Sentimento Incompleto escrita por Gabi chan02


Capítulo 4
Memórias e mentiras


Notas iniciais do capítulo

HOOOY~

Eu gosto das tretas desse capítulo 'u'

Enfim, assim como o combinado, dentro dos 15 dias (nemmechantagearamdenovopffimagina) aqui está o capítulo... E eu realmente estou sem o que dizer, que triste, que seco da minha parte, que estranho XD

Terminei o 13 e já comecei o 14? Não sei se é relevante, mas acho que vão gostar de saber disso~
Antes era 12 (que eu falei no anterior), porque eu tinha marcado o prólogo como 0, agora eu mudei pra ficar igual ao daqui e é o 13, Beleza? Beleza. -q

Hmm, se eu tinha algo mais importante pra contar, fica pro próximo que eu já to enrolando pff ahwuehawue

Boa leitura ♥



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— Vamos pra casa – disse, depois de um breve silêncio –, falamos com a Miku lá...

Desenrolei o terninho do uniforme da cintura e o vesti, o corte nem devia ser tão grande assim, mas não seria muito legal sair com o uniforme rasgado e sangrando por aí. Peguei minha mochila do chão e me virei, voltando a encarar Len naquela situação. Me aproximei, esticando a mão até um arranhado em sua bochecha, ele segurou minha mão.

— Vamos – reforçou.

Normalmente eu o acompanharia, mas deixei que ele saísse até se afastar e nossas mãos se soltarem enquanto eu fitava o chão, corri até seu lado e voltamos a caminhar, como se nada tivesse acontecido.

...

— A porta está aberta! – chamei a atenção de Len ao meu lado, em casa, ele me respondeu com um olhar de defesa. – Eu juro que tranquei de manhã.

— Eu vi também.

Empurrei a maçaneta, esperando o pior, nada mais me surpreenderia e meus pais só voltariam dali duas semanas.

Tudo em ordem, pensei, adentrando até a sala devagar.

— Tão assustados... – Reconheci a voz. – Vocês realmente não deveriam ficar sozinhos.

Não sei qual cara de susto foi pior, a nossa ou a da nossa tia.

— O que aconteceu com vocês?! – Ela não nos deu a chance de começar. Não demos nenhum sinal de que falaríamos e ela continuou, séria. – Foi alguém dessa escola nova?

Confirmei. Ela tinha uma expressão preocupada sobre nós dois.

Sua próxima reação foi nos abraçar, juntos.

— Senti tanta falta de vocês... Queria vir pra cá e vê-los bem – dizia, parando por um momento, provavelmente por reparar no meu ombro. Fomos soltos. – Quem foi? Se os pais dessa criatura não o ensinou, eu vou.

Por um momento, ela pareceu ter lido todos os meus pensamentos de socorro e entendido toda a situação. Uma ponta de confiança brotou em mim ao ponto de que pude achar graça no modo como minha tia falava.

— A filha do diretor e o irmão dela. – Deixei que a informação saísse e levasse um peso junto. Mesmo sendo um peso que não resolveria muita coisa.

— Mimada? – ela chutou, acertando o básico. Eu diria muito mais, se não fosse impróprio para a situação. – Vem, deixa eu te ajudar com esse corte.

Estávamos nós duas no meu quarto, eu sentada na cadeira da minha mesinha e ela ainda tentando encontrar um jeito de cobrir a ferida sem incomodar. Eu precisei desabotoar o uniforme e Len ficou para fora, disse que iria se virar sozinho.

— Quando decidiu vir? – Puxei algum assunto normal, para descontrair.

— Allana me avisou que ia viajar de novo e eu já estava de saco cheio de ficar sozinha. Ela não pediu nada, mas fazia tempo que eu não vinha. Tentei avisar que estava chegando hoje de manhã, mas esqueci que agora vocês saem mais cedo.

Ela riu, sorri de volta. Eu quis contar tudo, mas mantive o silêncio, esperando que ela falasse mais alguma coisa.

Minha mãe e meu pai, Allana e Yuuto, ainda trabalhavam numa advocacia do meu avô materno aqui no Japão, da qual não me importa nem o nome e quero manter distância. Várias vezes iam até a central para encontrá-lo, em São Francisco.

— E vocês dois? – Foi a vez dela de puxar assunto. – Tudo certo com os quartos novos?

— Não mudou muita coisa – respondi, tentando parecer indiferente.

Minha tia Ágata ainda vai fazer só 28 anos, é dois anos mais nova que minha mãe. Ela ficou por lá quando nos mudamos de volta para o Japão, eu tinha quase 8 anos. Só tenho certeza de que são lembranças ruins, a vaga memória de uma briga antecede o dia da decisão de voltarmos.

Ainda antes de nos mudarmos, o noivo dela desapareceu dias antes do casamento e tenho quase certeza de que era arranjado. Sempre foi apegada a mim e Len, mas depois disso ficou bem mais forte. Também foi quando ela largou tudo no tal empresa e virou fotógrafa. O que era um hobby virou profissão, queria qualquer coisa afastada dos escritórios.

— Foi decisão da sua mãe, não foi? – Ela riu. – Tudo bem, eu sei que vocês não curtiram a ideia.

Meu coração pareceu querer pular para fora. Eu sabia que era a única que ignorava o quanto já não tinha a mesma inocência.

— Tudo bem, eu me acostumo. – Mantive a indiferença, aumentando apenas um sorrisinho.

Ágata é completamente diferente da minha mãe em personalidade, se não fosse a semelhança e alguns pensavam até que eram gêmeas, não diria que são da mesma família. Quase nunca fica estressada, não vive com com a cara virada para vida ou pro mundo e eu diria até um pouco hiperativa.

Nunca tive coragem de perguntar e sei poucas coisas sobre qualquer história envolvendo o passado dessas duas e do meu pai, me arrependo de estar mais ocupada com o que acontecia entre eu, Len e meu avô do que com o resto do mundo, naqueles anos. O que eu sei, fiquei sabendo de terceiros ou foi algo que escapou.

Saí do meu transe com minha tia suspirando depois de finalmente conseguir fazer um curativo que não ficasse desconfortável.

— Ei, tudo bem? – perguntou-me, ainda preocupada. – Você sempre foi bem quieta, mas não tanto. — Ela puxou um pufe do canto do meu quarto e sentou-se ao meu lado. – O que essa menina fez?

Deixou obvio que não sairia dali até eu contar. Tentei organizar algumas palavras em mente, não queria transparecer exatamente tudo.

— Já ficou sabendo como é lá, né? – comecei, ela concordou com a cabeça. – Como se isso já não fosse suficiente, a Akira, da minha sala, taca o terror lá dentro porque ela sabe que ninguém vai se importar. Ela jura que é apaixonada pelo Len e como sempre andávamos juntos... ela não gosta que eu fique perto dele. Então começou a espalhar rumores, e como parece que ninguém lá dentro tem um cérebro, funcionou.

— Isso mudou alguma coisa entre você e Len? Que rumores?

— Não – menti, simplificando para evitar mais perguntas. – Eu tento não prestar atenção, não sei do que se trata.

— Continue.

Por mim, teria parado ali. Porém, ela estava disposta.

— A Akira convenceu o irmão mais velho dela a se aproximar de Len por ela, mas ele não deve ir com a cara do Len, porque no lugar de ajudar, ele acaba fazendo com Len o que Akira faz comigo – sim, pulei a parte onde ele "estava apaixonado" por mim também. Sentia um nó na garganta, isso eu não sabia como contar, se era alguma coisa pior ou apenas para me afastar de  Len. – Hoje, ele e uns amigos e seguraram Len na sala dele enquanto Akira e mais três "amigas" me cercaram num canto da escola e fizeram isso. Só pararam quando o estilete raspou no meu pescoço e Len chegou.

Ela ficou alguns segundos me olhando com a boca meio aberta, assustada. Quando prestei atenção nas minhas palavras, percebi o quanto a situação era grave.

— Vocês não falaram nada pra Allana? Nem pro Yuuto? Ao menos ele teria entendido... Um estilete?!

— Eles quase não ficam em casa. E não acho que a mãe deixaria ele fazer algo contra.

Minha mãe acabaria pegando a culpa com meu avô se meu pai aprontasse.

— Então vou eu nessa escola resolver isso agora.

...

A primeira ideia foi tentar impedí-la, mas eu sabia que não iria dar certo.

Acabamos nós três na secretaria esperando pelo diretor. Ele chegou, ouviu a história, fez pouco caso e chamou os dois, mais as companhias.

Akita tinha trocado de uniforme e ajeitado a aparência, foi a primeira coisa que notei. O plano não saiu como ela esperava, então?

Na frente dos pais, ela negava e se fazia de inocente até a alma, os outros permaneciam calados e apenas emitiam reações para confirmar. Até que a menina que fugiu mais cedo surtou e contou tudo. Contou que Akita era a falsidade em pessoa e na pior parte, gritou "todos nós somos controlados por essa vadia juvenil nesse inferno!" na frente de todo mundo.

Até que Akira mandou a surtada calar a boca do modo mais grosso possível e confessou, aos berros também... e depois voltou a focar em mim.

— Você sabe que não é mentira! Só pensa que eu não sei! Você só acha que vai ser dessa e levar o prêmio!

Eu ignorei, fingi que nem era comigo e que não sabia de nada, atuei de inocente até a alma assim como ela. Fingi que Len não era o "prêmio". Ignorei também a ameaça, mesmo que tenha parecido que iria durar uma eternidade.

O diretor, incapaz de conseguir atenção sem gritar junto, fez todo mundo calar a boca arrastando os filhos e a amiguinha surtada para uma sala particular, pedindo que o resto dos cúmplices permanecem ali com a esposa, a vice-diretora, e dispensou nós três.

Nem ficamos para ver o resto do absurdo.

Na volta, minha tia passou comigo em um salão para arrumar meu cabelo. Ficou bonitinho, confesso que antes não era tanto, já estava enjoada do comprimento. Troquei mensagens com Miku e informei a ausência do ensaio, mas a parte de toda a briga eu preferi contar depois, pessoalmente.

No que era pra ser um resto de noite qualquer, foi a segunda pior parte do dia.

Len fuçava em alguns dos meus desenhos, partituras e letras espalhadas pela minha mesinha enquanto debatíamos se valia a pena continuar naquele inferno e eu ajeitava meu laço no novo cabelo em frente ao espelho. A resposta era obvia: não. Ainda mais depois de descobrirmos que Miku tinha conseguido convencer Asami de manter nossa vaga aberta na YP, ela sabia que iríamos voltar. O mais chocante era que realmente foi uma conversa, um diálogo com frases inteiras e claras entre nós, depois de uns oito meses.

No meio do assunto, ele comentou que tinha gostado do meu cabelo, que combinava comigo e ainda brincou que estávamos mais parecidos ainda. Bastou só isso para um silêncio constrangedor instalar-se.

"Na verdade, eu tenho algo que quero contar a ele". Eu sabia muito bem qual letra Len estava segurando. Ignorou ou não entendeu?

— Eu não me lembro de quando isso começou – sussurrei, quase inaudível, tive coragem de falar, porém, ainda não queria que Len ouvisse. – Parece que tem um borrão na memória que deveria se encaixar, eu realmente não lembro.

— Do que? – Len largou os papéis por um momento.

— Acho que foi no nosso aniversário ano passado – voltei a falar, não tinha mais volta. Pelo reflexo no espelho, sua feição era aflita – Estava muito frio, tomamos chocolate quente, Miku fez cupcakes, brincamos na neve... Tédio?

— Muito, nem queríamos sair do sofá. – Riu, parecendo forçado. – Você estava com sono, também.

— É... sono... Acho que não vou lembrar.

Ri, pensando que talvez fosse uma coisa boba. Len pareceu mais relaxado. Nunca quis tanto ler uma mente.

— Você lembra! – Sua atenção voltou para mim. – Me conta! 

Me virei em sua direção com uma cara emburrada, ele riu. Len, você não me engana.

— Não teve nada de mais. – Deu de ombros, preocupado novamente. – Jantamos e fomos dormir.

Suspirei, fiz uma pequena pausa.

— Acho que foi nesse dia que aconteceu alguma coisa e a gente não se falou mais como antes.

E a droga do silêncio dominou de novo. Isso, Rin, destrua tudo. Suspirei novamente, derrotada. Me aproximei, sentei no pufe que havia ficado ali ao lado.

— Foi mal, não devia ter tocado no assunto.

— Tudo bem. – Ele focou seus olhos aos meus, sorrindo, calmo. Era estranho olhar diretamente para alguém depois de tanto tempo vivendo em uma sombra.

Estiquei a mão até seu rosto, ele deixou, acariciei sua bochecha meio roxa.

— O que eles fizeram com você? – repeti a pergunta de mais cedo, quase num outro sussurro preocupado – Sério.

Len respirou fundo.

— Tinha alguma coisa sobre Akihiro escrita no quadro que o deixou irritado e, seja lá quem escreveu, colocou meu nome quando eu nem estava na sala. Me seguraram, ele ameaçou me bater, mas consegui me soltar. Quando virou pra mim, desviei um pouco e não me acertou a ponto de machucar... não machucar muito – desabafou, nervoso, segurou a mão que antes estava em sua bochecha em seguida.

Provavelmente alguma das seguidoras mais velhas de Akita, que deviam ser da sala do irmão, eram as responsáveis por incriminar Len.

Por conexão de gêmeos, sei lá, desviamos o olhar para a janela em busca de uma desculpa para encerrar a conversa, já era meio tarde. Levantamos juntos, comecei a me preparar para ouvir o "boa noite" e não conseguir dormir pensando na vida quando fui parada no percurso por Len.

— O que você esqueceu... eu não devia ter feito aquilo.

Prendi minha atenção nele sem nenhuma reação, esperando que completasse a frase. Nada.

— Len, o que você fez? Me conta, por favor.

Ele gaguejou. Desviou o olhar ao mesmo tempo que ruborizou. Comecei a ficar preocupada de verdade.

— Rin, você não lembra mesmo?

— Não! – Acabei falando com um pouco mais de raiva do que queria, ele assustou-se. – Desculpa...

— Desculpa. – Nossas desculpas acabaram saindo ao mesmo tempo. Len soltou meu pulso em seguida, foi até a porta e parou antes de sair. – Você não deve sentir o mesmo e eu não quero te forçar a entender, só vai piorar tudo. É até bom que não se lembre.

"O mesmo". "Entender". E parecia ter completado a frase que não escutei de manhã. 

— Me conta – insisti, firme, enquanto ia atrás. – Prometo que vou entender.

Ele respirou pesado, não por impaciência, era mais um lamento, um peso na consciência.

— Confia em mim? – Eu já tinha ouvido isso antes, assenti com a cabeça, apenas, sem desviar nossos olhares. Alguma coisa me fez fechar os olhos, no automático, e senti que Len estava mais próximo, o suficiente para que a sensação fosse familiar. – Tudo bem se eu fizer de novo pra te lembrar? – Neguei, em completa confusão por dentro. Isso o fez desistir.

Me arrependi no mesmo instante em que abri os olhos, o deixei escapar de novo. Era tarde para mudar de ideia. Len só me deixou mais atordoada do que antes e sem responder nada, fechou a porta e me deixou ali. Se não fosse a frustração que sentia, teria corrido atrás dele.

De qualquer forma, antes que a frustração virasse raiva, eu apaguei a luz, me joguei na cama e me cobri, aliviada por um momento por finalmente não precisar mais acordar tão cedo. Porém, dormir foi mais difícil do que esperava, a sensação familiar me fez recordar que estamos nesse vácuo desde o nosso aniversário, a última vez que dormimos juntos e dois dias antes da mudança de quartos... quando nos beijamos. E se o que Len sentia fosse o mesmo que eu? Era isso, então, que eu não entenderia?

Levei as mãos aos olhos, mesmo estando escuro, não queria ver o mundo. Respirei fundo, fingi não ter imaginado tal coisa, me acalmando. Passou pela minha cabeça que seria mais fácil pegar no sono com ele ao meu lado, destruindo a calmaria e a negação que durou apenas alguns segundos. Ia ser uma longa noite.


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Notas finais do capítulo

Podem brigar (com a Rin), eu deixo e-e
Ou com o Len XD

Yep, a parte do "– Confia em mim? – eu já tinha ouvido isso antes, assenti com a cabeça, apenas, sem desviar nossos olhares. " é igual ao do prólogo, a Rin teve uma lembrança do momento ♥

E o "Você não deve sentir o mesmo e eu não quero te forçar a entender, só vai piorar tudo. É até bom que não se lembre." foi mesmo a frase que o Len deixou a Rin sem entender no café da manhã no capítulo anterior, só pra confirmar XD

"Na verdade, eu tenho algo que quero contar a ele"
A música que o Len estava curiosamente fuçando era Shounen Shoujo Chameleon Symptom e foi a única desse capítulo. Ele não entendeu a indireta ahwuehawueahw
É o começo de algo bem importante 'u'
https://www.youtube.com/watch?v=HvFsRQ2X9-4 (só tem legenda em inglês :/)
(Achei em espanhol também~ https://www.youtube.com/watch?v=eysi14vCGWg)

Aceito gente me dando oi ♥
Té mais~
Byenii~~



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