Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 20
Chapter - XX The blonde on the road


Notas iniciais do capítulo

Oi fantasminhas camaradas de plantão. Como cês tão? Sofrendo com TVD como eu? Pois então foi por causa de toda essa sofrência que demorei o capítulo taca difícil pensar em coisa boa depois de assistir e saber de tanta merda. Sorry pela demora e pelo capitulo enorme de novo. Infelizmente só consigo fazer assim. Dedicando esse capítulo pra Carolzita, sem ela nem tinha saído. Ana por betar o prologo e em breve todo resto e Kylie por sempre comentar e adoçar meu dia.
Boa leitura.



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Você se sentará sozinha pra sempre se você esperar pela hora certa. Pelo que você está esperando? Eu estou aqui e agora estou preparado, segurando a barra. Não entregue o final. A única coisa que ainda é minha.” 23 Jimmy Eat World

 

 CAROLINE

 

Minha cabeça doía e os olhos ardiam por tentar conter as lágrimas por tanto tempo, mas era uma tentativa em vão. Porque tudo que queria fazer era chorar. Desejei ter coragem para manda-los todos embora e se afundar na cama para sempre. Mas tinha que continuar com plano, fingir que estava tudo bem e levar Elena para longe de Damon.

Respirei lentamente contando até dez como tantas vezes fiz quando sentia a sede domina-la. Acalmar a si mesma levou tempo e esforço, algo que mesmo para uma aberração por controle como eu, era difícil. Agora não era tão diferente porque sentia que iria surtar a qualquer momento. 

Soltei o ar que segurou por dez segundos exatos antes de erguer a cabeça e se virar para encarar Bonnie que preocupada  pediu que eu confiasse nela, mas  não podia. Não podia jogar aquele peso sobre os ombros dela e tinha medo de alterar ainda mais o futuro se mais alguém soubesse de toda desgraça que futuro reservava.

Murmurei um obrigado e sai sem esperar pela resposta de Bonnie. E quando abri a porta desejei nunca ter viajado no tempo.

E comecei a questionar o universo e o grande mau que tinha feito para ele nessa e em outras vidas para merecer tanto castigo. Porque depois de ter que renunciar o que sentia pelo homem que amava, agora era forçada a ver minha melhor amiga se derretendo pra ele, cheia de sorrisos enquanto segurava o braço dele.

 Mordi a língua para conter o ciúme e raiva queimando, imaginando mil e uma maneiras de arrancar fio por fio das pestanas de Elena e dele por não se esquivar dela. Afinal, ele estava se declarando para mim instantes atrás e agora lá estava ele, correspondendo o flerte de Elena na frente do então namorado Matt.

Cafajeste!

Bonnie pigarreou trazendo os pombinhos para realidade. Stefan se voltou para ela ostentando aqueles grandes olhos verdes  cheios de culpa, enquanto Elena estava vermelha dos pés a cabeça por ser pega no flagra.

Mas eu tinha que admitir que Elena nunca desistia do que queria.  A prova disso foi convida-lo para o passeio sem perguntar a nenhum de nós, incluindo o namorado que assistia a cena como um espectador qualquer sem esboçar reação alguma, mas era claro  a dor da traição nos olhos dele.

Stefan tentou negar gentilmente e olhou para mim esperando que eu decidesse por ele. Mordi as bochechas para conter a vontade de xinga-lo, reunindo coragem e estômago antes de convidá-lo a vir conosco.

Entramos no carro em silêncio e ninguém fez menção alguma de querer quebrá-lo. Olhei para Matt pelo retrovisor do carro e o olhar que encontrou causou um nó na garganta. De repente toda a tristeza inundou seu ser mais um vez. Matt parecia no mesmo estado que ela.

Fingindo que estava bem, forçando sorrisos e por dentro sentindo o coração amassado por rolo compressor.

Forcei um sorriso encorajador, querendo que ele não tivesse que passar por isso.

 Porque Matt Donavan tinha um grande coração,  alguém que por um tempo foi meu porto seguro.  Ainda sorria com ternura e nostalgia quando lembrava do curto período de namoro. Das inseguranças e as máscaras que ele a forçou a tirar.

Ele correspondeu o sorriso. Um sorriso que não alcançava seus olhos  e voltou sua atenção para estrada, com maxilar trincado e olhar endurecido.

Talvez reunindo forças nos últimos quilômetros que faltavam para terminar de uma vez. Bonnie segurou minha mão, dando um aperto suave. Prendi a respiração por um segundo, mordendo as bochechas para conter a vontade de chorar. Ela me deu um sorriso triste como quem lê a dor estampada na minha testa. Forcei outro  sorriso em agradecimento, mas o que realmente tinha vontade de fazer era retirar a mão e ficar só, implorar que ela não quisesse conversar e nem consola-la. Queria que aquele dia infeliz terminasse de uma vez, chegar em casa e afundar-se na cama. Mas nada era tão simples agora.

Stefan chegou pouco depois, estacionou o carro logo atrás de Matt. Sem esperar pela ajuda dos outros e tentando fugir da estranha tensão que pairava no ar.

Olhei em volta procurando o lugar perfeito para fazer o pequinique, semicerrei olhos por causa do sol e avistei um pedaço de grama que era sombreado por um carvalho. Carreguei a cesta de piquenique e me ajoelhei estendendo a toalha xadrez. Quando terminei de arrumar o resto me  levantei com um fraco sorriso de satisfação com meu trabalho.

Voltei meus olhos para os outros e o sorriso que ainda mantinha desvaneceu quando encontrei os olhos dele sobre mim. Ele estava encostado em seu carro com os braços cruzados com um  sorriso divertido enfeitando os lábios.

Em nenhum momento ele desviou os olhos dos meu e nem o sorriso se desmanchou. É isso despertou um misto de reações em meu corpo. Coração disparado, palmas das mãos soadas, borboletas se debatendo no estômago. Todas as reações idiota de uma adolescente apaixonada.

Argh!

Eu definitivamente odiava ser humana e ainda mais adolescente. Por que os hormônios sempre venciam a racionalidade? Será que era tão difícil assim seu cérebro lembrar do plano e segui-lo. 

Bufei irritada, desviando os olhos para chão. Refazendo a lista para executar o plano. Mas quando erguia a cabeça e encontrava olhos de jade seguindo cada movimento meu, sorrindo como se tivesse encontrado um unicórnio e isso fosse a coisa mais fascinante da vida dele. Meu cérebro praticamente deletava planos, passado, orgulho e capacidade de auto preservação.

Ele desviou os olhos para chão ainda sorrindo e fez menção de vir até mim.  Abri a boca em pânico sem saber o que dizer ou fazer.

Porque agora nós  eramos amigos por ideia minha. Coisa que no momento pareceu boa ideia. Entrar na linha segura da amizade e mantê-lo perto para vigiar seus passos e fazer com que ele me enxergasse como a substituta de Lexi.

Na teoria  era o plano perfeito, mas na prática era bem diferente.  Esqueci que Lexi Branson ainda estava viva. Bom pra ela! Mas péssimo pra mim. Porque com sua melhor amiga viva, ele não conseguiria encaixa-la no posto então vago.

Stefan não sabia misturar coisas, ele mantinha cada pessoa em categoria definidas: Irmão, amor épico e melhor amiga.

Ele não sabia disso até que eu o ensinasse que as vezes as relações poderiam ser mais que os rótulos pré-definidos. 

Também cometi o erro de esquecer que me apaixonou justamente quando eram amigos. E agora ele estava caminhando ate mim em toda sua gloria. Com uma camisa cinza de gola v, calça jeans e topete intocável. A luz do sol contra seus olhos faziam a íris mudarem de cor, lembrando olhos de gato. Olhos felinos que a hipnotizavam e para acabar com qualquer chance de raciocínio, ele sorria. Um sorriso incerto que demostrava que ele estava tão nervoso quanto eu. 

Tentei raciocinar e arrumar uma maneira de postergar aquela conversa, mas nada surgia. Meus neurônios pareciam ter fritado de um só vez.

Mas não precisei  pensar em nada. Bonnie interviu, puxou meu  braço arrumando uma desculpa qualquer para me afastar de Stefan. Ele anuiu com cabeça e franziu os lábios em frustração. Mordisquei o lábio, para conter a vontade de pedir desculpa.

Bonnie me arrastou para perto da cachoeira e nos sentamos na grama olhando para cascata de água cristalina descendo sobre as pedras.

— Obrigada Bon. Você me salvou de uma boa. 

— É eu percebi o pânico estampando na sua cara.

— Era tão óbvio assim?

— Ahãm – afirmou com a cabeça.

Desviei os olhos para cascata. Tentando postergar a conversa, mas sabia que não poderia fugir para sempre. Mesmo que tivesse que mentir sobre a maioria dos fatos, sabia que Bonnie não deixaria aquilo para lá. Suspirei derrotada tentando organizar os pensamentos e contar uma mentira razoável.

— Bonnie... Eu...

— Não precisa contar – cortou. Franzi a testa confusa para ela que sorriu ternamente em resposta  – Care, não precisa me contar nada. Eu sei... Ou melhor, imagino como deve ser difícil pra você. Si não esta pronta...

— Não é nada disso – retribui o sorriso – Eu confio em você, Bonnie.

— Eu não disse nada.

— Mas pensou!

— Bem... é.

— Bon, você é minha melhor amiga. Eu confio e você. Eu sei que tenho andando estranha ultimamente é  isso te assusta. Não saber tudo sobre mim e achar que sou uma estranha completa agora.

Bonnie mantinha a boca aberta parecendo em choque por adivinhar seus possíveis pensamentos e teorias.

— Mas não é nada com você ou Elena. Vocês duas ainda são e sempre serão minhas melhores amigas.

— Então porquê não me conta o que está acontecendo?  E nem adianta negar, porque eu sei que tem algo errado. E não é por causa do acidente, embora acho que quase morrer piorou as coisas. Mas eu me lembro de dias antes você  chorar compulsivamente no Grill e foi desde aquele dia que tudo mudou. Você se fechou. Deixou de ir a festas, planejar eventos, garotos. Você deixou de ser você!

— Eu não deixei – murmurei fitando o chão, brincando com grama entre dedos – Essa sou eu mesma pessoa. Pelo menos a parte que escondo de todos. Eu gostava de festas, planejamentos e garotos e ainda gosto. Mas depois do colégio eu voltava para uma casa vazia. E lá podia chorar, me desfazer porque minha família ruiu.

— Caroline... Eu não fazia ideia.

— Eu sei e não é sua culpa. E não queria que ninguém soubesse que por trás dos pompons, eu era como todo mundo... Imperfeita, insegura e com raiva. Eu não queria que tivessem mais pena do que já tinham.

— Eu nunca tive pena de você!

— Sim, você e Elena sempre tiveram. E por isso que continuei na roda por todos esses anos. Porque mesmo não tendo nada a ver com vocês duas eu permanecia rondando, me incluindo no planos de vocês, tentando sempre me inteirar dos assuntos porque queria fazer parte e vocês tinham pena de negar. De dizer que preferiam um tarde de garotas só entre vocês duas.

— Isso não é verdade!

— É sim. E hoje posso entender isso. Eu era completamente fútil, insensível e mimada. Nunca fui um poço de sensibilidade como você ou conseguia encantar a todos como Elena. Eu era apenas a líder de torcida que queria ser admirada e perdia tempo  comprando e falando sobre garotos que em geral nunca queriam nada sério comigo. Afinidade, nós não tínhamos afinidade.

— Caroline... Você está errada...

— Bonnie não precisa se desculpar...

— Caroline Elizabeth Forbes. Quer, por favor, calar a boca e me deixar falar?

— Okay – concordei um tanto ofendida e assustada pela explosão súbita dela.

—  Eu nunca tive pena de você. Nunca houve motivos pra isso. Você sempre foi uma força da natureza que querendo ou não mudavam todos ao seu redor. Você é alegre e excessivamente positiva. Nunca deixava ninguém cair na tristeza. Aliás foi você que me forçou a sair quando minha mãe saiu de casa. Me levou com você na férias na sua cabana e vimos operação cúpido e Lizzie McGuire até enjoar. Consolou a mim e Elena sempre que precisávamos.  Eu nunca teria pena de alguém como você. Eu admito que posso sim, ter errado em pensar que você não entenderia certas coisas, mas é que você as vezes não parecia se importar com nada além do colégio. Era mais fácil ter longas conversas melancólicas com Elena. Mas nunca tive a intenção de excluir você. E sinto muito que tenha se sentido assim por todo esse tempo. Que pense que esta sozinha... Porque não está!

— Eu sei – concordei sem saber ao certo o que dizer. Tentando acreditar no que ela dizia. Deixando que cada palavra afundasse e curasse todas as inseguranças que trazia consigo.

— Nunca mais diga isso. Nem si quer pense que tenho pena se você. Você e forte e leal e nunca deixa nenhum de seus amigos na mão. Nunca aceite que ninguém a faça sentir menos do que perfeita, nem mesmo eu!

— Okay, eu prometo!

— Isso não soou muito convincente – reclamou com uma careta.

Revirei os olhos rindo. Estendi a mão oferecendo o dedo mindinho. Bonnie sorriu entrelaçando o dedo dela no meu.

— Eu prometo que nunca mais deixarei ninguém me colocar para baixo de novo, nem mesmo Bonnie Bennet. Melhor?

— Agora sim! – ela riu acenando com a cabeça - Agora que deixamos algumas coisas mais claras, posso fazer uma pergunta?

— Sim...eu acho – concordou incerta temendo o que estaria passando pela cabeça da amiga que mantinha  sobrancelha arqueada e lábios franzidos.

— O que exatamente aconteceu entre você e Stefan?

— Nada.

— Caroline!

— Argh! – gemi frustrada — Ele me beijou.

— O que? – gritou e estendeu a mão tapando sua boca grande, mas ela empurrou minha mão – Como, quando e onde?

— Eu achei que era só uma pergunta.

— Ai, por favor, Caroline! Você me diz que beijou Stefan e não quer contar detalhe nenhum e ainda quer que eu fiquei calma?

— Caramba! Pra que tanta euforia? Parece que está até mais animada do que eu...

— É estou mesmo. Aliás, como foi?

— Bonnie!

— Uau! Você está vermelha feito um tomate – apontou ela rindo – Deve ter sido maravilhoso mesmo! Eu nunca te vi corar por um cara.

— Foi bom, ótimo na verdade. Satisfeita?

— Claro que não! Ainda não tive nenhum detalhe. 

— Desde quando você é tão fã do Stefan? Eu pensei que quisesse distância dele.

— Ainda quero... Ou queria. Na verdade estou pensando em dar uma chance e conhece-lo melhor.

— Añ, mas porquê?

— Talvez seja porque minhas duas melhores amigas o acham interessante – explicou sorrindo

Não pude evitar de fechar a cara quando ela incluiu Elena na lista. Sabia que ela estava certa e nesse exato momento ela estaria aproveitando qualquer brecha pra se aproximar dele feito uma desesperada que se assemelhava muito com a minha versão antiga  que foi rejeitada duramente por ele.

A grande diferença e que ninguém em sã consciência rejeitaria Elena Gilbert. Principalmente se fosse um vampiro obcecado com passado e apaixonado pelo mesmo rosto há mais de cem anos.

 Me se senti subitamente doente com pensamento dele percebendo  a ligação, destino ou feitiço que pairavam entre eles.  Meu estômago se embrulhou quando imaginei o perfeito casal desfilando pelos corredores do colégio de mãos dadas esbanjando para todos sua perfeição.

— Care... Ele não está afim dela.

— O que disse?

—  A senhorita ouviu muito bem o que eu disse. Ele não está a interessado na Elena.

— Ainda não está – corrigi – Mas é só uma questão de tempo agora. Matt vai terminar com ela e ela vai conquista-lo... Ela sempre consegue tudo que quer. Nós duas sabemos muito bem disso.

— Não nesse caso.

— Que seja. Eu não tenho mais nada a ver com isso.

— Ahãm, tá – zombou ela sorrindo

— É verdade Bon – afirmei com pesar  - O caminho está livre, si depender de mim. Quem sou eu pra me opor ao destino.

— Quanta besteira junta senhor! Mas é bom,  pelo menos,  saber que no quesito drama você continua sendo a rainha. E vem cá eu pensei que tivesse dito que se beijaram.

— Sim, nós nos beijamos.

— Então por que diabo está dizendo que o caminho está livre?

— Porque está. Eu não quero um relacionamento agora. É eu e ele somos... Somente amigos agora.

— Por que está  fazendo isso?

— Isso o que?

— Afastando ele.  Qual é o seu medo Caroline? Você sempre desejou se apaixonar pra valer desde que éramos crianças. E agora acontece e você simplesmente empurra o cara pra longe.

— Eu não  empurrei ele. Tanto não empurrei que ele está a aqui, não esta!

— Sim está. E nós duas sabemos que ele veio por sua causa! Ele gosta de você qualquer cego pode ver... Menos você.

— Bonnie eu não posso ficar com ele, okay. Não posso! – gritei irritada pela insistência e perguntas sem fim que estavam arranhando o dique que construi para conter a dor.

— Por que não? O que aconteceu de tão grave pra você se fechar assim?

— O mundo aconteceu Bonnie. Ele acontece e acaba com todo e qualquer sonho bobo e planos estúpido  que fazemos. As coisas não acontecem como planejado nunca.  Os sonhos são a droga de um castelo de cartas e vida e o sopro que derruba tudo!

Levantei impaciente sentindo a frustração e a raiva engoli-la. Sentia vontade de gritar para o nada até que a garganta doesse. Bonnie nunca poderia entender, pelo menos não agora. Sua a vida ainda não tinha sido destruída pelos amor doentio dos irmãos Salvatore a Elena.

Ela ainda era uma adolescente como qualquer outra, ignorante a tudo que fosse sobrenatural e eu tinha que mantê-la assim.

Bonnie se levantou estendendo a mão e apertando meu ombro levemente.

Dessa vez  não  disse nada. Nós duas ficamos lado a lado olhando para cascata de água caindo  imóveis com a tensão pairando entre nós. Uma tensão que eu trazia comigo como uma nuvem negra sobre a cabeça.  Sabia mesmo sem olhar para ela que milhares de perguntas se formavam dentro da sua cabeça. Era difícil para Bonnie não saber o que a magoava, não poder ajudar como sempre fazia. Era difícil pensar conhecer alguém por toda a vida e de repente se surpreender encontrando uma estranha no lugar.

Suspirei em sincronia com ela. Ambas lembrando com carinho de toda a jornada que tiveram juntas e de repente sorriu saudosa do passado e de si mesma. Bonnie franziu a testa confusa.

— Qual é a graça?

— Nenhuma – menti – Eu só estava lembrando.

— Do Stefan – completou  ela e franziu a testa mais uma vez quando neguei com a cabeça.

— Não, estava lembrando da gente. Lembrando dos verões passados aqui.

— Eu também me lembro e sinto saudades daquela época. Tudo era tão menos complicado quando nossas maiores preocupações eram bonecas e qual boyband era a melhor.

— Nem sei porque tinha tanta discussão. Nsyn’c era a melhor Boyband!

— Não era não.  Westlife que era.

— Okay, Bon. Qual dos integrantes dela fez algum sucesso depois do fim?

— Nsyn’c só teve o Justin.

— Justin Timberlake, Bonnie.

— Uh desculpe, ofender vossa santidade – zombou Bonnie, rolando os olhos. Nós duas rimos e de repente era como si o tempo não tivesse passado.

— Eu senti falta disso – Bonnie murmurou fitando o chão

— Do que?

— Nós – explicou sorrindo – Eu senti sua falta.

— Eu também Bon. Você não faz ideia do quanto – confessei com voz embargada.

A lembrança mórbida de seu corpo caindo sem vida diante de seus olhos ainda a assombrava. Bonnie estendeu a mão agarrando a dela e dando um aperto suave. Com a cabeça apontou para cachoeira e tentando sorrir e se permitir esquecer o futuro sombrio que os cercava. Ela  assobiou chamando o trio que não podia estar mais constrangido na presença um do outro.

Nós  nos entreolharamos apreensivas sentindo tensão de longe. Ponderei por um momento si e deveria ir até lá e ajudar, mas balancei a cabeça arrastando Bonnie para cima. Nos despimos deixando uma pequena pilha de roupa para trás.  Bonnie iniciou a contagem regressiva, demos as mãos e no duas pularamos juntas. A sensação da água gelada fez seu corpo todo enrijecer para em seguida se arrepiar. Submergiu da água com queixo tremendo.

— Ai tá fria!

— Pra mim está  ótima – disse Bonnie passando a mãos pelo cabelo retirando o excesso de água.

— Está horrível. De quem foi a ideia de vir pra cá hoje?

— Sua! – ela riu.

— Da próxima vez não me escutem.

— Como si fosse simples – zombou ela – Já experimentou dizer não pra você?

— Tá me chamando de autoritária é? – inquiri com indignação fingida. Expirei água na cara dela e assim começou uma guerra infantil entre  nós duas que se esqueceram do trio que as observavam.

Um deles se aproximou sem que  me desse conta. Sem querer atirei uma boa quantidade na pessoa atrás dela. Bonnie abriu a boca para me avisar mais foi tarde. De repente ela tampou a boca para conter a risada. Me virei lentamente torcendo que fosse Matt ou Elena. Mas e claro que não era, porque o destino não seria tão bom com ela. A sua frente si encontrava Stefan com olhos fechados e totalmente ensopado. 

— Oh – abri a boca pra me desculpar ou pronta pra me afundar no fundo do rio. Mas ele abriu os olhos e passou as mãos pelo rosto enxugando o rosto – Desculpa... Eu não.... Te vi.

— Sem problemas – ele sorriu olhando para estrago na camisa cinza que tornou-se mais escura e colada ao corpo.

Mordi o lábio para conter a torrente de imagens daquele corpo que ela conhecia como a palma de  mão.

— Eu juro que não foi de propósito. Não sabia que estava atrás de mim e acabei ...

— Si você queria me ver sem camisa  era só pedir Caroline – ele disse sorrindo e para meu desespero tirou a camisa.

Fiquei alguns segundos estática com a boca repentinamente seca, admirando o peitoral de Stefan que sorriu quando notou a onde meus olhos estavam fixos.

— Eu não... Eu não queria você sem camisa.

— Ah não? - inquiriu decepcionado – Então acho que vou vesti-la de novo...

— Não! – gritei segurando a camisa e segurando a mão dele.

Corei instantaneamente e senti a mão formigar enquanto nossas mãos estavam unidas. Soltei a mão dele e desviei os olhos não suportando a intensidade deles e quando o fez seus olhos foram atraídos para abdômen. Engoliu seco e ergueu a cabeça encontrando os  olhos dele que parecia no mesmo estado que eu.  Ele estava olhando-a de cima baixo.

Não consegui evitar o calor que se espalhou por meu corpo quando reconheceu aquele olhar. A intensão pura escurecendo suas íris se avelã. Ela mordiscou o lábio impotente, tentando reprimir o desejo de beija-lo sem sentido até que ela esquecesse de tudo e todos.

Percebeu que agora seus olhos estavam fixos em seus lábios.  Ele parecia tão vidrados neles quanto meu Stefan era. Lembrei dele sussurrando o quanto aquilo o deixava louco antes de substituir seus dentes pelo  dele que rosnava de prazer antes de chupar seus lábios.

Pigarrei tentando traze-lo para realidade e a acalmar meu corpo em chamas. Ele piscou os olhos com força parecendo ter sido desperto de um sonho que ela sabia que a envolvia e que não era nada inocente.

Isso a fez sorrir inevitavelmente. Ela podia não ser mais uma vampira com super audição agora, mas nem precisava de tal poder para saber que coração dele tinha disparado.

Eu estou te deixando nervoso? a voz baixa e sensual de sua versão  desligada flutuou em suas memorias naquele instante.

— Eu.. Eu...

— Quem esta gaguejando agora? – zombei dele que sorriu envergonhado por ser pego no ato.

— Em minha defesa e meio que impossível não gaguejar agora... Com você assim...

— Assim como? – provoquei sendo tomada por uma coragem estupida em deixa-lo mais nervoso. Arquei a sobrancelha olhando para mim mesma – De biquíni?

— Hum... Sim!

— Por que, ele não ficou bom? - inquiri mordiscando o lábio inferior. Ele riu esfregando o rosto.

— Você é má! – acusou ele me fazendo rir.

— Eu? Foi você que começou!

— Ah é? – inquiriu ele dando mais passo em minha direção.

— Sim... Foi você que começou a tirar a roupa.

— Eu não teria tirado si um certo alguém não tivesse me ensopado só pra me ver descamisado.

— Eu não.. Fiz isso de propósito! – ele gargalhou da minha gagueira e a cara que com toda certeza estaria vermelha feito um pimentão — É você ainda ri, seu convencido!

— Eu não posso evitar. Você fica adorável quando está envergonhada. 

— Cala a boca! – mandei envergonhada dando um tapa leve em seu peito.

Arregalei os olhos quando entendi o que fiz, mas meu cérebro estava infectado demais com desejo para pensar direito. Minha mão, aquela traidora! Não se retirou como deveria ter feito. Ao contrário, a bandida deslizou por seu peitoral e seus olhos iam seguindo meus movimentos.

A respiração presa, coração disparado e o fogo si espalhando dentro de mim. De repente  escutei o barulho de água e virei o rosto para o outro lado e vi  Bonnie fora do rio seguindo um Matt apressado que seguia cegamente sem dar ouvidos a Bonnie que preocupada queria saber onde Elena estava.

Foi então que  a nuvem de desejo que nos rondava si dissipou. Uma bolha que nem tinha que ter se formado envolta de duas pessoas que se definiam como amigas agora.  Ergui a cabeça e o encarei.

A faísca do desejo ainda estava ali crepitando como nos meus. Só bastava um empurrão para pegar fogo.

Mas nós  não podíamos . 

E a voz preocupada de Bonnie procurando por Elena só reforçava isso. Nós  tínhamos  que ir atrás dela e protege-la antes que Damon a encontrasse. Conformada já sentindo o peso sobre os ombros ficando maior, retirei a mão de Stefan forçando um sorriso  sem graça antes de me afastar, mas ele me segurou pelo pulso. Prendi a respiração incapaz de controlar meu corpo e as reações que seu simples toque causava.

— Aonde você vai? – ele inquiriu com voz rouca e desesperada.

Engoli seco antes de virar o corpo e encara-lo. O olhar que encontrou dessa vez foi diferente.

Era um misto de confusão, frustração e desespero.

Senti a culpa rastejando e enrolando-se feito serpente envolta do  estômago. Eu era responsável por aquele olhar. Sabia que estava confundindo-o completamente.  Porque era no mínimo confuso propor amizade e no momento seguinte quase pular em seu colo.

— Atrás da Elena – expliquei e notei sua testa franzir em confusão.  Ele olhou envolta como si só  estivesse dando conta que Elena não estava lá agora. Ele voltou seus olhos para mim demostrando o mesmo que os meus, apreensão.

Ele pareceu lembrar do perigo que estava a espreita só esperando a oportunidade certa para atacar de novo.

— É melhor acharmos ela. A floresta e um lugar perigoso agora – explicou ele nervoso.

Anui com a cabeça e esperei que ele soltasse meu pulso, mas ele não parecia estar disposto a isso. Abriu a boca para pedir que ele a soltasse, mas o pedido nunca veio. As palavras si perderam no caminho porque ela estava muito absorta em lembranças de um passado em que eles andavam e caçavam juntos naquela mesma  floresta. Do tempo em que só se sentia segura estando nos braços dele.  Bonnie parou de tentar ligar para Elena e colocou o aparelho no bolso do short jeans resmungando do péssimo sinal.

— O que aconteceu? Por que o Matt saiu correndo daquele jeito?

— Eu não tenho certeza, mas tenho uma teoria do que seja. Ele não parou pra explicar e a Elena sumiu.

— É melhor procurar por ela...

— Eu procuro e vocês duas fiquem aqui – ordenou Stefan, com aquela mania que a irritava profundamente de sempre querer ser o herói.

Revirei os olhos irritada e tentei me livrar do aperto dele. Ele desviou os olhos para nossas mãos arregalando os olhos parecendo surpreso em notar que ainda me segurava.

— Será que você poderia, por favor, me soltar?

— Claro... Eu...

Sem esperar que ele se explicasse comecei a andar na direção que Bonnie olhava.

— O que você esta fazendo? – Stefan gritou

— O que lhe parece? - ironizei continuando a apertar os passos.

— Caroline – ele chamou dizendo o meu nome lentamente. Como se tivesse se controlando mentalmente para não gritar com ela – Aonde está indo?

— Atrás de Elena – Bonnie explicou

— Ah, ela não vai não!

Apressei o passo mais ainda ignorando ele que chamava por ela, mas ignora-lo não funcionou. Ele agarrou  meu ante braços forçando a parar.

— Quer me soltar? 

— Quer me escutar? – rebateu irritado

— Você não quer que eu te escute é sim que te obedeça.

— Eu quero que fique segura – ele gritou

— Eu sou uma menina grande,  Stefan e sei muito bem como me defender.

— Não, não sabe! Si soubesse não estaria andando sozinha aquela noite.

— Ei... Pessoal – Bonnie chamou si colocando um pouco atrás de nós – Posso sugerir uma coisa?

Anuímos com a cabeça ao mesmo tempo e Bonnie franziu os lábios e acenou com a cabeça.

— Por que não vão juntos procurar por ela e eu fico aqui no caso dela aparecer?

— Péssima ideia! Vamos eu e você e o Stefan fica aqui esperando ela aparecer.

— É sério Caroline? – inquiriu incrédulo sorrindo de nervoso – Como você é teimosa!

— É você mandão!

— Okay, hum... Porque não vão logo. Si ela quer ir então deixa lá ir Stefan. E você Care, deixa ele te acompanhar. Pronto! Problema resolvido – disse Bonnie olhando  para Stefan que mantinha as mãos na cintura, com a testa franzida esperando que eu me decidisse.

— Então... Como vai ser? – inquiriu Bonnie alternando o olhar entre nos dois.

— Depende, ele vai me deixar escolher agora ou ...

— Eu não estava mandando...

— Mas é claro que estava!

— Tudo bem... Desculpe! Eu só não queria que você corresse perigo. Não era minha intensão mandar em você e mesmo que fizesse, eu sabia que seria em vão.

— Seria por quê?  – inquiri tentando muito não descongelar e  sorrir para ele.

— Porque você é a pessoa mais teimosa que conheço.

— Não tanto quanto você – rebati e ele sorriu balançando a cabeça. Nós perdemos no olhar um do outro até que Bonnie pigarreasse, mas não escondendo um sorriso maroto.

— É melhor...

— Sim é – concordou ele coçando a nunca  antes de voltar os olhos para ela novamente – Não tem alguma chance de você reconsiderar e ficar aqui com a Bonnie até eu voltar?

— Tsk, tsk, tsk de jeito nenhum!

Ele suspirou em derrota e sorriu para Bonnie que deu tapinha de encorajamento nele que  acenou com a cabeça e apertou o passo para alcança-la. Stefan rapidamente si colocou na frente andando sem esforço algum, eu por outro lado tinha que lembrar de manter a respiração uniforme e manter o ritmo.

Mas era difícil tendo que desviar de galhos e árvores com uma rasteirinha molhada que deslizava com cada passo. Estava úmida com os cabelos pingando e com toda certeza se armando como uma juba de leão. Stefan por outro lado andava gracioso sem exibir nenhum sinal de desconforto. E pra completar não tinha posto a camisa e exibindo aquele corpo sem preocupação alguma.  Bufei irritada pela situação e Stefan olhou por cima do ombro e sorriu de lado.

— Tudo bem aí  atrás?

— Tudo ótimo, não podia estar melhor.

— Quer parar um pouco?

— Não precisa... Tá tudo bem.
Ele franziu os lábios contendo um sorriso.

— Si quiser uma carona.

— Para de zombar do meus tonos musculares inexistente, por favor.

— Eu não estou, juro!

— Mentiroso! – acusou rindo – Eu sei que estou andando feito uma lesma paralitica, mas em minha defesa e difícil andar com essa coisa.

— Si quiser eu posso...

— Pode... Oh não! Eu consigo andar – recusei corando. Ele desviou os olhos para frente parecendo decepcionado. 

— Então o que será que aconteceu com o Matt? – inquiriu ele desconversando.

— Eu acho que você  sabe.

— Não, eu não sei.

Rolei os olhos impaciente e  a raiva pela dissimulação  dele me deu adrenalina o suficiente para correr. Olhei  envolta procurando Elena, chamando por ela e nada. Comecei a ficar realmente preocupada, embora uma parte minha sabia que Damon não a machucaria. Na verdade eu e Bonnie e que estavam na mira dele.

— Caroline.

— O que? – indaguei indiferente.

— O que quis dizer com...

— Eu quis dizer exatamente o que entendeu. Você sabe muito bem o porquê do Matt sair daquela maneira. E meio difícil ver a namorada si interessar por outro e nem fazer questão de esconder.

— Eu não acho que ela esteja..

— Ah, por favor, Stefan. Não precisa fingir que não percebeu só porque está comigo... Afinal, somos uma espécie de amigos agora, ou não somos?

— Somos – afirmou ele com voz baixa e incerta – Eu não estou fingindo nada, Caroline. Eu só não acho que seja isso.

— Então o que acha seja? 

— Eu... Acho que ela só esta confusa. Não creio que ela possa gostar de mim.. Ela não  me conhece.

— Nós também. Eu e você não sabemos quase nada da vida um do outro e mesmo assim...

Ele parou olhando para mim com expectativa. Mordi a língua quando notei o que estava prestes a dizer. Estava prestes a confessar que estava apaixonada por ele.

— É mesmo assim? – ele indagou   parecendo nervoso.

— Você sabe o que eu quero dizer. Não é preciso conhecer alguém pra sentir atração por ela. Eu tinha um amigo que se apaixonou a primeira vista por uma amiga minha – balancei a cabeça sorrindo com amargura – Pode parecer o maior dos clichês, mas foi instantâneo. Ele e ela se apaixonaram com um só olhar.  Ele sempre foi assim, só bastava isso pra amar alguém. Eles juraram si amar pra sempre. Era um amor daquele épicos,  sabe? Daqueles que encontramos no livros do Nicholas Sparks.  Cheio de sacrifícios, obstáculos e promessas. Era de causar inveja a qualquer um. Até mesmo eu acreditava que eles seriam para sempre...

— Mas não foram – ele completou olhando para baixo pensativo. Talvez si reconhecendo naquela história.

— Não, eles não foram. Nenhum amor é – completou com amargura, dessa vez lembrando deles.

Um amor construindo ao longo dos anos, fortificado por uma amizade sincera. E mesmo esse amor não foi capaz  de resistir a ligação entre os irmãos Salvatore. Mesmo jurando que me amava, que seriamos para sempre ele escolheu o irmão.

Não pude evitar o nó formando-se na garganta com constatação de que eu nunca seria suficiente. O demônio que destruiria minha vida e daria início ao fim  do mundo que conhecia sempre seria a escolha de Stefan.

O laço entre eles era inquebrável. Seja pelo ódio ou amor, eles sempre encontrariam um caminho para salvar ou destruir um ao outro.

 Estava cabisbaixa tentando deixar que aquela verdade si fixasse na minha cabeça e no meu coração quando escutei a voz de Elena. Olhei para lado e encontrei Stefan petrificado, ele desviou os olhos para mim e encontrei  o desespero puro.

Franzi a testa por um segundo até reconhecer a segunda voz. Inconscientemente me aproximei de Stefan ficando ombro a ombro. Ele por sua vez agarrou minha mão e olhou para frente. Encontrando Elena e Damon, conversando.

Era inexplicável a sensação que  a possuiu quando olhei para eles juntos. Nostalgia, pavor, pena. Tudo de uma só vez. Ainda podia lembrar da última vez que vi o casal juntos e felizes. Casamento de Jo, momentos antes de perder minha melhor amiga para sempre.

Desviei os olhos para Damon que olhava para mim.  Estremeci e sem perceber apertei a mão de Stefan com força. Sentindo o coração palpitar e os pelos da nuca e o braço se ouriçarem quando reconheci aquele olhar.

Ele planejava algo e tive certeza que não envolvia machucar Elena.

Mas que belo nome esse seu, Elena. É um prazer finalmente conhece-la.

— Damon – Stefan repetiu mais uma vez parecendo incapaz de raciocinar direito.

— Eu acho que todos nós já decoramos meu nome, Stefan. Por que não diz outra coisa? – ele virou o rosto e olhou para mim. Um sorriso se formou em seus lábios – Por que não me apresenta sua amiga... Si bem que você e bastante familiar, será que já nos vimos por ai?

— Hum, sim. Você me parou um dia perguntando sobre o Zach.

— Ah é!  Eu me lembro e pelo visto você sabia muito bem quem era ele, não é?

Dei ombros em resposta, me negando a responder sua pergunta.  Dei dois passos na direção dele, mas fui impedida de chegar mais perto por Stefan que não soltou minha mão. Coisa que não passou despercebida por Damon. Stefan não se abalou pelo sorrisinho de Damon

— Elena,  estávamos procurando você feito loucos – quebrei o silêncio fitando Elena que parecia confusa com todos aqueles olhares.

— Eu... Desculpa. Acabei me perdendo.

— Tudo bem – me soltei de Stefan e agarrei o braço dela, colocando alguma distância entre ela e Damon.

— É melhor voltarmos, Bonnie deve estar louca de preocupação.

— Ah sim. É melhor mesmo.

Arrastei Elena sem olhar para trás, mas ela parou olhando por cima do ombro.

— Obrigada pela ajuda...

— Damon – ele lembrou sorridente – Não agradeça, foi um prazer ajudar uma moça perdida. E o que mais faço nas horas vagas.

Elena revirou os olhos sorrindo, lançou um último olhar a Stefan que não desviou os olhos do irmão. Agarrei o braço de Elena mais uma vez tentando apressá-la, mas parei abruptamente quando ele disse meu nome.

— Tchau para você também, Caroline. 

Endureci instantaneamente e escutei um rosnado baixo vindo de Stefan. Não virei para responder Damon, segui em frente levando Elena que parecia cheia de perguntas, torcendo para que Stefan tivesse tomando um cervo ou algum animal maior que coelhos para poder enfrentar o irmão.

 

DAMOM 

 

 

Ela era estranha. Algo nela parecia fora do lugar, simplesmente não si encaixava. Era como si ela soubesse minhas intenções e lesse todos os seus planos com facilidade.

Será que meu  irmão foi tão estúpido ao ponto de contar tudo para filha da xerife?

Porque essa era a única resposta cabível para explicar a astúcia daquela garota. Naquela tarde desagradavelmente quente eu não planejei executar plano algum. Sabia que  Stefan estaria amargando com bolas de aço presas aos pés depois de ferir o adorado titio. Estava saboreando a primeira vitória com uma caneca cheia de cerveja, observando com tédio aquele bar sem graça cheio de adolescentes desocupados que não tinham um lugar melhor para ir. 

Comecei a procurar alguma moça bonita para almoçar  quando uma loira entrou. O cabelo loiro estava enrolados na ponta, vestindo um  vestido branco de verão que lhe dava uma boa visão da cintura fina e cochas torneadas.  Mordi os lábios reprimindo um gemido de satisfação quando reconheci Caroline acenando para Lockwood forçando um sorriso antes de se juntar a ele numa mesa.

Observei com curiosidade ela se inclinar na mesa para sugar a coca com canudinho enquanto os olhos azuis vagavam sem um rumo certo e os olhos de Tyler se concentravam no pequeno, porém revelador decote. Eles conversaram amenidade por algum tempo, ele fazendo tentativas de iniciar uma conversa enquanto ela respondia distraidamente parecendo estar com a cabeça em outro lugar, talvez em Stefan.

Ela não era bem o que eu esperava. Pensei que ela seria mais uma líder de torcida fútil que seria facilmente conquistada quando a paixãozinha a trocasse pela melhor amiga. Mas tudo correu ao contrário. Stefan não demonstrava interesse algum que não fosse proteger a copia barata de Katherine e mantinha toda a atenção na loira.

E era isso que me intrigava.

Stefan nunca foi do tipo que se apaixonava fácil. Principalmente si a pessoa não compartilhava um rosto em comum com a sua ex. Tenho o observado tendo breves romances, mas nada especial. Toda sua atenção era gasta com sua melhor amiga. Fazia muito tempo que não via o irmão apaixonado, a ultima vez foi Katherine.

E agora de repente ele se apaixona por uma Barbie tagarela ao ponto de rosnar e ataca-lo com a simples ameaça de tocar em um fio de cabelo dela.

O que aquela garota tinha de especial para atrair o irmão?

  Entendi um pouco no breve encontro que tiveramos. Ela parecia em choque quando o viu, como si já tivesse me visto ou soubesse o que eu era. Mas um segundo depois ela ergueu o queixo e os olhos azuis endureceram feito aço. Ela não se encolheu ou pareceu intimidada com  a minha  presença. E quando o herói idiota de olhos azuis surgiu para salva-la, ela me surpreendeu quando mentiu sem dificuldade alguma. Ela queria afastar o namorado estúpido da amiga urgentemente como se soubesse que eu queria arrancar a cabeça do idiota e jogar futebol com ela.

Ela realmente era alguma coisa.

E mais tarde quando ela me viu olhando para ela, obtive minha resposta. Ela queria desesperadamente manter Elena longe dele. Sorri enquanto tomava o último gole da cerveja indo aproveitar o lindo dia no Falls.

— Então irmão, aproveitando o passeio? 

— Damon o que está fazendo aqui? - revirei olhos impaciente.

— Você não tem nada mais interessante para perguntar? E sempre "Damon o que faz aqui?", "Damon o que está planejando? Fique  longe dela" – imitei – Você continua um tédio.

— Você está perseguindo ela – concluiu ele. Suspirei exasperado pela baixa capacidade cerebral de meu irmão.

— Dãh!

— Damon, eu já disse que Elena e diferente da Katherine. Seja lá o que esta planejado...

— Não faça nenhum mal a ela – completei com monotonia – Quem disse que eu planejo algo....

— Damon – ele arqueou a sobrancelha em desconfiança

— Okay irmão, você me pegou! Eu estava armando algo horrível...não vai perguntar o que é? – ele trincou maxilar e fechou os punhos

— Não importa o que seja. Eu vou impedir você de machucar Elena.

— Mas porque eu iria ferir alguém tão doce feito ela? – balancei a cabeça – Você faz mau juízo de mim, sabia? Eu estava apenas ajudando uma pobre garota seminua a voltar em segurança para os amigos. Alias, grandes amigos esses! Deixando a  Elena sozinha no meio da floresta – assobiei – Merecem mesmo um prêmio. Principalmente com esses ataques de animais na cidade... Si eu não tivesse achado ela. Tsk, Tsk, Tsk nem quero imaginar o que poderia acontecer?!

— Você estava seguindo ela. Está seguindo há meses.

— Errado! Eu não estou. Não sou um perseguidor de adolescentes como você. Eu estava apenas observando.

— Maquinando, você quer dizer. Anda Damon, chega de jogos.

— Desculpe maninho, mas você sabe que eu adoro jogos. Principalmente aqueles que envolvem você.

— Deixa a Elena em paz, Damon. Ela é só uma garota normal...

— Que por algum motivo louco nasceu com mesmo rosto da Katherine. Oh sim! Super normal.

— Pode ser só uma coincidência, existem os...

— Sócias. A lenda que cada pessoa no planeta tem sua copia. Besteira! Não existe coincidência irmão. Principalmente aqui nessa cidade. Mas não faça essa cara, não se desespere porque não pretendo torturar e dessecar ela para tirar algumas dúvidas.

— É o que vai fazer?

— O mesmo que você, me tornar amiguinho dela. Embora ela queira mais que amizade de você. Não é engraçado como a historia se repete? Mas uma coisa em comum com  Katherine. O gosto por homens.

— Ela não está.

—  Sim ela está. Mas o estranho na  historia é que você não está. Por que não está ta correspondendo ela?

— Talvez seja porque ela compartilhe o mesmo rosto da vadia louca que destruiu minha vida?

— Deus, você soa como ela, sabia? É nojento! Em falar nisso, como anda nossa loira favorita? Faz um tempinho que não à vejo... Estou com saudades. Si ela estivesse aqui agora,  acha que ela seria do time Elena ou da nova loira?

— Damon...- ele murmurou meu nome cerrando os dentes.

— Ela é realmente alguma coisa, não é? Tinha que ver como ela me enfrentou naquele dia. Parecia que ia me chutar a qualquer momento – sorri com expressão atordoada de Stefan – Ela não disse que nós conhecemos? Hum, mau sinal irmão. Ela esta escondendo coisas de você.

— Ela não escondeu.

— Ah, então ela falou que eu estava procurando nosso tio?! Que fofoqueira,  eu queria fazer uma surpresa.

— Corte enrolação, vai direto ao ponto! O que realmente quer... Além de cumprir a vingança de tornar minha vida miserável.

— Isso,  por acaso,  foi sarcasmo ou desdém com o nosso pacto?  E porque ficou meio difícil de entender.

— Nós não temos um pacto. 

— Ah nós temos. Firmamos ele há mais de cem anos – o empurrei contra uma árvore enfiando a mão em seu estômago – Quando você me transformou. E esse pacto não pode ser quebrado irmão. Quer saber o que vim fazer aqui hoje?

Ele gruiu de dor empalidecendo. A boca entreaberta não podia formar nada além de gemidos e urros fracos enquanto apertada suas estranhas.

— Eu vim até aqui conhecer ela. Saber o que ela tem de tão especial pra reduzir um vampiro centenário a um adolescente patético que se distrai tanto ao ponto te jogar Elena nos meus braços.

— Fica... longe... dela – gaguejou.

— Humm, eu acho que não maninho. Eu tenho que conhece-la melhor, afinal ela pode ser minha futura irmã de lei.

Retirei a mão que agora estava ensanguentada. Stefan caiu no chão usando uma das mãos para não cair de cara, enquanto a outra se mantinha no estômago.

— É melhor eu ir, tenho uma velha amiga pra visitar hoje e quem sabe com pouco de sorte não esbarre em outra amiga sua.

Virei de costas sorrindo com a expressão de puro terror no rosto dele. Era uma imagem tão bela que poderia fazer um quadro com ela. Estava tão distraído rindo dele e degustando a lembrança do sorriso doce de Elena Gilbert que fui pego desprevenido. Stefan enfiou um galho de árvore bem próximo ao meu peito, perfurando meu esôfago. Cai de joelhos no chão segurando o pedaço de galho que saia. Stefan abaixou e enfiou um pouco mais.

— Fica longe dela. Longe das duas! Cansei desse jogo Damon. Si fizer qualquer coisa contra elas....

— Vai... O que? Me matar? – cuspi, engasgando com sangue e vontade de rir de sua ameaça vazia.

— Sim. Se continuar com isso, se me obrigar, eu faço. Vai terminar assim de qualquer maneira. Com um de nós morto – ele girou o tronco me fazendo urrar de dor – Si tocar nela, eu não vou errar de novo – ameaçou rosnando.

Ele saiu sem me dirigir outro  olhar. Mordi o lábio para conter um gemido enquanto  puxava o galho. Cambaleei sentando no chão, joguei o galho longe verificando o buraco na minha camisa. Merda! Era minha favorita.

Stefan estava mesmo mudado. Atacando por trás e o ameaçando de morte. Me levantei devagar, ainda sentindo um resquício de dor  que só um pouco de sangue fresco poderia curar.

E nunca desejei tanto esbarrar em Caroline uma outra vez. Provar aquele lindo pescoço e descobrir o que ela tinha de tão especial  para despertar a fúria do irmão com uma simples ameaça.

 

MATT

 

Era uma droga dirigir com a visão embasada. Principalmente quando a causa da visão turva eram lágrimas. Estava mordendo as bochechas pra me impedir de chorar, mas toda vez que os olhos amendoados  rasos d'água implorando que eu ficasse e a perdoasse surgia, eu desabava.

Fiquei parado no acostamento sentado naquele carro, com costas doendo e mãos doloridas de tanto apertar o volante e fitar aliança de compromisso no dedo anelar. Oito prestações para pagar aquela aliança estupida de compromisso que agora não significava nada.

Todas as promessas e palavras de amor, eram vazias. Elena nunca o amou, sempre foi o contrário, mas ignorei isso porque finalmente a garota do seus sonhos me deu uma chance.

Era difícil ser racional e escutar os conselhos dos outros quando si esta apaixonado por alguém desde sexta série. Eu deveria ter imaginado como terminaria quando  disse o primeiro “eu te amo” ela travou por cinco segundos e respondeu com um obrigado e sorriso sem graça.

Bonnie dizia que eu tinha assustado ela, enquanto Caroline ria disfarçadamente com Tyler da minha  idiotice. Eu sabia que tinha sido um erro, dizer que amava com apenas três meses de namoro. Mas não conseguiu evitar, as palavras simplesmente saltaram da boca.

Era normal quando si está apaixonado ficar completamente cego e era o estado que estava até a conversa com Caroline. Propositalmente ou não, ela acabou abrindo meus olhos. E depois disso não era tão fácil ignorar o brilho que olhos dela tinham quando falava dele.

Era dolorido demais.

 Ergui a cabeça e me assustei quando notou que tinha escurecido. De repente lembrei que tinha deixado Elena no meio da floresta com Bonnie e Caroline no Falls. Peguei o celular com as mãos trêmulas, um aperto no peito comprimindo tudo e o nauseando quando a imagem de Elena caída sem vida no meio da floresta surgiu.

Girei a chave na ignição e deu partida pisando o pé no acelerador. Estava com aparelho de celular apoiado no ombro enquanto  ligava para Elena e Bonnie e se desesperou quando nenhuma delas atendeu o celular. Me atrapalhei com o aparelho ao procurar o número da Caroline.

Alô, Matt?

— Care, onde vocês estão?

—  Na casa da Elena. 

— Ela... Está bem? – inquiri culpado e incerto se queria saber ou não a resposta. Caroline suspirou demoradamente e  pediu um minuto. Pude ouvir o barulho de porta se fechando antes dela começar a falar.

Ela não reagiu bem, Matt. Acho que ela não esperava.

— Eu sei... Nem eu esperava fazer aquilo e ainda mais abandona-la no meio do nada.

A gente encontrou ela logo depois que você saiu. Está tudo bem, Matt. 

— Eu... Não queria.

Que terminasse assim— ela completou – Eu sei, Matt. E no fundo ela sabe também. Você precisava tomar uma decisão hoje e tomou. E por mais difícil e dolorida que seja, você tomou a decisão certa. Escolheu ser verdadeiro consigo mesmo, Matt. Não há nada de mau nisso.

Suspirei alto, apertando o celular com força. Odiando Caroline por ter razão.

— Obrigada, Caroline.

— De nada, Matt.

Ainda estava com o aparelho entre pescoço quando um animal passou feito um foguete. Pisou no freio e virou para lado e bateu em algo. Meu corpo chicoteou para frente com violência e bati a testa contra o volante.

Fiquei zonzo por alguns segundos antes de conseguir destravar a porta e sair cambaleando. Um pouco a frente do carro, avistei uma figura caída no asfalto. Semicerrei os olhos  para tentar ver enquanto dava passos lentos em direção a seja lá o que fosse. Desejei intimamente que fosse um animal qualquer. Mas o gemido era humano demais para pertencer a um animal. Arregalei os olhos quando meu cérebro letárgico reconheceu uma garota loira desacordada.

Hesitei por um segundo antes de erguer a mão e checar a pulsação dela, com o próprio coração disparado pelo medo de não sentir nada.

Coloquei dois dedos sobre o pescoço. A pele estava gelada e um corte na testa encharcou seu cabelo loiro. Engoli seco quando não senti nada.

Me levantei  atordoado, sentindo tremor nas mãos e boca seca. O coração batia tão rápido que ressoava nos ouvidos. Coloque  as mãos sobe as orelhas tentando muito não gritar. 

Aquele definitivamente era o pior dia de minha  vida. Com dificuldade pelas mãos trêmulas apalpei o bolso e lembrei que celular tinha caído no banco de trás. Estava com a mão sobe a maçaneta, pronto para abrir o carro quando escutei uma voz.

— Ai droga!

Me virei devagar e pisquei  os olhos incrédulos quando a moça sentou-se sem dificuldade alguma. Esfregando a testa  e fitando a mão suja de sangue. Abri a boca para falar, mas nada saia. Ela si levantou ainda resmungando sobre ainda não ter a droga de um anel. Bateu levemente na calça jeans tirando a poeira e ajeitou a jaqueta de couro preta. Virou o pescoço para um lado e depois para outro, podia ouvir o osso estralando.

— Meu deus! – exclamei bestificado. A garota virou o rosto e me encarou. Arregalou os olhos  comicamente, parecendo assustada — Meu deus...

— É você é católico, deus existe... Já entendi – disse ela revirando os olhos se aproximando de mim.

— Você precisa ir ao médico – murmurei – Seu coração... Ele não estava...

— Estava sim! Só que.... Fraco – explicou ela com sorriso torto –  Como vê, ele está batendo agora, si não como eu estaria de pé?

— Eu não sei – balbuciei debilmente me sentindo tonto.

— Eu acho que você que deveria ir ao hospital – ela estendeu a mão e tocou meu rosto, deslizou das maças do rosto para testa – Hum, isso vai deixar uma cicatriz.

Não respondi ou me movi. Estava ocupado demais olhando para aqueles olhos cor de mel. Para pele de porcelana que não tinha nem uma marca, nem mesmo o corte na testa.  Havia sumido feito mágica

— Seu corte... Ele sumiu.

— Eu não me cortei.

— Sim. Estava bem aqui – toquei sua testa e ela fechou os olhos e bufou.

— Eu odeio fazer isso, sabia? E errado em vários níveis. Mas você não me dá outra escolha.

Ela agarrou meu rosto e olhou fixamente nos meus olhos.

— Você não vai lembrar de nada disso.

Franzi a testa confuso, sem entender o que ela estava fazendo.

— Que diabos você esta fazendo?

Ela afastou o rosto e soltou o meu. Arregalou os olhos e xingou.

— Puta merda! Porque essas coisas sempre acontecem comigo?

— Você é louca!

— É exatamente isso! E também sou meio... Médium.

— Ah! Okay... Entendi – concordei acenando com a cabeça e franzindo os lábios para reprimir um sorriso. Eu realmente era azarado. Termino com a Elena, bato o carro e quase morro e ainda por cima atropelo uma louca que si achava médium.

— Vem, vou te levar pro hospital.

— O que? – inquiriu ela confusa franzindo a testa numa expressão bonita.

— Eu disse que vou te levar pro hospital – expliquei pausadamente. Ela revirou os olhos e para minha surpresa se inclinou para dentro do carro e sentou no banco do motorista.

— Ei! O que esta fazendo?

— Dirigindo – explicou abrindo a outra porta – Entra!

— Você só pode está brincando?!

— Não mesmo,  agora entra. Você pode ter tido uma contusão seria, está ate tendo alucinações.

Entrei no carro, fechei a porta. Ela continuou me olhando com sobrancelha inclinada pra cima.

— O que foi agora?

— Cinto! – ordenou ela e assim que coloquei deu partida.

Ligando o rádio e trocando as estações quando tocava algum country. Fechei os olhos encostando a cabeça no encosto do banco sentindo que minha cabeça iria explodir a qualquer segundo e não tinha a menor ideia se era pelo tempo chorando, acidente ou por aquela maluca dirigindo meu carro como si fosse dela.

(...)

 

Depois de uma viagem perturbadoramente  silenciosa com Sheila. Ficamos na casa de Elena tentando consola-la o melhor que podíamos. Elena parecia em choque e raramente abria a boca para dizer qualquer coisa. Tomou um banho demorado deixando eu e Bonnie aprensiva do lado de fora e saiu meia hora depois vestindo uma calça e blusa larga de moletom que sabíamos que pertencia a Matt. Ponderei se deveria ou não ficar e dar o meu apoio, mas sabia que Elena não se abriria comigo ali, principalmente se Matt tivesse comentado sobre a nossa conversa. 

 

Fui para casa com  a Sheila que me deu uma carona e assim que  cheguei me joguei na cama e tentei ignorar a preocupação com Stefan e fingir que aquela tarde nunca aconteceu.

Fechei os olhos para se forçar a dormir, mas não consegui. Estiquei a mão e peguei o celular e fitei a tela escura. Mordisquei o lábio nervosa enquanto discava o número dele que estava desligado.

Esfreguei a testa frustrada por não saber como ele estava. Sabia que Damon sempre acabava levando a melhor sobre ele, afinal ele se alimentava direto da fonte.  Tamborilei os dedos no aparelho imaginando um milhão de cenários diferentes. Por fim mandou uma curta mensagem.

Está tudo bem?

Duas horas mais tarde não obtive resposta alguma e não sabia se ficava com raiva ou com medo.

Desci para cozinha depois de  revirar na cama  feito um peixe fora d'água. Enquanto segurava o copo vazio fitava a lua pela janela, um arrepio estranho percorreu seu corpo quando lembrou de um dos pesadelos. Uma lua de sangue no alto do céu si tornando azul. Fechei as cortinas e coloquei o copo no armário e guardei a jarra de água gelada dentro da geladeira e fiquei olhando os mantimentos sem saber ao certo o que estava procurando.

Despertei com barulho do freezer. Um barulho agudo que sempre a apavorava quando pequena. Sempre a noite, nos momentos em que seus olhos começavam fechar-se e inconsciência tomava conta.

Click.

Meus olhos abriam-se e coração disparava pensando ser algum ladrão. Nunca imaginei monstros em baixo da cama como minhas  amigas. Meu pesadelo era sempre algum louco buscando vingança contra a mãe ou pai.

Meu pai sempre dizia que os humanos eram a pior espécie sobre a terra e que não existiam monstros embaixo da cama esperando ansiosamente  para devora-la, apagava a luz e a mandava dormir. E obediente eu ignorava o medo do escuro e o que ele trazia consigo.

Acho que por isso foi tão difícil acreditar no sobrenatural. Porque cresci vendo minha mãe prender assassinos que praticavam crueldades com pessoas inocentes sem nenhum motivo aparente. Cresci acreditando que celas manteriam o mal guardado.

Como queria que fosse tão simples assim. Fechei a geladeira sentindo os pelos do braço arrepiados pelo frio e me arrependi de não ter pego o robe, antes de descer. Voltei para sala e estiquei  a mão pegando o controle e desligando a televisão, não tinha cabeça pra assistir coisa alguma.

Estava subindo as escadas quando escutei uma batida na porta. Congelei com a mão sobre o corrimão. Quem poderia ser às 2 da manhã? Franzi os lábios e prendeu a respiração. Dando outro passo nas pontas dos pés tentando subir. Mas sabia que seus esforços seriam inúteis se pessoa do lado de fora tivesse super audição.

Inclinei a cabeça olhando para pequena janela na porta e notou uma silhueta alta do lado de fora. Por um segundo a tola esperança de ser ele vindo pessoalmente responder a mensagem. Mas descartou a ideia quando escutou o barulho de dedos impaciente tamborilando na porta. 

Terminei de descer os  degraus sem pressa Abri a porta devagar, mas quando colocou a cabeça para lado para ver a pessoa, congelou. Abri e fechei a boca umas cinco vezes antes de encarar alguém cuja o rosto estava começando a esquecer.

— Pai? 


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Notas finais do capítulo

TBC...
Então gente, gostaram dos novos moradores de MF?
E SC em seu encontro ao reverso no Falls?
Até a próximo capitulo que não quando vou postar. Vou assistir TVD hj e quem acompanha sabe que vai ser o ep mais triste de todos e não tem como não deprimir depois disso.
XOXO
PS: Girls of Heart, vc me mandou uma DM e tentei responder, mas fui bloqueada. Não entendi o porquê. Fiz algo que te chateou? ;(