Sentimento Incompleto escrita por Gabi chan02


Capítulo 27
Mais uma vez


Notas iniciais do capítulo

EU TÔ VIVONA
EU SOU IMORTAL TUTS TUTS
Quando você menos esperar, eu estarei lá.
(literalmente, houve uma coincidência essa semana...)

E sem muitas ideias do que colocar no começo das notas, porque eu acho que "oi" e derivados são chatos mesmo eu tendo usado várias vezes.
Agradeço a atenção.

Aliás, agora que eu percebi; eu resolvi tanta treta online essas semanas (bombom bichado, site com problema no cadastro, correio perdendo meu pacote, treta com operadora... mds) que "agradeço a atenção" no final de algum texto já virou quase um costume HAUWEHAUW
Ganhei um monte de chocolate de graça no final, então valeu a pena -qq

E vocês, laranjinhas/fantasminhas, estão bem? *voltando a ser a maluca que fala sozinha aqui*

AHH, A TAL COINCIDÊNCIA:
Senta que lá vem história~
(eu quero contar porque envolve o fandom, me deixa u-u)
Em 2015, eu e uma amiga tiramos uma foto com dois cosplayers no único evento (e pequeno) daqui: uma Rin e um Len (!!). Aqui é meio deserto, então isso foi um acontecimento raro.
Essa semana, minha amiga fez uma amizade do ~lado amarelo da força~ e me pediu as fotos pra mostrar pro guri.
E o guri
se identificou
e é o cosplayer do Len
da foto
de um evento
DE 3 FUCKING ANOS ATRÁS AAAAAAHHH
E a Rin que estava com ele é minha chará de nome (mas Gabriela é um nome extremamente comum, então eu nem fiquei muito surpresa... isso acontece sempre comigo ahwhuwae)
Já disse que eu amo esse fandom? Eu amo esse fandom. Nunca achei que morar nesse fim de mundo me traria algo assim.

Voltando a programação normal~
Um dos motivos da minha ausência é: Fullmetal Alchemist na Netflix.
Eu amei. Viciei. Me nocauteou.
MELHOR ANIME
MEU NOVO FAVORITO ♥
Eu já tinha tentando assistir antes, online e tals, mas só achava com qualidade ruim e em sites suspeitos. Virou o ano, foi pro catálogo do nosso amado serviço de streaming e eu maratonei tudinho com muito orgulho ♥
O Brotherhood é incrível~
Quando eu crescer, quero ser igual a General Armstrong.
Assistam, sério, vale muito a pena ♥
Assisti Little Witch Academia também e é muito lindinho, recomendo também '3'

AOS LINKS!
Vão ser dois:
Master of the Heavenly Yard por motivos de: QUE TIRO FOI ESSE, MOTHY?
(Sabe Evillious Chronicles? Ou pelo menos conhece a Saga Evil? Então...)
https://www.youtube.com/watch?v=spyJE-qKYu8&t=15s
(esperando YT liberar minha legenda, que deu um trabalhão)

E uma música que estou viciada 'u'
https://www.youtube.com/watch?v=Lv2-aOp_tFQ

Leiam as notas finais, pls~
Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/691423/chapter/27

 Len POV

Eu já sabia que nossa situação ia piorar gradualmente o dia todo, mas temia do fundo do meu ser que Rin fosse a primeira a ceder a pressão... por minha culpa, mais uma vez. Eu devia ter guardado minha desilusão para uma hora mais apropriada.

— Rin? — Tentei trazê-la de volta, com calma. Ela levantou o olhar para mim, meio perdido. — Desculpe, não escolhi com calma o que disse agora.

Foi uma sensação de vê-la lentamente se desfazendo frente aos meus olhos, sem que eu interferisse ou tivesse capacidade de ajudar, levando em conta que eu era parcialmente responsável. Mesmo que já tivesse a visto em situações piores, eu nunca sabia como lidar do jeito certo.

Eu quase me deixei levar por Mayu. Deixei Rin para trás quando saí da sala do clube. Desenterrei um problema até com o pequeno detalhe de ter a chamado de Lillian duas vezes, me enchendo de culpa.

Ágata finalmente apareceu, sem demorar, na verdade. Finalmente alguém nos escutaria. Rin e eu nos afastamos, mesmo não estando juntos antes, vários passos de distância. Não que Ágata fosse se importar em nos ver juntos, mas o dia nos deixou traumatizado com a ideia. Ela adentrou lentamente o nosso cantinho isolado. Não abriu os braços, não sorriu, não parecia a mesma de sempre. Pálida e com as olheiras marcadas, mais magra, o cabelo mais desgrenhado que o normal e a alça da câmera frouxa no ombro, que nem teve tempo de guardar. Deve ter saído correndo do meio de algum trabalho.

Atrás de mim, Rin fungou baixinho e encostou, se encolheu, nas minhas costas. Durou menos de 5 segundos e quando saiu só estava com os olhos e o nariz avermelhados. Queria dizer para parar de segurar o choro e que isso ia virar um limbo dentro dela, mas não era a hora.

— Eu vou levar vocês pra casa – nossa tia se manifestou, com uma certeza na voz quase intrusa na situação. – Nem que seja a última coisa que eu faça por vocês.

Queria dizer que isso nos deixou confiantes, mais felizes ou pelo menos nos arrancou um sorriso, mas seria mentira. Dei um passo a frente e Rin me seguiu, devolveu a expressão fechada no rosto, mas ainda tremia e evitou olhar para qualquer lugar.

— Miku me ligou e disse que vocês estariam aqui, depois que sua mãe cancelou meus planos com a Asami – Ágata falou, já que nenhum de nós dois abriu a boca. – Eu estava no meio do caminho, então já estava perto, esperando vocês me ligarem.

Depois disso, fomos parar cada um de lado dela, que passou os braços por nos dois e fomos caminhando de um jeito desengonçado, mas juntos.

— Desculpa não ter ligado... – ela continuou tentando alguma reação nossa. – As coisas não estão indo bem.

— Já ficamos sabendo – eu murmurei. Avistei os dois oficiais e meus pais nos esperando no mesmo ponto de antes. Minha mãe no celular, de costas, conversando com alguém... em inglês.

Minhas pernas vacilaram e Rin saiu dos braços de Ágata, deu um passo decidido de volta ao corredor apertado e isolado, mas foi impedida.

— Rin, eu sei que você não quer – nossa tia tocou o ombro dela com conforto –, mas sei que consegue. Você sempre teve bons argumentos...

Rin parou e fitou o chão, cerrou os punhos, mais num gesto de frustração do que de raiva, ou provavelmente as duas coisas. Soltou a respiração e os ombros, voltando, dessa vez ao meu lado, com a cara fechada de verdade.

Isso deu tempo para minha mãe terminar a chamada com Leon e pousar toda sua desaprovação sobre nós. Meu pai nos sorriu num misto de pena e solidariedade, na falta de qualquer reação melhor. O Montanha permaneceu impassível e a Chata pareceu menos carrancuda.

— Apesar de tudo, eles são irmãos e levá-los para tão longe é exagero – ela sussurrou, achando que não ouvíamos. Tarde demais para mudar de ideia.

Nós três enfim alcançamos o grupo.

— Vocês dois tem cinco dias até ele te buscar, Len – minha mãe falou, no entanto, sem todo o tom autoritário que possuía. – Vou tentar não atrapalhar.

— É isso ou a liberdade condicional – o Montanha reforçou. – Seu avó não permitiu uma emancipação.

— Não podemos deixá-los com uma semana toda! – A Chata voltou a se manifestar. – Tudo o que discutimos aqui vai ser em...

Sim, vai ser tudo em vão – meu pai interrompeu, meio irritado, indicando que também havia perdido a discussão. – Já resolvemos o assunto e não precisamos de ajuda. Obrigado.

Ela finalmente deu indícios de que não iria mais se intrometer.

Tia Ágata só veio para nos dar apoio moral momentâneo, porque no resto foi posta como mais uma planta. Rin ignorou a existência de todo mundo e entrou no caminho da saída, querendo sair logo dali. Eu a segui, Asami e os dois seguranças vieram atrás e nenhum dos dois oficiais ousaram ir atrás de nós depois disso. Nos despedimos de Asami e sequer olhamos para nossos pais, Ágata nos levou até o carro e entramos, Rin se apressou para entrar e ficar sozinha atrás. Nós três assistimos meus pais irem pelo outro lado da rua, indo resolver seus outros assuntos pendentes.

Nós perdemos.

Saímos sem ver a conclusão. Passei o caminho todo de volta para casa com os olhos numa Rin inerte e encostada na janela ou com o celular em mãos, twittando, provavelmente. Resisti a tentação de pegar meu celular e ler tudo ou participar do possível barraco, o maior de nossas vidas até então.

Aos poucos, o fato de que a batalha havia chegado ao fim nos atingia.

Tia Ágata deixou algumas lágrimas escaparam, e negou firmemente assim que abri a boca e pensei em questionar. Secou-as e voltou a prestar atenção no caminho.

— Desculpa... – foi a última coisa que ela nos disse antes de sairmos do carro e entrarmos em casa, com a voz embargada. – Não consegui fazer nada. Mais uma vez.

— Você nos trouxe para casa, como prometeu. – Falar se tornou tão estranho de repente que quase desisti. – Então realmente fez alguma coisa.

Nossa tia sorriu e aceitou o comentário... mais lágrimas rolaram e desviou do consolo novamente. Acenamos. Entramos em casa.

Miku e Luka eram do tipo que sabiam só pela nossa cara quando não queríamos papo, então apenas subimos até nosso quarto sem trocar nenhuma palavra, por mais que a quase cara de choro de Miku e a Luka em choque piorassem toda a sensação. Eu tranquei a porta por pedido de Rin.

Ela afundou de bruços na cama dela, emitindo um som de desespero abafado. Lutei com a vontade de fazer o mesmo e resolvi me aproximar e tentar contato, ou ao menos acalmá-la um pouco.

— Não quer ir tomar banho primeiro? – Rin sugeriu, quase mandando, antes que eu estivesse a poucos passos dela.

Aceitei a ideia, não que eu fosse ter escolha.

Ouvi sua voz do banheiro, conversando com Gumi por um momento um tantinho agitado, depois cantando Fire Flower baixinho, com a voz que mesmo embargada me arrancou um sorrisinho e um calor no peito. Em seguida foi It's Time, parou no meio do primeiro refrão. Após alguns segundos vazios, ouvi o início de uma melodia no violão... inédita. Já tinha desligado o chuveiro e me vestido, mas fiquei escutando até que acabasse, imóvel e encostado na porta, para não atrapalhar. No fundo, senti um alívio por me lembrar: enquanto escutasse sua voz ou qualquer música, nem tudo estaria perdido. Teria mais certeza disso se fosse a guitarra, mas me contentei com o violão.

Bateram na porta, do lado de fora, sem nem tentar abrir para falar, por sorte.

— Fizemos bolo de banana e tem suco de laranja na geladeira. – Era a voz de Luka. – Querem comer agora ou vão esperar o jantar?

— Já vamos – Rin anunciou. O outro lado da porta ficou em silêncio, encarei como a minha deixa e saí do banheiro. Ela me encarou de imediato, disfarçando um sorrisinho que, por menor e mais discreto que fosse, salvou um pouco o meu dia. – Você estava escutando.

Apesar disso, seu tom foi baixo e distante, com a face avermelhada e as olheiras destacadas pela palidez.

— Estava – admiti, com um outro sorrisinho quase crescendo enquanto meu rosto esquentava.

Consegui a convencer a ir pegar o bolo e o suco e ficar conosco na cozinha. Contamos tudo, já que um queria saber o ponto de vista do outro, e vi Rin se empolgar um mísero tantinho enquanto descrevia cada uma das respostas durante o seu debate com a policial. Aquecidos e confortáveis, a cozinha toda com cheiro de doce e de canela, esquecemos um pouco do longo dia.

Sobre a conversa dela com a Gumi, nos contou que Yukari foi quem tirou a nossa foto do dia em que cantei Fire Flower, mas não concordou em espalhar pois não queria culpa. Então pediu para Lily dizer ao Akihiro que eu sabia demais, dando motivo para ele me atacar, de novo, já que eu não deveria saber das mensagens

Mayu ouviu a conversa entre Saki e Asami, descobrindo sobre a mensagem de Saki para Miku, de sairmos aos poucos para evitar tumulto. Antes de saber que perdeu uma aliada, mandou Yukari ir atrás de nós na sala do clube com a intenção de nos separar e a "amiga" tentou fazer o contrário. Por mais bagunçado que tenha sido, funcionou para elas. Em resumo, todos traíram todos.

Até chegarmos ao final da história e sermos enfim 100% abalados com a conclusão dela: tínhamos uma semana para resolver o que fazer quando Leon viesse para cá.

Possivelmente uma última semana juntos.

Ajudamos com a comida. Jantamos. O vácuo entre Rin e eu formou-se mais uma vez e ela foi dormir assim que saiu do banho, enquanto eu voltei para a cozinha atrás do bolo apenas como um pretexto para não incomodá-la, já que eu estava sem sono. Fiquei na sala, sozinho e quieto no escuro, lendo os tweets que ela havia feito mais cedo e percebi que foram apenas para se distrair no carro, sobre sua discussão com a policial e sua indignação com o assunto no geral. Com isso teve de explicar a situação, obviamente.

Fui respondendo e explicando o que fosse possível, e reparei que a maioria esmagadora dos fãs e seguidores estavam do nosso lado, alguns diziam já saber ou torcer para que um dia fosse oficial. Foi fácil ignorar a minoria incômoda assim.

Nossos nomes e tags estavam nos trendings mundiais mesmo sendo mais de meia noite, fazia tempo desde a última vez que isso aconteceu. Eu e Rin (principalmente) e alguns outros Vocaloids éramos carinhosamente (meio irônico, claro) conhecidos como poucas das estrelas do Japão com essa proeza mundial, nem sempre de um jeito bom.

Alguns comentavam o assunto incomum e até memes surgiam de toda parte, mas mesmo estes estavam dispostos a ficar do nosso lado."Se os fãs são os reflexos dos ídolos e vocês são dois esquisitos, por que nós não seríamos também? Não temos motivos para sermos contra.""Aliás, o Vocaloid todinho é esquisito e nós amamos isso. Continuem assim. Faz mais barraco que tá pouco."

Fui dormir com a consciência um pouco mais calma, distraído com esses assuntos. Rin encontrava-se encolhida e virada para a parede em sua cama. Pensei em me aconchegar ali, mas, para minha surpresa, ela dormia tranquilamente bem e eu não perturbaria isso. Me abaixei até deixar um beijo em sua bochecha, meio gélida, a respiração dela empurrando de leve uns fios do meu cabelo solto. Percebi o celular ainda em sua mão e o aquecedor desligado, indicando que provavelmente dormiu sem querer, por sorte.

Estendi uma terceira coberta por cima dela, liguei o aquecimento. Fui para a minha cama, fria e vazia de repente e senti falta de ouvir a respiração dela, os ruídos abafados do aquecedor sendo o único em todo o quarto. Até um lado do travesseiro tinha mais o perfume dela do que o meu.

Tínhamos mais uma única semana juntos e seria desse jeito até o último dia, não duvidava.

Não sei como, mas consegui dormir depois contar várias e várias vezes as mesmas 17 estrelinhas da constelação que iam perdendo o brilho noturno conforme as horas passavam.

...

Despertei e minha paz logo acabou. Embora a nova onda de faltas no colégio, na Crypton e em alguns eventos não fossem novidade, dessa vez seria uma pausa longa e forçada ou talvez um adeus definitivo aos palcos, pelo menos da minha parte. Inclusive tudo do final de semana mais próximo foi cancelado. 

A ideia de desistir tão facilmente chegava a latejar na minha cabeça.

Para piorar, quando tive coragem de abrir os olhos, lembrei também de estar sozinho e todo aquele nosso tempo aconchegante e sonolento pelas manhãs passou longe.

Voltei a olhar para o teto, agora para as estrelinhas já sem brilho e apagadas pelas poucas luzes de sol que passavam pela janela e pela cortina escura, desenhando listras claras nas sombras. Me lembrei do hábito ruim de já estar com o celular em mãos nos primeiros minutos do dia para me livrar do sono. As tags e mensagens aos montes viraram a noite e alguns deram falta da nossa presença, já que fomos dormir "cedo" e isso nunca era bom sinal. Ignorei, mais por mau humor matinal me impedindo de raciocinar do que qualquer outra coisa. Finalmente olhei para o canto e notei que o volume na cama ao lado era menor, apesar do montinho de cobertas. Rin não estava ali e nem em volta, não eram nem 10 da manhã e apenas isso foi capaz de me tirar da cama com eficiência.

A encontrei na sala toda fechada e sem luz, enrolada num dos cobertores com um pedaço do bolo e a televisão em algum desenho animado, um misto de nostalgia da nossa infância e a imagem de dias tipicamente desocupados.

— Cometi o erro de entrar nas nossas tags e não consegui mais dormir – ela justificou, monótona. – Pela primeira vez aquilo tá pegando fogo mesmo sem estarmos colocando lenha.

Na verdade, ao longo desses anos acumulou lenha suficiente para deixar queimando por dias. Meses. O resto da nossa vida e até depois dela. Não comentei nada para não piorar o estado dela, sabia que Rin iria perceber cedo ou tarde.

A nostalgia me lembrou que eu não tinha mais 12 anos e que eu devia parar com toda essa distância besta e ficar com ela. Disse que não ia deixar as coisas serem como antes, e vou cumprir. Rin inclusive abriu espaço para mim na coberta quando notou que eu me aproximava, encostou a cabeça no meu ombro e eu passei um braço pela sua cintura.

Ela fechou os olhos, suspirou e se moveu até um quase abraço, levantou a cabeça lentamente pelo meu pescoço, roçando os lábios ou a ponta do nariz ali até nossas bocas se encontrarem e um arrepio tomar todo o meu corpo devido a carícia repentina. Sem estender o momento, ela voltou a se aconchegar no meu peito, entre os meus braços, e me restou somente a vaga lembrança do seu perfume e dos toques insuficientes, dignos de uma última vez.

Mas não trocamos nenhuma outra palavra.

O resto do dia girou em torno de procrastinar pelos cantos, comer e dormir.

E, exatamente como eu havia previsto, a semana toda foi assim... com exceção da véspera da chegada de Leon.

Foi um sábado e o dia todo caminharia como os outros, onde Rin e eu lentamente nos afastávamos em tudo, mesmo que a nossa consciência nos permitisse aproveitar os últimos dias juntos em outras situações. A questão era justamente essa e não tínhamos mais como fugir, era inevitável, não pensamos em nada e não queríamos pensar. Aceitar o que negamos anteriormente também não era uma opção, mas não foi como se estivéssemos em condição de realmente fazer e conseguir algo.

Então, aos poucos sendo antigidos pelos que eram contra e pela onda negativa que pairava sobre nós, a decisão que seria tomada ficou clara para mim e tudo sobre Rin voltou a ser... voltou... voltou a ser um passo que não sabia como dar.

— Você vai ter que se acostumar com o calor de novo – Rin brincou.

Final de tarde e o dia já estava escuro, os dois sozinhos em casa e no quintal dos fundos, sentados na escada da varanda, um vazio familiar entre nós. O que ela tentou usar para quebrar o clima tenso piorou e me fez lembrar que não estaria ali na mesma hora do dia seguinte.

Lembrei do quanto era irônico e desesperador uma pessoa como o meu avó morar logo na Califórnia, e não naqueles lugares isolados, tristes, nublados e cruéis dos filmes, livros e desenhos, que parecem não pertencer ao mundo real. No fundo, isso era o que mais fazia eu perder as esperanças: mesmo quando as coisas parecem boas, algo sempre pode ser ruim. Não importa o lugar ou como.

— Eu até que não odeio mais o frio como antes – respondi. – Eu gosto de esquecer do quanto é quente lá.

— Eu ainda vou me acostumar, um dia – Rin devolveu. – Não gosto de ficar doente e também não gosto de calor. Mas gosto da neve.

Era por causa da neve que estávamos ali. Não foi nenhum acordo, mas eu quis essa última sensação. Na verdade, foi apenas uma desculpa minha para enrolar e adiar o inevitável.

E, como isso não mataria ninguém... Fui até o montinho de neve acumulado mais próximo e juntei um tanto.

— Ah, você não vai... – Rin duvidou, mas a cara e o sorrisinho dela entregaram que aceitaria.

— Sim, eu vou – retribuí.

Esperei apenas que ela juntasse um bolinho também, diferente de mim, não teve piedade e não esperou nada, simplesmente jogou-a e eu só consegui desviar por alguns milímetros. Seu espírito competitivo deu as caras nesse momento e chegou a tirar dela uma risadinha que eu passei a semana toda sem ouvir. Meu coração pesou ao vê-la assim, uma reação que eu não esperava e que me fez errar quando arremessei de volta.

Meu erro a animou mais.

— Cadê a sua mira? – provocou, rindo mais um pouco. Arremessou outra, tão rápido que nem vi o processo e dessa vez consegui desviar bem. Consegui acerta-la no ombro logo em seguida. – Ah, está aí.

Levantei com os braços abertos, como se comemorasse a minha pequena fuga e vitória. Fui acertado desprevinido, em cheio, no peito.

— Não vou mais errar – devolvi. Rin sorriu e deu uma corridinha até o fundo, usando uma cadeira da mesinha de jardim para se esconder

Demorei propositalmente, até que ela desconfiasse e levantasse um pouco a cabeça... na verdade, levantou toda para atirar de novo e eu a acertei no outro ombro, o que fez o tiro dela perder a força no meio do caminho.

— Não foi justo!

Terminamos os dois rindo após o momento, realmente estava frio demais e eu comecei a tossir, ainda me recuperando.

Foi quase como tudo isso começou, e dessa vez seria o fim.

Ia parar na escadinhade de novo, porém, Rin nos fez voltar para dentro, de volta em seu estado carregado. Captei um leve arrependimento pela nossa pequena guerra no olhar que me lançou ao me ver começando a perder o fôlego.

Depois de nos aquecer, terminar as minhas malas e todas as coisas de rotina, Rin já estava muito mais incomodada. Agora, mais do que nunca a paciência dela não permitiu que isso durasse para sempre.

— Rin, eu...

— Len – ela me parou, mais firme que eu –, a gente precisa colocar uns assuntos em dia.

— É, precisamos – concordei, com toda a calma que encontrei. – Pode falar prim...

— Eu não quero falar primeiro – me parou outra vez.

Como se eu quisesse falar primeiro... De qualquer forma, incorporei o dobro de calma.

— Não vai ser fácil se a gente tentar continuar – iniciei, vislumbrei pela sua expressão que nosso assunto era o mesmo e, de fato, apenas estávamos enrolando. Meus dedos tremeram. – E eu não quero te envolver e afetar com seja lá o que vai acontecer comigo. Não de novo.

Esperei que ela concordasse. Torci para isso mesmo sabendo que vindo dela, jamais aconteceria. Ela respirou fundo.

— Você disse que tínhamos coisas piores para lidar, naquele dia no clube. – Ela olhava para baixo ou para o meu ombro o tempo todo. – Nós dois temos, e precisamos disso.

Ela escolheu cada palavra com cuidado. Passamos um tempo admirando as parades. No final, não concordou e nem discordou.

— Não é que eu não queira tentar. Eu queria, mas... – tentei começar, não consegui completar e Rin terminou.

— Não vai valer a pena, Len. Vamos ficar tentando pra sempre e vai ser pior. Pra nós dois. Só tentanto, o tempo todo. Isso é tão... desgastante.

E, enfim, ela concordou comigo, para minha surpresa. Nada do que a gente fizesse ia dar certo e ia acabar em mais frustração, resumindo.

Nos olhamos, as palavras já soavam pesadas e me deram calafrios sem nem sair da minha mente, dizê-las ia ser ainda pior.

Mudei de ideia, por falta de coragem de dizer o que deveria ter dito.

— Não, qualquer coisa é melhor... Pelo menos por agora, ou enquanto não pensarmos em nada melhor, independente do que aconteça eu...

Rin negou devagar, só isso serviu para me parar. O impacto inexistente parecia me empurrar precipício abaixo e eu percebi que ela estava tremendo.

— Len, não acho que essa história vai ter um final.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

"MAS COMO ASSIM? COMO ASSIM NÃO TEM FINAL?" - vocês, eu acho.
CALMA, GENTCHY
/Calma, mas nem tanto/
Não acabou a história, literalmente.
Nem acabou pros dois.
A fanfic mesmo está no meio.
Com "essa história não vai ter um final" a Rin quis dizer que, apesar de tudo, os dois desistiram de procurar pelo passado, soluções de vida e tentar "ganhar batalhas" e tals /correndo loucamente
Os dois acham que mais nada tem solução (afinal, quem tem as soluções sou eu ahuehuawmuahahahaha tá parei, só não quis matar as esperanças. Eu sou boazinha... eu tento)
Ainda tem bastaaaante história pela frente~

It's Time~♥
https://www.youtube.com/watch?v=sENM2wA_FTg

A melodia inédita fica pra depois~ (a música brotou na playlist que eu tô ouvindo agora, quando eu falei nela 'o')

E finalmente um capítulo desse moço Lenzin de novo, não? ♥
E um longo, weeee~☆
Apesar da melancolia, eu considero uma boa parte desse capítulo... relaxante? Tipos dias friozinhos de chuva com algo quentinho e um livro, alguma coisa pra assistir ou jogar, aquela preguicinha, lentidão...
Mal vejo a hora de colocar o circo pra pegar fogo de novo 'u'

Anyway
Três meses, ou algo assim, sem postar, né? A cada dia que passa, eu tenho mais certeza de que sou uma maluca falando sozinha aqui.
Pois é, eu escrevi bastante nesse tempo. Tenho ideias e capítulos inéditos de outras histórias e planos pra Cidade Perdida & Destino Perdido (pois é, isso mesmo dfcjkfhjs não aguentei).
Mas postar acabou ficando em segundo plano esses dias, já que... não tem ninguém lendo.
Os números de visualizações do Nyah são legais porque da pra saber se tem gente lendo. E também são ruins porque da pra saber se não tem gente lendo. Review então, nem se fala.
Continuo escrevendo porque eu gosto e quero (escrevo muito mais do que posto, inclusive), mas postar acaba perdendo o sentido se não tem ninguém pra ler :/
De qualquer jeito, eu vou continuar postando até o final dessa vida, porque eu acredito que pelo menos 1 alma (ou fantasminha) existe por aqui ou que um plot twist nesse site (ou fandom) sempre é possível.
O ritmo talvez diminua um pouco (lembrando que se houver manifesto, eu sempre posso mudar de ideia dsskjfhsjs).
Sério, se tiver alguém vivo aqui e deixar comentário: criatura, eu te venero.
Obrigada ♥

Eu voltarei, sempre, ohoho~



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sentimento Incompleto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.