Make a Wish (Revisando) escrita por allurye


Capítulo 14
Chapter - XIV Bonfire party


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Desculpem o super atraso estava morta de preguiça e com bloqueio terrível para escrever. Por isso a demora tá!
Já avisando que vai ser longo, então sorry but no sorry :P
Boa leitura!



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 “Você faz o que você tem de fazer e o destino levou você através disso. E eu tenho que ter o senso de reconhecer que eu não sei como deixar você partir. Todo momento marcou com aparições da sua marca. Estou movendo rapidamente tentando escapar desse desejo. A saudade de estar perto de você. Eu faço o que tenho de fazer.” Do What You Have To Do - Sarah Mclachlan

 

STEFAN 

 

Mesmo sabendo que as chances de encontrá-la ali eram nulas, que possivelmente ela estava o evitando e eu deveria seguir a dica e me manter distante. Mas não consegui controlar o impulso de sair de casa depois da notícia que Zach lhe deu, depois de suas acusações, não consegui permanecer em casa sobe o constante olhar julgador de Zach que apesar de dizer que eu era bem-vindo para ficar, não escondia que preferia que estivesse  bem longe. Rondei pela cidade deixando meus ouvidos atentos para qualquer coisa estranha acontecendo. Zach prometeu fazer o mesmo, mantendo um olho no obituário da cidade.

Estava absorto pensando em mei irmão, me negando a acreditar que morte da garota tinha mesmo sido um ataque animal, apenas uma fatalidade. Tentei me convencer que Damon ainda estaria no outro lado do mundo, fingiu que podia ter mais tempo dessa vez. Tempo o suficiente para conhecê-la, mas sabia que era inútil.

Sabia que o irmão tinha mesma tradição  de voltar ao antigo lar para remoer memórias antigas. Sabia que assim como eu descobri sobre Elena, ele também descobriria. Apreendeu a dura penas que Damon sempre o achava, não importa qual longe fosse, ele sempre o encontraria.

Não estava nos meus planos encontrá-la naquele dia. Quase voltei para trás quando encontrei Elena em frente a uma livraria. Ela sorriu largamente quando me viu e acenou alegremente com a mão. Fiquei paralisado por um segundo, forçando meu cérebro a reagir e nesse momento de paralisia ela se aproximou.

— Ei, Stefan.

— Oi, Elena — cumprimentei desviando meus olhos do dela e me concentrando em qualquer ponto na rua. Ela estalou os lábios e cruzou os braços olhando para trás procurando a onde eu estava olhando com tanto interesse — Então, está gostando da cidade?

— Ahãm — acenei com cabeça. O sorriso dela se desmanchou a medida que não mordia a isca e puxava assunto. Ela desviou os olhos para os sapatos e depois para céu.

— Está quente não é? — ela inquiriu ainda olhando para o céu semicerrando os olhos com reflexo do sol, quando voltou seus olhos para mim nós encaramos por longos segundos e ela riu. Acabei rindo junto com ela — Oh meu deus, eu estou mesmo comentando sobre o tempo? — ela encabulada — Eu pareço com meu pai agora, me desculpe.

— Sem problemas. Si quer saber, comentar sobre o clima é um ótimo jeito de quebrar o gelo — zombei

— Ah mais é claro que é — ela revirou os olhos — Em minha defesa, você não é muito…

— Falante — completei

— É — ela afirmou com cabeça. E novamente o assunto si perdeu. Seu sorriso se desmanchou e ela desviou olhos para chão — Você já conheceu outros lugares…

— Além do Grill — completei — Não, eu não saio muito. Estava esperando conhecer, mas…

— Eu posso te mostrar — ela se ofereceu sorrindo brilhantemente — Já ouviu falar na cachoeira daqui?

— Sim, Caroline me falou dela — Elena abriu a boca para dizer algo, mas si calou. Assentiu com a cabeça e suspirou.

— Então que dar uma volta, pela praça?

— Tudo bem — concordei relutante.

Querendo arrumar uma desculpa para ir embora porque me sentia estranho perto dela.  Seguimos pela praça e enquanto isso, um silêncio incomodo si instalava. Não podia deixar de lembrar da tarde ao lado de Caroline.

Conversar com ela era fácil, ela preenchia o silêncio mostrando pontos da cidade que ela gostava, divagando sobre situações engraçadas que aconteceram ela, poderia sem duvida ficar por horas a fio escutando-a divagar.

Olhei para Elena com cantos dos olhos e suspirei exasperado. Sei que podia estar sendo injusto, que meus muros já estavam apostos contra ela. Desconfiando de cada ação, palavra ou sorriso. Mas não podia evitar, era mais forte que qualquer curiosidade insana sobre ela. Mesmo sabendo que Elena era uma pessoa diferente, não conseguia desvincilhar a imagem que sempre se fundia a  de Katherine.

Ela suspirou novamente quando notou que ele mais uma vez não a escutei uma palavra do que disse e me senti culpado por isso. Elena estava tentando tão difícil ser simpática, sempre inciando uma conversa que eu não prestava realmente atenção.

Tentei desvincular as duas pessoas, conhecê-la naquele pequeno passeio e enquanto estavam indo para Grill, acabei por contar uma coisa ou outra sobre meu passado. Ela ria e o encarava com toda atenção, escutando cada palavra e parecendo fascinada com tudo  que eu dizia.

Nesse meio tempo descobri coisas que ela gostava, descobri que assim como eu, escrevia diários e por vezes quando ia visitar o túmulo de sua avó ficava por horas lá sentindo paz ali em vez do medo.

Foi então que começou a enxergar Elena Gilbert como uma pessoa distinta, que apenas dividia a aparência física com Katherine, mas que era o seu completo oposto. 

Decidi dar uma chance a ela, tentar conhecê-la e não julgá-la por ser a cópia da mulher que destruiu minha vida. O encontro não programado foi agradável e correu bem até que escutei alguém chamar por ela.

Caroline.

Fiquei paralisado em frente ao balcão vendo-a fechar os olhos com força, apertando a alça da bolsa antes de virar lentamente na direção de quem a chamava. Ela gritou que estava de saída e nisso Elena desviou seus olhos de mim e notou Caroline. Enquanto as duas se cumprimentavam, ele não conseguia abrir a boca e falar, meus olhos si perderam nos dela que parecia apavorada ao me encontrar.

Ela se apressou para sair, mas não estava disposto a deixa-la ir, não dessa vez. Corri até ela e a impedi agarrando seu braço. Ela o fulminou com os olhos parecendo irritada, seus olhos azuis pareciam mais escuros do que normal, uma tempestade se formando dentro deles que parecia traga-lo sem aviso algum.

Pedi cinco minutos apenas e implorei que as palavras não se perdessem em minha língua. Mas no momento seguinte meu cérebro parecia entorpecido depois de enlaçar sua cintura impedindo-a de ser atropelada enquanto fugia de mim.

E naquele minuto que parecia correr lentamente, me perdi em seus olhos de safira. Todo o meu corpo parecia reagir ao contado com sua pele, sentindo seu peito contra o dele, observando de perto seu belo rosto. Os lábios carnudos entreabertos enquanto seus olhos estavam trancados nos dele.

Engoli seco quando respirei fundo e todo meus sentidos se confundiram quando inspirou o cheiro dela. Uma mistura de leite em mel em sua pele com leve aroma de morango que emanava de seus cabelos dourados. Prendi a respiração e sem perceber lambi os lábios olhando para os dela que pareciam tão convidativos. De repente eles eram tudo que conseguia ver, tudo que queria provar.

Mas os cinco minutos voaram sem que nenhum deles si desse conta disso. Ela o lembrou gentilmente com sua voz soando tão rouca quanto a minha que eu podia soltá-la. Pisquei despertando para realidade, voltando para seus olhos. Soltou-a a pulso, se sentindo subitamente vazio sem ela em meus braços e foi esse sentimento amargo que o alertou para o  qual louco e novo tudo aquilo era.

A maneira como ela me fazia esquecer do mundo, dos perigos com apenas um olhar. Sem querer sempre acaba sendo atraídos para eles, a luz contida neles mesmo que fosse o brilho de raiva o prendia como uma marisposa.

Mas graças a aquele cinco minutos, pude perceber como suas paredes pareciam estar caindo pouco a pouco. Adorei o pequeno sorriso brotando em seus lábios, adorei quando ela rolou os olhos e mandou que calasse a boca.

Mas todo aquele momento novo e amistoso foi cortado por Elena e não pude conter o suspiro de frustração quando ela atravessou a rua e os alcançou e logo em seguida como si não bastasse Elena, Tyler surgiu. Colando as mãos envolta do ombro de Caroline sem cerimônia como fez no Grill somente a lembrança dos lábios dele na bochecha dele já fazia meu sangue ferver,  e aquele sorrisinho convencido não estava ajudando muito. Queria arrancar aquele sorriso ou dentes dele, não fazia muita diferença desde que ele tirasse as mãos dela.

Tive que ver impotente ela fugir para longe mais uma vez e ainda estando acompanhada daquele idiota. E como se não bastasse isso Elena voltou a tagarelar e me  convidou para uma festa que me neguei  prontamente a ir.

— Ei, vocês — Bonnie correu até nos e olhou em volta com testa franzida — Vocês viram a Caroline?

— Sim, ela foi embora — Elena explicou

— Embora?

— Sim, com Tyler — expliquei cerrando os dentes olhando na direção em que ela foi embora. Bonnie arqueou a sobrancelha para mim e para minha surpresa sorriu com simpatia. 

— Okay, ela podia ter me avisado — ela se queixou, mas logo mudou de assunto encarando Elena por longos segundos — Então, cadê  o Matt?

— Ele… Tinha algo a fazer com a Vicky — explicou ela corando e desviando os olhos para o lado — Mas é você, estava no Grill…

— Ahãm — ela cortou — Inclusive eu vi vocês chegando.

— É por que não me chamou?

— Você parecia… Ocupada — ela rebateu dando ombros — Mas mudando de assunto, vocês vão à festa?

— Não — respondi ignorando o olhar desanimado de Elena

— Eu vou — Elena murmurou e Bonnie assentiu.

— É uma pena que não vai, Stefan. E uma festa divertida. Nós vamos lá e levamos coisas velhas que queremos nós livrar e queimamos numa grande pira.

— Parece divertido.

— E é. Todos nós vamos, Elena… Matt — ela citou lançando outro olhar estranho a Elena que desviou os olhos para sapato — É claro, Tyler, Vicky e Caroline.

— Ela vai? — inquiri não conseguindo esconder o entusiasmo.

— Ahãm. Ela adora essa coisa. Geralmente leva uma caixa enorme.

— Eu posso imaginar — concordei imaginando-a divagando sobre cada item na caixa. Me perguntando si ela levaria os presentes do ex-namorado. Desejando saber si ela ainda pensava tanto nele quanto pareceu.

— Então, eu já vou indo — Bonnie anunciou — Elena, vem comigo?

— Ah, claro — Elena assentiu com cabeça. Bonnie deu leve aceno com mão e saiu. Elena olhou por cima do ombro a amiga, esfregou as palmas da mão na calça jeans escura e suspirou — Bem, eu já vou indo. Espero que mude de ideia e vá a festa. E mais divertido do que parece.

— Eu vou pensar, prometo.

— Okay, então eu.... — ela apontou para lado — Vou indo.

Elena saiu seguindo Bonnie. Acenou para mim antes de entrar no carro. Fiquei olhando o carro de Bonnie desaparecer na estrada. Não queria ir aquela festa, ainda estava sendo difícil me controlar no meio de uma multidão e estar no meio de monte de adolescentes não parecia uma boa ideia.

Meus olhos foram atraídos para o outro lado da rua. Um homem alto de cabelos rasos e grisalhos era cumprimentado por duas senhoras que apertaram sua mão. Ele forçou um sorriso fraco que soou miserável. Notei como pele repuxada estava pálida, qual fundo, seus olhos estavam. De repente uma das senhoras disse um nome. Um nome que fez meu estômago revirar. Virei a cabeça fingindo olhar a vitrine da livraria local e me concentrou na conversa. O homem era o pastor Carter e sua filha… Era Tracy.

Engoli seco, sentindo como se pregos estivessem aranhando minha garganta. Olhei de canto para o rosto do homem e senti o peso em seus ombros voltarem, todo peso que sorriso de Caroline pareciam ter tirado havia voltado quando viu o sofrimento estapamdo no rosto daquele homem.

Eu tinha que descobrir quem tinha feito isso. Não podia mais mentir para si mesmo e fingir que eram ataques animais. Uma garota inocente tinha morrido por causa da minha alienação, ela era outro nome para adicionar a lista de pessoas que assasinei sem culpa alguma. Porque mesmo que não tenha sido eu, era minha culpa. O monstro que a matou foi atraído para cidade por minha causa. Tracy era outra vítima entre outras muitas que carregava sobre as costas.

Peguei o celular no bolso e discou para Zach suspirou enquanto ele demorava.

Stefan?

— Zach, eu preciso de favor.

Qual?

— Preciso que descubra a causa da morte de Tracy.

Eu já disse qual é….

— Você acha que é, eu preciso ter certeza. Vai haver uma festa hoje a noite.

É você acha que o “animal” pode atacar novamente?

— Sim, eu acho.

Tem certeza que por esse motivo que vai?

— E por qual outro eu iria nessa festa?

Um loiro de olhos azuis, talvez!? Eu sei que ainda persegue ela.

— Não tem nada ver com Caroline. Eu vou rodar essa festa e descobrir se….

Ele voltou — ele completou — Você sabe que sim Stefan. Só pode ser ele.
 


Caroline
 

Ouvi a buzina irritante de Tyler pela terceira vez. Corri escada baixo, calçando os sapatos. Tropecei num degrau e gemi de dor, xingando Tyler por ser tão apressado. Olhei para relógio na parede constatando que ele estava vinte minutos adiantados. Abri a porta e coloquei a cabeça para fora e gritei que ele esperasse.

Corri para dentro e peguei minha bolsa e suspirei exasperada quando escutei a buzina novamente, estava começando a me arrepender de ter aceitado ir essa maldita festa. Coloquei os brincos na orelha e o batom nos lábios, estalei eles para espalhá-los por igual. Peguei um bloco de nota e deixei um recado para minha mãe e pendurei na caixa de leite. Foi olhando a foto de pessoas desaparecidas que me lembrei de Tracy.

Fechei a geladeira e corri para armário procurando o frasco de verbena que Sheila me deu, vasculhei duas gavetas até encontrá-lo e quando fiz, quase o deixei cair devido ao susto que levei quando encontrei Tyler  encostado no batente da porta.

— O que é isso? — ele inquiriu estendendo a mão e pegando-o de mim

— Devolve!

— Humm,  é tequila?

— Não, não é tequila. Agora devolve — ordenei e estendi a mão. Ele o depositou na minha mão, coloquei o frasco na bolsa e segui para fora. Tyler parou em frente a porta, franzindo a testa pra mim — O que foi?

— Não vai levar nada? 

— Não, por quê?

— Nada — ele passou por mim e franzi a testa olhando para ele.

Tranquei a porta e entrei no carro. Tyler ligou o rádio no ultimo volume e tamborilou os dedos no volante

— Então, preparada para ver ele?

— Humm, o que disse? — ele revirou os olhos pra mim — O que é, estava distraída?

— E eu imagino o porquê.

— Do que está falando?

— Do Salvatore. Estava pensando nele não é?

Abri a boca para rebater e dizer que ele estava louco, mas não consegui. Stefan, Damon e Tracy era tudo que ocupava minha mente nos últimos tempos. Olhei para Tyler com cantos dos olhos e me perguntei se eu estava sendo tão obvia? E porque Tyler de repente prestava tanta atenção  na minha vida romântica.

— E por que está preocupado com isso?

— Isso o que?

— Eu e Stefan.

— O que — ele riu — Eu não estou!

— Não é o que parece – zombei

— Não se ache tanto Forbes. Eu só estou dizendo o óbvio. Você está ai suspirando por ele.

— Não, eu não estou — ralhei e ele riu — E pare de rir. Você deveria se concentrar na sua namora, não na minha vida amorosa.

— Eu não tenho namorada.

— A Vicky Donavan pensa o contrário.

— Vicky é só uma garota e eu... Sou só uma cara. Nós nos encontramos quando estamos afim e só isso.

— Pois si é só isso mesmo, deveria deixar claro pra ela. Você está iludindo a garota.

— Qual é Caroline, desde quando você se importa com a Vicky? Aliás não seja hipócrita, você é tão boa nisso quanto eu.

— O que disse? – inquiri realmente confusa com sua acusação.

— Você é boa em iludir. Quantos caras você não manteve na baia só pra inflar seu ego, mas dispensou no fim da noite como si não fosse nada? 

— Eu nunca fiz isso.

— Ahãm, me engana que eu gosto.

Abri a boca para rebater, mas as palavra si perderam na minha boca. Tyler estava dizendo parte da verdade ou que ele pensava ser verdade. A antiga Caroline gostava de seduzir, ser admirada. Adorava a atenção que os garotos davam, mas quase sempre rejeitava as investidas mais serias que apenas tinha como único objetivo leva-la para cama para depois exibir o feito.

O que Tyler e o resto do mundo não sabiam era que isso tinha acontecido umas duas vezes apenas. E depois eu tinha me deixando enganar e fui rejeitada como si fosse um pano de prato usado que não tinha mais serventia assim como Vicky aos olhos de Tyler.

Rejeitada e ignorada mais vezes que poderia contar, uma dentre tantas que incluía meu próprio pai que não queria saber nada de mim.

Nunca a única.

Aquela era uma verdade que nunca deixava de se provar certa, não importa qual linha do tempo ou universo alternativo estivesse. Senti uma pontada no estômago seguida nauseas e tive que respirar fundo para não vomitar.  Virou o rosto para lado e Tyler suspirou alto

— Qual é? Por que essa cara agora?

Ignorei sua pergunta. Me arrependendo muito de ter aceito aquela carona. Tinha me esquecido de como Tyler era, esquecido da maneira que ele e o resto dos garotos me enxergavam naquela época. 

— Você não ficou realmente chateada...

— Não obvio que não!  Você esta certo. Eu faço isso, uso as pessoas. Me aproveito delas e dos sentimentos e  que sentem por mim para me satisfazerem e depois as jogo fora como si fossem nada. Apenas uma garota com desejos que quer outro garoto. Eles se encontram e ficam quando querem... E só.

Tyler si calou entendo o recado. Pensei que ele rebateria, mas não o fez pelo restante da viagem permaneceu olhando de esguelha para mim e desviando os olhos quando por acaso eu o flagrava.

Por sorte chegamos cinco minutos depois dando fim aquela viagem perturbadoramente silenciosa. Mas a sensação de alívio durou pouco. Porque logo em seguida as nauseas voltaram com força.  Tive certeza que aquela festa seria horrível quando  encontrei Stefan perto da fogueira, acompanhando de Elena que carregava uma pequena caixa. Meu sorriso se desfez quando mais uma vez eles sorriam um para o outro.

De repente me senti literalmente no passado, na maldita festa do comenta. O dia que Stefan me rejeitou sem ao menos tentar me conhecer. Um dia que tentei esquecer quando estava nos braços dele, quando ele dizia que amava. Mas aquela dia, aquela frase nunca se apagou da minha cabeça nem do meu coração.

“Caroline, eu e você não vai acontecer”

Ele deu as costas sem me polpar si quer um olhar e foi ao encontro de Elena. Seu amor épico, sua alma gêmea.

Senti meu estômago revirar e a velha dor no peito surgindo e esmagando minhas entranhas.  Tentei desviar meus olhos e atenção para outra coisa, mas não conseguia. Meus olhos gravitavam até feliz casal e o buraco no estômago de repente se tornou maior. O vazio crescendo como um buraco negro. Algo que pensei ter superado há  muito tempo, mas todas aquela inseguranças de menina ainda estavam enraizadas. Stefan parecia sempre saber como acorda-las seja com Elena ou Valerie, ele sempre sabia como me  reduzir a pó.

— Depois diz que não gosta dele — Tyler sussurrou no meu ouvido me fazendo saltar de susto.

Esmurrei seu peito e ele gemeu  de dor,  mas o sorriso nunca abandonou seu rosto. Rindo da raiva estampada no meu rosto, vendo de camarote Elena sendo escolida de novo. Fiquei sozinha em meio uma multidão de jovens alcoolizados perto de uma grande pira de fogo. Uma péssima combinação que com toda certeza foi inventada por outra pessoa igualmente bêbada para ter uma idéia tão estupida.

Cumprimentei alguns colega e tentei me enturmar com minhas colegas, mas não conseguia. Me sentia deslocada e impaciente com a conversa boba sobre garotos que incluía o novo e misterioso rapaz que chegou na cidade.

Foi quando notei um par de olhos fixos em cada passo que eu dava. Respirei fundo para reunir coragem  e me aproximar de Vicky  Donavan.

Ela desviou olhos para fogueira por um segundo e aproveitei desse moemento me juntando a ela e em silêncio. Ficamos caladas fitando o crepitar da chama. Vendo pessoas jogando coisas fora.

— O que você quer? - inquiriu mal-humorada

— Eu nada — dei ombros. Vicky riu pelo nariz e revirou os olhos para mim

— Não deveria estar seguindo o Tyler?

— Ah então é isso?

— Isso o que?

— Você está com ciúmes do Tyler — pensei que ela rebateria, mas não o fez.

Ela entornou a garrafa de cerveja seguindo Tyler com os olhos. Me identifiquei com ela, na verdade nunca julguei Vicky tão duramente como Bonnie e Elena costumavam fazer. Porque eu sabia por Matt tudo que eles haviam passado. Pai que ela nunca chegou a conhecer e mãe ausente. Nunca dizia nada a respeito quando Elena contava do sofrimento de Matt em ter que ser responsável por Vicky. Porque sabia como ela deveria se sentir, pelo menos minha versão original de 2009 entendia.

Sentia a mesma, insegurança e abandono e por vezes raiva do mundo, desviei os olhos para Stefan e Elena que agora estavam na companhia de Jeremy e Bonnie.

— Eu não gosto dele, não desse jeito — expliquei

— De quem garota?  — inquiriu ela mal-humorada

— Tyler. Eu não sou uma ameaça — ela virou o rosto e me encarou, olhando-me de cima a baixo. E riu, algo que poderia ter me ofendido em outra época, mas agora só me fez rir.

— É claro que não é. Você não é o tipo dele.

— Graças a deus por isso.

Vicky arregalou os olhos surpresa.  Ela realmente achava que todos queriam ele. Ela desviou os olhos para Tyler e suspirou, tomou outro gole de cerveja fuzilando a garota que se aproximou de Tyler, apertou a lata de cerveja e parecia que ia esmaga-la com a mão, de repente um rapaz magrelo com piercing no nariz e olhos escuros surgiu e retirou a cerveja da mão dela.

— Victória, seja menos obvia. Ela está fazendo isso pra te provocar.

— E está fazendo um belo trabalho — murmurei e Vicky e  o garoto se viraram pra mim.

— Por que não si mente com sua vida?

— Caroline Forbes? — o garoto sorriu feito gato cheshire — Desde quando vocês duas se falam?

— Nós não nos falamos — eu e Vicky dizemos em uníssono. Ela revirou os olhos para mim e garoto se colocou no meio da gente colocando o braço envolta dos meus ombros.

Retirei o braço dele e fui até o latão com as bebidas procurando uma garrafa de cerveja. Estava procurando por Bonnie ou Tyler que tinha desaparecido com a loira que Vicki carinhosamente apelidou de vadia. Quando os sussurros dos dois amigos me paralisou.

Para de falar disso! — Vicky rosnou olhando para lados nervosa — Não foi nossa culpa. Eu não coloquei uma arma na cabeça dela e mandei que fosse floresta ser atacada.

Corrigindo, não existe nós — ele rebateu — Você mandou a menina pra morte, foi você que humilhou ela…

Cala à boca — cerrou os dentes — Eu não queria que ela morresse, nem nada do tipo. Eu… Só disse a verdade. O lugar dela não era com gente…

Como a gente — ele completou.

Então Tracy estava com Vickiy quando foi atacada. O garoto si desculpou com ela passando o braço envolta de seu ombro e  os dois começaram a si afastar indo em direção a floresta. Abri a garrafa de vodca que achei e busquei meu frasco de verbena dentro da bolsa e derramei dentro da garrafa. E corri até eles, Vicky franziu a testa quando chamei por ela.

— O que você quer garota, não tem nada melhor pra fazer não?

— Na verdade não, exatamente como você — rebati e Vicki abriu a boca e estava pronta para jorrar mais ofensas

— Ignora ela — o garoto tapou a boca dela — Quer ir ao lugar com a gente?

— Claro – dei ombros

— Aproposito, meu nome e Peter. 

— O meu é…

— Caroline Forbes, líder de torcida, chefe do comitê e filha da Xerife — ele anunciou me fazendo-me rir — Todo mundo sabe quem é você. Em falar em Xerife, não vai si meter em encrenca bebendo?

Abri a tapa e tomei um longo gole, torcendo que a aspirina que tomei mais cedo não me fizesse mal mais tarde. Peter sorriu largamente e colocou o braço envolta do meu ombro e seguimos para floresta. Enquanto os seguia, não pude resistir olhar para ele por cima do ombro. Stefan estava com as mãos metidas no bolso fitando a fogueira e para minha surpresa tirou uma fotografia do bolso.

Mesmo estando longe e não enxergando tão bem quanto minha versão vampira, reconheci a foto amarelada em tons de sépia. Ele apertou a foto entre as mãos antes de respirar fundo e joga-la na fogueira. Ele permaneceu por um minuto olhando fixamente para as chamas que destruía a fotografia de Katherine.

Me perguntei o que isso significa, porque ele estava queimando o único retrato, a única lembrança dela? Talvez fosse porque ele não precisava mais de um retrato quanto tinha a cópia em carne e osso ao seu alcance. Meus olhos se desviaram das chamas voltando para ele que para minha surpresa estava olhando diretamente para mim. Apertei o passo, apressando Peter e pedindo que me levasse para longe.

 

(…)

Peter e Vicky me levaram para o meio do nada. Alguns colegas deles estavam com algumas garrafas de cerveja entre outras coisas que Peter ofereceu, mas recusei, ignorando o olhar irônico de Vicky e sua zombaria me chamando de careta.

Cruzei os braços esfregandos eles com as mãos tentando espantar o frio. Tentei puxar assunto com Vicky sobre Tracy, mas ela nada dizia e quando o fazia era apenas para jorrar ofensas.

Ficou claro que Vicky Donavan tinha claramente um problema com o mundo. Nem mesmo seu amigo era poupado de sua amargura e de repente a empatia que tinha por ela foi derretendo a medida que ela continuava me provocando por ciúmes de Tyler. Naquele momento desejei ser uma vampira e compeli-la a calar à boca e dizer somente o que interessava.

Graças aos céus, ela se afastou indo flertar com cara que parecia muito mais velho que ela. Mantive os olhos nela, temendo que ela sumisse com o cara na mata e fosse a próxima a ser encontrada drenada no meio da floresta.

Um arrepio percorreu meu corpo com esse pensamento, acebei lembrando que Vicky foi a primeira vítima de Damon. E olhando em volta ele entendi o porquê dele ter escolhido ela. Vicky era a vítima perfeita. Garota problema que era metida com bebidas e drogas, sendo atacada por um vampiro no meio da floresta, quem acreditaria nela?

Na época não prestei atenção aos delírios dela, estava ocupada demais me chafurdando em poço fundo de auto depreciação e inveja de Elena para se importar com o aparente ataque de vampiro que Vicky  gritava desesperada na malfadada noite do cometa.

— Ela não é sempre assim — Peter comentou olhando para amiga, arquei a sobrancelha em descrença e ele riu — Eu sei que parece é difícil de acreditar, mas na maioria do tempo ela é legal.

— Eu aposto que é — ironizei — Afinal, por que ela ficou tão nervosa quando comentei sobre a filha do reverendo?

— Nada, ela só está de saco cheio do assunto. De repente só se fala nessa garota.

— É normal. Faz muito tempo que ninguém morre de ataque animal e ela e filha do…

— Pastor  — ele completou fitando o chão.

Ele suspirou alto, pegou um maço de marlboro de dentro do bolso da calça jeans. Depois pegou o isqueiro com símbolo de I ♥ NY e o acendeu e o tragou em seguida, soltando fumaça pelo nariz. Ele estendeu a caixa pra mim e neguei com cabeça fazendo uma careta para o cheiro. Ele riu e colocou o maço e o isqueiro no bolso de trás de sua calça.

— Você a conhecia? — ele inquiriu tragando o cigarro mais uma vez.

— Só de vista, geralmente encontrava ela na igreja ou na biblioteca. E você, chegou a conhece-la?

— Sim, ela… Era legal. Apesar de ser muito metida a certinha. Ela estava ficando com um amigo meu — ele revirou os olhos para minha boca escancarada de surpresa — Qual é? Não faça essa cara! Nós não somos as piores pessoas do planeta.

— Eu não disse isso e nem penso assim. Se pensasse, não estaria aqui no meio da floresta bebendo cerveja quente — ele riu — Mas admito, fiquei surpresa. Pelo que me lembro dela ela não parecia do tipo… Festeira.

— E não era. Ela ficava deslocada, acho que odiava isso aqui.

— Então por que ela veio pra cá? — ele levantou a sobrancelha fina sugestivamente — Pelo cara!

— É nem mesmo a filha perfeita do Pastor resistiu a um bad boy — ele cantarolou terminando de tragar o cigarro, jogou-o no chão e pisou em cima.

— Ela estava com vocês, não é?

— O que? — ele arregalou os olhos e negou veemente com cabeça — Não, claro que não! — ele negou com sua voz soando aguda.

— Ela foi encontrada na floresta, bem perto daqui pelo que soube. 

— Você por acaso veio a mando da sua mãe? — ele maneou cabeça coçando a nuca — Sabia que falar com a filha da xerife era roubada.

Ele me deu as costas mais segurei seu braço e fiz sinal de rendição com as mãos. 

— Relaxa! Eu não estou aqui a mando dela nem nada. Eu perguntei por curiosidade e mesmo que ela estivessem com vocês… Qual seria o problema?

— Nenhum — ele murmurou com os olhos fixos no chão. Ele suspirou e voltou a se encostar numa árvore, estava prestes a fazer o mesmo quando notei que Vicky  tinha sumido.

Olhei em volta procurando ela, ignorei Peter que me chamava e sai pela floresta procurando por ela. Desviando de galhos e árvores, tomando cuidado para não escorregar. E naquele momento andando feito doida no meio da floresta tendo plena consciência que estava tão em perigo quanto Vicky.

Sentindo meu coração começando a tamborilar e o ato de respirar tornar-se mais difícil, sentindo minhas mãos começarem a tremerem. Sabia que não era apenas o medo de esbarrar em Damon, era as malditas lembranças com Stefan me perseguindo me dominando.
Fechei os olhos e contei até dez, me concentrando em qualquer barulho.

Escutei o assovio do vento gelado que batia contra meu rosto o farfalhar das árvores e barulho de galhos quebrando. Avancei pela direita, tomando cuidado para não fazer ruido algum, estava chegando cada vez mais perto de onde o som via, mas antes que pudesse descobrir se era Vicky ou não, um barulho atrás de mim me assustou.

Olhei para trás prendendo a respiração. Sabia que tinha alguém me observando. Aquela sensação estranha que arrepiavam os pelos da braço  e ouriçavam os pelos da nuca, coração disparado espalhando adrenalina por todo corpo deixando em alerta.

Olhei para chão buscando qualquer galho quebrado ou pedra. Abaixei pegando um galho velho seco e quando me ergui gritei de susto. Me deparei com um par de olhos de jade me olhando com os olhos arregalados.

— Calma, calma — ele colocou ambas as mãos em meus ombros e continuei com respiração presa e boca escancarada. Meu coração estava tão acelerado que podia ouvir os batimentos com exatidão rugindo em meu ouvido — Está tudo bem, calma.

Continuei paralisada, sentindo minha cabeça começando a doer. Stefan franziu a testa e continuou falando, mas não consegui entender o que ele dizia até que ele agarrou meu rosto e me olhou profundamente e aproximou seu rosto do meu.

— Caroline, respira — ele ordenou e começou a inspirar e soltar.

O imitei, puxando o ar como se houvesse me afogado, meus pulmões arderam com nova leva de ar, tossi um pouco e ele continuou dizendo “Apenas respire”

Demorou uns dois minutos para tosses e ardência no pulmão passassem, enquanto isso ele mantinha as mãos em meu rosto acariciando minha nuca com a ponta do dedo.

— Está melhor? — ele inquiriu preocupado, assenti. Não confiando em mim mesma para falar.

Sentia meu corpo inteiro trêmulo e seus dedos sobre minha pele não ajudava muito nesse quesito. Estremeci com vento gelado e meu queixo tremeu, ele logo tirou as mãos de mim e tirou sua jaqueta de couro colocando sobre meus ombros.

Tentei devolver mais ele teimou e me ajudou vesti-la e fechou o zipper. Cruzei os braços ainda tremendo, mas sentindo o perfume conhecido dele me inebriando. Tive que conter o desejo de puxar a gola e cheirá-la

— O que está fazendo aqui? — inquiri com voz rouca, sentindo uma ardência na garganta.

— O que você está fazendo aqui… Sozinha. Não sabe que é perigoso?

— Claro que não! Eu costumo correr pela floresta em busca de perigo. Ia até pintar um alvo na testa — ele suspirou alto e maneou a cabeça — Você ainda não me respondeu.

— Não respondi o que?

— O que faz aqui? — inquiri desconfiada, dando um passo para trás enquanto esfregava as mãos.

— Eu estava procurando você.

Abri a boca e fechei uma ou duas vezes e ele deu outro passo em minha direção, fazendo questão de me encurralar. 

— Mas é você, o que fazia aqui sozinha?

— Eu… eu estava procurando uma amiga… conhecida — corrigi gaguejando 

— Amiga?

— É! Por que esse olhar?

— Que olhar? — ele riu franzindo as sobrancelhas

— Você sabe que olhar — apontei o dedo pra ele — Está duvidando de mim.

— Não, longe disso — ele estalou os lábios e olhou envolta — É onde essa sua amiga está?

— Se eu soubesse não estaria procurando-a, não acha? — ele se ateu apenas a sorrir.

Um sorriso brincalhão se formando em seus lábios o que só me fez grui em irritação. Voltei a andar ignorando ele que ainda me chamava. Ele seguiu-me em silêncio andando tão silencioso quanto um fantasma. Depois de andar por mais dez minutos parei ofegante. Tento a triste constatação da minha condição humana. Testa suada, pés doloridos e respiração ofegante.

— Você está bem?

— Estou… Ótima — tomei fôlego e forcei sorriso torto pra ele — Por que está me seguindo?

— Eu não estou seguindo e sim te acompanhando. Não vou deixar você sozinha aqui.

— E por que não? A festa e para lá — apontei — E acho que tem alguém te esperando lá.

Ele franziu a testa confuso por um segundo e quando entendeu a quem me referia, sorriu. Não um simples sorriso, era um sorriso convencido. Um que eu odiei.

— Está se referindo a Elena?

— E tem outra já? — inquiri irritada, mais irritada ainda com ciúme em minha voz. Respirei fundo e tentei me conter, mas o sorrisinho dele não colaborava.

— Não, não tem — ele rebateu sério.

Fazendo meu coração se afundar no estômago. Tive uma pequena sensação de dejávu. Os olhar gelido, a voz grave quando ele disse a frase que ainda hoje a assombrava.

— Não há Elena, não há ninguém

— O que disse? — inquiri piscando os olhos que ardiam. Me despertei daquela lembrança, sentindo-me subitamente mais pequena do que era.

— Eu disse — ele deu outro passo cortando a pequena distância entre nos — Que não tem outra, não há Elena. Ela é apenas uma amiga.

— Amiga? — ri e rolei os olhos para ele

— Sim, ela é apenas isso — ele afirmou — Não consigo pensar nela e nem em ninguém além dessa garota que conheci. Ela virou meu mundo do avesso, ela me confundi e atrai, me acalma e me deixa louco... Tudo ao mesmo tempo.

— Então… Eu acho que deveria ir atrás dela — ordenei odiando qual trêmula minha voz soou.

— Eu já fui — ele respondeu com um sorriso e o jeito que ele me olhou, me calou.

Meu sorriso de deboche se desfez a medida que a seriedade brilhando em seus olhos me perfuraram. Ele deu outro passo e dessa vez não recuei. Meus pés pareciam pregados no chão e mesmo tentando desviar meus olhos dos dele e despertar meu cérebro ele parecia entorpecido.

Ele estendeu a mão e acariciou meu rosto, fechei os olhos estremecendo com seu toque, sentindo meu rosto quente.

Meu coração voltou a disparar e quanto mais ele se aproximavam mais meus olhos pareciam sonolentos, não querendo abrir-se. Senti sua respiração contra meus lábios e quis gritar que ele se afastasse, quis berrar comigo mesmo por não abrir a boca ou empurrá-lo. Senti seu nariz roçando no meu. Inconscientemente ergui a cabeça me aproximando ainda mais dele e com a outra mão ele agarrou meu rosto.

Prendi a respiração e esperei.

Esperei pelo momento que seus lábios se uniriam aos meus, que sentiria os malditos fogos de artifício explodindo dentro de mim, as borboletas batendo asas dentro do meu estômago. Ele roçou os lábios e naquele microssegundo de hesitação aproximei meu rosto do dele, não resistindo de impaciência com sua lentidão.

Mas o beijo, aquele que seria tecnicamente o nosso primeiro, não passou de um roçar de lábios. Um grito de horror irrompeu alto pela floresta nos fazendo saltar de susto. Stefan franziu a testa e olhou fixamente para direita. Sabia que ele estava ouvindo tudo. Ele se afastou de mim e saiu quase correndo na direção do grito, eu o segui. E ele parou quanto percebeu

— Fique aqui! — ele ordenou.

— De jeito nenhum!

— Caroline, fique aqui e mais seguro…

— Já disse que não. Eu vou junto! — teimei e não esperei sua resposta corri na direção onde gritos e gemidos eram ouvidos.

Stefan tentou me convencer a ficar e se irritou com minha teimosia. Quando finalmente chegamos a onde grito vinha, encontramos Vicky no chão apertando o pescoço e gritando. O rapaz que estava com ela, estava caído no chão desacordado contra uma árvore, seu pescoço não estava ferido. Tinha apenas um corte na testa. Corri até Vicky  que arregalou os olhos inundados chorando e gemendo coisas incompreensíveis.

— Vicky, você está bem? — pressionei a mão no ferimento no pescoço dela e ela gemeu mas alto.

Stefan correu até o garoto desacordado chegando os sinais vitais ou apenas conferindo se ele não tinha sido mordido. Vicky continuava gritando e tremendo.

— Vicky, respira — ordenei, mas ela não obedeceu. Continuou balançando a cabeça e chorando. Peguei em seu ombros e sacudi de leve ela arregalou os olhos surpresa — Victória, respira!

Ela o fez e fiquei imitando-a ajudando-a se acalmar. Stefan manteve uma distância dela. Podia notar seus olhos escurecendo, ele virou o rosto para lado quando notou meus olhos sobre ele.

— Temos que tirá-los daqui. Me ajude a levantá-la — pedi, mas ele não se moveu. Podia ver que ele respirava lentamente tentando controlar a si mesmo.

— Stefan, uma ajuda seria bem-vinda agora!

Sabia que estava sendo baixa, queria e precisava atrai-lo para mais perto de Vicky, mesmo sabendo que ele poderia não resistir. Ele se virou lentamente ainda respirando lentamente e as veias sobre seus olhos tinham desaparecido, seus olhos voltaram a cor normal.

Ele caminhou até nós e ajudou-me a levantar Vicky. Me perguntei de onde veio aquele autocontrole todo. De repente Vicky se virou para ele e se afastou sobressaltada, cairia no chão se eu não tivesse segurado-a.

— Vampiro — ela murmurou arregalando os olhos. Stefan parecia chocado e apavorado ao mesmo tempo.

— Vicky,  se acalme. Você deve ter visto errado.

— Ele tentou — ela apontou para floresta — Ele me mordeu, atacou o Colin…

— Shiuuu — agarrei seu rosto

— Respira!

Ela o fez, mas ainda parecia perturbada. Ajudei ela andar e acenei com a cabeça pedindo que ele ajudasse o garoto, ele assim o fez. Caminhei com dificuldade, carregando Vicky que parecia trêmula ou bêbada demais para andar em linha reta. Demoramos quase quinze minutos para avistar a luz alaranjada da fogueira, escutar a música e burburinho de pessoas.

Tentei apertar o passo para chegar até lá mais Vicky não colaborava, então gritei por ajuda. Um garoto franziu a testa olhando em nossa direção e quando notou o sangue em Vicky correu para nós ajudar, ele pegou o outro braço dela e o colocou por cima do ombro dele. De repente toda atenção era voltada para nós, uma roda se formou a nossa volta. Vicky pediu para sentar-se e ajudei a se sentar no chão.

O burburinho cresceu, todos horrorizados e curiosos querendo saber o que aconteceu. Vicky parecia mais nervosa com isso. Pedi que calassem a boca e se afastassem e fizessem algo de útil como chamar a ambulância.

Estava levantando para ir eu mesma atrás de ajuda, mas ela agarrou minha mão e com olhos suplicantes e apavorados murmurou novamente algo incompreensível. Sem muita escolha fiquei ao lado dela. Foi quando me dei conta que Stefan não estava ao redor. Provavelmente ele tinha compelido o garoto a essa altura.

E minha teoria foi confirmada quando ele surgiu ajudando o garoto que já estava bem acordado e o corte em sua testa já tinha si cicatrizado. O rapaz que me ajudou saiu gritando por ajuda, alguém abriu espaço na roda e correu até nós.

— Vicky, o que aconteceu? — Matt se ajoelhou e agarrou o rosto dela, arregalando os olhos quando notou o sangue no pescoço. Ele perguntou uma duas vezes o que tinha acontecido, mas ela nada dizia.

— O que aconteceu com ela, Caroline? Anda me diz…

— Foi um animal — o rapaz murmurou com olhos fixos no chão — Ele nós atacou.

Os burburinhos cresceram e Vicky continuava entorpecida sendo levemente sacudida por Matt que preocupado tentava fazê-la reagir. Elena, Bonnie e Peter surgiram logo depois. Elena levou a mão na boca e correu até o namorado apertando seu ombro. Ele a ignorou e tentou levantar Vicky que com ajuda dele e minha, se levantou.

Peter e o garoto que me ajudou anunciou que tinha o carro a espera deles pra levá-los ao hospital. Matt agradeceu e guiou a irmã para longe da roda. Mas ela parou e murmurou algo novamente

— O que disse? — Matt inquiriu

— Não foi um animal, foi um vampiro.

— O que? — Elena e Peter disseram em uníssono, meus olhos se desviaram para Stefan que mantinha os olhos arregalados.

— Foi um vampiro — ela repetiu.

Matt me lançou um olhar preocupado e guiou a irmã para longe. De repente todos repetiam o que ela disse, uns rindo outros penalizados e outros como Bonnie olhando para floresta com olhos vidrados.

— Bonnie, você está bem? — apertei seu ombro e ela pareceu despertar

— Ahãm, eu estou — ela sibilou e piscou os olhos acenando com cabeça.

Estava prestes a contesta-la quando Stefan passou por mim guiando o rapaz até o carro, ele olhou para mim por cima do ombro e Peter surgiu na frente dele me chamando.

— Ela chamou você, pediu que fosse com ela.

— Eu?

— Sim — ele afirmou impaciente — Vamos.

Corri para alcança-lo e Stefan colocou o garoto em seu carro. Matt suspirou aliviado quando me viu.

— Ela pediu que…

— Eu sei, eu vou com ela. — entrei no carro ignorando Elena que parecia ofendida quando Matt pediu que ela ficasse alegando que Peter e eu iriamos precher os lugares e não tinha espaço suficiente para ela.

Vicky agarrou minha mão com força e encostou a cabeça no banco fechando os olhos. Matt fez mil perguntas e respondi todas elas mecanicamente. Ao chegarmos no hospital ele correu com a irmã para dentro pedindo ajuda. Fiquei na recepção vendo um enfermeiro colocar Vicky numa cadeira de rodas e levá-la para dentro.

Peter se colocou ao meu lado e para minha surpresa não disparou uma torrente de perguntas. Ele sentou-se em uma das cadeiras e esfregou o rosto nervoso, fitando aporta azulada da ala de emergência. Apertei de leve seu ombro e ele forçou um sorriso. Não muito depois Stefan chegou seguindo de ninguém mais, ninguém menos que Elena que veio até mim enquanto Stefan explicava a situação do rapaz para recepcionista.

— Onde o Matt está? — Elena perguntou nervosa

— Emergência — Peter respondeu por mim e apontou para dentro. Ela ignorou o aviso de Peter para esperar e entrou. Stefan se manteve em frente a porta vendo o garoto ser levado para dentro.

Ele suspirou alto e se voltou para mim sentando ao meu lado e em silêncio ficamos os três a espera de notícias. Depois de quinze minutos, Peter se irritou e disse que ia saber sobre a amiga. Pensei por um segundo ou dois em segui-lo, mas permaneci sentada ao lado dele, com sua perna bem próxima a minha.

— Você está bem? — ele inquiriu olhando para mim agora

— Sim, acho que sim. E você? Parecia….

— Assustado, eu estava — completou riu nervoso — Eu tenho…. Fobia de sangue.

— Oh! — assenti com cabeça — Eu suspeitei disso quando você empalideceu feito vela vendo o corte da Vicky — ele estalou os lábios e assentiu

— Isso meio ridículo, eu sei.

— Eu não ia dizer com essas palavras — ele riu revirando os olhos pra mim — O medo pode vir das coisas mais variadas e esquisitas, eu entendo. Eu por exemplo, tive uma época que tinha pavor do Barney, depois do chapeleiro da Alice, depois tive pavor de umbigos, minha mãe me levou num terapeuta e disse que era onfalofobia…

Parei de divagar quando notei o sorriso dele se alargar, um brilho surgindo em seus olhos, sem ombros relaxados enquanto ria de mim

— Eu conto os meus medos pra você, é você ri?

— Desculpe, eu não pude evitar! Medo de umbigos? — ele riu

— Eles eram estranhos e fundos e sempre imaginei uma sonda alienígena saindo deles é... — ele gargalhou e bati em seu ombro. Recebemos uma advertência da recepcionista que pediu silêncio.

Tentamos ficar em silêncio, mas ele continuou a rir de mim. Estava prestes a mandá-lo calar à boca. Mas Peter, Elena e Matt surgiram na sala. Elena que estava de mãos dadas com Matt tentando acalmá-lo se calou quando notou o sorriso de Stefan que ainda mantinha os olhos sobre mim. Me levantei ignorando o olhar dela.

— Como eles estão?

— O Colin tá bem. Só bateu com a cabeça, mas aparentemente não quebrou nada. Já a Vicky… Vai ficar observação — Peter contou

— Ela foi sedada — Matt murmurou — Ela estava delirando, não parava de dizer que foi atacada por vampiros.

— Deve ter sido o susto — Elena sugeriu

—  Elena tem razão — concordei — O importante agora é que ela está bem.

— Sim é — Matt assentiu e ergueu os olhos para mim e os alternou entre mim e Stefan — Alias, eu devo isso a vocês. Obrigado por salvarem a minha irmã.

— Não foi nada — eu e Stefan dissemos em uníssono.

Matt e Elena foram até recepção terminar de registrar Vicky. Peter voltou a sentar-se na cadeira de espera, mas logo se levantou e saiu do hospital quando seu celular tocou. Estava esperando que Matt terminasse quando minha mãe chegou.

Vestida com seu uniforme e com seu melhor olhar de “Você está encrencada mocinha” ela se dirigiu primeiro a Matt que contou a versão resumida e para meu azar, citou que eu socorri Vicky. Me afundei na cadeira de imediato imaginando o sermão que escutaria por isso. Ela pediu que seu companheiro Steven colhesse o depoimento de Colin. Depois ela veio em minha direção e respirei fundo antes de erguer a cabeça e encará-la. Dei o melhor dos meus sorrisos, combinando com meu melhor olhar inocente, mas a julgar pela veia saltitando na sua testa, não funcionou como o esperado.

— Quem encontrou as vítimas? — ela inquiriu e reviria os olhos para ela se isso não fosse um claro atentado a minha própria vida.

— Fui eu — Stefan respondeu antes que tivesse a chance. Minha mãe desviou seus olhos azuis de águia para Stefan e franziu a testa para ele.

— E quem é você?

— Stefan Salvatore — ele se levantou e estendeu a mão. Minha mãe demorou dois segundos para aceitar e apertar a mão dele — Prazer em conhecê-la, Senhora Forbes — ela assentiu com a cabeça

— Prazer e todo meu Stefan. Agora, chega apresentações — ela se voltou para mim — O que estavam fazendo exatamente no meio da floresta?

— Nada! — afirmei semicerrado os olhos para ela que imitou-me e ignorou meu olhar de “Pare, por favor” — Eu estava com alguns amigos e de repente…. Quis tomar um ar e comecei a andar e então...

— Ela si perdeu — Peter me socorreu. Lancei um olhar agradecido a ele.

— Sim, exatamente. Eu fui muito irresponsável…

— Sim, você foi. E sobre isso, conversaremos em casa — cortou ela me lançando um olhar de aço. Peter assobiou um “vish” e se afastou — Agora, como você entra na história? — inquiriu ela encarando Stefan

— Eu fui procurar por ela. Encontrei o amigo dela… Ele me disse que ela tinha dado uma volta. Eu fiquei preocupado então…

— Ele me achou — murmurei — E ia me levar de volta pra festa.

O olhar endurecido dela pareceu derreter de imediato. Um sorriso se formou em seus lábios

— Obrigado por isso… Por manter minha filha segura…

— Stefan — ele lembrou — Não há o que agradecer — ele sorriu e virou o rosto sorrindo para mim que desviei os olhos.

Minha mãe arqueou a sobrancelha dela para mim e antes que pudesse dizer outra coisa seu olhar de xerife já tinha voltado.

— Me espere na viatura, Caroline.

— Mas…

— Agora! — ordenou com voz baixa. Bufei em derrota. Acenei para Matt que mais uma vez agradeceu. Pedi que ele me mantivesse informada.

Antes de ir porém, parei procurando por ele, mas para minha surpresa ele tinha sumido. Olhei em direção a porta azulada da emergência e sabia o que ele tinha ido fazer. Compelir Vicki…

Mal sabia ele, que ele não poderia fazer isso por minha culpa. Ela olhou por cima do ombro sentindo o nó em sua garganta. Mesmo sendo exatamente o que ela planejou, coloca-lo em evidência e fazê-lo se revelar. Agora que tinha conseguido, não podia deixar de pensar que ele não merecia isso. Minha mãe me chamou impaciente e entrei em sua viatura não desgrudando os olhos do hospital. Me odiando um pouco mais por ter que destruí-lo.

 
 


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Notas finais do capítulo

TBC...
Então é isso. Espero que não tenha desapontado geral :/
Ainda tinha mais mil palavras nesse capítulo, mas resolvi cortar por estar muito, muito longo. Aqueles que não gostam de textos tão longos prometo que tentarei reduzir para 4 mil palavras, é razoável, né?
Desde já dando boas vindas para Karolyn e Mandy :D espero que gostem e não desapontem vocês e Leila, Tatah e Lilie sorry de novo pelo atraso.
Até quinta-feira que vem
( acho que não nessa, da outra semana tá!)
XOXO