Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 23
Chapter - XXIII The bridge girl


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente. Voltei cedo dessa vez porque tenho um capítulo bônus. Todo trabalhado em SC. Estava cá ouvindo de Børns em repet infiniti e pá bateu a inspiração. Dedico a Carolzita que deu monte de ideias maravilhosas. Aos novos leitores, sejam bem vindos e ao antigos... Amo ó cês demais da conta!
Boa leitura!



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 “Então empurre seus dedos dentro. Venha, toque meu coração assustado. Traga a sua quieta boca mais perto. Desmorone. Eu quero colidir através. Colidir através desse momento até que ele se vá. Só quero ter você. Isso é tudo, é tudo, é tudo. Por favor, não pare. Seja minha em um tapete feito de estrelas. Eu fecho meus olhos e mergulho. Por favor, não pare, porque eu também estou com medo” Please don’t Stop - Carina Round

 

Caroline

 

Pensei em inúmeras coisas para dizer quando ele abrisse a porta.  Começaria com  um simples e cordial “Olá” mas fiquei na dúvida se um simples “Ei” não bastaria. Afinal nós éramos amigos agora, ou pelo menos estávamos tentando ser. Bufei frustrada enquanto olhava para mansão dele. O lugar mais assombrado de toda a cidade, pelo menos para mim.

Cada canto dela me fazia lembrar de algo. Elena perambulando pela casa com os dois irmãos ao lado ainda surgia com frequência e preferia que fossem essas lembranças em vez das outras.

Aquelas que o envolviam eram sempre agridoce, porque mesmo doendo lembrar, sentia saudade. Sabia que aquelas recordações eram só minhas, ninguém no planeta sabia. Ninguém no mundo poderia saber o que era ter uma história com alguém e do nada acionam o botão de reset e aquela pessoa que costumava ser o seu mundo não lembra quem você é.

Não sabe que há pouco tempo, você era única pessoa a fazê-lo rir e dançar.

Eu me tornei uma página em branco com uma sinopse curta e alguns tópicos cheios de interrogações e nada mais. Um mistério apenas, algo que parecia atrai-lo feito mosca no mel. Era excitante descobrir todos os mistérios que me rondeavam, conhecer cada segredo ao ponto de conhecer mais o outro do que a si mesmo.

Stefan se atraiu por essa versão minha e era apenas isso que o impedia de correr para os braços de Elena. Um rosto conhecido cheio de recordações e a esperança de começar de novo.

Apertei o volante e cheguei a girar a chave ponderando o motivo de ter corrido para cá e se ele valia mesmo a pena. Depois de cinco minutos a resposta era sempre a mesma.

Ele era segurança, ele era a pessoa que sempre foi capaz de acalmar todas as neuras e confortar todas as tristezas quando precisei.

Desci do carro e caminhei com passos apressados, com coração disparando em antecipação por encontra-lo, tive que reprimir o desejo de voltar para trás e conferir si meu cabelo não estava bagunçado, ou abrir alguns botões da blusa. Então me lembrava que éramos amigos. E constatava que isso era mesmo uma merda.

Porque meu cérebro ficava repetindo o plano: Seja amiga! Enquanto o coração e o resto do meu corpo gritasse o contrário, implorava que eu pulasse em seu colo e o beijasse com tudo que tinha.

Era uma batalha perdida, eu sabia. Mas era uma guerra que precisava vencer, então respirava fundo e repetia a mentira.

Com o tempo eu deixaria de ama-lo, com tempo doeria menos ver os olhos dele gravitando para outra, com tempo seriamos o que nunca deveríamos ter deixado de ser, amigos.

Quando dei por mim, já tinha batido na porta e meu cérebro entrou em pane técnica. Mas tudo só piorou quando a porta de abriu e me deparei com uma loira alta, vestindo short jeans, camiseta regata com uma grande carinha sorridente e meias coloridas que subiam até o tornozelo.

Lexi Branson estava ali, viva e sorridente exatamente como sua versão fantasma e na verdade eu só conseguia enxerga-la como um.

Um fantasma que franziu a testa antes de percorrer seus olhos sobre mim e sorrir em seguida. Inventei uma desculpa qualquer e tentei sair pela tangente. Ela ter atendido foi um sinal divino que claramente me mandava correr para lado oposto sem olhar para trás e era o que estava prestes a fazer quando ela chamou meu nome.

Ela sabia o meu nome?! É se sabia era porque ele tinha contado sobre mim. Por fora um sorriso sem jeito e por dentro fogos de artifícios com direito a Katy Perry cantando dentro de mim.

Lexi me puxou para dentro sem cerimônia. Coisa que me fez sorrir um pouco. Ela parecia tanto com meu antigo eu que era impossível não entender porque Stefan comparava nós duas.

Mas meu sorriso logo caiu quando ela me disse para subir. Toda a coragem já tinha se esvaído de mim e toda minha energia parecia ter sido sugada. Era tanta coisa ao mesmo tempo que não podia pensar com clareza. Tentei ir embora, mas assim como eu, Lexi Branson não parecia entender o significado da palavra não. Subi as escadas devagar, deslizando a mão pelo corrimão e prendendo a respiração enquanto andava naqueles corredores, indo para o quarto que um dia foi meu.

 


(...) 

Indigo Blue, Jeans lavado, apatita e opalina. Eram palhetas e mais palhetas, não conseguia escolher qual tom de azul era mais bonito. Daí aparecia o verde e tentava achar algo que se assemelhasse aos olhos dele. Tentei combinar cores com olhos fechados, lembrando da cor deles pela manhã que sempre eram um tom mais escuro do que o normal. As pupilas se dilatavam e o verde se tornava semelhante a uma floresta.

Riu de si mesma enquanto esfregava a testa e colocava o celular em cima da cômoda feita por ele. Olhou envolta e imaginou cada móvel escolhido por eles preenchendo o espaço, imaginando-o sentado em sua cama ou em frente a escrivaninha escrevendo em seu diário esperando por ela. Somente pensar nisso já preenchia seu ser de tanta felicidade que era impossível não sorrir bobamente questionando como poderia ter sido tão sortuda.

Quem poderia imaginar que aquele cara passando pelo corredor vestido sua jaqueta de couro e que fez seu coração disparar poderia um dia ser seu tudo. Não que antes disso ele já não fosse todo seu mundo. Mas nunca nem em seus sonhos mais secretos poderia adivinhar que eles se apaixonariam e ele seria seu futuro marido.

Meus olhos deslizaram para o anel em meu dedo e as lágrimas inundaram meus olhos.

— Ei Baby, porque esta chorando? – inquiriu ele enquanto me abraçava pelas costas e beijava meus pescoço provocando arrepios por todo meu corpo.

— Eu não estou chorando – neguei fungando.

— Mentirosa – cantarolou apoiando o queixo em meu ombro.

— É sério. Eu só me emocionei um pouco com…

— Tantas opções de cores – brincou – Eu sei, eu sei. Mas não precisa se preocupar com isso. Si não si decidir podemos pintas cada parede de uma cor, quitão?

Rolei os olhos rindo e me virei abraçando sua cintura e apoiando meu queixo em seu peito. 

— Bobo – murmurei com voz ainda trêmula. E ele franziu a testa e agarrou meu rosto.

— Ei o que aconteceu? Por acaso... Você si arrependeu

— Alguém por acaso ja lhe disse que você fica vermelho quando esta nervoso? A ponta do nariz fica também é fofo! – brinquei dando uma mordidinha que o fez rir e então mordi a bochecha, lábio e pescoço o fazendo soltar um gemido gutural que me fez estremecer. 

Ele agarrou meu cabelo massageando a nuca com as pontas do dedo antes de atacar minha boca até me fazer perder raciocínio.

— Eu nunca – biquei seus labios repetidas vezes – Me arrependeria de dizer sim a você. Foi a melhor decisão que ja tomei.

Ele beijou meus lábios demoradamente até se afastar e unir nossas testas.

— Então por que estava chorando?

— Eu falo, si prometer não rir de mim?

— Eu juro!

— E que eu estava olhando as opções de cores e de repente a realidade bateu, sabe?! Eu percebi que estou me mudando pra sua casa…

— Nossa casa – corrigiu ele esfregando os dedos pelo meu rosto e pescoço.

— Viu? É isso… nossa casa.Tudo parece tão perfeito…

— Que parece um sonho – ele completou e fechou os olhos roçando o nariz no meu. Concordei com a cabeça e ele soltou um suspiro antes de abrir os olhos e sorrir.

— Eu tenho pensando nisso todos os dias  quando acordo e te encontro ao meu lado. Tenho medo ate de me beliscar e perceber que estive sonhando o tempo todo. Porque isso e novidade pra mim… Ser feliz. Simplesmente feliz. Mas então eu percebi que não tem que ser um sonho, que posso ter isso pelo resto da minha vida. Eu não tenho que esperar dez ou vinte anos quando posso viver hoje e ser feliz todos os dias com você do meu lado.

— Stefan! – resmunguei meio rindo e chorando ao mesmo tempo dei tapinha no seu ombro e ele riu entrelaçando nossas mãos e trazendo-a para seus labios e depositando um beijo nas costas da minha mão.

— Não é um sonho Caroline. Dentro de poucos meses você será minha para todo o sempre.

(…)

 

Pisquei e despertei daquela doce lembrança quando escutei o som de uma música. Always ressoava do andar de baixo com voz de Lexi acompanhando entusiasmada. As lágrimas rolaram pelo meu rosto e enquanto um sorriso se formava ao escutar outra voz unindo-se a deles.

Stefan estava cantando.

Solucei não conseguindo me conter.  Porque a lembrança dele era tão viva em mim que mesmo sem fechar os olhos a cena se reproduzia na minha cabeça. Respirei fundo e olhei pra cima, mas nao adiantou em nada. Mordi a bochecha e tentei outra vez.

Três segundos prendendo a respiração e soltando devagar, depois de nove segundos estava conseguindo me controlar. Mas deveria estar destruida, não queria vê-lo assim, não depois de lembrar daquilo. Estava de costas para quarto dele quando escutei ele cantarolar

Now your pictures that you left behind. Are just memories of a different life. Some that made us laugh. Some that made us cry…

Fiquei paralisada olhando para ele de olhos fechados secando o cabelo com toalha e com outra amarrada na cintura. Engoli seco e tentei desviar os olhos, mas não conseguia. Ainda havia gotas deslizando pelo seu peito e mordi o lábio para conter um xingamento. Por que ele tinha que estar semi nu agora? Era algum teste isso, porque si fosse eu estava falhando gloriosamente.

De repente ele abriu os olhos e boca se congelou em ó. Os olhos verdes se arregalaram e as pálpebras fecharam umas quatro vezes. Talvez ele estivesse pensando si eu estava realmente ali ou era parte de sua imaginação. Ele abriu e fechou a boca e desviou os olhos para chão embaraçado.

“Alguém por acaso ja lhe disse que você fica vermelho quando esta nervoso?”

A lembrança flutuou de novo e não pude evitar de sorrir.

— Bela voz – brinquei

— O quanto você ouviu? – inquiriu ele mordendo o lábio e semicerrando os olhos.

— Não muito, mais o pouco que ouvi… ual! Bon Jovi deveria se envergonhar, ele canta bem mal si comparado a você…

— Cala a boca! – ele riu cruzando os braços e se aproximando e fazendo meu sorriso se desmanchar.

Sentindo aquele puxão no estômago, aquela corrente elétrica que fazia meus pelos se ouriçarem. Dez centímetros distância e ele ja causava esse efeito em mim. Fiz o meu melhor para manter meus olhos nos dele e não cometer o deslize descer para baixo.

— Eu acho que me empolguei um pouco – admitiu dando ombros ainda olhando para o chão - Não pude evitar é…

— O que Aways faz com você – completei me lembrando dele dizendo isso no chuveiro.

— Sim… É exatamente isso – ele concordou com sorriso lento que se desfez quando seus olhos viajaram para além dos meus olhos. 

— Eu… deveria…

— Colocar roupas?

Completei comendo-o com os olhos. Droga!  Ele notou e pelo sorrisinho adorou ter me pego no flagra, bastardo!

— Oh… sim. Eu estou de toalha! Sabe que eu até e me esqueci disso?

— Ahãm – respondi meio gemendo.

Merda, merda, merda! Se concentra garota, ordenei mentalmente tentando me recompor e reassumir o controle do meu corpo. Mas ele continuou sorrindo presunçosamente e não pude evitar de revirar os olhos e por impulso dei lhe tapinha no peito. Foi um erro, porque ele agarrou meu pulso com delicadeza e agora estávamos com apenas cinco centímetros.

— Você deveria mesmo ir vestir alguma roupa – sugeri em voz baixa.

— É… eu acho que deveria.

Mas não foi. Continuou ali parado feito uma estatua de Apolo me fazendo salivar de todas as formas possíveis.

— Então…

— Então o que? - indagou ele arqueando as sobrancelhas e parecendo genuinamente confuso. Balancei a cabeça com olhos fechados rindo da situação.

— Você disse que ia se vestir.

—  Eu disse? – ele riu abaixando a cabeça

— Ótimo, então! Eu ja vou indo agora…

— O que? Não! – ele agarrou meu braço – Você acabou de chegar.

— Sim, mas eu só vim mesmo e… dar um olá… Então, oi… e tchau!

Me desprendi dele e me virei quase correndo e tropeçando nas minhas pernas que agora pareciam feitas de borracha derretida. Stefan correu e se colocou na minha frente bloqueado a passagem.

— Não, não, nada disso! Você veio por algum motivo e duvido que seja só pra dizer oi.

Ele parou de falar de repente e ficou me olhado. Era aquele olhar, aquele que parecia ter o super poder de raio-x. Ele me olhou tão profundamente que não consegui me mover, parecia petrificada. Sabia o que ele estava fazendo, conhecia aquele olhar.

Ele estava vasculhando minha alma, tentando detectar as mentiras e aquilo me fazia sentir tão exposta. Ele estendeu a mão e acariciou meu rosto, não pude evitar de fechar os olhos com seu toque. Mão firme com toque tao suave que parecia acionar todas as terminações nervosa do meu corpo de um só vez.  O calor parecia irradiar pelo meu corpo com si tivessem jogado gasolina em mim e mão dele fosse o fogo.

— Você andou chorando?

— O que? – inquiri atordoada abrindo os olhos com dificuldade. Ele colocou a outra mão no meu rosto. Coisa que não ajudava meu cérebro a funcionar mais rápido.

— Você estava chorando? – ele repetiu pacientemente quase sussurrando – Caroline, olha pra mim!

Ele pediu e obedeci de imediato, mergulhei naquele olhos. Minha floresta verde, o bosque que queria me perder para sempre. Estavam escurecidos, mas não apenas de desejo. Havia outra emoções flutuando lá dentro e reconheci uma delas, preocupação.

— O que aconteceu?

Desviei os olhos envergonhada. Me sentindo exposta e fraca por permitir que ele entrasse sobe minha pele com tanta facilidade. Mas como poderia ser diferente? Como se trancar de alguém que tem todas as chaves, todos os mapas de sua alma. Alguém que te conhece mais do que você conhece a si mesmo.

— Não foi nada. É besteira, eu juro! – menti me afastando e ele agarrou meu braço e pediu com voz cheia de emoção. Pedindo coisas que queria muito poder negar.

— Ei, por favor, não faz isso.

— Isso o que?

— Não se fecha. Confia em mim, por favor. Me deixa de ajudar.

Mordi o lábio tentado conter o desejo de despejar tudo. Ele deslizou a mão do meu braço e chegou até a palma da mão e entrelaçou nossos mãos.  Olhei para elas unidas e de repente parecia ver o anel brilhando no meu dedo.

A promessa de uma eternidade juntos. Ou o outro anel, lápis lazuli no dedo anelar na mão esquerda.

Ela é toda sua”.

A voz de Bonnie ressoou distante, mas ainda sim clara. Me lembrando de outras promessas, proteger e estar lá. Engoli o nó na garganta e respirei fundo. Eu poderia contar parte das coisas. Poderia fingir que aquela maldição nunca aconteceu e fingir que ele era meu melhor amigo, ainda meu porto-seguro. Eu precisava falar, porque sentia que iria explodir a qualquer momento.  

— Okay… eu falo. Mas tem uma condição.

— Qualquer coisa.

— Você tem que vestir uma roupa.

Sorrindo e  anuindo com a cabeça ele me guiou para seu quarto, soltou minha mão e parte minha quis protestar a falta de calor e amparo que já irradiava tão facilmente dele, mas me contive. Ele foi até o guarda-roupa e escolheu uma calça jeans escura e uma camisa preta.

— Ei! – chamei tampando os olhos quando ele desamarrou o nó da toalha e ela caiu para pernas. Escutei sua risada reverberar alegre pelo quarto.

— Eu estou de cueca, Caroline – explicou displicentemente escutei o som das calças deslizando pelas pernas.

— Grande consolo – rebati frustrada com tanto calor emanando – Já esta apresentável? – inquiri cobrindo parte dos olhos.

— Quitão abrir os olhos e descobrir por si mesma? – provocou com a voz soando grave agora.

— Hum, sabe o que? Eu acho que podemos conversar de olhos fechados mesmo…

— Boba! – ele riu e puxou minha mão,mas continuei de olhos fechados

— Pode abrir os olhos, eu estou vestido.

Relutante e eu os abri lentamente e para minha sorte ou azar, ele tinha cumprido com a palavra.

— Feliz?

— Na verdade não – confessei e ele riu e se aproximou afastando uma mecha do meu cabelo e colocando atrás da minha orelha.

— Então…

— Então – ele riu –  Me diz o que aconteceu. Porquê estava chorando.

— Não foi nada importante. Eu só estou emotiva demais...

—  Caroline!

Suspirei em derrota. Ele agarrou minha mão e me puxou para cama. Ele não soltou minha mão, ficou acariciando ela com os dedos me fazendo me perder naquela sensação. No calor, conforto. No arrepio que ia crescendo e se espalhando pelo meu corpo me fazendo sentir cada célula do meu corpo se eletrizar. 

— Ei, fala comigo. Agora nós somos… amigos – ele disse com uma careta que me fez rir.

— Eu sei é foi por isso vim até aqui.

— Não foi só pra dizer um oi? – ele zombou

— Não. Eu queria ver você... Na verdade eu precisava – confessei séria e seu sorriso se desmachou

— O que aconteceu? – ele perguntou tentando aparentar calma, mas a voz tremeu e ele começou a olhar para meu pescoço quem sabe procurando marcas ali. Apertei sua mão e sorri.

— Não foi nada grave ou físico.  E que… aconteceu uma coisa e fiquei perdida, não sabia o que fazer e nem a onde ir.  E meus pés… ou melhor meu carro me trouxe até aqui.

Ele soltou o ar e os ombros pareceram relaxar. Ele esfregou as costas da minha mão com dedos e subiu ate o pulso. Podia sentir o rastro de calor subindo com seu movimento e olhar que ia seguindo a trilha. Aquilo realmente era bom, mas não era uma coisa que amigos faziam.

Tocar.

— E o que aconteceu para te deixar assim? – demorei alguns minutos pra responder por que estava perdida naquela carícia e era difícil decidir o que mais tinha me chateado.

— Meu pai,  ele voltou.

— É isso é ruim, não é? – ele inquiriu arqueando sobrancelha tentando ler o que meus olhos diziam.

Dei um sorriso torto enquanto dava ombros e isso deve ter soado deprimente porque ele simplesmente me puxou para os braços deles e me aninhou. Deveria ser estranho, ao menos pra ele.

Abraçar uma adolescente e consola-la com uma semana de amizade. Mas não era, pelo menos pra mim. Fechei os olhos e relaxei,  toda tensão parecia estar sendo drenada com as carícias que ele fazia em meu cabelo. Ele apoiou queixo na minha cabeça e apertei um pouco sua camisa.

— Agora me conta o resto – ele sussurrou calmamente como si estivesse prestes a me colocar pra dormir.

— Ele simplesmente apareceu  de madrugada e entrou trazendo uma mala. Ele subiu e dormiu no quarto de hóspedes como se nunca tivesse ido embora.  Eu pensei que quando isso acontecesse…. Eu reencontrasse com ele.. Ficaria feliz, mas foi o contrário. Eu senti tanta coisa junta. Raiva, tristeza, saudade... Ele foi embora e nunca olhou para trás… Ele foi a primeira pessoa a me deixar e me fazer sentir que nunca seria importante o suficiente para fazer ninguém ficar.

Funguei tentando não chorar, mas ele deslizou as mãos para minhas costas e ficou murmurando coisas agradáveis e quando dei por mim, estava chorando.

Não somente pelo meu pai, mas também  por nós.  Por tudo que fomos e não poderíamos mais ser. Chorei tanto que pensei que não fosse mais parar, mas de repente parou e senti meu corpo pesado, a cabeça latejando e os globos oculares doloridos.

Stefan me puxou gentilmente até que estivesse deitada na cama apoiando a cabeça em seu peito. Fechei os olhos fingindo que aquele quarto era o nosso e o mundo inteiro tivesse deixado de existir.

 

STEFAN 

 

Ela adormeceu.

Ela parecia um anjo quando dormia. O cabelo loiro se esparramava envolta do travesseiro e parte do meu peito feito uma aureola. As bochechas estavam levemente coradas e a ponta do nariz avermelhada por tanto chorar. Algumas lágrimas se congelaram na bochecha e minha mão coçou para enxuga-la.

E assim o fiz. Deslizei o dedo o mais suavemente que pude  para não acorda-la, mas minha mão parecia ter vontade própria e facilmente se desviou da bochecha e subiu pela maçã do rosto, sobrancelha, testa. Para então descer pelo nariz e chegar a boca e contornar aqueles lábios entreabertos como si fosse uma terra nova e desconhecida que minhas mãos descobriam.

Ela era tão linda que por um momento prendi a respiração admirando-a. Comtemplando seu sono e desejando que pudesse tê-la em meus braços para sempre. Mantê-la segura de toda a dor que exista no mundo. Cobrir seu corpo de beijos e conhecer cada parte dele até que tivesse um mapa decorado  na mente. Algo que sanasse  a saudade para quando ela estivesse longe.

Afastei uma mecha do seu cabelo e enrolei com dedo, sentindo a textura e cheiro de morango emanar dela. Fechou os olhos mordendo os lábios até que sentiu gosto de sangue na boca.

Era errado.

Desejar tanto uma pessoa e de todas as maneiras possíveis? Era errado querer beija-la e fundir-se a ela até que ambos deixassem de ser dois e tornasse um só?

Era errado sentir tanta coisa por alguém que conhecia há tão pouco tempo?

A parte racional do meu cérebro dizia que estava indo rápido demais e que aquela reação em meu corpo era apenas desejo, atração física, paixão. Mas a outra, a parte emocional sabia que apenas prova-la uma unica vez não seria o suficiente. Algo dentro de mim parecia saber que a partir do momento que tivesse um gosto, jamais conseguia me afastar ou esquecer.

Aquela garota era única.

Podia sentir em meus ossos. Um sentimento novo e assustador que nem mesmo Elena provocou. 

Quanto mais conhecia Elena mais me dava conta que atração que pairava sobre ela era sobrenatural. Era como uma força invisível que trouxe para aquela cidade naquele ano. Mesmo que tivesse planos e passagem prontas para Los Angeles, acabou desviando e parando lá.

Todos meus passos pareciam ter sido guiados até ela.  Era como se destino quisesse que eu descobrisse sobre ela.

E no começo  só foi raiva, confusão, magoa, ódio. Mas depois tudo que restou foi curiosidade, fascinação e adoração esmagando o bom senso. Aquela força não era natural. O puxão que sentiu quando olhou aqueles olhos castanhos não era paixão, muito menos amor. Era algo que não conseguia definir e  muito menos entender.

Podia soar romântico si a garota na ponte não tivesse surgido e posto meu mundo do avesso. Me fazendo questionar a linha invisível que me ligava a Elena Gilbert.

“Como pode se apaixonar por alguém com mesmo rosto que o dela?” Lexi perguntou a primeira vez que contei sobre Elena. A resposta veio na ponta da língua.

Ela não é a Katherine. São completamente diferentes, como água e vinho. E eu não estou apaixonado… Só curioso”

O que era normal si considerar a estranheza de tudo. Mas  era mentira, eu menti para Lexi e ela sabia disso. Eu estava me apaixonando como sempre e querendo muito conhecer aquela garota com mesmo rosto do meu antigo amor.

Amor?

Ela era mesmo isso?

Pode se chamar de amor, atração e manipulação?  Porque todos os momentos com  ela foram orquestrados, planejados como um jogo de tabuleiro onde eu e meu irmão não passávamos de meras peças. Katherine decidiu que seríamos dela pela eternidade é assim uma familia foi destruída.

Aquele sentimento que me atraia para Elena não era a mesma coisa? Eu a queria para descobrir se existia mesmo uma outra versão de Katherine. Uma versão humana que me amasse como eu merecia, que me escolhesse.

Mas a história não estaria  e fadada aos mesmos erros. O que aconteceria quando ela convivesse com Damon?

Uma pessoa  pode amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Eram tantas perguntas ressoando feito uma estação de rádio com a frequência errada. 

Olhei para ela e a tensão se esvaiu instantaneamente e os ombros relaxaram. Seu rosto transmitia tanta paz e serenidade que foi impossível não me aproximar e encostar a testa na dela. 

Quente. 

Humana. 

Sangue pulsava por suas veias e podia sentir isso. Inalar o cheiro de seu sangue com cada respiro. Meus sentidos eram invadidos por ela. Ela me intoxicava, me invadia e fazia morada dentro da minha pele.

Gemi em frustação, sentindo ardência e coceira nas gengivas. A dor das presas sendo empurradas pela carne querendo uma gota dela.

Me afastei dela e tentei recuperar o controle. Mas não ajudou o pequeno gemido de protesto e o nariz se amassando em desgosto por  ter me mexido. Ela apertou minha camisa e o que fez a seguir fez meu coração quase morto bater quase tão rápido como o de uma pessoa normal.

Stefan

Ela disse meu nome enquanto dormia. Estava sonhando comigo naquele momento e  o sorriso que se formou em meu rosto parecia ter sido um dos maiores que já tive.

Ela se mexeu e suspirou mais alto e abriu os olhos sonolenta. As pupilas dilatadas faziam seus olhos se parecerem com o céu  ao anoitecer. Escuros e cheios de mistérios .

Logo em seguida ela arregalou os olhos e abriu a boca. Congelei sem  saber o que dizer, ou fazer. Temendo o que aquela cena lhe pareceria e se isso a faria se afastar de mim de uma vez por todas.

Abri a boca e tentei explicar mais qualquer palavra que estivesse pronta para ser dita se perdeu quando ela estendeu a mão e tocou meu rosto.  Os dedos contornando meu nariz, sobrancelha e lábio. A outra mão apertou a camisa antes dela inclinar-se e fechar a distância. Ela beijou-me tão suavemente como um asas de uma borboleta, repetiu esse gesto cinco vezes antes de se afastar e me olhar com os olhos inundados de lágrimas.

Um nó se formou na garganta com a dor que encontrei naquele céu. Era como nuves cinzas tivessem nublado aqueles olhos e uma tempestade estivesse prestes a cair.

— Caroline me diz….

— Shiuuu – ela me silenciou com dedo indicador postos em meu lábio.

— Por favor, Stefan. Não diz nada, não me faça perguntas que não vou ser capaz de responder - implorou com voz trêmula

Ela beijou-me outra vez e dessa vez demorou-se agarrando meu rosto e tive que usar todo meu autocontrole para não estender a mão e agarrar seu cabelo e sua cintura e trazê-la para meu colo.

— Apenas faça a dor embora. Me faz esquecer de tudo… por favor – implorou depositando beijos em meu queixo, bochecha, pálpebras e lábios.

Sem conseguir raciocinar com sua boca fazendo estragos em mim, minhas mãos agarram sua cintura ajudando-a se posicionar em cima de mim. Afastei o cabelo que fazia uma cortina em parte do seu rosto. Eu queria olhar para ela antes de me perder de vez naquele oceano.

E quando o fiz tive a constatação que  jamais conseguiria deixa-la, não queria viver um só dia sem sentir seu corpo sobre o meu, seu coração batendo descompassado em cima do meu, reverberando para dentro da minha alma. Agarrei seu cabelo e uni nossos bocas gemendo quando me deu passagem para dentro e provei sua língua. Podia ser um erro, ela poderia me odiar amanhã, mas agora só conseguia pensar que estávamos nós tornando um só.


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Notas finais do capítulo

TBC...
Então gente? Gostaram do bônus SC?! Sei q acabou na mior parte, mas no próximo a vai ser maior e a rio volta para seu curso. Mas não se desesperem pq os acontecimentos deste capitulo vai mudar muito nossa CareBear
XOXO