Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 9
Chapter - IX Shot Me Down


Notas iniciais do capítulo

Aviso importante lá embaixo.
Boa leitura!!



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 Mas por quê não conquistar o amor? E eu posso ter pensado que éramos um. Queria lutar nessa guerra sem armas. E eu queria isso, eu queria muito isso. Mas haviam tantas bandeiras vermelhas. Agora outro vai por água abaixo. Sim, vamos ser claros, não vou confiar em ninguém Elastic Heart – Sia
 

CAROLINE 

Queria que existisse algum botão que desligasse meus pensamentos porque a minha cabeça latejava sem parar desde da visita indesejada que recebi ontem à noite. Pensei estar preparada para enfrentá-lo, pensei que conseguiria ter pleno controle sobre minhas ações, mas não podia estar mais enganada. Meu frágil coração humano disparou, as palmas de minha mão soaram e senti meu corpo inteiro fraco e trêmulo quando o encontrei a poucos passos de mim.

Me olhando de um jeito que o Stefan de 2009 jamais olharia. Aquele tipo de olhar que ele reservava apenas a Elena. Aquele olhar me desestabilizou e todo plano que eu tinha quando ele fosse me procurar se embaralhou na minha  cabeça.

As lembranças, as malditas lembranças consumindo-a como um câncer. Comendo a minha  racionalidade e meu tão amado controle. Por um momento, um segundo apenas, me esqueci do futuro e fui reduzida a garota boba que se encantou pelo olhos verdes mais lindos que tinha visto na vida. De repente estava numa armadilha que minhas emoções idiotas armaram.

Me peguei encantada por ele, meu salvador.

Mas graças a minha força de vontade  forcei meu cérebro desobediente a lembrar do futuro. De que foi pelas mãos dele que eu tecnicamente morreria. Se não houvesse feito o desejo, agora eu seria  apenas um cadáver cinza que ele deixaria no chão úmido da floresta como se fosse nada. Me   forcei a lembrar de todas as coisas ruins, de tudo o que perdi quando decidi dar meu coração a ele.

Eu perdi tudo, perdi até a mim mesma em troca do amor dele. Um amor que sabia que era falso, mais ilusório até  que as promessas de Klaus.

Essas lembranças despertaram meu cérebro para o meu real objetivo. Fingi não saber quem ele era e por um momento fingi ser uma vampira novamente e desliguei minhas  emoções. Menti friamente para ele, não me deixando envolver por aquele olhar preocupado. Não dando espaço para que ele soubesse mais do que o necessário sobre mim.

Mas sabia que apenas alimentei a curiosidade dele e tive certeza  aquele não seria o último embate entre nós. Stefan permaneceria escondido até o início das aulas era ali onde tudo se tornaria mais complicado.

Ele interpretaria o papel de filhote do exército. O garoto novo, incrivelmente gostoso e misterioso que ganharia metade do coração de Elena. E só deus sabe que não estava pronta para isso. Ver o adorável casal em toda sua potência. Não consegui esse feito com Valerie e seria bem pior vê-lo com Elena. Vendo desempenhar o bom moço que preocupou-se comigo, mas na primeira oportunidade a usou como isca descartável contra seu irmão.

Eu tinha que colocar meu plano em prática logo e fazer com que o bom samaritano falhasse em seu frágil autocontrole. Precisava que ele atacasse alguém e nesse momento o deixaria exposto e para as pessoas certas isso seria um erro fatal para ele.

— Care…

Pisquei os olhos com força voltando a realidade abruptamente como se houvesse caído em um rio de água gelada quando a voz preocupada de Bonnie me chamou, tocando de leve a minha mão.

— Hum… O que disse?

Olhei para os rostos preocupados de Bonnie, Matt e Elena e me perguntei que diabos eles estavam fazendo aqui?

Por mais que nos conhecêssemos desde do jardim de infância e as considerasse como minhas melhores amigas. Eu sabia que assim como todos os relacionamentos que já tive na vida, era uma relação unilateral. Eu era como sempre, a terceira na roda. Elena e Bonnie eram as melhores amigas desde sempre.  Enquanto eu não era a melhor amiga de nenhuma delas. Nem nesta época nem na outra.

No futuro isso mudaria um pouco, mas mesmo assim não deixaria de ser a última opção e mesmo que estivesse ali para salvar a vidas delas e fazer tudo certo, porque elas mereciam uma segunda chance, uma vida-longa e normal.  Não podia evitar a amargura e impaciência com aquela triste constatação. Por esse motivo me irritei com os semblantes preocupado no rosto deles.

— Estava perguntando se estava bem — repetiu Elena com a testa franzida

— Sim, estou. Apenas com um pouquinho de dor de cabeça.

— Quer que eu pegue uma aspirina…

— Não, Elena. Não precisa. O doutor disse que eventualmente eu teria uma leve e saudável enxaqueca. Está tudo bem.

— Okay, mas se precisar de alguma coisa… Está com sede? Ou precisa ir no banheiro? — questionou Elena parecendo estranhamente solicita. Neguei com a cabeça forçando um sorriso. Me perguntando o que havia de errado com ela.

— Então você não se lembra mesmo quem te salvou? — Matt inquiriu curioso.

— Não, infelizmente não — menti

— Deve ter sido horrível — Elena murmurou com voz rouca — Você se lembra de como aconteceu?

— Eu acho que isso é o que menos importa agora, Elena. O importante é que ela está sã e salva agora  — Bonnie respondeu por mim, parecendo ler o desconforto no meu rosto — Bem é melhor irmos para que você descanse um pouco mais — Bonnie se inclinou me abraçando apertado.

E naquele momento enxerguei a sinceridade brilhando nos olhos verdes de Bonnie. Ela parecia realmente feliz por eu estar bem. O peso no meu peito, a amargura e irritação diminuíram por instante.

Minha mente vagou para o futuro desolador a nossa espera. Lembrei que mesmo não sendo a melhor amiga dela. Bonnie ariscaria tudo para ajudar-me quando precisasse.

— Se cuida, eu volto amanhã de novo para te ver.

— Okay.

Elena resolveu ficar e se sentou na beira da cama e apertou minha mão antes de me abraçar com força. Para minha surpresa, notei que ela estava chorando.

— Elena… Está tudo bem?

— Foi minha culpa — ela murmurou entre lágrimas.

— O que?

— Por minha causa você não foi para casa mais cedo… Foi minha culpa!

— Claro que não. Foi apenas um acidente e aconteceria de qualquer maneira. Se não fosse buscar você, iria para Grill. De todo jeito eu teria que passar por lá. Não foi sua culpa.

— Mas você me avisou para não sair naquela noite — lembrou — Você me alertou e não dei ouvidos. Você… Você poderia ter morrido — ela constatou arregalando seus olhos castanhos inundados d'água.

Segurei sua mão e lembrei de visitá-la no hospital logo após o acidente de seus pais. Vendo seus olhos castanhos perdidos e mergulhados em profunda tristeza. Me  senti péssima por ela e desejei poder dizer algo que a fizesse se sentir melhor. Mas nada de útil saiu da minha boca. Elena me ignorou mantendo os olhos fixos na parede.

Agora a situação era outra, apesar de semelhante. Agora era eu que estava deitada em uma cama depois de escapar da morte e Elena estava chorosa e confusa sem saber o certo o que dizer.

— Elena, está tudo bem. Nada disso é sua culpa. Acidentes acontecem todos os dias e eles acontecem com muito mais frequência quando a motorista se distrai com o rádio estúpido. Se há alguma culpada nisso tudo, e a droga do meu rádio.

Elena riu enxugando o rosto.

— Só você mesmo pra achar graça numa situação como essa — dei ombros sorrindo

— Eu estou viva é  bem. Tenho que achar graça em tudo a partir de agora… Eu tive uma segunda chance.

— Você nasceu de novo — ela apertou minha mão e sorriu

— O que me lembra que agora você tem dois aniversários.

— Eba — bati palmas — Isso significa dois presentes?

— É claro — ela riu — Quem sabe uma festa? Ou uma noite de garotas pra comemorar?

— Eu acho ótimo!

Sorri apertando sua mão. Ela me abraçou de novo e depois saiu me afundei em minha cama, grata por ter saído do hospital. Além de ficar vulnerável ali, ainda era agoniante permanecer horas deitadas na cama sem fazer nada. Não que em casa estivesse sendo muito diferente disso, com minha mãe me obrigando a repousar.

Coisa que não podia evitar de sorrir e sentir meu coração se apertar quando lembrava do futuro e qual injusto ele seria com a minha mãe. Precisava fazer ela se cuidar um pouco mais. Fez uma anotação mental para ir ao mercado pela manhã e abastecer a dispensa com comidas saudáveis e fazê-la ir ao médico mais vezes.

Adormeci listando afazeres para manhã e um item que não poderia faltar na lista era uma boa quantidade de verbena. Agora mais do que nunca precisava me preparar para caso Stefan voltasse como prometeu. Não podia vacilar de novo e correr o risco de ser compelida a esquecer de tudo.

No dia seguinte acordei novamente com dor de cabeça e aquilo começou a me preocupar,  mas nos minutos seguintes enquanto tomava um banho quente esqueci da enxaqueca chata que piorava a cada dia. Pois estava concentrada demais reclamado do shampoo de morango que havia acabado.

Quando desci  me deparei com algo inédito,  pelo menos naquele ano. Minha mãe estava concentrada fazendo suco de laranja e pude ver uma bandeja com torradas um pouco tostada demais com geleia em um prato.

Meu coração se inflou um pouco mais de amor por minha mãe. Vendo como ela estava se esforçando  mesmo atrasanda para o trabalho para cuidar de mim. Caminhei até ela em silêncio e sem aviso estalei um beijo em sua bochecha. Ela saltou de susto, levando a mãos ao peito, respirando mais difícil.

— Caroline… Você me assustou!

— Desculpa... E que você estava tão concentrada fazendo....

— Seu café da manhã. Aliás  por que está de pé tão cedo? Você tem que repousar!

— Eu já repousei o suficiente e posso descansar bastante quando morrer.

Sua expressão tornou-se seria e ela cruzou os braços me dando seu melhor olhar zangado.

— Ops! É  cedo demais para piadas mórbidas?

— Sim Caroline, pode ter certeza.

— Foi mau - fiz beicinho -  É agora posso desfrutar do meu… Delicioso café da manhã?

— Não é muito educado zombar do meu talento culinário, justo quando estou tentando ser uma…

— Boa mãe — completei e sua boca se fechou e ela encolheu-se um pouco, seu olhar cresceu mais triste e ela desviou os olhos para chão esperando pelo momento em que a alfinetaria como a antiga eu faria — Você não precisa tentar tanto mãe, você já é a melhor mãe do mundo pra mim.

Ela ergueu a cabeça e seus olhos arregalaram de surpresa. Tive certeza que ela jamais pensou ouvir algo tipo de mim. Levantei indo até ela e abraçando-a e ela retribuiu me apertando  com força e quando se afastou estava sorrindo. 

— Eu tenho que ir agora… Já estou  atrasada. Mas lembre-se de repousar e não fazer esforço…

Bati continência a ela riu balançando a cabeça.

— Sim senhora.

Ela riu beijando me no rosto antes de sair. Acenei para ela na porta e depois fui devorar as torradas, estava faminta. Tinha me esquecido que agora precisava comer como uma pessoa normal. E enquanto devorava uma maçã vasculhei  a dispensa em busca de algum frasco de verbenas, mas nada encontrei. Frustrada me arrumei para sair depois de fazer uma lista. Foi quando me lembrei que estava sem carro agora. Bufei irritada por ter que ir andando.

Troquei a sandália por um tênis e fui embora de casa grata com clima fresco e nublado que fazia. Não demorei tanto quanto pensei para chegar ao mercado. Procurei pelas prateleiras os itens da lista, enchendo o carrinho de verduras e legumes, escolhendo ingredientes para uma bela sopa. Inevitavelmente lembrei delas, das minhas garotinhas. Lizzie adorava sopa de legumes enquanto Jossie detestava. Tinha que persuadi-la sempre a prová-las, mas não funcionava muito bem, ela sempre acabava por colocar sua metade no prato de Lizzie.

Senti uma dor profunda no peito e meus olhos se inundaram com a saudade que sentia delas. Naqueles momentos desejei poder esquecer tudo o que sabia. Esquecer que tive duas lindas garotinhas, que apesar de não serem do meu sangue eram minhas filhas de alma.

Despertei para realidade quando uma senhora bateu o carrinho no meu e me apressei em  me desculpar em seguida. Forcei um sorriso e me forcei a andar e continuar com a compra, respirei fundo e segui para outro corredor, atrás de meu shampoo. Estava na ponta dos pés, esticando a mão para alcançar o bendito frasco quando alguma boa alma o pegou para mim.

Virei sorridente com agradecimento pronto nos lábios quando meu coração quase parou e não era figura de linguagem. Fiquei até mesmo zonza quando meus olhos se encontraram com os dele. Ali na minha  frente com sorriso simpático e um tanto quanto divertido nos lábios estava ele, Stefan.

— Aqui está – esticou o braço e ofereceu-me o frasco de shampoo e permaneci alguns segundos paralisada demais para reagir.

Sentindo minha cabeça explodir de dor. Comecei a pensar que Stefan Salvatore era meu Voldemort particular. Porque sempre que ele surgia minha cabeça zumbia de dor. Ele franziu a testa e pareceu perceber meu estado e para meu descontentamento tocou-me no ombro. 

— Você está bem?

Senti aquela maldita onda de eletricidade passando pelo meu corpo, fazendo os pelos do meu braço se arrepiarem. Sem pensar muito bem em como soaria me esquivei dele que parecia assustado e um tanto ofendido com minha reação.

— Eu... eu estou bem. E que.... Você me assustou.

— Eu sinto muito, não era a minha intenção.

— Eu sei. Você só quis ajudar. A culpa é minha, eu que estava distraída.

— É eu percebi.

Ele desviou os olhos dos meus por segundo, parecendo adoravelmente envergonhado e me almadiçoei por achar ele adorável.

— Eu pensei que não o encontraria tão cedo – confessei.

O que não deixava de ser verdade. Esperava encontrá-lo no início do ano letivo. Aliás pelo que me lembro, ele somente se revela e sai das sombras pra isso. Para bancar o estudante e conquistar Elena. Por que diabos ele está andando em público agora? Mystic Falls era uma cidade pequena onde todo mundo conhecia ao menos um pouco todo mundo. E novo morador misterioso como Stefan, chamaria atenção e levantaria perguntas. Por que ele está se adiantando?

— Eu disse que nós veríamos em breve

— Sim disse, mas não achei que fosse tão cedo.

— Nem eu – mentiu ele para variar.

Sabia bem disso, me toquei que agora eu estava no radar dele também e possivelmente estava me vigiando. Peguei o frasco de sua mão e forcei um sorriso, tendo plena consciência que estava corando, mas era de raiva.

— Então Stefan…

— Salvatore, Stefan Salvatore.

— Então, senhor Salvatore por que eu nunca te vi por aqui?

Ele me seguiu pelos corredores do mercado parecendo refletir sobre o que diria, ou melhor estava ensaiando mais mentiras.

— Eu me mudei pra cá faz pouco tempo.

— É morava a onde? Quer dizer, me desculpe eu estou sendo intrometida…

— Não, não está – ele sorriu e mais uma vez aquilo me desconcentrou – Eu estive por quase todo lugar. Meu pai era do exército, então sempre se mudava com frequência. Eu não tenho um lugar certo pra dizer, mas o último lugar que estive foi no Maine.

— Eu sinto muito. 

— Pelo quê? — inquiriu ele franzindo a testa em confusão.

— Deve ter sido difícil se mudar tanto e sempre ter que recomeçar. Nunca fincar raízes ou se apegar ao algum lugar. Deve ser difícil não ter tido um lar de verdade.

Ele permaneceu quieto olhando-me como se fosse algum bicho de sete cabeças.

— Sim… Na verdade é. Eu procuro… não pensar muito nisso, não me apegar muito à lugar nenhum – confessou ele fitando o chão com olhar melancólico que eu conhecia bem.

Um olhar que me fazia querer estender a mão e confortá-lo. Balancei a cabeça tentando espantar aquele desejo estúpido, forcei outro sorriso. Sorriso esse que me doeram as bochechas e tentei novamente desempenhar meu novo papel e soar curiosa e simpática. 

— E por que veio pra cá? Não me lembro de ver novos soldados rondando por aqui.

— E não tem mesmo. Eu vim sozinho.

— Mas é seu pai?

— Ele morreu.

— Eu sinto muito, eu não fazia ideia…

— Não sinta… Já faz tanto tempo que ele si foi que as vezes parece que foi em outra vida – assenti com a cabeça e desviei meus olhos dos dele.

Continuei andando e pegado coisas aleatórias na prateleira e colocando-as o carrinho. Stefan se afastou por um instante e voltou com uma caixa de cereal.

— Mas enquanto a você. Não deveria estar de repouso?

— Argh,  você também não! — ele franziu a testa com leve sorriso — Minha mãe e meus amigos querem que eu fique de repouso para sempre.

— Mas eles estão mesmo tão errados, você não deveria mesmo estar de repouso? — inquiriu com sobrancelha erguida

— Não! Eu estou me sentindo ótima, porque ficar presa numa cama? Tem ideia do quanto é  irritante ficar na cama olhando para o teto sem poder fazer nada e…

Parei quando notei seu sorriso torna-se mais amplo. Notei que estava divagando e conversando com ele como se fossemos velhos amigos e quis chutar-me por isso.

— Não é engraçado sabia? — ralhei indo para caixa ele apertou o passo para me seguir.

— Não queria te irritar — desculpou-se — Mas é que…

— Eu divago muito é  isso é irritante — completei passando outro frasco de leite, notando o olhar abobado da atendente para Stefan, outra pobre idiota encantada por ele. 

— Não… Eu ia dizer que é adorável — corrigiu me forçando a encará-lo.

Meu coração, aquele traidor! Palpitou, bateu tão rapidamente que parecia que ia explodir e com ele aquela velha sensação de calor e euforia surgindo dentro de mim, com aquelas malditas e desnecessárias borboletas se debatendo em meu estômago. Desviei meus olhos dos dele me concentrando em pagar a compra para não cair no seu jogo facilmente. Terminei de pegar as comprar enquanto ele pegava pelo cereal. Estava do lado fora quando ele me alcançou.

— Ei, espere – ele puxou meu braço e parei de má vontade.

Coisa que sei que ele percebeu. Eu tinha que esconder melhor minhas emoções. Tinha que controlar aquela guerra interna entre o amor maldito que ainda nutria por ele e  o ódio que começava a crescer cada vez mais forte dentro de mim.

Respirei fundo decidindo jogar e fingir como ele. Interpretar um papel para fazê-lo acreditar que eu tinha mesmo esquecido do acidente na ponte e fazê-lo pensar que estava louco por perseguir uma pobre adolescente comum que não tinha o mesmo rosto que uma de suas centenas de ex-namorada. Decidi mudar a tática, tinha que ser amigável e grata agora. Conquistar sua confiança e somente assim eu poderia pegá-lo desprevenido. Desviei meus olhos dos dele e quando ergui a cabeça sorri sem jeito.

— Desculpe por irritar você.

— Você não me irritou — menti

— Está voltando para casa à pé? — inquiriu ele com olhar preocupado que me fez querer vomitar nele com tamanha falsidade.

— Bem.. Sim. Meu carro já era — dei ombros fazendo uma careta sem me perguntar ele pegou o saco com as compras da minha mão.

— Vem comigo, eu te dou uma carona até em casa.

— Não! — gritei e ele franziu a testa mais podia jurar que ele estava esperando que reagisse exatamente assim. O filho da mãe estava me testando! — Que dizer, não precisa se incomodar..

— Não é incomodo algum — ele parou em frente a uma caminhonete que deduzi pertencer ao Zach.

Ele abriu a porta do passageiro para mim que forcei um sorriso antes de entrar. Coloquei o cinto incerta enquanto ele entrava no carro. Ele entrou em seguida e perguntou  em que rua eu morava e pensei por um ou dois segundos se deveria mesmo dizer, mas lembrei que ele não poderia entrar sem ser convidado. Um pouco mais aliviada  disse meu endereço.

— E você a onde mora?

— Não muito longe daqui.

— Uau! Isso foi bem vago — ele riu — Eu juro que não sou uma psicopata. Não precisa ter medo de mim, eu juro! 

Coloquei a mão sobre o coração e levantei a outra mão e mais uma vez ele riu maneando a cabeça.

— Você conhece o Zach Salvatore?

— Acho que sim, não é aquele que mora naquela mansão?

— Sim, ele mesmo. Ele é meu tio.

— Oh — bati na testa — Claro que é, ele um Salvatore. Então você mora em uma grande mansão. Deve ser incrível morar lá

— Nem tanto. Eu tento me distrair lendo e escrevendo. 

— Escrevendo o que? Um conto ou poesias? Você tem cara que escreve poesias.

— Ah tenho?

— Ahãm. Tem cara que as recita.

— Bem… não é tão longe da verdade, eu costumava gostar muito delas.

— Eu sabia! — ele riu — Mas então, você as escreve também?

— Não mais — confessou ele com olhar meio perdido.

Talvez lembrando de sua vida antes de tudo acontecer, de sua versão humana e ingênua que recitava essas mesmas poesias estúpidas para Valerie. Um gosto amargo surgiu na boca junto com ódio que crescia dentro de mim quando lembrava daquela cadela de voz mansa que se fingia de amiga, sempre tão preocupada e prestativa. Argh! Doía o estômago só de lembrar dela.

— Então escreve sobre o que? — inquiri com desinteresse, torcendo pra que ele chegasse logo em minha casa e me deixasse em paz.

— Eu posso te contar, mas tem que prometer não rir.

— Eu prometo!

— Diário. Escrevo diários

— Oh — ele arqueou a sobrancelha — Isso é…

— Esquisito, eu sei.

— Eu não ia dizer esquisito. Ia dizer diferente — ele fez uma careta —  Não faça essa cara! Não é um diferente ruim. Eu acho fascinante quem consegue colocar suas memórias e emoções em palavras. Eu tentei uma vez…

— É o que achou?

— Difícil. Eu não sou do tipo que consegue manter a língua dentro da boca, muito menos pensamentos. Eu só comecei a escrever um, por uma promessa que fiz.

Ele sorriu novamente o que me intrigou um pouco. Ele geralmente sorria entorno de mim, mas isso era no futuro quando nós tornamos amigos. Não me lembrava de vê-lo sorrir tanto antes.

— E que promessa foi essa?

— Foi…

— Não precisa me contar. Eu estou sendo curioso demais.

— Não tem problema — sorri dando ombros desviei meus olhos dos dele me concentrando na estrada — Foi uma promessa à uma amiga. Ela… Ela ficou doente, ia entrar em coma. Mas tanto eu quanto ela sabíamos que ela voltaria a acordar. Pelo menos eu tinha fé que ela iria. Então ela me fez prometer que eu escreveria tudo que acontecesse comigo para quando ela acordasse. Para que ela pudesse ler e sentir-se como se estivesse vivendo tudo aquilo.

— E ela acordou?

— Não. Ela morreu não muito tempo depois.

Tentei manter minhas emoções dentro e bem trancadas, mas não pude. As lágrimas surgiram sem que pudesse controlar. Estava prestes a enxugar o rosto e mudar de assunto quando senti sua mão sobre minha. Ergui a cabeça o encarando chocada. Sentindo meu coração disparar dentro do peito. Sentindo minha mão formigando. A lembrança de uma cena não muito diferente dessa.

Você tem a mim” disse a versão desmemoriada do futuro dele. Olhando-me da mesma maneira que agora.

— Eu sinto muito por sua amiga — disse ele com pesar. Com seus olhos de jade fixos nos meus me fazendo mergulhar neles novamente.

Forcei meu corpo a reagir. Sorri para ele que sorriu de volta e me dei conta que ele já tinha estacionado o carro em frente a minha casa.

— Chegamos — anunciei parecendo despertá-lo para realidade. Ele tirou a mão da minha e desafivelei o cinto com pressa.

Ele já tinha saído do carro e estava do meu lado abrindo a porta pra mim. Entregou-me a sacola e sorriu novamente

— Obrigada pela carona.

— Não precisa agradecer. Não foi incomodo algum.

— Bem… Então, adeus. Espero que goste de Mystic Falls.

— Eu tenho certeza que iriei – ele sorriu novamente.

Seus olhos brilhando enquanto mantinha os olhos nós meus. Um arrepio percorreu todo meu corpo junto com uma  memória aterrorizante. Olhos verdes, olhando-a com ódio antes de arrancar meu coração do peito. De repente senti o ar a minha volta diminuindo. Respirei fundo, sentindo uma dor fantasma no peito.

Automaticamente meus olhos arderam, a vontade de chorar era muita. Ódio, decepção ou tristeza, eu não sabia o que mais estava gritando pra sair do meu peito enquanto olhava para ele. Assenti com cabeça subindo as escadas com pressa, louca para entrar em casa e chorar e gritar até que aquela dor insuportável sumisse.

Estava prestes a entrar quando ele me chamou. Parei por um segundo segurando a maçaneta, respirei fundo e olhei para cima tentando conter as lágrimas e engolir o choro antes de encará-lo. Quando o fiz, forcei outro sorriso que torci que ele não notasse que era puro fingimento.

— Caroline. 

— Sim?

— Eu estava pensando… Eu não conheço nada por aqui… E ainda não conheço ninguém além do meu tio. Eu queria saber se você se importaria de me mostra a cidade? Eu não conheço nada por aqui e pensei…

— Que poderia ser sua guia?

— Bem… Eu não ia dizer assim…

—Tudo bem — sorri — Eu te mostro os principais pontos turísticos de Mystic Falls.

— Então… nós vemos amanhã? — inquiriu ele incerto e um tanto incrédulo.

— Sim pode ser, quitão às oito?

— Seria… ótimo! Então, estarei aqui às oito — ele sorriu com mãos metidas no bolso de sua calça jeans.

— Okay, até amanhã Stefan.

— Até,  Caroline

Fechei a porta indo diretamente para cozinha. Colocando o saco de compras na mesa e indo para meu quarto em seguida. Olhei através da cortina e podia ver seu carro sumindo na rua.

Me joguei na cama olhando para teto. Não conseguindo conter as lágrimas. Por mais que dissesse que estava pronta para fazer o que tinha que fazer, não estava. Não conseguia ser forte o suficiente para permanecer fingindo que aquele homem não destruiria minha vida.

Eu tinha que fingir ser amiga dele, colocar a cabeça na boca do leão para ganhar a confiança dele. Eu agi de acordo com plano, fingi não saber nada sobre ele. Comecei a armar sua armadilha, mas si quer cogitei que estava caindo na dele.

Estava caindo no jogo dele sem perceber, ele queria  me manter por perto para me vigiar e quem sabe me aniquilar quando desconfiasse que eu sabia demais. Depois ele seguiria com sua vida, perseguindo a Elena e se apaixonando  sem culpa na consciência.  Porque eu era apenas um efeito colateral para ele, assim como fui no futuro. Me levantei enxugando as lágrimas e decidindo não perder mais nenhuma rodada.

Ele podia ter descoberto um pouco sobre mim, mas eu sabia tudo sobre ele. O conhecia como a palma da mão. Eu me encarregaria de nunca mais ser pega desprevenida e para isso eu precisava conquistar sua amizade e o destruir. Ele estava jogando comigo e não permitiria mais isso. Naquele jogo perigoso perdia quem caísse primeiro e eu faria de tudo para ser ele a cair primeiro.
 
 


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Notas finais do capítulo

TBC
Bem é ai? Que cês tão achando hein, desse embate. Vai ser meio gato e rato esses dois, só avisando. Ela o conhece muito bem no fim das contas, mas Tefinho é muito bom em ler as pessoas, principalmente ela.
Então é isso! Agora é o ultimo mesmo,
vou assistir GOT
até outro dia :)
Fui!
XOXO
Aviso importante: depois de ler esse capítulo, pule para capítulo 26. O Nyah excluiu o décimo capítulo e tive que reposta-lo, mais infelizmente não entra na ordem.