Cross The Line escrita por bmirror


Capítulo 3
Capítulo 2 - O (não) Ano da Lily pt.2


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu tinha postado tudo junto, mas achei melhor dividir o capítulo 2 em duas partes porque ficou enorme de grande, rs. bisou bisou



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Mais tarde,

Expresso de Hogwarts

Emme acabou de dizer que tem um boato rolando na cabine da Lufa-Lufa de que Amos Diggory está noivo de uma menina irlandesa.

Será que é verdade??

Acho que eu sou capaz de desmaiar. Normalmente eu diria que dezenove anos é muito cedo para noivar/casar, mas acontece que as pessoas (pelo menos os bruxos) estão casando o quanto antes nesse período de guerra.

O que, vou ser sincera, acho muito válido. Qualquer chance de ter o amor é melhor do que não ter de jeito nenhum.

Mas AMOS DIGGORY NOIVO??? Era pra ele me esperar para que pudéssemos fugir juntos para a Itália! (Não sei porque escolhi Itália, mas sei lá. Parece um bom lugar para dar uns amassos em Amos Diggory).

Lene e eu nos abraçamos e fingimos chorar. Alice revirou os olhos dramaticamente e Mary nem tirou os olhos da unha que estava lixando. As duas não achavam ele tão lindo, nunca entendi o porquê.

— Parem com isso vocês duas. Vocês nunca nem falaram com ele – disse Mary, ainda olhando para a mão.

— Ahn, dá licença? Nós falamos sim – eu falei, parando de chorar de mentira.

— É, nós pedimos uma pena emprestada pra ele na biblioteca uma vez – Lene me apoiou.

— E pedimos licença no corredor também, ok?

— Ah, uau – Alice alou ironicamente – me desculpem, não percebi o quanto vocês estavam comprometidas com ele. As duas. Ao mesmo tempo.

Eu e Marlene ignoramos seu comentário.

— E você queria que eu focasse em quem, hein? – perguntei, me desvencilhando de Lene e voltando para o meu banco. – Um terço dos caras de Hogwarts já está comprometido desde o quinto ano, outro terço é simplesmente inamorável e o último terço é composto de caras com que Marlene já saiu.

Lene me olhou inicialmente ofendida, mas depois deu os ombros e concordou com um sorrisinho.

— Inamorável só porque você quer – Mary disse, ainda sem levantar o rosto. Depois soprou a mão esquerda e analisou o trabalho que estava fazendo com as unhas – Todo mundo sabe o quão seletiva você é.

— Eu hein, o que é que isso tem de errado, posso saber? – cruzei os braços (parcialmente) ofendida.

— Não tem nada de errado, ok? – Emme interveio – Você tem todo o direito de ser seletiva. Só que isso não te abre muitas portas para conhecer gente nova, não é? Quer dizer, olha quantos caras legais aparecem e você nem dá chance para nenhum...

Acho que a minha cara de interrogação estava tão evidente que ela foi parando de falar aos poucos. Por favor, né? Será que todo mundo ali vivia num mundo de fantasia? Queria muito de verdade enxergar essa fila imaginária de apaixonados que elas vêem.

— Não adianta, já tentei mil vezes – Lene escorregou no banco, abrindo a boca um bocejo preguiçoso – Ela literalmente não consegue ver pretendente nem que ele esteja sambando na ponta do nariz dela.

— Ahn...oi? Eu já disse que Tommy não conta, ok? Ele...

Mas não pude continuar porque todas presentes no compartimento gritaram “Chega de falar no Tommy Sullivan” então tive que ficar quieta e afundar no banco emburrada.

— Olha Lily, ninguém tá falando pra você parar de ter seleção, ok? Até porque é bom você saber escolher com quem quer ter uma amizade nesses tempos – Alice disse, colocando o cabelo para trás da orelha – Mas você tem que relevar certas coisinhas para conhecer alguém, entende? Quer dizer, olhe para Frank. Ele não é a pessoa mais bonita do mundo, confesso, mas ele é tão legal e gentil que dá vontade de bater. Sério mesmo, durante o verão fui até a casa dele e sem querer derrubei uma prateleira de pratos de porcelana da tia dele. Eu já estava quase chorando quando a tia dele chegou. Mas sabe o que ele fez? Assumiu completamente a culpa e ainda se propôs a pagar o estrago com um serviço de limpeza duas vezes por semana. Quer dizer, se eu tivesse que ficar procurando por alguém que me agradasse provavelmente eu nunca encontraria alguém tão legal assim. Entende? Quem se importa que ele tem orelhas enormes? Ele é fofo e fim.

Eu concordei com a cabeça porque fui obrigada. Não dava pra não concordar com uma história dessas.

— E James, por exemplo. – Emme continuou. Revirei os olhos dramaticamente – Ele não é o traste que você pensa, ok? Estava conversando com Remus mais cedo e ele disse que James e Georgia terminaram durante as férias e ela não aceitou muito bem. – Nesse ponto, ela estava falando mais baixo, como se tivesse medo de Georgia Shaw entrar no nosso compartimento a qualquer momento – Você tinha que ouvir Remus falando, Lils! Parece que James foi super legal com ela. Ele acha ainda que Georgia ficou mandando uns bombons com poção de amor para James, acredita? E ele não falou nada para ninguém. Eu acho que não saberia ser legal com uma pessoa que fica tentando me...não sei, me envenenar. Acho que eu ia espalhar para a escola toda. Mas James ficou na dele.

Eu percebi que estava com a boca meio aberta quando Lene empurrou meu queixo para cima. Não sei o que me deixava mais surpresa, esse James aí que tomava decisões responsáveis ou Georgia tentando dar poção do amor à ele. Meu Deus! Isso era uma ótima informação para se ter. Não que eu fosse usar contra ninguém....mas sabe...coisas acontecem...

Não!

Eu sou uma nova mulher. Eu não vou chantagear ninguém. Isso vai contra os princípios da nova Lily e não se encaixa no calendário do Ano Da Lily (ou, como podemos chamar a partir de agora, o ADL).

Nem que certas pessoas sintam a necessidade de derrubar toda a sua mochila no chão do banheiro feminino porque a Corvinal perdeu a taça das casas para Grifinória. E nem quando te olham de cima a baixo nos corredores e depois viram para as amigas e dão risada.

Arg, eu odeio Georgia Shaw.

Mas não vou chantageá-la.

Acho.

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Muito mais tarde,

Sala comunal da Grifinória
 

ESSE ANO COM CERTEZA NÃO SERÁ O ANO DA LILY!

MEU DEUS, POR QUE COMIGO HEIN???

Calma, deixa eu respirar fundo aqui.

(Como era mesmo aquele exercício de Yoga que minha mãe me ensinou para usar sempre que tivesse um ataque de ansiedade??)

Tínhamos acabado de chegar à estação de Hogsmeade e eu, tentando manter a promessa de ser uma monitora chefe muito responsável, sai correndo para ajudar os alunos a desembarcar. Vou ser sincera que nem pensei muito em quem eram os monitores que iam me acompanhar (só passei por Remus que arrumava o distintivo de monitor e seguia para a porta mais próxima), mas não consegui deixar de pensar que HI HI HI, vou poder mandar em Margaret Fella, aquela sonserina chatinha que ficava arranjando problema com todas as rondas de monitoria.

Enfim, tudo aconteceu quando levei os primeiranistas até Hagrid (pausa para comentar: achei engraçado estar com saudades desse grandão. Nunca tive muito contato com ele, mas ei! A presença dele sempre me alegrou. A ideia de ter um cara muito grande cuidando de filhotinhos de unicórnio nos limites da floresta proibida...ah, sei lá, sempre achei engraçadinho) e o cumprimentei. Ele olhou admirado para o meu distintivo dourado e brilhante e fez dois sinais de joinha.

— Lily Evans! Monitora Chefe! Parabéns, garota! Mas é claro que seria você, quem mais estaria no mesmo patamar?

No que eu sorri envergonhada e agradeci com uma reverência brincalhona.

— Que responsabilidade, eh? Mas você vai se sair bem...E por falar nisso, quem é qu...

Mas ele não terminou a frase porque alguém atrás de mim gritou:

— Hagrid! Você viu quem é a monitora chefe? Eu não a encontrei no trem.

Eu paralisei antes mesmo de me virar. Porque eu conhecia aquela voz, querendo ou não.

— Eh, eu estava a parabenizando agora mesmo...he he. – (isso foi a risada dele). - Que emocionante, não? Dois grifinórios monitores chefe!

E aí eu simplesmente tinha que me virar. Porque eu sabia que aquilo só poderia ser uma piada. Uma piada de muito mau gosto, é verdade, mas uma piada.

Porque assim que virei, dei de cara com James Potter completamente vestido (com a camisa um pouco amassada, devo ressaltar) e um distintivo dourado igualzinho ao que eu levava no peito. Eu não pude evitar de abrir um pouco a boca em descrença, o que deve ter sido notado.

Mas James também me encarava com surpresa. Acho que nem ele tinha imaginado que eu, dentre todas as opções, seria considerada responsável o suficiente para ser monitora chefe. O que me faz pensar...por quê raios escolheram ELE?

Depois de quase um minuto em silêncio, Potter fez o que mais me surpreendeu: jogou a cabeça para trás e começou a rir. Mas tipo, rir de verdade. Como se alguém tivesse contado uma piada muito engraçada.

— Ei, não sei o qu... – comecei, mas me silenciei porque comecei a achar que ele estava rindo de mim /do fato de eu ter sido escolhida monitora. Então fechei a cara.

Ele não parou de rir, mas diminuiu consideravelmente. Quando olhou para a minha cara emburrada, ajeitou a postura e sorriu.

— Ah, esse vai ser um ano interessante – disse, não sei se para mim, para Hagrid ou para ele mesmo.

Eu ia responder, mas os primeiranistas que nos acompanhavam começaram a reclamar da demora.

— Ah, sim, certo. Hagrid, eles são todos seus – e empurrei os mais perto de mim em direção à ele. Dois menininhos loiros me olharam chateados. Ei, cresçam, ok? Eu tenho problemas maiores para lidar no momento. Tipo meu PESADELO ter se tornado realidade.

Hagrid os levou para os barcos e eu andei depressa em direção às últimas carruagens que aguardavam o embarque dos alunos.

Óbvio que para minha sorte tive que ir com Potter, Remus e um menino da sonserina que tinha perdido os amigos. Eu me mantive olhando janela a fora o tempo todo, mas dava pra sentir aquele traste rindo na minha direção. Ele se acha tão esperto, arg.

E quem ele pensa que é, fica seis meses sem nem ao menos olhar na minha direção e depois tem a coragem de rir da minha cara.

Eu odeio minha vida.

E já odeio esse ano.


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Muito muito mais tarde,

Dormitório feminino da Grifinória

Ah! Como eu senti saudades desse lugar!

Da comida gostosa de Hogwarts, da sala quentinha da Grifinória!

Eu ainda estou odiando minha vida, veja bem. Mas nada me impede de apreciar as pequenas coisas, como aquela poltrona confortável perto da janela, o cheirinho de lenha queimada da lareira...

E bem, essa ceia maravilhosa que nos recebe todo ano.

Cheguei exausta (tanto física quanto emocionalmente) na mesa e quase não prestei atenção no discurso do chapéu seletor e nem nas boas vindas do Prof. Dumbledore. Lene, que já estava sentada no nosso lugar de sempre, no meio da mesa, me encarou com uma sobrancelha levantada e alguma coisa me disse que ela já sabia que Potter era monitor chefe. Eu a fuzilei com os olhos por ela não ter me contado, mas acho que ela escondeu um sorrisinho na mão que apoiava o rosto.

Não tive muito tempo para ficar irritada porque em poucos minutos a mesa se encheu de comidas deliciosas e com cheiros magníficos. Eu passei uma boa meia hora comendo em silêncio, só pra me repor do trauma emocional.

Bem, no final do jantar eu já estava completamente cheia de tanto me empanturrar (sério Dumbledore, precisava mesmo colocar esse sorvete de creme maravilhoso para me mimar?) e extremamente cansada, porque eu não dormi nada no trem.

Mas aí tive que levar as crianças novas para a sala comunal, e tive que pegar o caminho mais longo porque elas gostam de ver um pouco do castelo antes de ir dormir. Olhei para trás e Potter estava acompanhando meu grupo de alunos com um sorriso irônico no rosto. Fiz questão de ignorar sua presença.

E tudo estava correndo (relativamente) bem, até que chegamos no quadro da mulher gorda. Eu abri a boca para dar a senha e foi aí que me toquei que esqueci de perguntar para alguém. Merlin! Eu mal tinha começado meu trabalho de monitora chefe e já estava falhando!

Eu me virei para trás para ver se Remus estava vindo (ele sempre sabia a senha), mas não tinha ninguém.

A não ser aquele metido do sorriso irônico.

Então, como eu me recusava a pedir ajuda dele, eu decidi que seria uma boa ideia acamparmos na frente do quadro naquela noite. Sabe como é, criar um laço de amizade com os primeiranistas e coisa e tal.

Mas Potter revirou os olhos (parecendo se divertir muito com a situação, devo acrescentar) e falou para a mulher gorda: Lagarto d’Ouro.

Pigarreei e esperei ele entrar, depois o grupo dos primeiranistas entrou e só aí eu decidi por os pés para dentro da sala. Potter estava explicando qual escada era qual, então cheguei à conclusão de que meu trabalho por hoje estava feito. Vi Marlene sentada nos sofás com Sirius e Peter, mas subi direto e fui para o quarto porque ansiava aqueles lençóis macios como nunca.

Mary e Alice já estavam lá em cima e quando abri a porta fui recebida por uma pantufa porque Mary estava apenas parcialmente vestida e não queria que eu abrisse a porta. Pff, como se alguém fosse ligar por ver as calcinhas dela.

Logo depois que eu subi, Annelise Mansfield, a outra menina que dividia o quarto conosco, mas quase nunca ficava com a gente (ela era mais amiga das meninas da corvinal) entrou e se enfiou praticamente de roupa e tudo na cama. Nós demos os ombros.

Meu malão já me aguardava do ladinho da minha cama, o que me deu uma sensação de nostalgia. Me troquei, colocando o pijama velho que definitivamente tinha que ser trocado porque tinha mais furos do que tecido e me esparramei na cama abraçando o travesseiro.

Contei para Alice e Mary o que tinha acontecido (o PESADELO) e elas receberam da maneira apropriada: ficaram espantadas e depois começaram a perguntar por quê Dumbledore escolheu alguém que não tinha sido monitor para ser o monitor chefe. Viu? Eu falei que não fazia sentido.

— Então! – exclamei, encarando o teto da minha cama. – Porque não Remus? Ele é a pessoa mais responsável daquele quarto. Arg!

— Disso eu tenho que concordar, James não tem nada a ver com um monitor chefe. Tá bem estranho mesmo. – disse Mary, deitando em sua própria cama ao lado da minha.

Foi nesse momento que Lene entrou no quarto, assobiando.

Eu joguei um travesseiro nela assim que ela se aproximou na minha cama.

— Por que é que você não me avisou, hein, sua traidora?!

Mas ela fez um sinal descontraído com a mão e depois emendou um “esqueci”.

Óbvio que eu não acreditei nem por um segundo.

Mas antes que eu pudesse realmente falar algo, ela mudou de assunto:

— Vocês viram como Bernard Fenwick está bonitinho?

— Lene, ele está no quinto ano – falei, afundando a cabeça nos travesseiros de novo. Isso significava que meu drama tinha acabado. Ah, mas eu ia fazê-la discutir isso de novo, ia com certeza.

— O que é que tem? Ele cresceu 10 cm no verão – ela disse, tirando o uniforme e jogando-o de qualquer jeito em cima do seu malão. – E ele passou as férias na Austrália, por isso tá super bronzeado. Está gostosíssimo. Acho que deveríamos incluir ele na lista, Lils.

Alice teve um acesso de riso e sentou-se na própria cama.

— Vocês fizeram uma lista? – ela perguntou, assim que se acalmou um pouco. Eu fiquei incrivelmente vermelha, mas Lene concordou com a cabeça.

— Aham. Minhas próximas vítimas. – Ela juntou as mãos como se estivesse bolando um plano. – e a Lily aqui vai me ajudar, não é, Lils?

— Se você incluir James Potter, Remus Lupin e Sirius Black em suas “próximas vítimas” eu juro que paro de falar com você. – anunciei.

Ela me olhou com uma cara entediada.

— E pode esquecer, Lene, não vou mais ficar saindo em encontros duplos com você. Você só arranja gente estranha para mim.

— Você tem que me ajudar, Lily – disse, amarrando o cordão da calça do pijama com um safanão. – Mary e Alice já estão comprometidas. Você é a minha única esperança.

— Emme também não está saindo com ninguém, pede para ela.

— É, mas você é a minha melhor amiga e jurou me proteger de todo o mal do universo.

— Não lembro de ter feito esse juramento, mas ok. Pagando bem, eu saio com quem você quiser.

— Até com Sirius Black? – ela perguntou, se jogando na cama e rindo da própria ideia.

Eu revirei os olhos mesmo que ela não pudesse mais ver, mas e daí, revirei os olhos por honra. Pela minha honra.

Merlin me ajude a superar o dia de amanhã.

Nota Mental: manter Marlene por perto para ela não cair na lábia de nenhum dos marotos.


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