Eu sei que isso é errado. Mas você sabe onde você pertence. E é fácil de ver. Que você não compra o que você lê. E esta luz que você precisa. Está aqui, desvanecendo-se comigo” Waiting – Aquilo
 

 STEFAN 

Zach tentou me convencer a desistir  implorou que deixasse a filha da xerife fora disso. E por momento repensei minha decisão de de me aproximar mais dela a coloca-la  em perigo. Zach tentou me convencer que podia ter imaginado tudo e  que ela nunca disse realmente meu nome. E por segundo enquanto a esperava atender a porta. Pensei em dar meia volta e ir embora.

Deixá-la em paz e me afastar antes de conhecê-la mais, antes de me envolver ainda mais. Si bem que já desconfiava ter cruzado a linha da razão há muito tempo. Porque não conseguia pensar em outra coisa que não ela. Essa garota  ocupou meus pensamentos e até mesmo em meus sonhos ela surgia.

Ela conseguiu em uma semana o que eu não consegui em mais de cem anos porque naquela  semana não fui consumido pela angustia ou  a culpa que o consumia sempre que pensava no passado.

Durante aquela semana percebi que voltar para minha  cidade natal foi um erro. Perseguir Elena era doentio. O desejo que crescia em mim ultrapassou a barreira do saudável, não era mais apenas a curiosidade de saber sobre sua semelhança com Katherine.

Eu a queria. Queria saber tudo sobre ela.

E pensando friamente sobre isso  tudo pude perceber que olhar Elena era como olhar uma fotografia antiga, era como uma janela direta para um passado que o consumia.

Desde que conheci Caroline, não pensei em Katherine ou Damon, consegui pensar em outra coisa que não aquele triângulo amoroso desastroso que parecia nunca em ter tido um fim.

Enquanto pensava na bela loira misteriosa, percebi minha obsessão com Elena. Consegui compreender o que Zach e Lexi tentaram me alertar desde início. Enxergava Elena como uma nova chance de ter tudo o que não pude ter com Katherine.

Ela não é a Katherine, Stefan. Ela é um ser humano completamente diferente, com sentimentos e gostos diferentes. Você está fascinado por ela pelos motivos errados. Você não está se encantando por Elena, por quem ela é. Até porque você nem a conhece. Está pela aparência dela, está colocando todas suas esperanças de que ela é perfeita e diferente do que Katherine foi porque no fundo você anseia pela humanidade que foi roubada de você. Você acha  que Elena é sua ultima chance de redenção, você espera que ela seja boa e humana, tudo que Katherine não foi. Você espera que ela seja sua redenção… E sinceramente Stef, ninguém merece esse peso”
 

Podia ouvir a voz de Lexi nitidamente ressoando agora como disco arranhado. Avisando algo que preferi ignorar enquanto perseguia Elena incansavelmente nas últimas semanas. Odiei admitir,  que como sempre ela estava certa.

E foi somente com chegada de Caroline, uma garota nova que não compartilhava o mesmo rosto que minha ex que  percebi que algo novo crescia dentro de mim... Esperança.

Descobri que podia me interessar e abrir meu coração para alguém que não era ligada ao passado. E aquele pensamento me assustava porque eu não estava pronto para isso.

Principalmente com uma humana, alguém que perderia daqui há 50 anos, alguém que por vezes parecia me odiar, alguém tão complexa e fascinante que estava devorando minha racionalidade.

Decidi ir embora. Não somente de sua varanda, mas sim da cidade, de preferência para bem longe. Talvez ir para Lancaster encontrar Lexi e pedir ajuda. Precisava que ela colocasse juízo na minha cabeça, precisa me afastar de Caroline o quanto antes. Antes que cruzasse a linha de vez.

Estava no primeiro degrau da escada quando escutei seus passos leves no assoalho, o batimento rítmico de seu coração que já havia decorado. Ela girou a maçaneta e quando abriu a porta se revelando perdi o fôlego e capacidade de raciocinar.

Ela estava linda.

Com seus cabelos dourados enrolados nas pontas, soltos na altura do ombro podia cheirar o aroma de morango que emanava sempre que ela se movia e por um segundo  imaginei como seria tocá-los, sentir a texturas deles. Respirei fundo apenas para ser embriagado com seu perfume. Uma mistura única de mel e baunilha que confundiram os meus sentidos por um segundo.

Ela vestia um vestido branco simples com minúsculas flores amarelas, mas que abraçava suas curvas com perfeição e uma jaqueta jeans. Não usava batom ou qualquer maquiagem aparente e acho que ela não precisava de nada disso. Gostei de ver as pequenas sardas envolta do nariz, de ver as bochechas coradas quando seus olhos se encontram com os meus. E adorei a sensação de ouvir seu coração disparar quando eu me aproximei dela.

E enquanto ela se perdia no passado parecendo tão presa a ele como eu era com meu passado. Eu não consegui me afastar, não conseguia mais ouvir a voz da razão o mandando ir emborra para longe. Essa voz parecia fraca e cada vez mais distante quando ela forçou um sorriso para convencê-lo de que estava bem. Não consegui lutar contra a gravidade que o atraia para ela. E se ela não tivesse se afastado eu teria esquecido toda razão e cruzado a linha de vez.

Me apavorei com quanto poder ela tinha sobre mim em tão pouco tempo. Ela falou todo percurso, contando sobre a história da cidade, coisa que  eu sabia de cor. Mas escutar sua explicação era muito melhor. Vendo as covinhas surgindo nas bochechas quando ela sorria, sendo envolvido pela voz doce e alegre dela o fez sentir-se calmo e animado ao mesmo tempo.

A primeira parada foi o Grill. Nós nos sentamos em uma mesa distante. E ela o surpreendeu quando pediu hamburguês e batata frita. Ela continuou a indicar lugares para conhecer, como cachoeira da cidade e enquanto ela falava não conseguia tirar o sorriso do rosto.

Eu gostava do som da sua voz, da maneira como seus olhos cresciam mais brilhantes quando ela começava a divagar. Percebi que ela era muito familiar, ela o fazia lembrar de Lexi, mas ou mesmo tempo era tão diferente. Tinha algo em seus olhos, um brilho que por vezes surgia.

Uma tristeza que flutuavam em seus olhos sempre que ela se distraia. Queria poder ler os pensamentos dela e entender tudo que se passava em sua cabeça para entender o motivo da raiva que faiscava em seus olhos sempre que contava algo sobre minha vida... Ou melhor, sempre que mentia. Era como se ela soubesse que eu estava mentindo.

— Então está gostando?

— Humm... O que disse?

— Eu estava… Eu estou te entediando não é?— ela abaixou a cabeça colocando o canudo na boca e sugado o refrigerante.

— Não! É claro que não. Por que diz isso?

— Porque eu não calo boca e você parece estar com cabeça longe.

— Não é nada disso. Eu me distrai…

— É, eu percebi – ela riu.

— Não, você não entendeu. Eu me distrai com você — ela franziu a testa confusa — Você me lembra alguém.

— Ah é? — inquiriu ela sorrindo novamente. Mas era aquele sorriso que estranhamente  aprendi a identificar. Era sorriso falso, o olhar falsamente interessado e curioso que insistia em voltar sempre que contava algo sobre a minha vida. Percebi que de alguma forma ela sabia sobre o que diria a seguir – Espero que seja alguém legal.

— Sim é. Na verdade  é  minha melhor amiga, Lexi. Faz muito tempo desde da última vez que a vi.

— É eu a lembro porquê?

— Primeiro porque você é loira como ela — ela riu revirando os olhos — E divertida, alegre e tem uma facilidade sobrenatural de me fazer rir.

Ela arregalou um pouco os olhos parecendo surpresa, como se não esperasse essa parte. Ela desviou os olhos e corou.

— Ela parece legal. São amigos há muito tempo?

— Sim ela é. E nós  somos amigos há tanto tempo que nem me lembro de quando não éramos.

Caroline sorriu e assentindo com cabeça olhando envolta parecendo nervosa.

— Bem… É melhor irmos agora. Eu quero te mostrar a praça — ela se levantou como foguete e fiz mesmo segurando-a pelo braço.

— Por que não ficamos mais um pouco?

— Ficar? — ela olhou em volta e depois riu me cutucando com dedo – Você gostou daqui não é?

— E… Não é tão ruim.

— Ah qual é?! O Grill e o  melhor bar daqui. Mystic Falls não é como Maine, Itália ou New York. Nós temos bem poucos lugares a onde ir no quesito diversão.

— É o que você faz pra se divertir aqui?

— Danço, as vezes canto mas a maioria das vezes só me sento aqui e converso com os meus amigos.

— Você canta?

— De todas as coisas que disse só se lembrou disso?

— Desculpe, mas é que não posso deixar de imaginar como é sua voz.

— Não é grande coisa, acredite em mim!

— Por acaso aqui tem Karaokê? – perguntei a um barman que passava e ele disse que sim. Me virei para Caroline e ela arqueou sobrancelha e riu.

— De jeito nenhum! Pode esquecer.

— Qual é? Só uma música – pedi, fazendo meu olhar de cachorro, ela revirou os olhos cruzando os braços.

— Desde quanto você gosta de cantar? — franzi a testa com sua pergunta.

— Como você sabe?

— Sei o quê?

— Que eu não gosto de cantar.

— Eu... não sei — ela riu nervosa

— Sim você sabe, ou, pelo menos, pareceu que sabe.

— Eu não sabia. Só… Achei que você tinha cara de quem não gostava. Eu acho melhor eu ir pra casa.

Ela falou de uma vez, visivelmente nervosa e se virou para ir embora e quis me dar um soco por acua-la.

— Espera – agarrei sua mão e estremeci com a corrente eletrica que percorreu meu corpo – Fica mais um pouco.

— Eu não sei…

— Por favor – implorei – Aliás  eu ia te propor uma coisa.

— Que coisa?

 

(…)

 

— Ah não! Eu realmente odeio esse jogo.

— Você está indo bem.

— Mentiroso! Eu não acertei nenhuma bola. Eu sou péssima nisso.

— Não é a pior de todas.

— Engraçadinho. Você fez propósito – ela cruzou braços emburrada e ele não pode evitar o desejo de tocá-la. Ela era adorável irritada. Ela fazia beicinho ostentando aqueles lábios finos e rosados e nariz se amassava. 

— Eu?

— Sim. Você propôs sinuca de propósito. Para que eu perdesse e cantasse pra você.

— Eu jamais faria isso – rebati fingindo estar ofendido.

— Sei?! É impossível vencer isso. Não consigo acertar uma. Isso é injusto!

— Não precisa ficar brava – apertei seu queixo e ela arregalou os olhos retirei a mão de imediato, ela desviou os olhos para lado. Peguei o taco de sua mão e me posicionei atrás dela — Eu vou te ensinar como faz

Segurei sua mão enquanto ela agarrava o taco e a fiz inclinar-se um pouco contra mesa. Ela se retraiu com meu toque de imediato e estava quase soltando-a quando fiz a jogada e ela acertou uma bola um buraco.

— Eu acertei?

— Sim,  acertou! – disse um tanto rouco com proximidade.

Eu mantinha minha mão segurando a dela. Seu sorriso vitorioso foi desvanecendo e suas bochechas corando. Fui me aproximando mais dela, estava tão perto que podia sentir sua respiração contra meus lábios e sentir seus cílios fazendo cócegas no meu rosto. 

Eu estava prestes a esquecer os limites e beijá-la ali mesmo  porque eles pareciam tão convidativos que inconsistentemente lambi os lábios não conseguindo me concentrar em nada além deles. Mas alguém quebrou o encanto chamando por ela.  Tentei esconder a decepção e frustração que se apossou do meu corpo quando ela se virou abruptamente para encarar a inconveniente que a chamava.

— Care?!

Reconheci a moça de imediato, era neta de Sheila Bennet e ao lado dela um rapaz loiro de olhos azuis que estava de mão dadas com Elena. Por um momento, meus olhos se encontraram com os dela e não soube como reagir.

Era primeira vez que a encontrava de perto, cara a cara. E a semelhança com Katherine era assustadora. Caroline alternou o olhar entre mim e Elena  antes de sorrir largamente para os amigos.

— Oi pessoal.

— Oi Care… Eu não sabia que já estava de alta.

— Qual é Bonnie, eu estou ótima. Está parecendo minha mãe.

— Não me culpe por me preocupar. A Srta. anda muito estranha e quase morreu um dia desses. É  normal que me preocupe.

— Eu sei Bon – ela desceu indo até amiga e abraçando-a – Mas eu estou bem, juro!

— Okay… Se você diz. E agora… você não vai nós apresentar seu amigo?

Todos eles se voltaram para mim com exceção de Elena que nunca desviou os olhos dos meus. Coisa que me inquietou.

— Oh… Falha minha! Stefan, esse são Bonnie, Matt e… Elena. São meus amigos e amigos esse é Stefan.

— Prazer em conhecê-los – acenei com cabeça.

Sentamos todos em uma mesa. E os amigos de Caroline faziam mil perguntas. Elena de longe era a mais interessada.

— É como era em New York?

— Normal. Na verdade a cidade parece muito melhor nos filmes.

— Eu duvido que não tenha nada que não sinta falta de lá? — inquiriu ela sorrindo, apoiando os cotovelos na mesa.

— Acho que só do frio e o metrô . 

Matt suspirou alto fitando o relógio parecendo irritado com aparente interesse de Elena. Enquanto Caroline mantinha aquele olhar perdido, olhando para nenhum lugar em especial.

— Mas então, você vai estudar…

— Sim, ele vai. Tem dezessete anos, a não ser que seja educado em casa, você é? — cortou Caroline, perguntando-me com impaciência.

— Não, eu não sou.

Elena se encolheu um pouco na cadeira fitando a mesa. Enquanto Caroline mantinha os olhos nos meus. Aquele brilho surgindo novamente em seus olhos. Um olhar gelado e inflexível o mesmo que deu no hospital tinha voltado. Me fazendo questionar o  porquê daquela mudança tão repentina. Porque em uns momentos ela era doce e divertida e no outro era fria, distante. Parecia haver duas personalidades lutando pelo controle a todo momento.

Era como se ela estivesse numa luta interna com esses lados e isso o fez lembrar da minha própria luta interna. Lutando contra o meu lado negro. O monstro que mantinha trancafiado e que rugia querendo sair todos os dias.

Sustentei o olhar de Caroline me perguntando qual monstro seria o dela, querendo mais uma vez poder ler seus pensamentos e entendê-la. Decifrá-la por completo e ajudá-la a controlá-lo.

— Bem isso é ótimo. Tenho certeza que vai adorar o colégio. Joga futebol? — inquiriu Bonnie tentando mudar de assunto.

— Sim. Jogava na defesa.

— O Matt também joga na defesa.

— Eu jogo no ataque Elena — corrigiu ele — Tyler sim é da defesa.

— Ah – ela corou abaixando a cabeça – Eu me confundi, desculpe.

— Escutei alguém falar meu nome?

Um rapaz moreno surgiu com sorriso insolente no rosto. Matt, Elena e Bonnie pareciam desanimados com chegada dele, mas o que realmente me incomodou foi a maneira que ele olhou para Caroline. E ela ergueu a cabeça para encará-lo e diferente do trio ao meu lado, ela não parecia incomodada, muito menos desaminada com chegada dele. Um meio sorriso surgiu em seus lábios quando seus olhos se encontraram e por um segundo senti o gosto amargo na boca. Tentei controlar a besta que rugia dentro de mim e avisá-la que Caroline não me pertencia. Que era cedo de mais para cair tão duro ao ponto de querer arrancar a cabeça do idiota convencido que sorria para ela.

— Tyler — Matt e Elena cumprimentaram desanimados.

— Ei Forbes, quanto tempo — disse ele se sentando ao lado de Caroline sem cerimônia — Soube que quase morreu.

— É… não foi dessa vez, quem sabe da próxima — ela sorriu dando ombros. Zombando do próprio acidente como se quase morrer não significasse nada pra ela.

— Caroline! — Bonnie a reprendeu olhando-a incrédula.

— É brincadeira Bonnie.

— Não acha que é cedo demais para brincar com isso? Você quase morreu, pelo amor deus! — Bonnie ralhou chateada.

Caroline arregalou os olhos parecendo genuinamente surpresa com explosão da amiga. Ela fitou as próprias mãos, com as bochechas escarlate.

— Foi só uma brincadeira Bonnie. Não precisa pegar no pé dela, relaxa — disse o idiota sorrindo para Caroline que não se atreveu a corresponder tamanha era intensidade de ódio nos olhos de Bennett

— Relaxar? Você quer que relaxe? Minha melhor amiga sofre um acidente e quase morre nele e você quer que  eu ria disso, que eu relaxe?

— Bonnie está tudo bem — Caroline apertou a mão dela, ela retirou maneando a cabeça.

— Não está não! Você age como se acidente fosse uma bobagem qualquer. Age como se não se importasse se tivesse…

— Morrido — ela completou e aquele olhar endurecido e distante eram tristes de mais para pertencer a uma garota de dezessete anos — Mas eu não morri Bonnie. Eu sobrevivi e estou bem. Mas se não tivesse também — ela riu com amargura — Qual seria perda?

— Eu não acredito que está dizendo isso.

— Okay… Isso está ficando intenso é estranho – Tyler comentou. Mas não conseguiu quebrar o embate entre as duas.

— Como pode achar que não…

— Desculpe Bonnie – Caroline suspirou quando notou os olhos de Bonnie encherem d'água – Eu… Também tive medo de morrer… eu… Só quero esquecer o que aconteceu. Eu brinco com isso porque minha maneira de não surtar com tudo.

Ela se levantou e foi até Bonnie segurando seus ombros.

— Eu sinto muito

— Okay.. Me desculpe também. Eu exagerei um pouco…

— Um pouco? — Tyler inquiriu rindo — Agiu como se ela tivesse…

— Sofrido um acidente que poderia tê-la matado – rebati sem conseguir mais me conter. Caroline se voltou para mim com boca levemente escancarada de surpresa e alternou os olhos entre mim e Tyler.

— Uau, quanto estresse — Tyler se levantou erguendo as mãos em sinal de rendição — Foi só uma brincadeirinha. Eu sei que foi grave. Mas ela está bem agora. Não está?

— Sim, eu estou.

— É isso. Foi só uma brincadeira. Caroline sabe disso, é uma coisa nossa, forasteiro. Então relaxe!

Tyler riu revirando os olhos para careta de Bonnie e antes de sair se aproximou de Caroline e beijou seu rosto

— A gente se vê por ai Forbes.

Um silêncio incômodo e perturbador se instalou no local. Bonnie arqueou a sobrancelha para Caroline que franziu a testa confusa.

— O que foi?

Bonnie abriu a boca para falar mais se calou olhando pra mim de esguelha.

— Nada, deixa pra lá.

O celular de Caroline começou a tocar, ela o pegou no bolso da jaqueta e atendeu. Fazendo uma careta e afastando o celular da orelha. Enquanto isso notei o olhar de Elena novamente sobre mim e ao contrário do que imaginei, não me senti eufórico.

Me senti inquieto e desconfortável. O rosto dela parecia fundir-se ao de Katherine. Os cabelos lisos enrolavam-se, o sorriso doce tornava-se provocativo. O olhar curioso tornava-se mais escuros e cheios de malícia.

Por um breve segundo, imaginou os olhos tornando-se negros, as veias surgindo embaixo dos olhos. As pressas saindo antes que ela mordesse minha versão humana. Desviei os olhos dos dela me sentindo tonto, pisquei com força temendo encará-la novamente e encontrar Katherine novamente, mas quando o fiz era apenas ela, Elena Gilbert que me encarava com misto de confusão e decepção. Ela desviou os olhos também, encolhendo-se um pouco mais na cadeira.

— Okay. Eu já estou voltando pra casa – Caroline falou desligando o celular e me trazendo de volta para realidade — Era Xerife, estou intimada a voltar agora mesmo pra casa, antes que ela mesma venha de viatura me buscar

— Não fica com raiva Care, ela apenas...

— Está preocupada comigo — ela completou — Eu sei Bon — ela sorriu largamente para a amiga e se levantou.

— Nós te damos uma carona – Elena ofereceu

— Não precisa se incomodar, eu a levo pra casa. Eu também tenho que ir.

— Ah… tudo bem, então – concordou Elena parecendo desapontada.

Ignorei o que aquele olhar poderia significa, querendo ficar bem longe dela o quanto antes. Caroline se despediu dos amigos com beijo no rosto.

— Foi prazer conhecê-los.

— Idem – Matt respondeu de má vontade recebendo um olhar duro de Elena e Bonnie.

— Foi um prazer também Stefan – disse Bonnie sorrindo cordialmente pra mim.

Acenei antes de ir e sai com Caroline para fora. Abri o carro para ela que entrou e permaneceu em silêncio absoluto mantendo o olhar na estrada. Não consegui conter a pergunta que estava me amolando, ela parecia diferente. Quando nossos olhos se esbarram ela forçou um sorriso,  mas seus olhos  faiscavam de raiva e mesmo correndo o risco de ser um idiota e ignorar os avisos em na minha  cabeça  quebrei o silêncio insuportável que se instalou. 

— Posso te fazer uma pergunta?

— Claro. Mas me deixa adivinhar. Você quer saber se a Elena é solteira?

— O que… Não. Não era isso que ia perguntar.

— Ah não? – inquiriu ela descrente – Eu notei a troca de olhares entre vocês – ela arqueou a sobrancelha com sorriso malicioso e um olhar indecifrável.

— Não é nada disso que está pensando… Ela apenas…

— Então o que é? — ela cortou-me soando impaciente, embora ainda sorrisse.

— Ela me lembra a alguém, apenas isso – ela riu pelo nariz, voltando seu olhar para estrada por um segundo

— É engraçado como todo mundo te lembra um pouco alguém não é mesmo? Aposto que ela deve te lembrar… Deixa eu adivinhar, uma ex namorada?

Arregalei os olhos com seu tom e por ela ter “adivinhando” de primeira. Não aguentei mais aquele tom hostil dela e estacionei o carro. Ela franziu a testa olhando em volta confusa.

— Por que parou o carro?

— Vai me deixar fazer a pergunta, ou não?

— Okay, pergunta. Mas você podia ir dirigindo ate  minha casa enquanto isso - resmungou e ele anuiu com a cabeça voltando para a estrada.

— Tyler.

— O que tem ele?

— Ele… é  era o seu namorado? — ela arregalou os olhos e abriu a boca para responder, pareceu pensar na resposta e disse:

— Não — ela riu — De onde tirou isso? Tyler e só… O Tyler.

— Vocês dois pareciam muito próximos, por isso pensei que fosse ele o seu ex idiota – confessei detestando como aquela confissão estaria soando para ela.

— É somos! Capitão do time de futebol idiota e líder de torcida loira e fútil… Nós somos amigos, ou quase isso.

— Por que você faz isso?

— Isso o quê?

— Se diminui e se coloca pra baixo. Você não é uma…

— Líder de torcida superficial, egoísta e rasa? — completou irritada — Sim, eu sou. Pergunte a qualquer um dos meus amigos. Eles me descreveriam exatamente assim.

— Mas você não é!

— Como você sabe? Acabou de me conhecer, não sabe nada sobre mim! Você  me conhece a uma semana e se acha perito em alguma coisa? Deixa eu te esclarecer uma coisa Salvatore. Nós somos dois desconhecidos. Eu sei nada sobre você... E você menos ainda. Então, por favor, pare de agir como se me conhecesse a sua vida inteira, eu não sou a Lexi!

— Eu não acho isso.... É eu sei que posso não te conhecer há muito tempo, mas sei que é mais do isso. Sei que esconde o que pensa e o que sente com sorrisos e conversas bobas. Você não deixa ninguém chegar perto suficiente pra conhecer você....

— Para o carro!

— O que?

— Eu disse para parar a droga do carro.

— Nós ainda não chegamos na sua casa...

— Eu não me importo. Pare o carro agora, ou me jogo dele aqui mesmo!

Parei o carro e ela saltou feito foguete. Estacionei o carro de qualquer jeito no meio da estrada. Corri atrás dela e agarrei seu braço.

— Caroline…

— Para — ela me empurrou gritando furiosa – Me solta.

Soltei seu braço e ela ergueu a cabeça e notei que ela chorava. Me lembrei de Zach e seu aviso “fique longe” lembrei-me disso porque senti uma dor incomoda no peito por fazê-la chorar, com o desejo insuportável de tocá-la.

E novamente meus impulsos levaram o melhor de mim quando ergui a mão enxugando as lágrimas que desciam por sua face. Foi olhando seus olhos rasos d'água, tocando sua pele macia que me dei conta de qual ferrado eu estava. Caroline arregalou os olhos com meu gesto, abriu a boca para falar mais nada saiu.

— Você é mais que isso. Sei que não vale muito vindo de um cara que acabou de conhecer… Mas... Quando eu....

— Não, não, não! — ela maneou a cabeça empurrando minha mão de seu rosto

— Caroline… Me desculpe, eu não deveria ter...

— Não! – ela gritou com voz embargada – Se afasta de mim.

Ela correu para longe e fiquei atordoado demais para correr atrás dela. Me perguntando o que eu fiz para que ela me odiasse tanto. Ela me  olhou como se eu fosse um monstro. E por um momento lembrei que realmente era. Um peso enorme surgiu em meu peito enquanto olhava ela sumir de vista, correndo pela estrada, olhando para trás assustada, como se estivesse com medo que eu a seguisse.


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Notas finais do capítulo

Bom por hoje é só ;)
XOXO