O Maior Amor escrita por Sâmara Blanchett


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos! Espero que gostem... Boa leitura.



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Por Henutmire

 

Admirar a beleza do nosso rio sagrado é uma das coisas que mais gosto de fazer. Me sinto como se as águas do Nilo tivessem o poder de me acalmar e me fazer esquecer de tudo e todos. Luas e luas se passaram desde que Moisés se foi... Não saber notícias de meu filho me consome por dentro. Tenho constantes pesadelos e a saudade que sinto do meu menino fere meu coração como uma espada afiada. No entanto, os deuses também têm me agraciado com momentos de felicidade. Eu que pensei jamais voltar a amar, depois do que Disebek me fez, descobri novamente o amor ao lado de Hur. Enfrentei preconceitos e até mesmo a reprovação de Ramsés para pudéssemos ficar juntos. No fim, todos reconheram os valores e o bom coração de Hur, e sobretudo o seu amor sincero por mim. Nos casamos em um belíssima cerimônia e desde então sou uma das mulheres mais felizes do Alto e Baixo Egito, exceto pela ausência de meu filho... Meu único e amado filho.

 

—A senhora está bem, princesa? — Ouço a voz distante de Leila, quando na verdade ela está a meu lado. Então, percebo que ela falava comigo e eu não a estava escutando.

 

—Sim, apenas estava distraída com minhas lembranças. — Falo com nostalgia. — Foram nessas águas que encontrei Moisés, ainda tão pequeno e indefeso, e decidi cuidar dele como meu filho, mesmo enfrentando a fúria de meu pai.

 

—A senhora ainda sente muito a falta dele, não é? — Leila pergunta e me olha terna.

 

—Todos os dias, Leila. Não há uma manhã em que minha primeira lembrança não seja Moisés, nem uma noite onde meu último pensamento não seja para ele. — Falo, olhando para o Nilo. — Peço tanto aos deuses que o protejam, onde quer que esteja... — Volto meu olhar para Leila. — Será que meu filho ainda está vivo, Leila?

 

—Não perca a esperança, princesa. — Leila tenta me confortar. — Os deuses hão de permitir que um dia a senhora veja Moisés outra vez.

 

—E quando será este dia, Leila? — Falo com tristeza. — Vamos voltar para o palácio, Hur pode ficar preocupado comigo.

 

—Como quiser, senhora.

 

Me levanto para retornar ao palácio, mas não consigo ficar de pé. Sinto minha cabeça girar e minhas pernas perderem as forças. Ao ver que eu não me sentia bem, Leila rapidamente me amparou em seus braços e me sentou novamente.

 

—O que a senhora tem, princesa? — Leila pergunta preocupada.

 

—Senti uma tontura, minhas pernas ficaram sem forças... — Respondo. — Me dê um pouco de água, por favor.

 

—Pelos deuses, senhora. Já é a terceira vez que se sente mal. — Leila fala ao me entregar a taça com água. — A senhora deveria se consultar com Paser.

 

—Não se preocupe, Leila. Deve ser o calor, eu não deveria ficar tanto tempo fora do palácio. — Falo e olho para minha dama de companhia. — Por favor, não conte nada para Hur. Não quero que meu marido se preocupe sem razão.

 

—Não acho correto, mas não falarei nada a meu sogro. — Leila fala.

 

—Obrigada, Leila. — Falo, suspirando aliviada. — Tenho certeza que não é nada, apenas um mal estar passageiro.

 

Não deixo transparecer que, na verdade, começo a ficar preocupada comigo. Sempre tive boa saúde e este mal estar que venho sentindo não é comum. Será que estou doente? Talvez seja melhor me consultar com Paser, como Leila disse.

 

—Impossível! — Falo para mim mesma ao lembrar que, há um tempo atrás, Nefertari sentiu esse mesmo mal estar que sinto e agora está para dar a luz a um filho.

 

—O que disse, senhora?

 

—Nada, Leila. — Falo. — Já me sinto melhor, vamos voltar ao palácio antes que Ramsés pense que algo me aconteceu e mande a guarda real atrás de mim.

 

Com a ajuda de Leila, fico de pé novamente. Sinto minhas forças já reestabelecidas e me alegro por isso. Por um momento, pensei que retornaria ao palácio carregada por um dos oficiais que faziam a minha guarda no rio Nilo. Lembro-me novamente de minha cunhada, do bebê que ela espera... Que tola eu sou por pensar que o mesmo poderia estar acontecendo comigo. Eu não tenho condições de gerar um filho em meu ventre e muito menos esperanças de que isso aconteça.

 

Por Hur

 

Algo aconteceu a Henutmire em seu passeio no Nilo, algo que ela não quer me contar. Quando retornou ao palácio, minha esposa estava pálida, seus passos não eram firmes como sempre, eram cautelosos... Leila caminhava como a sombra de Henutmire e a olhava com preocupação. Para estarem me escondendo, com certeza foi algo grave.

 

—Você não vai mesmo comer? — Pergunto ao ver que minha esposa repudia o jantar que Gahiji havia trazido para ela.

 

—Não tenho fome, Hur. — Henutmire responde. — As frutas que comi quando estava no Nilo não me fizeram bem, me deixaram... — Ela para de falar, como se não acreditasse no que estava por dizer.

 

—Te deixaram? — Pergunto na intenção de fazer com que ela complete sua frase.

 

—Enjoada. — Henutmire fala quase num sussuro.

 

—Há dias eu venho te observando, não tem se alimentado direito... E hoje retornou ao palácio de uma forma estranha. — Me sento ao seu lado e olho em seus olhos azuis. — Henutmire, você está doente e não quer me contar?

 

—Claro que não, Hur. — Ela responde com firmeza. — Estou perfeitamente bem, não se preocupe.

 

—Não é o que parece. — Isisto e ela me olha com repreensão. — Não quero que você esconda nada de mim, assim como eu não escondo nada de você.

 

—Não estou escondendo nada, Hur. É você que está imaginando coisas que não existem. — Henutmire fala e se levanta. No mesmo momento, ela leva uma de suas mãos a cabeça e cambaleia para o lado. De imediato vou até minha esposa e a seguro em meus braços.

 

—Você está bem, meu amor? — Pergunto preocupado ao ver que ela se apoia firmemente em mim.

 

—Não, eu...

 

Henutmire nada mais diz. Eu a vejo perder suas forças e desmaiar em meus braços. Meu coração se enche de medo ao ver minha esposa nessa situação. Eu não posso perdê-la, não posso.

 

—Princesa? — Leila exclama ao entrar nos aposentos e ver Henutmire desacordada. — O que aconteceu com ela, meu sogro?

 

—Foram os deuses que mandaram você aqui, Leila. — Falo. Minha nora é a ajuda que eu precisava para socorrer Henutmire. — Chame Paser, depressa.

 

Por Paser

 

Quando Leila entrou em minha sala, desesperada, dizendo que a princesa Henutmire estava desacordada nos braços de seu marido, cheguei a pensar que algo de ruim havia acontecido. Mas, quando a dama de companhia da princesa me contou sobre o mal estar de sua senhora as margens do Nilo, e o que o mesmo já havia acontecido outras duas vez, comecei a suspeitar que um milagre acontecera.

 

—Paser? — A princesa fala ao abrir seus olhos e se deparar comigo ao lado de sua cama.

 

—Sim, princesa. — Falo. Devagar, ela se senta e se acomoda em suas almofadas.

 

—O que aconteceu? — A princesa pergunta.

 

—A senhora desmaiou, princesa. — Respondo. — Mas, já está bem.

 

—Não é a primeira vez que me sinto mal. Essas tonturas, os enjôos e agora esse desmaio... — A princesa me olha assustada. — Eu posso estar doente, Paser?

 

—Fico feliz em dizer que não. — Falo.

 

—Então, o que eu tenho? — Ela pergunta. — Não posso estar me sentindo tão mal sem motivo algum.

 

—A senhora espera um filho, princesa. — Falo sorrindo e o seu olhar se torna ainda mais assustado.

 

—Isso é impossível, Paser. — A princesa contesta. — Eu fui envenenada por Yunet durante anos. Não posso estar grávida.

 

—Os sintomas são claros, não há dúvidas, princesa. — Falo, afirmando o que eu disse. — Um milagre aconteceu, minha senhora.

 

—Impossível. — A princesa repete, mas não por não acreditar no que eu digo e sim por não acreditar no que está acontecendo.

 

—Alegre-se, princesa. — Falo. — A senhora gera uma criança em seu ventre, um príncipe.

 

Antes que a princesa dissesse algo, ouvimos a porta se abrir e Nefertari entrar por ela.

 

—Henutmire! — Minha filha fala com alegria. — Graças aos deuses você acordou. Não imagina o susto que nos deu.

 

—Onde está Hur? — A princesa pergunta.

 

—Seu marido está na sala do trono com o soberano. — Respondo. — Os dois estavam tão preocupados com a senhora que achei melhor que saíssem de seus aposentos enquanto eu a examinava.

 

—O que ela tem, meu pai? — Nefertari pergunta. — É algo grave?

 

—Não, minha filha. — Sorrio. — É algo maravilhoso.

 

—Como os males que tem afetado Henutmire podem ser algo maravilhoso? — Nefertari me olha e em seguida olha para a princesa, como se esperasse que um de nós respondesse sua pergunta.

 

—É melhor deixar que as duas conversem. — Falo.

 

Por Henutmire

 

Paser se retirou de meus aposentos, me deixando com a incredulidade da notícia que me dera. Um filho... Fui agraciada com a dádiva de gerar uma vida, de dar um filho a Hur, de ser novamente mãe, mesmo que já não tivesse esperança alguma de isso viesse a acontecer.

—O que meu pai quis dizer com "algo maravilhoso", Henutmire? — Nefertari pergunta.

 

—Um filho. — Respondo e minha cunhada fica incrédula. — Essa também foi a minha reação quando seu pai disse que estou grávida.

 

—Mas, é claro que está. Como eu não pensei nisso antes? — Nefertari questiona a si mesma. — Naquele dia em que estávamos no jardim e você se sentiu mal... Já era o seu filho, Henutmire. — Ela me olha com alegria. — Você vai ser mãe.

 

—Eu ainda não consigo acreditar nisso. — Falo e coloco uma das mãos sobre meu ventre. Meu olhar vai de encontro ao ventre de Nefertari, que se mostra imponente por debaixo de suas vestes. — Eles serão primos e terão quase a mesma idade.

 

—O reino ganhará dois príncipes. — Nefertari fala. — Preciso dar esta boa notícia a Ramsés. Me permite?

 

—Vá e conte a meu irmão, mas não na presença de Hur. Peça a ele que venha a meus aposentos, depois fale com Ramsés. — Falo. — Quero eu mesma contar a meu marido que teremos um filho.

 

(...)

 

—Eu tive tanto medo de te perder, meu amor. — Hur fala. — Se algo acontecesse a você, eu não sei o que seria de mim.

 

—Você nunca irá me perder, Hur. Estarei sempre ao seu lado, como espero que você sempre esteja do meu. — Falo. — Principalmente agora.

 

—Por que diz isso? — Ele me olha sério.

 

—Tenho meus motivos. — Falo rindo.

 

—E não vai me dizer quais são?

 

—Não sei se você está preparado para receber uma notícia como esta. — Falo, tentando parecer o mais séria possível.

 

—Assim você me assusta. — Hur me olha. — O que houve, Henutmire? O que Paser disse sobre seu desmaio?

 

—Hur... — Falo e seguro suas mãos. — Você será pai.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Espero pelos comentários.



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