Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 25
Chapter - XXV Cascade Effect


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi pessoinhas!
Voltei! Um mês depois, sorry. Mas a inspiração, tempo e loucura tão no máximo nos últimos tempos. Si alguém ainda resistiu a minha demora e loucura (Sorry Loys) aqui vai um capítulo importante que vai fazer a bagaça girar. Dedico esse capítulo a Sasa pela recomendo maravilhoso que aqueceu meu core de gelo e me fez cantar Let go bem alto. Obrigada flor, fico feliz que essa história te entrerta e deixe feliz ^_^



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Eu não gosto da minha mente neste momento. Empilhando problemas que são tão desnecessários. Queria poder desacelerar as coisas. Eu quero deixar pra lá, mas há conforto no pânico. E eu enlouqueço. Achando que é tudo sobre mim. Sim, eu enlouqueço. Porque não posso escapar da gravidade. Eu estou segurando. Por que tudo é tão pesado? Segurando muito mais do que eu posso carregar. Eu continuo arrastando comigo o que me derruba. Se eu soltasse, eu poderia me libertar. Segurando. Por que tudo é tão pesado? Heavy – Linkin Park

 

 

DAMOM

 

A pequena bruxa sentiu algo quando encostou em mim. Seus poderes estavam despertando e isso seria um impasse. Bruxas Bennett tendiam a serem pedras no caminho e senti que aquela baixinha não fugiria a regra.

Precisava obter o colar de Emily o quanto antes, mas como me aproximar dela sem ser detectado por Sheila e seus poderes recém descobertos.

A resposta para os meus problemas se encontrava sentada cabisbaixa com diário entre as pernas. Ela mordiscava o lábio e franzia a testa. O cabelo negro caia sobre seu rosto como uma cortina e o desejo de estender a mão e tirar as mechas que ocultavam seu belo rosto era quase insuportável. Me reprendi mentalmente por isso. Pisquei os olhos e voltei a enxergara-la como ela realmente era.

Uma copia, apenas. Uma copia que não tinha a mesma graça e elegância. A maneira que seus ombros se curvava para baixo denunciava os vícios desse novo milênio. Elena não tinha o mesmo sorriso, apesar de iguais em aparência, ela era sem graça se comparada com aqueles olhos castanhos amendoados. Que por vezes se enegreciam e parecia guardar todos os segredos do universo.

Era um olhar que o prendia, amarrava com suas cordas sem que houvesse tempo de reagir. Seu sorriso era como um balançar de uma calda de serpente, te hipnotiza e quando você menos espera ela te dá bote. Mesmo depois de cem anos, ainda podia lembrar do gosto daqueles lábios.

Tinha um sabor adocicado e refrescante como veneno de mulher que se passa despercebido por qualquer desavisado.

Elena Gilbert era um espectro do que Katherine Pierce foi. Nem longe era tão interessante. Não tinha a mesma áurea poderosa que atraia todos os olhares para si, vestia roupas comuns como uma calça jeans escura e uma camiseta vermelha com decote ínfimo.

Elena era como um quadro de Monet. De longe era belo e atraente, mas de perto era apenas um borrão colorido sem forma e personalidade.

Ela estava tão perdida em seu mundinho medíocre que si quer notou que estava sendo observada. Qualquer outra pessoa teria sentido um incomodo ou ligeiro desconforto no estômago desses que te faz   olhar para os lados a procura do que a espreitava.

Mas ela era como Stefan, quando pegava um livro ou uns de seus diário amarelados perdiam-se em seu mundo particular, fazendo de cada evento uma ópera.

Senti vontade de rolar os olhos quando ela finalmente ergueu a cabeça ereconhecendo minha presença   exibiundo aquela feição entristecida e olhar melancólico.

Não era de se admirar que meu irmãozinho tenha se interessado pela loira.

— Damon?

— Hum, ainda si lembra de mim?

— Como eu poderia esquecer – ela sorriu.

Os dentes eram brancos e alinhados exatamente como os da original, mas não continha o mesmo carisma e nem malícia  quando o sorriso se curvava para lado.

Sentei ao seu lado com os braços estendidos no banco. Sem dizer mais nada, me pus a observar o local que ela havia escolhido. Uma praça quase deserta com gramas crescendo como ervas daninhas cobrindo parte do chão. Estávamos sombreados por um seixo velho que com qualquer vento se despencava em cair folhas amareladas.

— Então, está gostando da cidade?

Sorri e cruzei os braços assentindo com a cabeça. 

— É uma cidade... Adorável. Tinha me esquecido da hospitalidade daqui. Fui tão bem recebido – suspirei rindo da sua expressão contente. Deus, ela era tão fácil de manipular.

Diferente da escolhida do meu irmão. Porque aquela parecia decifrar toda e qualquer zombaria e devolvia no mesmo tom, com nariz arrebitado. Aliás ela é a bruxa pareciam muito mais difíceis de alcançar do que aquela que na teoria seria inalcançável.

A garota de ouro da cidade parecia implorar por qualquer migalha de atenção, era patético. Ergui minha mão e segurei seu queixo com delicadeza, ela abriu a boca surpresa pela ousadia.

— Por que está triste? – inquiri indo direto ao assunto, não querendo ter que conversar sobre amenidades ate amacia-la ao ponto que ela jorrasse seus problemas.

Ela abriu e fechou a boca e olhou para baixo e notei como cílios era curvilíneos e longos.

— Não é nada.

— Você é uma péssima mentirosa senhorita Gilbert. Ande conte-me todos os seus segredos – ordenei com voz mais doce e suave que tinha, nunca tirando o sorriso do rosto

Ela riu, achando que eu estava brincando. Estremeci de raiva e fechei os punhos impaciente.

— É sobre aquele seu namorado invisível ? – chutei e ela franziu os lábios e colocou uma das mechas atrás da orelha.

Meus sentidos foram invadidos pelo aroma de jasmim que emanou dos cabelos dela. Tive que prender a respiração para não me intoxicar com cheiro de seu sangue.

Porque a tentação de envolver meus braços ao redor de sua cintura fina e alisar aquele rosto de boneca até chegar no pescoço esguio e fincar minhas presas em sua veia carótida, era grande e agonizante. A imagem dela se contorcendo em meus braços tentando gritar, mas impedida pela compulsão. O terror cru em seus olhos me excitava, podia sentir meu membro endurecer ao imaginar seu corpo amolecer em meus braços enquanto dreno as ultimas gotas de seu sangue.

— Damon, você está bem? – ela inquiriu tocando em meu braço e um pequeno rosnado escapou da garganta a fazendo a encolher. Forcei um sorriso e pisquei

— Desculpe... O que estava falando?

— Deixa, não era nada importante – rebateu enrubescida de vergonha. Fazendo doce para contar, quis esgana-la e deixa-la ali naquela praça abandonada.

— Oh, por favor, conte-me. Eu vou adorar ouvir seus problemas e fingir que meus são inexistentes e solúveis. 

Ela franziu a testa parecendo tentar compreender se alguma palavra que saiu da minha boca não continha um puro e genuíno sarcasmo.

Por fim, e para meu azar. Ela derramou os feijões.

Pois se a contar do término com seu namorado, contou como estava sendo difícil ficar sem ele e quanta saudades sentia.

Mas era tudo uma grande mentira, podia ver de longe. Eu ferrejava uma mentira melhor do que sangue e toda aquele melodrama, não passava de um teatro que ela mesma queria acreditar.

Ela não estava triste e caindo aos pedaços por amar o namorado. A tristeza era dele ter dado o ponto final, podia detectar a revolta contida e raiva por ele ter tido coragem de dar fim ao namoro.

Sorri me divertido com ela pela primeira vez naquela tarde. Porque naquele momento pude ver uma fresta naquela máscara de boa moça. Havia escuridão ali, ciúme, rancor e inveja.

Naquele momento ela soou verdadeiramente como a vadia que eu tanto amo. Vislumbrei Katherine Pierce falar quando ela culpou a melhor amiga por fazer a cabeça do namorado.

Naquela dia sai da pensão em que me encontrava sem muitas expectativas e sem querer esbarrei na pequena bruxa negra de grandes olhos verdes e lábios carnudos e logo em seguida em Elena. Justo ela tinha a chave para me aproximar da bruxa e Caroline. Se havia alguém que poderia ser uma peça importante para atrai-las para posição que eu queria, esse alguém era ela.

 

ELENA

Dezessete meses antes

Uma pilha de roupa se formou em cima da cama. Bonnie e eu estávamos tentando decidir qual roupa vestiria no primeiro encontro com Matt. Bonnie estendeu um tubinho preto com florzinha vermelhas e colocou em frente ao meu corpo.

— Esse é lindo.

Mordisquei o lábio inclinando a cabeça para lado.

— Acha mesmo?

— Claro! Você pode colocar a jaqueta jeans e pronto.

— Não sei...

Olhei para relógio na parede e constatei que já estava atrasada.

— O que você acha? Ainda  não disse nada.

— Você está ótima, Elena – disse Caroline folheando a cosmopolita deitada de bruços na minha cama.

— Como sabe? Você nem está olhando.

Caroline virou a cabeça em minha direção e me olhou de cima baixo e suspirou.

— Você está uma gata, Elena. Mesmo se escolher um saco de batata para vestir, o Matt vai achar lindo.

— Care tem toda razão – Bonnie concordou segurando meus ombros e me guiando para cadeira da escrivaninha. Bonnie se pois a fazer meu cabelo e pediu que Caroline separasse um batom.

Caroline levantou parecendo fazer um grande esforço como se cada movimentos fosse um sacrifício. Ela estava assim há dias. Distante e introspectiva. Não se entusiasmou com meu primeiro encontro, não fez planos para um futuro encontro em dupla quando o tal garoto que ela gostava a chamasse pra sair. Olhei para Bonnie arqueando a sobrancelha tentando entender o que estava acontecendo.

— Agora espalha – instruiu Bonnie me dando um lenço para tirar o excesso do batom carmesim que deixava meus lábios contornados — Agora está pronta! – anunciou Bonnie apoiando queixo no meu ombro e olhando pra mim através do espelho.

Uma batida na porta me fez virar a cabeça para lado.

— Ei querida, já está pronta? O Matt já está lá abaixo te esperando.

— A sim, estou pronta. Como eu estou? 

— Linda - disse minha sorrindo - Pena que seu pai não chegou ainda. Ele ia adorar tirar uma foto sua com Matt 

— Ai não! Ainda bem que ele não está, seria um mico. 

Me levantei ajeitando a barra do vestido e colocando a jaqueta jeans que Bonnie me estendia.

— Me desejem sorte.

— Como se você precisasse dela – sussurrou Caroline encostada na parede olhando para rua pela fresta da janela. Ela notou que todos os olhos estavam sob ela e sorriu para mim desejando boa sorte.

Não pediu que ligasse assim que chegasse para saber todos os detalhes como esperei que ela fizesse, estranho. Desci as escadas com minha mãe atrás de mim.

— O que há com sua amiga, ela estava estranha hoje.

— Não sei mãe, mas eu também gostaria de saber.

 

(...)

 

Era tão óbvio o motivo da estranheza de Caroline naquele dia. Ela queria ele, o tal garoto que ela queria era ele.

Agora era tão claro, cada detalhe parecia tão implícito depois do que ela fez. Reler aquele diário só afirmou o que eu já sabia. Caroline fez a cabeça de Matt, o convenceu a terminar comigo. Fechei os punhos com força e mordi as bochechas tentando conter a raiva.

Fiquei olhando para páginas em branco daquele diário sem conseguir escrever uma só linha.

Damon se calou por um segundo. Parecendo estar em outra dimensão, um sorriso tímido se formou em seus lábios. Franzi a testa confusa, tentando entender aquele cara. Tentando fazer uma conexão entre ele e Stefan, mas eles eram tão opostos. Nem mesmo na aparência eles se pareciam.

Stefan era mais sério e pensativo, misterioso era definição certa. Ele andava como se carregasse todo o peso do mundo sobe os ombros e seu olhar era tão distante como se houvesse perdido alguma parte dele ao longo do caminho.

Suspirei quando a lembrança daqueles olhos verdes surgiram. Olhos que nunca parecia reconhecer minha presença.

— Porquê do suspiro?

— Eu não... – ele arqueou sobrancelha em descrença. Algo na maneira como ele sorria e parecia tão solicito em ouvir as lamurias de uma adolescente desconhecida me intrigava. Mas não tendo Bonnie ao meu lado agora, não excitei em derramar o que me infligia.

— Pensando nele?

— Não! Claro que não – neguei com a cabeça – Eu não penso nele.

— Como não? Ele era seu namorado por anos, um péssimo bem da verdade...

— Ah.... Ele...está falando do Matt – sorri esfregando a testa me sentindo estúpida afinal nós dois estávamos falando dele.

De Matt Donavan, o cara que eu deveria estar pensando e sofrendo. O mesmo que terminou tudo como se o que tivemos não fosse nada além de um amontoado de mentiras

— Tem outro alguém não é?

— O que? Não! – menti balançando a cabeça.

— Não é bem pelo Matt que está assim. Gosta dele e se acostumou com ele... Mas não está mais apaixonada por ele...

— Eu...

Abri a boca para contestar, mas as palavras não surgiram. Fiquei presa naqueles olhos azuis. Tão azuis feito o oceano. Ele sorria agora mais escancaradamente e isso enrugava os cantos dos seus olhos. Me vi incapaz de dizer outra coisa que não a verdade. As palavras apenas jorravam da minha boca sem nenhum controle

— Existe um cara sim – contei desviando o olhar - Ele é novo na cidade como você. E não sei explicar como ele me atrai. Eu não quero pensar nele... É errado! Eu repito isso pra mim mesmas todos os dias, mas não funciona. E eu odeio isso, odeio ele por aparecer do nada e bagunçar minha vida. Odeio a mim mesma por me reduzir a uma daquelas garotas que se resumem a um cara... Odeio Caroline por sempre se meter no meu caminho e por...

— Ele ter se apaixonado por ela em vez de você – Damon completou por mim

E minha boca escancarou-se em horror quando percebi o que tinha dito a um complemento estranho, irmão de Stefan e futuro cunhado de Caroline.

Levei a mãos aos lábios tapando a boca, sentindo meus olhos arderem e as lágrimas inundarem meus olhos, sentindo meu rosto queimar de vergonha sob o peso daqueles olhos.

O sorriso dele se desmanchou e maneira como me olhou me fez encolher me sentir desconfortável. Eles pareciam um tom mais escuro do que antes ou talvez fosse minha imaginação

— É difícil não ser a primeira escolha, não é ? Justo você que é tão acostumada a ser a escolhida sempre. Aposto que foi um choque meu querido irmão não ter caído aos seus pés como todos os outros, incluindo o pobre idiota do seu namorado - disse ele enrolado uma mecha do meu cabelo com rosto bem próximo do meu.

Fiquei petrificada exatamente como naquele dia na floresta. Ele me olhava com olhos faiscando sem piscar. Olhando como um tigre olha para cervo antes de abatelo. Estremeci quando ele segurou meu rosto e aproximou ainda mais o rosto. Tanto que seu nariz roçou o meu e o hálito de álcool invadiu meus sentidos me retraindo para trás. Sua expressão mudou, um sorriso torto enfeitou seu rosto. Ele agarrou minha nuca e uniu sua boca a minha. Demorei cinco segundo para despertar e reagir. O empurrei com toda a força e me levantei. Ele apenas riu de mim e num piscar de olhos se colocou a minha frente.

— O que foi Elena? – inquiriu inocentemente como se estivesse reagindo feito louca

— O que foi? Você tem coragem de perguntar isso? – inquiri indignada

— Porquê toda essa raiva? Seu belo rosto não combina com ela – ele apertou meu queixo e dei tapa em sua mão por reflexo. Ele arregalou os olhos surpreso.

— Não se atreva a encostar em mim de novo.

— Si não o que?

Ele se aproximou de novo encostando a testa na minha o empurrei com mãos e ele agarrou meus pulsos com força.

— O que é Elena? Eu não sou bom o suficiente para você? Não sou tão bom quanto ele? – inquiriu sussurrando com dentes cerrados

— Me solta! – ordenei olhando para os lados em busca de socorro – Olha eu não sei qual e tipo de jogo doentio que você tem com seu irmão. Mas não vou fazer parte disso. Não vou ser usada pra atingir Stefan..

— Usada pra atingir Stefan? – ele gargalhou na minha cara e me soltou. Cambaleei para trás e passei os dedos envolta do pulso direito que estava dolorido e com marca nítida dos dedos dele. Damon virou de costas ainda rindo.

— Acha mesmo que eu usaria você para atingi-lo? Se quisesse fazer algo do tipo, o que não é o caso. Eu usaria Caroline, afinal e por ela que ele está apaixonado.
Estremeci sentindo como se tivesse levado um soco no estômago com aquela afirmação. Ele sorriu mais ainda balançando a cabeça.

Você não é nada como ela— ele murmurou sério fitando um ponto qualquer no chão.

Sem esperar por mais algum insulto fui até banco e recolhi minha bolsa e coloquei o diário na minha bolsa e sai sem lhe dirigir outro olhar. Limpei a boca com as costas da mão tentando espantar o gosto de álcool e ignorei como meus lábios formigavam.

Quando cheguei em casa tudo que queria fazer era deitar na minha cama e voltar a chorar, mas não conseguia me livrar do cheiro dele, do gosto. Precisava de um banho urgente, de preferência que durasse horas porquê queria derreter junto com a água quente e me livrar da humilhação. De tudo que ele me acusou ser. Quem ele pensava que era para achar que me conhecia, que podia saber o que eu queria ou pensava. Quem ele pensava que era para me beijar e me humilhar logo em seguida jogando minhas inseguranças na cara como se não fosse nada. Dizendo que eu não era como Caroline.

E graças a deus por isso! Eu não queria ser como ela. Tão fútil e egoísta que se achava no direto de manipular a todos com a carta de separação dos pais ou quase morte.

Bati a porta da entrada e estava quase correndo pelas escadas quando a expressão no rosto da minha mãe me chamou atenção. Ela falava com alguém no telefone com uma expressão de pesar. Franzi a testa curiosa e desci os últimos degraus segurando no corrimão.

— Sim, pode deixar... Eu vou dizer a ela. Muito obrigado por avisar - agradeceu ela desligando o telefone

— O que aconteceu mãe,  quem era no telefone?

— Elena você precisa manter a calma – pediu ela colocando as mãos em meu ombro

— Ai meu deus, mãe. Você está me assustando. O que aconteceu de tão grave. Alguma coisa com Jer ou Tia Jenna

— Não foi nada com eles. E também não foi nada grave, ele já até teve alta.

— Ele quem, alta do que? Foi o pai...

Ela balançou a cabeça e soltei o ar aliviada.

— Então quem foi mãe?

— Matt, foi o Matt.

— O que.... O que aconteceu com ele? Ele está bem?

— Calma filha. Agora ele já está bem é em casa pelo que soube. Ele sofreu um acidente de carro....

— Ai meu deus...

Senti um peso no peito que parecia comprimir todo o ar dos meus pulmões. Matt tinha sofrido um acidente, ele podia ter morrido e eu nem fazia ideia disso.

— Elena, se acalma. Respira filha! – ordenou minha mãe – Ele já está bem, não foi nada grave

— Eu preciso ver ele!

— Está tarde agora Lena e melhor amanhã

— Não, eu não vou esperar até amanhã. Vou agora.

— Tudo bem – concordou ela

— Mas você não está com condições de dirigir, eu te levo.

A casa de Matt nunca pareceu tão longe do que agora. Torcia as mãos em cima do colo com milhões de cenários passando pela minha cabeça. Matt morto dentro do carro, ou entrevado em cima da cama sem poder se mover. Deus, isso não podia ser verdade. Ele tinha que estar bem.

Minha mãe estacionou em frente a casa dele e saltei do carro correndo. Apertei a campainha umas cinco vezes e comecei a bater na porta.

Escutei passos e resmungos antes da porta si abrir. Prendi a respiração temendo encontrar Matt numa cadeira de roda, mas foi Vicky que apareceu.

— Ah só podia ser você. Não sabe esperar não?

— Onde ele está?

— Saiu – disse ela displicentemente dando ombros

— Saiu, como assim saiu? Ele sofreu um acidente.

— Ah jura? Sabe que eu nem percebi – ironizou rolando os olhos – Ele já teve alta. Pensei que soubesse, avisei a Caroline.

— Caroline? Por que avisou pra ela e não pra mim. Eu sou a namorada dele.

— Não é mais de acordo com meu irmão. Então liguei para Caroline que com certeza avisou a Bonnie. As duas ficaram no hospital com ele até ele receber alta.

— A Bonnie sabia também?

— Claro que sabia. Ela é melhor amiga dele. Estranho é você não saber. Acho que esqueceram de você Eleninha.

Rosnei de raiva sem paciência para Vicky e seu ódio gratuito por mim e sentia a boca amarga e estômago doendo pela traição dupla.

— Aonde ele está?

— Não sei – ela olhou no bolso da calça – No meu bolso e que não está.

— Porquê você está sendo uma vadia?

— Elena! – repreendeu minha mãe

— Tsk, deixa senhora Gilbert. A Elena sempre achou isso mesmo e agora pode ser sincera. Não namora mais meu irmão, não precisa mais ser simpática.

— O que foi que eu te fiz hein? Você nunca gostou de mim.

— Isso é verdade.

— Porquê? Eu nunca te destratei mesmo com você me provocando, desdenhando de mim...

— É verdade, a mim você nunca fez. Mas ao meu irmão sim. Você usou ele todo esse tempo e na primeira oportunidade jogou ele pra escanteio.

— Eu não fiz nada disso! Foi ele que terminou com tudo.

— Eu sei, é nunca tive mais orgulho dele. Ele fez a escolha certa tirando você da vida dele.

— Elena, é melhor a gente ir agora

— Mas ela....

— Ela está certa, escuta sua mãe Leninha. Você não tem mais nada pra falar com Matt. Desapareça!
Ela acenou e fechou a porta na minha cara.

— Filha, vamos embora.

— Não, eu não vou pra casa. Quero ir ao Grill, ele deve estar lá

— Elena...

— Mãe, por favor, faz o que estou te pedindo me leva até lá, si não eu vou sozinha.

— Tudo bem, eu levo – concordou suspirando – Mas eu realmente acho que você deveria dar um tempo pra ele.

Ignorei o conselho e entrei no carro colocando o cinto e esperando impaciente que minha mãe desse partida de uma vez. Eu precisava ver Matt agora saber se ele estava bem e perguntar como ele podia me deletar da sua vida tão facilmente.

 

MATT

 

Trey reclamou de novo sobre a torneira do barril de shop estar entupida. Ele insistia para que eu ficasse em repouso no caixa, mas não parava de pedir ajuda pra isso e aquilo. Minha costela direta ainda doía, mas não podia reclamar ao menos eu podia sentir minhas pernas.

Enxuguei outro copo e coloquei junto a pilha de copos. Tyler se sentou no balcão e olhou para os lados antes de se dirigir a mim.

— Me dá uma cerveja.

— Não acha que está muito cedo pra beber?

— Depende do lugar, no Japão já é bem tarde.
Suspirei em desistência e peguei uma caneca e a enchi com cerveja. Tyler bebeu tudo de uma só vez.

— Nossa – murmurei chocado

— Nossa porquê?

— Nada não.

— Ah não me olhe assim Donavan, eu precisava de uma hoje.

— Porquê o que aconteceu?

— O que aconteceu – ele riu fitando o copo – O concerto do meu carro foi que aconteceu. Minha mãe cortou tudo, cartão mesada – reclamou – Tudo por causa daquela...

— Ei, olha lá como fala da Bonnie.

Tyler revirou os olhos e resmungou coisas incompreensíveis. E tive que conter o desejo de fazer o mesmo. O maior dos problemas de Tyler era um corte de mesada e bronca da mamãe. Bem que eu queria ter uma mesada para concertar o para-choque do meu carro.

— Mas é tudo culpa dela mesmo, aquela lunática deveria si tratar. Agora resolveu ter visões – zombou rolando os olhos – Si ela fosse mesmo tão boa assim, teria previsto a batida.

— Tyler me faz um grande favor. Supera isso, já passou cara.

— Passou porque não foi você que...

— Recebeu uma punição da mamãe, não cortaram a minha mesada – completei irritado – É eu não entendo mesmo. Primeiro eu teria que ter pais tempo suficiente em casa para que se importassem e você tem cara. Do que realmente está reclamado afinal?

Tyler abriu a boca para responder, mas se calou. Ele nunca foi muito bom com as palavras por isso fitou o copo vazio e arrastou com o dedo pedido outra dose.

— Tem visto a Forbes por ai?

— Na verdade tenho, porquê?

— Hum – ele bebeu outro gole e deu ombros - Nada, só curiosidade.

— Curiosidade ou preocupação?

— E por que eu me preocuparia? – se esquivou olhando para salão. Franzi a testa para ele e a súbita preocupação com Caroline e senti um ligeiro enjoo com a imagem de Tyler com Caroline.

— Porque si importa com ela – constatei – Ficou preocupado com a visão da Bonnie.

— Mas é claro que não. Aquela garota nem teve isso. Provavelmente cheirou muito incenso na casa da avó dela e teve alucinações.

— Mesmo assim, você se preocupou.

— É daí cara? - inquiriu na defensiva – Forbes é legal. Quase morreu esse ano, só não desejo que ela tenha outro acidente.

Ele explicou sério parecendo genuinamente sincero e pensativo. E foi então que lembrei daquele dia no Grill. Do choro compulsivo de Caroline e emoção crua em seus olhos quando me viu. Parecia que não me via há séculos, o que não era tão distante da verdade. Nós pertencíamos ao mesmo círculo de amigos a vida toda, mas nunca fomos próximos. Caroline era oposto de tudo que gostava em alguém. Mimada, egoísta e controladora.

Minha visão sobre ela só se alterou depois do acidente de Vicky. Porque ela conseguiu ultrapassar a barreira que Vicky insistia em levantar contra todos com tanta facilidade e compreensão que algo na maneira como a enxergava mudou. Talvez fosse isso que me fez ir até a casa dela e desabafar mesmo que ela fosse uma das melhores amigas de Elena, eu sabia que ela seria sincera. Não sabia até então que ela tivesse aquele lado. Acho que foi por isso que não me despedacei por Elena, porque Caroline me mostrou que poderia querer mais, que merecia mais. Diferente de todo o resto que sempre me felicitavam por alguém como Elena olhar para mim. Ela foi a única a ter coragem de dizer que Elena não me amava e acho que isso foi o que mudou tudo.

— Ei cara – Tyler estalou dedo em frente aos me meus olhos

— O que disse?

— Disse que sua namorada acabou de chegar – anunciou apontando com dedo indicador.

Ergui pescoço e me deparei com Elena e Miranda. Abaixei de imediato para não ser visto.

— É serio isso, tá se escondendo dela?

— Não, Tyler. É que eu gosto de agachar atrás do balcão para pensar porque diabos eu sou amigo.

— Nossa – ele riu – Não quer mesmo falar com ela né?! Okay, se abaixa mais então, sua juba loira ainda tá aparecendo.

Me encolhi mais e escutei voz dela. Estremeci de imediato por escutar sua voz. Uma onda de saudade me atravessou e foi difícil não me erguer um pouco apenas para olhar para ela. Fechei os punhos e olhei para piso de linóleo marrom sujo. Me concentrei nele e no cadarço desamarrado de Trey, qualquer coisa para me impedir de cair na tentação de olhar para ela. Não sabia se era forte o suficiente para olhar aqueles olhos amendoados e não fraquejar.

— Oi Trey. Cadê Matt?

— O Matt – ele franziu a testa olhando para os lados - Ele estava aqui....

Trey olhou pra mim e implorei que ele mentisse, mas ele fez uma careta e balbuciou algo incompreensível para Elena. A minha sorte foi Tyler perder a paciência e responder por Trey

— Então, onde ele está? – inquiriu ela tamborilando as unhas no balcão impaciente. Mesmo sem olhar para ela podia vê-la batendo o coturno preto no chão – Ele está, ou não?

— Ele estava – Tyler explicou – Mas saiu uns quinze minutos antes de você chegar.

Elena bufou alto.

— Vamos voltar pra casa agora. Mas tarde você liga pra ele - sugeriu minha sogra, ou melhor ex-sogra.

— Como se ele fosse me atender – resmungou Elena e me encolhi me sentindo horrível por ignora-la – Mas alguém sabe pra onde ele foi?

— Ele tinha um compromisso muito importante – disse Tyler frisando o “muito” – Ia encontrar alguém

— Quem? Caroline, aposto!

— Nah, outra loira.

— Outra o quê?

— Lena, vamos agora. Eu ainda tenho que buscar o Jeremy na casa do Aidan.

— Okay mãe, vamos - concordou com impaciência -  Trey quando ele chegar....

— Eu te aviso, pode deixar.

— Valeu.

Fiquei agachado por mais uns minutos até ter certeza que ela tinha ido embora.

— Tá limpo cara.  A rádio patrulha já foi – zombou Tyler. Levantei sentindo os ossos da perna estralarem no processo. Tyler riu balançando a cabeça – Ela estava brava.

— É eu percebi. E você não ajudou nada dizendo que eu ia encontrar uma loira.

— Ah cara, eu te fiz um favor. Precisava ver a cara dela quando disse isso. Saiu fumaça das orelhas...

— Dispenso isso, obrigado. Não quero que Elena sinta ciúme de mim ou ache que a traía .

— E porquê não? Seria uma ótima vingança.

— Eu não quero me vingar dela. Não tenho porquê.

— Como não? Ela deu em cima do Salvatore na sua frente, já te traia em pensamento faz tempo...

— Você realmente é ruim de tato né – Trey comentou balçando a cabeça incrédulo.

— Só estou falando a verdade cara.

— Que seja – dei ombro – Não é culpa dela ter se apaixonado por outro. Ela nunca gostou realmente de mim, fui eu que temei e insisti. 

— Ah mas isso eu sempre soube. Mas vem cá. Porque do nada você teve esse surto de clareza hein?

— Caroline.

— Forbes – Tyler franziu a testa — Tá afim dela agora?

— Não, claro que não!

— Humm, bom.

— Bom por quê ? – inquiri irritado

— Porque ela é melhor amiga da sua ex.

— Não é nada disso. Eu não vejo ela desse jeito.

— Então o que é?

— Ela me abriu os olhos, okay. A gente conversou um dia e ela me fez admiti que eu e Elena não era pra ser.

— Ela está certa – concordou ele – Você é bacana demais pra ela. 

Sorri da tentativa de Tyler de me colocar para cima, ele era tão ruim nisso quanto a Vicky. 

— Mas enquanto aquela lourinha gata do outro dia.

— O que tem ela?

— Senti uma faísca ali...

— Tsk, para! Não tem nada lá. Eu tô fora de garotas por um bom tempo.

— Okay, cê que sabe. Só espero que não resolva partir para garotos.

Taquei o pano de prato no rosto dele que riu. Mas Tyler ativou a imagem dela de novo. Algo que custei pra afastar da cabeça. Lexi Branson dançando com sua jaqueta de couro com cabelos esvoaçando era algo difícil de esquecer.

 

 

CAROLINE

 

 

Acordei com uma luz chata na cara. Cobri o rosto com travesseiro e chutei a perna de Bonnie que resmungou. 

— Fecha a cortina - pedi

— Fecha você!

— Argh! Alguém desliga o sol, eu quero dormir – reclamei e escutei Bonnie rir. Ela ergueu a cabeça e tateou as mão pela cama até achar o celular embaixo do travesseiro.

— Já é quase meio dia – anunciou ela

— Tudo isso? – gemi – Parece que pisquei por cinco segundos e o dia amanheceu.

— Desculpa por isso.

— Não foi sua culpa

— Ah tá!  Porque não é nem um pouco incomodo alguém acordar gritando no meio da noite toda hora.

— Relaxa, eu já estou acostumada.

— Com quem? Stefan acorda gritando também?

— Besta! – revirei os olhos rindo e bati no seu braço – Eu estava me referindo a mim mesma.

— Também tem pesadelos? – inquiriu ela apoiando o cotovelo no travesseiro e encostando o rosto na palma da mão me olhando com curiosidade

— É... Eu tenho tido alguns – confessei. Lembrando do corpo dela morto na floresta e Stefan me perseguindo de novo e de novo com meu coração nas mãos, literalmente.

— Desde quando tem tido eles?

— Começou depois do acidente. Acho que é estresse pós traumático. Sempre sonho que estou me afogando.

— Ai Care, porque não disse nada? Quer que vá com você à uma psicóloga?

— Não, tá tudo bem. Eu só iria enlouquecer a coitada. Meu tio Keith já teve isso quando voltou da guerra e com tempo passou.

— Tudo bem, então. Mas se precisar desabafar.

— Eu sei. É  você sabe que pode fazer o mesmo. Aliás o que você sonhou hoje? 

— Com um corvo negro de olhos azuis. Ele estava em cima de tronco de uma árvore me olhando. Depois voou e tentou me bicar. E bobo, eu sei. Pareço uma criança de cinco anos.

— Sabe, as vezes nem todo sonho tem um significado – menti. Não sabendo se era certo dizer que havia sim um abutre nos rondando agora. Seria informação demais.

— É verdade. Acho que só fiquei impressionada com... Todo o lance de velas e...

— Bruxaria. 

— É.

Concordou ela olhando para mim, mas parecendo em transe.

— Ei meninas, o café está pronto – anunciou Sheila gritando do andar de baixo – Se demorarem mais, vai ser a hora do almoço.

— Tá bom vó, já estamos descendo – gritou Bonnie se levantando e jogando o edredom na minha cara

— Ei!

— Desculpa – ela cantarolou indo para banheiro. Levantei devagar espreguiçando os braços e bocejando. Fui até banheiro e dividir a minúscula pia com Bonnie que bateu seu ombro no meu pedindo espaço.

— Dá espaço ai!

— Ai, não seja egoísta – reclamei cuspindo pasta e fazendo uma concha com as mãos para pegar água e bochechar a boca.

Bonnie saiu do banheiro e gemeu de satisfação.

— Humm, acho que a vó fez torta.

— Vamos descer logo então. Tô morrendo de fome.

Bonnie me emprestou um vestido amarelo e assim que vesti, descemos a escada quase correndo indo pra cozinha.

— Bom dia meninas, dormiram bem?

— Ahãm – dissemos em uníssono olhando uma para a outra. Bonnie estalou um beijo no rosto da vó e beliscou um pedaço de torta

— Bonnie, use o talher!

— Desculpa vó, não resisti – disse ela fazendo beicinho. Sheila revirou os olhos para neta e sorriu para mim

— Pegue um prato pra Caroline e a calda de amora – pediu e se voltou pra mim estendendo a mão e tocando a minha mão.

Ela arregalou os olhos como fez da última vez que soube que eu era uma viajante do tempo.

— Ei vó, algum problema? – Bonnie inquiriu preocupada

— Nada, só me distrai um pouco. Coisas da.. Idade.

— Hum – murmurou Bonnie desconfiada – Aqui, seu pedaço.

— Oba, deve estar uma delícia - desconversei focando minha atenção no pedaço generoso de torta no prato de porcelana. Sheila me olhou por cima da xícara fumegante de chá. Mas era um olhar julgador que me fez encolher de vergonha. Será que ela sabia sobre o que aconteceu entre mim e Stefan? Enrubesci com a ideia de alguma imagem ter passado para ela.

Tomamos o café da manhã num estranho silêncio. Bonnie perdida em seus pensamentos, provavelmente tentando assimilar sua nova realidade. Enquanto Sheila continuava a me observar feito gato preto, vasculhando minha alma.

Bonnie despertou do transe com celular tocando, ela fez uma careta antes de atender. 

— Alô... Oi Lena. O quê? Não, não foi nada disso. Eu ia te contar, mas foi tudo tão louco.... Okay, mas.... Olha espera um segundo. – ela tapou o celular e suspirou – Eu vou ter que...

— Vai lá, não se preocupa. Eu só vou ajudar sua avó a lavar a louça e vou para casa.

— Okay, me liga quando chegar em casa tá – ela se inclinou e beijou meu rosto e saiu da cozinha. Provavelmente Elena estava fula da vida e me culpando por tudo. Ótimo, palmas para mim,  por me meter a onde não devia.

Levantei feito um foguete recolhendo os pratos e os colocando na pia. 

— Pode deixar ai – avisou Sheila – Depois eu lavo. 

— Não tem problema, eu lavo.

— Não. Isso não é importante agora. Nós duas temos que conversar.

— Temos?

— Sim, temos.

Resignada sequei a mão no pano de prato e segui Sheila ate a biblioteca. Ela sentou na cadeira e acenou para que eu fizesse o mesmo.

— Eu posso explicar....

— Não precisa. Eu sei que isso aconteceria. Embora acho que devesse manter distância dele.

— Eu... Sei. E acredite eu bem que tentei...

— Mas não consegue se afastar dele. É, eu sei. As trevas tem esse poder sobre as pessoas, elas seduzem você sem que você perceba.

Abaixei a cabeça fitando minhas mãos torcendo em cima do colo.

— Mas não é sobre Stefan que quero falar, e sim sobre a Bonnie.

— Bonnie?

— Sim. Eu vi o grimório embaixo da cama.

— Ah... Viu?

— É, eu vi. E queria te pedir uma coisa.

— Claro, qualquer coisa.

— Não se meta nisso!

— Eu... não....

— Olha Caroline, eu sei que você tem a melhor das intenções e só quer ajudar. Mas incentivar Bonnie a acreditar que é um bruxa, não é o caminho.

— Mas ela é uma bruxa. Assim como você e mãe dela são. 

— Sim, mas ela ainda não está pronta.

— Exatamente, não está porque você não a preparou. Ela precisa saber e começar a controlar os poderes dela que estão despertando antes que fuja do controle. 

— Sim, estão. É muito antes do tempo. E você pode imaginar o porquê disso, não é?

— O que está querendo dizer com isso, que é minha culpa?

— Indiretamente é. Você atraiu eles. 

— Eu não fiz nada! Quem atraiu todos eles foi sangue precioso da Elena.

— Sim, mas você adiantou tudo. E agora os poderes dela estão crescendo. E o que acontece quando se junta vampiros e bruxas. O sobrenatural reage ao outro e vampiros e bruxas não podem coexistir em paz.

— Isso não é bem verdade.

— Ah não? Então me conte tudo o que aconteceu de bom com a Bonnie depois de se envolver com eles?

Me calei sem saber como rebater aquilo. 

— Os vampiros se acham acima de qualquer lei e vem subjugando as bruxas para fazerem o que bem entendem. Foi assim comigo e com a minha filha e será assim com Bonnie também. E eu não vou permitir que isso aconteça, enquanto eu estiver viva a Bonnie fica bem longe de tudo isso – decretou ela se levantando

— Mas é quando você não estiver aqui. Já parou pra pensar em como seria pior se algo de ruim te acontecesse e ela não tivesse ninguém par guia-la? Não acha que essa escolha deva ser dela?

— Não, não deve. Ela só tem dezesseis anos. E não faz ideia do que e pertencer a um clã  Bennett. A cidade em breve vai ligar os pontos, Caroline. Vai começar a caça aos vampiros e adivinhe o que acontece quando eles se livrarem deles. As bruxas serão as próximas e no momento só há  duas bruxas na cidade e não teríamos menor chance. Então, por favor, não envolva Bonnie nisso.

Sheila saiu logo depois deixando a porta aberta  num claro convite para que eu me retirasse dali. Peguei minha bolsa e fui par casa. Durante todo trajeto, refletir sobre a conversa com Sheila. Ela tinha razão no fim das contas. A vinda dos vampiros para cidade só trouxe morte e desgraça. Primeiro vampiros, depois híbridos, lobos, hereges e demônios. Tudo era como uma casa de cartas, um simples sopro derrubaria todas as outras por consequência.

Um simples bater de asas de uma borboleta podia provocar um terremoto em algum canto do mundo. E os irmãos Salvatore eram a maldita borboleta que daria início a tudo.

Entrei em casa em silêncio, feliz por não me deparar com meus pais confraternizando como velhos amigos. Estava quase dentro do meu quarto, quando a voz exausta da minha mãe me chamou atenção. Nas pontas dos pés me esgueirei até a parede e coloquei o ouvido colado lá.

“Não, isso está fora de questão Bill. Eu já disse que não”

“Isso não é uma escolha só sua.”

“Ela tem dezesseis anos Bill, ainda é uma criança”

“Tracy também era” gritou “E olha só como acabou. Carter também quis mantê-la fora e olhe onde isso os levou. Caroline pode ser a próxima”

“Não diga isso”

“É preciso Lizzie. Eu não queria que fosse assim. Acha que não desejo uma vida comum e feliz para nossa filha? Mas infelizmente ela, como todos os outros colegas dela estão sob perigo. Ela precisa se preparar”

“Eu... Não quero que ela acabe como Keith”

“Eu sei. E ela não vai. Ela mais esperta do que ele, puxou a você”

Me afastei da parede em choque. Meu tio Keith.... Ele tinha sido morto por um vampiro? Meu pai voltou para me iniciar nós fundadores? Minha cabeça parecia que ia explodir com tanta informação. O zubindo na minha bolsa me fez correr até ela para atender o celular antes que ele me denunciasse. 

— Alô – respondi abafando a boca. 

Ei, Caroline

— Stefan?

Sim, sou eu.

— Aconteceu alguma coisa?

Hum, sim. Aconteceu. E você disse que poderia te ligar.

— Ah... Eu disse mesmo.

Não é bom momento? – ele inquiriu transparecendo todo o nervosismo na voz.

Fechei os olhos e mordi os lábios. Sabia que deveria desligar, inventar uma desculpa e me afastar dele. Mas como fazer isso depois de tudo. Como eu conseguiria apagar aquela noite, entrar numa seita e exterminar todos os vampiros como se todos eles fossem monstros. Como eu poderia deixa-los mata-lo? 

Caroline, você ainda está ai?

— Sim, eu estou.

Eu posso ligar uma outra hora...

— Não. Na verdade eu queria saber se você vai estar ocupado hoje?

Não.

— Ótimo, será que tem como me encontrar no Grill às sete?

Sim, claro.

— Ótimo, nos vemos lá.... Ah antes que me esqueça... Traga a Lexi também.

A Lexi?

— É.... Eu gostei dela.

Você não quer ficar sozinha comigo, não é?— inquiriu ele rindo

— Não! Claro que... Quero. Mas eu quero conhecer sua melhor amiga também. Por que, tem algum problema, ela não gostou de mim...

Ela amou você, Caroline. Não tem problema algum, ela vai adorar.

— Okay

Okay— ele riu - Então até logo, Caroline.

— Até, Stefan.

Desliguei e pressionei o aparelho no peito, me sentindo absurdamente ansiosa para fugir de casa e encontrar ele e Lexi ir junto evitaria que cometesse outro deslize. Pensando bem, ela não seria suficiente, será que Bonnie toparia ir junto?


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Notas finais do capítulo

Sim gente, bati o pé na porta já tô tirando a máscara de Elena, unindo Delena e trazendo a Seita dos fundadores. E aí, ansiosos para o date SC? E gostaram da Vicky mandando a real pra Leninha? Me contem e faça uma tia feliz (^_-)
XOXO