O Maior Amor escrita por Sâmara Blanchett


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas pela demora. Tentei postar antes, mas tive problemas com minha internet. Vamos de capítulo 12.



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Por Henutmire

 

Ao entrar nos aposentos de minhas filhas, me deparo como Tany deitada em sua cama, com seus olhos fechados e aparentemente sem força alguma em seu corpo. Ao seu lado está Hadany, que não desvia o olhar cheio de preocupação da irmã.

 

—Tany... — Chamo por ela ao me aproximar da cama e seguro sua mão. — Filha, sou eu, a mamãe. — Falo, mas permaneço sem resposta. — Abra os olhos para mim.

 

—Mamãe... — Ela fala em um sussuro e lentamente abre seus olhos.

 

—Sim, meu amor. — Sorrio para ela. — Me conte o que você está sentindo.

 

—Estou com frio. — Ela fala. Levo minha mão até a testa de Tany e ao tocá-la me dou conta do que está acontecendo.

 

—Ela está ardendo em febre. — Falo para Leila, ainda mais preocupada.

 

—Estou com frio, mamãe. — Tany repete, me fazendo temer a intensidade dessa febre que surgiu do nada.

 

—Leila vai trazer mais um cobertor para você, está bem? — Falo e minha filha apenas acena afirmativamente com a cabeça.

 

—O que ela tem, mamãe? — Hadany pergunta.

 

—Eu não sei, minha filha. — Respondo. — Seu pai foi chamar Paser, ele saberá o que sua irmã tem e cuidará dela.

 

—Aqui está, senhora. — Minha dama me entrega um cobertor.

 

—Obrigada, Leila. — Agradeço. Pego o cobertor e com ele cubro Tany. Seu corpo treme devido a febre alta. — Está quentinha agora?

 

—Sim. — Tany responde com voz ainda mais baixa, quase inaudível, enquanto fecha os olhos novamente.

 

—Ajude Hadany a se vestir e depois a leve até a cozinha de Gahiji para fazer seu desjejum. — Peço a minha dama, na intenção de tirar Hadany dos aposentos para que ela não fique ainda mais preocupada com a irmã.

 

—Eu quero ficar com minha irmã, ela pode precisar de mim. — Hadany fala.

 

—Vamos fazer o que sua mãe pediu, princesa. — Leila fala, tentando me ajudar. — Assim que terminar seu desjejum, nós voltamos.

 

—Você promete? — Hadany pergunta, olhando para Leila com seus olhos desconfiados.

 

—Prometo. — Minha dama fala com um sorriso.

 

(...)

 

—Como essa febre pode ter surgido do nada? — Hur pergunta, enquanto observo Paser examinar minha filha.

 

—Eu não sei, espero que o sumo sacerdote me dê essa resposta. — Falo.

 

—Será que nossa filha adoeceu por causa...

 

—Nem diga uma coisa dessas, Hur. — Eu o interrompo, já sabendo o que ia dizer. — Se minha filha estiver neste estado porque Anat foi embora, eu sou capaz de ir atrás dela e matá-la.

 

—Faria mesmo isso? — Hur se surpreende comigo.

 

—Pelas minhas filhas sou capaz de qualquer coisa, seja o que for. — Falo firmemente.

 

—Onde está Hadany? — Meu marido pergunta, após alguns segundos de silêncio.

 

—Pedi a Leila que a levasse. — Respondo. — Ela está muito preocupada com a irmã, achei melhor não que não estivesse presente quando Paser chegasse.

 

—Eu vou ficar bem? — Ouço Tany perguntar a Paser.

 

—Vai sim, princesa. — O sumo sacerdote sorri, transmitindo confiança a minha filha. — Beba isto e descanse, está bem?

 

Paser faz com que Tany beba um preparado feito por ele e em seguida coloca um pano úmido em sua tesa. Minha filha parece não aguentar manter os olhos abertos e, ao se acomodar nas almofadas, fecha-os pouco a pouco.

 

—E então, Paser? — Pergunto quando o sumo sacerdote se aproxima de mim e de Hur. — O que ela tem?

 

—Infelizmente, não sei dizer. — Ele responde. — Eu a examinei minuciosamente, mas não encontrei nada que possa estar causando essa febre alta e persistente.

 

—Ela pode estar tendo o mesmo que meu irmão teve? — Pergunto.

 

—Não posso afirmar com certeza, mas talvez seja possível. — Paser fala e eu tento conter meu desespero.

 

—Então, o soberano já adoeceu da mesma forma que minha filha? — Hur pergunta.

 

—A princesa não se referiu ao rei. — Paser responde.

 

—Como não? — Meu marido tenta entender. — Ramsés é o único irmão de Henutmire.

 

—Não, não é. — Me pronuncio. — Meus pais tiveram um filho, um menino, depois de mim e antes de Ramsés.

 

—Eu não sabia disso. — Hur fala.

 

—Quase ninguém sabe, é um assunto doloroso. — Falo. — Ele morreu ainda muito pequeno, de uma febre inexplicável.

 

Vejo os olhos de Hur serem tomados pelo medo de que aconteça a nossa filha o mesmo que aconteceu a meu irmão. Gostaria de dizer a ele que não, que o mesmo não vai acontecer a Tany. Gostaria de abraçá-lo e transmitir a certeza de que tudo vai ficar bem. Mas, como posso fazer isso se o mesmo medo assombra meu coração? Como ser corajosa e enfrentar esse medo por nós dois? Não sei como agir. Nenhuma mãe está pronta para perder seu filho, ainda mais sem poder fazer nada para impedir. Eu não estou e nunca estarei pronta para perder nenhuma de minhas filhas. Seria um golpe ao qual eu não teria a mínima chance de suportar.

 

—Minha filha pode morrer, é isso? — Hur demonstra seu medo.

 

—Não vamos nos precipitar, não sabemos o que de fato tem a princesa Tany. — Paser tenta nos acalmar.

 

—E o que devemos fazer? — Pergunto.

 

—Esperar, senhora. — Ele responde. — Não saiam do lado dela e fiquem atentos. O preparado que dei a ela ajudará a fazer com que a febre ceda.

 

—E se não ceder? — Pergunto novamente.

 

—Peça para me chamarem e eu virei imediatamente. — Paser fala.

 

Por Anat

 

Não é mentira que o sacerdócio sempre foi o meu maior sonho, mas quando conheci Hur tudo mudou. Me apaixonei por ele no instante em que o vi, sem me importar que ele fosse um homem casado. Pensei que a princesa não seria uma obstáculo para mim, nem suas filhinhas insuportáveis. Mas, meus planos foram frustrados quando bati de frente com a resistência de Hur e agora com a fúria da princesa, que fez o que fez para defender sua família. Julguei Henutmire como uma tola, uma covarde chorona, mas estive completamente errada. Ela preservou minha vida, mas em troca me obrigou a deixar o palácio e a única família que tenho.

 

—Vai sentir falta do palácio? — A grande sacerdotisa pergunta ao se aproximar de mim.

 

—Não do palácio, mas do que deixei lá. — Respondo.

 

—Fala de seu tio? — Ela pergunta.

 

—De meu tio, de minha prima e de um amor. — Respondo ao olhar para o horizonte que deixei para trás.

 

—Um amor? — Atalia me olha curiosa.

 

—Já não importa mais, senhora Atalia. — Falo. — Eu serei uma esposa do deus Seth, essa foi minha escolha.

 

—Você não está desistindo de um amor por causa do sacerdócio, está? — A grande sacerdotisa faz por onde chamar minha atenção para si e olha em meus olhos.

 

—O sacerdócio é minha vida. Fora dele eu não teria nada, a não ser a morte. — Respondo. É claro que Atalia não compreende verdadeiramente o que digo, pois não sabe que ser sacerdotisa é o preço que pago para continuar viva.

 

—Gosta da forma decidida como fala, Anat. — Ela sorri para mim. — Você será uma sacerdotisa como poucas.

 

—Espero não desapontá-la, senhora. — Falo e volto meu olhar para o mesmo lugar de antes. — Algum dia eu poderei voltar a Pi-Ramsés?

 

—Talvez, depois de ser consagrada. — Atalia fala, agora olhando na mesma direção que eu. — Você terá muitas obrigações e responsabilidades no templo, mas isso não significa que não poderá visitar sua família. — Sinto seu olhar recair sobre mim. — Agora que está aqui, se arrependeu da decisão que tomou?

 

—Claro que não, senhora. — Respondo, sem olhá-la. — Apenas trago comigo uma lembrança, que faço questão de retribuir um dia. — Levo uma de minhas mãos a meu rosto, que ainda posso sentir arder pela bofetada que a princesa Henutmire me deu. — Mas, eu posso esperar, não tenho pressa.

 

Por Ramsés

 

—Ainda triste pela partida de sua prima? — Pergunto.

 

—Conformada. — Nefertari responde, sem desviar seu olhar de nossa filha em seus braços. — Anat escolheu seu caminho, a mim só cabe aceitar sua decisão.

 

—Ela está em boas mãos, Atalia cuidará bem dela. — Falo e acaricio delicadamente a mãozinha de minha filha. — Ainda não escolhemos o nome da nova princesa.

 

—Eu já escolhi. — Minha esposa sorri. — Ela se chamará Mayra.

 

—Mayra? — Indago, mas logo sorrio. — É um nome lindo, meu amor.

 

—Com licença, soberano. — O sumo sacerdote fala ao entrar nos aposentos.

 

—Entre, Paser. — Falo. — Pensei que tinha ido acompanhar sua sobrinha e a grande sacerdotisa até o porto.

 

—E fui, soberano. Anat e Atalia embarcaram há pouco tempo. — Paser fala.

 

—Parece preocupado, meu pai. — Nefertari fala. — Aconteceu alguma coisa?

 

—Quando estava voltando ao palácio encontrei Hur no caminho, ele tinha ido a minha procura a pedido da princesa. — Paser responde.

 

—O que houve com minha irmã? — Pergunto, preocupado.

 

—Com ela nada, mas com a princesa Tany sim. — Paser fala. — A menina está doente.

 

—Pelos deuses! Ontem mesmo Tany veio aqui me ver e estava tão bem. — Nefertari fala. — Como ela pode ter adoecido do nada?

 

—O que minha sobrinha tem? — Pergunto novamente.

 

—Ela está com muita febre, que insiste em não ceder. — Paser fala. — O único que pude fazer foi lhe dar um preparado para baixar a temperatura do corpo.

 

—E o que causou essa febre? — Nefertari pergunta ao pai.

 

—Infelizmente eu não sei, minha filha. — Ele fala.

 

—Não pode ser! — Falo baixo, mas Paser e Nefertari escutam.

 

—O que não pode ser, Ramsés? — Ela me olha curiosa.

 

—Eu preciso falar com Henutmire. — Falo. — Você fica com elas, Paser?

 

—Claro, soberano. — Meu sogro fala.

 

Dou um beijo em Nefertari e outro em nossa filha, antes de sair apressado dos aposentos. Não quero acreditar que está acontecendo com minha sobrinha o que estou pensando.

 

(...)

 

—Ela se alimentou? — Pergunto a minha irmã, que está sentada na cama ao lado da filha.

 

—Muito pouco, disse que não consegue comer. — Henutmire responde, ao colocar um pano úmido na testa de Tany. — Ela está ficando cada vez mais fraca, a febre não cede. Estou com medo de...

 

—Não pense nisso, minha irmã. — Interrompo Henutmire e seguro sua mão. — Sua filha vai ficar bem.

 

—O mesmo aconteceu a nosso irmão, Ramsés. — Ela fala e vejo seus olhos serem tomados por lágrimas. — E ele não sobreviveu.

 

—Mas, Tany vai sobreviver. — Abraço Henutmire e sinto suas lágrimas molharem minhas vestes. — Vai ver que logo ela estará correndo pelo palácio como antes.

 

—Que os deuses te ouçam, meu irmão. — A voz de minha irmã se torna frágil, demonstrando o quanto tem medo de perder Tany.

 

—Onde está Hur? — Pergunto. — Ele teve a coragem de te deixar sozinha num momento como esse?

 

—É claro que não! — Henutmire me afasta dela e me olha irritada. — Ele foi apenas avisar a Uri que não irá trabalhar na oficina hoje, justamente para ficar comigo e com Tany.

 

—Melhor assim. — Falo. — Eu não permiti que ele se tornasse seu marido para se ausentar nos momentos que você mais precisa.

 

—Você ainda não aceita nosso casamento, não é mesmo? — Ela me olha de um modo que me faz ficar com um pouco de medo. — Não aceita que sua irmã, a princesa do Egito, tenha preferido um hebreu a todos os pretendentes nobres que você escolheu.

 

—Eu não disse isso, Henutmire.

 

—E nem precisa dizer, Ramsés! — Henutmire altera a voz. — Está estampado em seu rosto, para todos verem, o preconceito que tem por Hur somente por ele ser hebreu.

 

—Não fale comigo nesse tom. — Ordeno. — Eu sou o rei e você me deve respeito.

 

—Antes de ser o rei, você é meu irmão mais novo, é a mim que você deve respeito. — Minha irmã fala e me deixa sem argumentos. — Respeite também os meus sentimentos e pare de ficar procurando por alguma falha de Hur para comigo, por menor que seja. — Ela se levanta e me encara. — Pois mesmo que ele erre, eu irei perdoá-lo, porque ele é o homem que escolhi para estar ao meu lado, para dividir minha vida e para ser o pai de minhas filhas. E eu o escolhi porque o amo. — Henutmire me dá as costas. — Agora eu peço que saia. Minha filha precisa de um ambiente calmo para se recuperar, e não de mais discussões.

 

—Eu vou relevar sua atitude porque entendo que o estado de Tany esteja te deixando nervosa. — Falo. — Mas, não volte a se dirigir a mim dessa forma, Henutmire. Nunca mais.

 

Por Leila

 

—Parece que a filha da princesa se dá bem com meu filho. — Gahiji fala, olhando as duas crianças.

 

—Fico feliz que a companhia de Chibale tenha distraído a princesa Hadany. — Falo. — Ela estava muito preocupada com a irmã.

 

—Já sabem o que ela tem? — Ele pergunta.

 

—Quando sai dos aposentos, Hur ainda não tinha retornado com o sumo sacerdote. — Respondo. — O único que sei é que a princesa Tany está com muita febre.

 

—Tomara que não seja nada grave.

 

—Tomara, Gahiji. — Falo. — Eu vi nos olhos da princesa o quanto ela está preocupada com a filha.

 

—É compreensível, ela é mãe. — Gahiji fala. — E todos sabemos o quanto ela ama essas duas meninas, que seria capaz de dar a vida por elas se fosse necessário.

 

—Agora podemos ir, Leila? — Hadany pergunta. — Você me prometeu que voltaríamos quando eu terminasse meu desjejum e eu já terminei faz tempo.

 

—Então, não está gostando da nossa companhia? — Gahiji pergunta divertido. Ele sabe que a princesa me pediu para não retormar tão depressa com Hadany.

 

—Não é isso. — A filha da princesa responde. — É que estou preocupada com minha irmã.

 

—Entendo. — Gahiji olha para a menina, como quem acabou de ter uma ideia. — E se você me ajudar a fazer um doce para sua irmã? Aposto que ela vai gostar.

 

—Eu posso mesmo te ajudar? — Hadany se anima com a ideia.

 

—Claro que sim. Será uma honra ter a princesa como minha assistente. — Gahiji reverencia Hadany de uma forma divertida.

 

—Eu posso, Leila? — Hadany pede com um sorriso.

 

—Pode sim. — Falo. — Só não vá fazer muita bagunça.

 

—Criança aprende bagunçando, Leila. — Gahiji ri.

 

—Eu também posso ajudar, pai? — Chibale pergunta.

 

—Claro que pode, meu filho. — Gahiji fala e as duas crianças se levantam da mesa.

 

—Obrigada, meu amigo. — Agradeço.

 

—De nada, minha amiga. — Gahiji sorri para mim.

 

Por Henutmire

 

Hoje a noite demorou mais a chegar, ou talvez cada segundo que passo vendo minha filha doente, sem que eu nada possa fazer, pareça uma eternidade. Trouxe Tany para meus aposentos, para que eu possa estar mais atenta a qualquer melhora ou piora durante a noite. Observo seu rosto pálido e adormecido e uma imensa vontade de me entregar as lágrimas toma conta de mim. A vida já me tirou pessoas que amo, não quero que isto volte a se repetir agora, que construí uma família e que sou feliz ao lado dela.

 

—A febre cedeu? — Hur pergunta ao me ver sentada na cama ao lado de Tany.

 

—Não completamente, mas parece ter abrandado. — Respondo. — Paser disse que amanhã virá vê-la bem cedo.

 

—Já notou uma coisa? — Ele pergunta, com um enorme sorriso nos lábios.

 

—O que?

 

—Isso. — Hur então me mostra a mão de Hadany unida a da irmã. — Elas adormeceram segurando a mão uma da outra.

 

—Nossas filhas possuem uma ligação muito forte, não somente porque são irmãs ou porque foram geradas juntas, vai muito além disso. — Falo e me lembro do desentendimento que tive com Ramsés. — Nem todos os irmãos são unidos como elas.

 

—Por que está falando nesse tom? — Hur me olha curioso.

 

—Que tom? — Tento disfarçar.

 

—Tom de quem está vivendo o que diz.

 

—É inútil tentar esconder algo de você, não é? — Baixo o olhar.

 

—Você é minha esposa, eu te conheço como ninguém. — Hur toca meu queixo e volta meu olhar para si. — O que aconteceu?

 

—Ramsés foi aos aposentos de nossas filhas, para saber notícias de Tany, e acabamos discutindo. — Falo.

 

—E por qual motivo?

 

—Meu irmão não respeita as escolhas que eu fiz, Hur. — Respondo. — Às vezes, acho que ele iria preferir me ver infeliz ao lado de um nobre egípcio do que me ver feliz ao lado de um...

 

—Hebreu? — Hur completa minha frase ao ver que me calei.

 

—Me desculpe, meu amor. — Peço ao ver que ele se entristeceu. — Eu não devia ter tocado nesse assunto.

 

—Está tudo bem, Henutmire. É a verdade, mesmo nobre e vivendo como egípcio no palácio continuo sendo hebreu, porque não posso mudar o sangue que corre em minhas veias. — Ele me olha com um sorriso. — Mas, não me importo com o que o rei pense sobre mim. Não me importo que ele me julgue indigno de ser seu marido. — Sinto o toque macio de Hur em meu rosto. — O que realmente importa é que você me escolheu e que eu dedico cada um dos meus dias a provar que sou merecedor dessa escolha e do seu amor.

 

—Você é a melhor coisa que me aconteceu, Hur. — Falo e o abraço. — É algo que eu não sabia que precisava tanto e que não quero perder nunca. — Sinto o calor do corpo de Hur aquecer meu coração, antes frio pelo medo. — A cada dia fica mais claro o quanto preciso de você ao meu lado, do seu sorriso, do seu olhar, do seu modo de me confortar e fazer com que eu me sinta segura. — Olho nos olhos dele. — Eu não teria suportado tantas coisas se não tivesse você comigo.

 

—Estarei sempre com você, meu amor, mesmo que todo o mundo esteja contra. — Hur fala com voz terna, fazendo com que eu sorria. — Porque não existe vida em mim longe de você.

 

É incrível como o olhar de Hur tem o poder de me deixar sem ação, de me cativar inteiramente e me fazer agir como uma menina boba. Meu coração acelera ao sentir seus lábios cada vez mais perto dos meus. Todavia, somos interrompidos pelo som de um murmúrio baixo. Ao voltar minhas atenções para minhas filhas, vejo que é Tany quem tenta dizer algo, ao mesmo tempo que abre seus olhos lentamente.

 

—Mamãe... — Ela chama por mim.

 

—Estou aqui. — Falo, acariciando seu rosto.

 

—Estou com sede. — Minha filha fala em voz tão baixa que só a escuto por estar muito próxima a ela.

 

Hur se antecipa a mim, tomando em sua mão a jarra com água que está em uma mesa ao lado da cama. Ele coloca o líquido na taça e em seguida me entrega, para que eu dê a nossa filha.

 

—Tome, filha. — Ajudo Tany a erguer um pouco a cabeça para que beba a água. Ela toma um pouco e logo em seguida volta a dormir.

 

A impressão que se tem ao olhar para o rosto de Tany é que suas forças estão se esvaindo aos poucos. Afundo meu rosto em minhas mãos, frustrada comigo mesma por ver minha própria filha nesta situação sem que eu possa fazer absolutamente nada para aliviar seu tormento.

 

—Você precisa descansar, meu amor. — Hur fala ao colocar suas mãos em meus ombros. — Já é tarde, durma também.

 

—Como vou conseguir dormir sabendo que nossa filha está doente? — Pergunto, mesmo sabendo que não há resposta.

 

—Foi um longo dia, Henutmire. — Ele fala. — Descanse, por mim e por nossas filhas.

 

Acabo por concordar com o que meu marido diz e me deito ao lado de minha filha. Realmente preciso de um pouco de descanso. Passei todo o meu dia como se estivesse carregando todo o peso do mundo sobre minhas costas.

 

—Me abrace, até eu pegar no sono. — Peço e logo sinto os braços de Hur me envolverem.

 

—Minha menina...

 

—É como me sinto: frágil e desprotegida como uma criança. — Falo e sorrio ao olhar novamente nos olhos de meu marido. — Você cuida de mim?

 

—O quê? — Ele fala rindo.

 

—Olhe para mim, estou em seus braços. — Falo. — Então, cuide bem de mim.

 

—Sempre. — Hur sorri. Fecho os olhos, esperando que o sono logo venha a meu encontro. Penso em Moisés e a saudade toma meu coração. Sei que algum dia voltarei a ter meu filho junto a mim... No entanto, não sei se faço bem ou mal em desejar que o tempo passe depressa para que este dia chegue logo. — Bons sonhos, meu amor.


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Notas finais do capítulo

Cuida bem dela, Hur. *----*
Ramsés, hein? Ainda bem que Henutmire fez valer seus direitos de primeira filha de Seti.



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