Medo escrita por Honora


Capítulo 1
Medo




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Não soube o que era viver sem medo. Sentiu-o a vida inteira. Precisadamente, o medo aumentou aos seis anos; quando foi mordido por lobisomem Greybeck. Imaginou que sua vida um fim teve.

 

Entretanto, cresceu e aprendeu, de certa forma, a lidar com as luas cheias. Eram suas maiores dores, as luas cheias. Tornava-se um ser que machucava, era tudo que temia. As dores pós luas cheias não eram comparadas ao medo que sentia quando alguém lhe dizia que havia machucado algum inocente.

 

Cresceu. Entrou para Hogwarts. Sentiu medo.

 

Como lidaria com um lobisomem dentro de Hogwarts? Professor Dumbledore aceitou alguém tão perigoso, seria bondade ou tolice? De qualquer forma, Remus era grato.

 

Cresceu. Fez alguns pares de amigos. Sentiu medo.

 

Sirius, Peter e James – logo depois, Lily. Sentiu medo. E se eles descobrissem que Remus era uma praga? E se descobrissem que em toda lua cheia era um monstro? Sabia que o preconceito era forte no mundo bruxo; havia possibilidades de alguém qualquer aceitar suas transformações?

 

Cresceu. O descobriram. Sentiu medo.

 

As lágrimas apareceram em seus olhos tão rapidamente que isso o assustou. As mãos tremiam como se estivesse na frente do próprio lobisomem. Fechou os olhos quando os sentiu embaraçado, mas voltou a abri-los quando sentiu duas mãos em seus ombros, uma de cada lado. Era Sirius e James, ambos lhe lançando sorrisos. Até mesmo Peter, que tinha olhos assustados, sorriu-lhe torto.

 

Cresceu. Os marotos não desistiram de Remus. Sentiu medo.

 

Depois de anos, viraram animagos ilegalmente, apenas para acompanhar Remus nas luas cheias. O medo envolveu-o rapidamente; por que se arriscar por ele? Não demorou muito tempo para Remus perceber que aquilo chamava-se companheirismo, amizade, amor e seus inúmeros outros derivados.

 

Cresceu. A morte levara tudo de mais precioso em sua vida. Sentiu medo.

 

James, Lily e Peter. Não estavam mais lá para ele ou para o pequeno Harry. Nem mesmo Sirius; o traidor. Naquela noite, gritou. De dor. Raiva. Angustia. Desespero. Medo.

 

Envelheceu. Reencontrou Sirius. Sentiu medo.

 

Abraçou-o, com todas suas forças. Mas, primeiro, ameaçou-o. Até que escutou o amigo, pois seu coração era mole demais para simplesmente dizer não a Sirius. Sentia medo de que Sirius fosse confessar, mas seu próprio coração sabia que Sirius não era um assassino, apesar de estar cegado pela dor por 12 anos. Ele tinha um passado com Sirius, e queria ter um futuro também. Era seu amigo. Jamais teria coragem de matar aqueles que amava, Remus percebeu isso naquele dia. Abraçou-o e desejou nunca mais soltá-lo.

 

Envelheceu. Sirius morreu. Sentiu medo.

 

Voltou a quebrar-se em milhões de pedaços. Não chorou na mesma noite. Mas gritou. Novamente. Não sentia pena de si mesmo, mas queria entender por que, por Merlin, era destinado a tanto sofrer? Por que recebia e perdia quase no mesmo tempo? Sentiu medo. Sentiu medo, pois temia perder a cabeça. Estava velho e cansado. Mas ele precisava continuar, porque Harry precisava dele e o mundo bruxo também.

 

Envelheceu. Tonks o amava. Sentiu medo.

 

Como uma menina tão inteligente e divertida poderia amar um lobisomem velho e pobretão? Perguntou-se por repetidas noites e fingiu que ela simplesmente não poderia amá-lo. Por anos não encontrara a verdadeira felicidade; haviam momentos em que ele sorria e sentia-se feliz, mas eram momentos tão pequenos que pareciam inexistentes. Entretanto, com Tonks, aquilo parecia ser duradouro. Sentiu medo de machucá-la e não ser o suficiente para ela, mas o amor é o suficiente para qualquer um, ele bem sabia.

 

Envelheceu. Tonks estava grávida. Sentiu medo.

 

Tolo e covarde, foi como se sentiu por algum tempo. Pensou em fugir, estava perdendo a cabeça, até levar um verdadeiro sermão do garoto Potter. Sorriu naquela noite. O trouxera lembranças e o trouxera medo. Como levaria uma criança a um mundo tão podre como aquele atual? Temia pelo seu filho. Temia por Tonks. O medo e a dor sempre estavam envolvendo-o, porém pareciam mais fortes. No fim das contas, lutou.

 

Lutou.

 

Precisava mudá-lo. Precisava mudar aquele mundo, pois era seu filho que merecia viver nele sem dor, sem medo. Ao lado de quem o amou, lutou. Por aqueles que amava. Por aqueles que o amavam.

 

Sentiu medo.

 

Afinal, quem não sentiu naquela noite?

 

Lutou. Sentiu medo. Morreu.

 

Envolveu-o com calor e aconchego. Era a morte ou talvez fosse apenas o medo? Não. Era a paz. Finalmente não houve medo ou dor, apenas quietude e sossego.


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Notas finais do capítulo



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