08 de Fevereiro de 2016 – 11h05min

— Ai Sasuke, você pode me contar tudo. – Ino afinou a voz e juntou as mãos enquanto nós saíamos da sala. O restante dos nossos amigos tinham ficado para trás e por isso, a Yamanaka aproveitava para destilar seu veneno em relação à Karin. – Fala sério, ninguém fica tão animado ao saber que nós queimamos o macarrão no primeiro dia ou que Neji bebeu tanto que rolou a escada da casa.

— A garota não tem nenhum amigo, é normal ela tentar se enturmar, Ino. – Falei tentando o máximo que pude permanecer séria após ver a expressão desgostosa dela. – O que foi?

— Você é uma idiota! – Ino ralhou dando um tapa em meu braço. Esfreguei meu braço e abri a boca para protestar, mas ela me ignorou. – Ela praticamente grudou no Sasuke, isso não te incomoda?

— Que tipo de relação você acha que eu tenho com ele? – Perguntei parando em frente aos armários e franzi o cenho. Ino fez um barulho inconformado enquanto destrancava o cadeado de seu armário. – Sasuke é meu melhor amigo, nós costumamos fazer as coisas juntos, mas não somos siameses.

— Testa, esse não é o problema. – Retrucou Ino enquanto retocava o batom com o auxilio do espelho que havia em seu armário. – Eu não fui com a cara dela.  É intuição.

— Porca, você está se sentindo coagida por causa dela? – Fechei o meu armário delicadamente, enquanto Ino bateu o dela enfurecida. Ela respirou fundo e deu um sorriso torto que deixou sua expressão semelhante à uma careta. – Não está aqui quem falou. – Ino não seria capaz de me assassinar em um corredor cheio de alunos, não é?

— Você também não gostou muito dela. – Disse a loira aproximando-se de mim ameaçadoramente. Eu não tinha nada contra Karin, na verdade, mas descordar de uma Ino irritada era extremamente perigoso. – E vai dizer que eu tenho razão depois.  – Aquiesci, mais por medo do que por concordar com o que ela tinha dito. – Agora vamos comer, a fila da lanchonete deve estar indo parar do outro lado da rua. – Ela agarrou meu pulso e saiu me arrastando pelo corredor.

Durante o percurso eu tive que me desculpar com alguns colegas meus que foram brutalmente empurrados por causa da Ino. O aperto que ela mantinha em meu pulso, se possível, aumentou. Quando chegamos ao refeitório, a fila da lanchonete estava razoavelmente grande. Conversar com Ino, mesmo quando eu não estava afim de conversar, era fácil. Tudo o que eu precisava fazer era assentir, fazer algumas expressões confusas e indignadas e soltar algumas exclamações surpresas e o famoso: “Nossa, eu não acredito nisso!”.

— Como assim não acredita nisso? – Perguntou-me Ino incrédula. Oi? Do que ela estava falando mesmo? – Dois sanduíches naturais, um suco de laranja e outro de abacaxi com hortelã. – Ino pediu sorrindo para a atendente da lanchonete. Arqueei uma sobrancelha e ela revirou os olhos.

— Como sabia o que eu iria pedir?

— Não desvie do assunto. – Ela disse apoiando as costas no balcão. – Você me prometeu que iria fazer os testes para entrar na equipe de torcida esse ano. – Ah, então era disso o que ela estava falando.

— Eu não me lembro disso. – Falei evasivamente e enfiei a mão no bolso do meu jeans para pegar o dinheiro; Ino soltou um murmúrio frustrado, enquanto eu pagava o meu lanche. Ela fez o mesmo e logo nós estávamos caçando uma mesa vazia que pudesse acomodar todos os outros patetas que estavam na fila.

Naruto acenou para mim e eu me limitei a sorrir para ele, enquanto seguia Ino para a mesa próxima da porta que levava para o jardim. Assim que me sentei, a Yamanaka bateu com a mão contra a mesa e me olhou seriamente.

— Você me prometeu no último dia de aula do ano passado.

— Eu estava BÊBADA, eu não me lembro de nada.

— Essa sua desculpa já está ficando velha. – Ino abriu a garrafinha do suco e bebeu um gole. – Me prometa que vai pensar, por favor, Testa.  – Disse ela após deixar a garrafinha sobre a mesa. Ao notar meu olhar, Ino juntou as mãos em prece próximas do rosto e me lançou um olhar semelhante ao do gato de botas. – Por favor, vamos amar ter você na equipe! – Acrescentou animada.

Ino participava da equipe de torcida desde o primeiro ano. No segundo colegial, ela conseguiu o posto de capitã e arrastou Temari e Tenten para a equipe, Hinata fugiu (Usando a desculpa de que era tímida demais para dançar na frente de tanta gente) e eu estava sendo caçada por Ino desde então.

— Vamos amar ter você no que? – Sasuke perguntou repentinamente puxando a cadeira ao lado da minha. – Do que estão falando?

— Dos testes para líder de torcida. – Ino respondeu me lançando um olhar de esguelha. – Sakura não quer nem ao menos tentar.

— Você prometeu que iria fazer os testes, não?

— Seja lá quanto que ela estiver te pagando, eu dobro! – Sussurrei para Sasuke esperando que Ino não percebesse.

— Não, eu estou me confundindo. – Sasuke disse alto enquanto o restante acomodava-se nas cadeiras vagas. – Tenho certeza de que Hinata prometeu que iria fazer o teste.

— Hinatinha usando aquela micro saia?! – Naruto exclamou animado demais e Hinata corou violentamente. – UAU!

— Naruto! – Neji deu um soco no braço do Uzumaki que gemeu de dor. – Você está falando da minha irmã, seu idiota.

— Falando da Hinatinha com muito respeito, Neji. – Naruto disse esfregando a mão no braço em que tinha sido atingido.  – Isso é verdade?

— De jeito nenhum! – Hinata bradou alarmada. Mordi o lábio inferior tentando conter minha risada. – Se um dia eu entrar em um uniforme daquele por livre e espontânea vontade, me internem!

— Eu falava a mesma coisa. – Temari comentou levando um pedaço de bolacha até a boca. – Até que é divertido.  

— Foi legal quando você torceu o pulso? – Perguntei dando um sorriso simpático e Temari estreitou os olhos, fazendo menção de jogar uma de suas bolachas em mim. – Sem agressividade, por favor. Somos todos civilizados.

 - Civilizados? – Gaara deu uma risada repleta de escárnio. Ele deu um gole em sua coca-cola e mordeu um pedaço da coxinha que estava segurando. – Enfim, eu me lembro muito bem de Sakura dizer que ia fazer o teste esse ano. – O Sabaku tinha trazido o foco para mim de novo e os olhos de Ino brilharam. Maldito curupira. – Não é? – Cutucou Shikamaru que estava com o rosto apoiado em uma mão.

— É, eu me lembro bem disso. – Shikamaru murmurou pensativo. – Sakura e Ino tinham cantado alguma música das Destiny Child, Ino pediu pra Sakura se inscrever no teste de líderes de torcida e a Testuda aceitou.

— Como você lembra de tudo isso? – Perguntei indignada. – E não me chame assim! Minha testa não é tão grande. – Resmunguei cobrindo minha testa com minha mão.

— Você não é do tipo que presta atenção quando está bêbado, Shikamaru. – Sasuke comentou em minha defesa. Ao menos parecia ser. – Eu não me lembro disso.

— Temari tinha jogado água em mim alguns minutos antes. – Todos nós olhamos para Temari que deu um sorrisinho amarelo e enfiou mais uma bolacha na boca. Shikamaru parecia particularmente resignado. – Estava bem acordado.

— Eu continuo não me lembrando disso. – Sasuke falou em um tom falsamente cético.

— Cale a boca seu maldito, você até comentou que nós devíamos ter levado uma câmera pra gravar aquilo! – Gaara rebateu dando risada e Sasuke riu tanto quanto ele. – Naruto filmou, mas o celular dele foi pro saco quando nós o empurramos na piscina.

— Vocês são uns imbecis! Sabe como foi difícil convencer meu pai a me comprar outro celular? – O Uzumaki tentou fingir que estava bravo, mas acabou dando risada ao ver a expressão debochada de Neji.

— Tanto faz! – Ino finalmente pronunciou-se virando para mim com um sorrisinho confiante. – Viu? Tenho provas de que você prometeu, Testuda!

— Tenho certeza de que você está subornando o curupira! – Apontei para Gaara que soltou um “HEY!” ao ouvir o apelido. – Nenhum de vocês pode confirmar nada, estávamos todos bêbados.

— Nunca mais te ajudo com nada. – Sasuke declarou ofendido e voltou a comer. –Ingrata.

— Aceita que dói menos, Sakura. – Hinata falou balançando a cabeça negativamente. – Tenho certeza de que Ino vai cuidar muito bem de você. – Olhou de forma cúmplice para Ino que sorriu para ela e tentou passar algum tipo de confiança para mim.

— Eu não quero. – Choraminguei e encostei minha cabeça no ombro de Sasuke em um gesto dramático. – Onde está sua prima, Naruto? – Perguntei, só então, sentindo a falta da prima de Naruto.

— Ah, ela é nova na escola, mas têm amigas em outras salas. – Naruto respondeu erguendo os ombros em um gesto de descaso. – Foi praticamente arrastada assim que saímos da sala.

— Karin é sua prima, mas não tem muito haver com você, Naruto. Não faz do tipo escandalosa. – Sasuke comentou em um tom maldoso e eu me afastei dele para observá-lo. – Gostei dela.

X-X-X

09 de Fevereiro de 2016 - 15h35min

O segundo dia de aula, se possível, tinha sido ainda mais cansativo que o primeiro.

Quando Sasuke me deixou em casa após a aula, eu sequer almocei. Arrastei meus pés até o meu quarto e me joguei na cama, meu corpo todo reclamava de exaustão e minha cabeça estava doendo.

Admito que dormi como se tivesse sido dopada e quando acordei, demorei um pouco até realmente estar acordada.

 Depois de almoçar, voltei para o meu quarto e fiz uma careta ao ver a zona que ele estava. A cadeira que ficava de frente para a escrivaninha do computador estava recheada de roupas (ainda me perguntava o por quê de ter um guarda-roupa), haviam umas canecas ao lado do monitor, uma com água pela metade do lado da minha cama, os meus sapatos estavam jogados perto da janela e ao ver um pacote de bolacha que eu tinha aberto há duas noites, conclui que se Ino visse a bagunça em que meu quarto estava, eu que receberia o apelido de Porca.

O lado ruim de começar uma operação limpeza é de que sem música nada funciona. Então eu tive que ligar meu computador e procurar uma playlist que me deixasse ainda mais animada para limpar tudo, ao mesmo tempo em que tinha que me policiar para não escolher uma repleta de músicas dançantes que só me fizesse adiar todo o trabalho e ainda assim tomar cuidado para não escolher músicas que me fizessem desistir e voltar a dormir.

Se tem uma coisa que eu sou é uma pessoa distraída, então quando eu dei por mim estava há uns dez minutos rolando meu feed de noticias no facebook, totalmente alheia ao que eu ia fazer. Quando eu percebi isso, enrolei por mais cinco minutos e ai fui buscar minhas armas – vassoura, pá e uns paninhos pra tirar poeira – e só então eu comecei definitivamente a minha arrumação.

De vez em quando eu parava e usava a vassoura como microfone, com direito a jogada de cabelo enquanto dublava Demi Lovato. Às vezes eu até me arriscava a dançar de frente ao espelho, mas logo voltava a varrer debaixo da minha cama.

Quando começou a tocar Don’t Cha, do The Pussycat Dolls, não tive como me controlar. Eu estava em frente ao espelho novamente, dublando e usando como microfone agora uma escova de cabelo. Dançar era inevitável, então eu fazia uma mistura entre a coreografia original e uma exclusiva By Sakura Haruno, que consistia em ficar balançando de um lado pro outro e jogando o cabelo. Lá pro meio da música minha bunda já tinha vida própria e não respondia mais aos meus comandos.

Estava pronta para dançar mais uma música e paralisei. Ao olhar para a porta do meu quarto encontrei Sasuke escorado no batente da mesma com um sorrisinho cínico em seus lábios, assim que ele notou meu olhar, acenou para mim.

— Não pare por minha causa.

— Está ai desde quando? – Perguntei desconfiada. Passei a mão por meu cabelo tentando juntar os caquinhos da minha dignidade. – Prometo que vou conversar com a sua mãe e fazer ela te ensinar a bater na porta antes de entrar. – Cruzei os braços e ele estreitou os olhos.

— A porta estava aberta.

— Isso não te impede de bater. – Rebati e ele soltou o ar pesadamente pela boca antes de esticar o braço e bater com a mão na minha porta. – Quem te deixou entrar? – Perguntei enquanto caminhava até o computador e diminuía o volume da música.

— Eu toquei a campainha e uma das suas empregadas abriu a porta. – Sasuke respondeu entrando no quarto e se jogando na minha cama que ainda estava bagunçada. – Um furacão passou por aqui? Que zona.

— Obrigada Capitão Óbvio, já recebeu sua medalha do dia? – O Uchiha fez uma careta ao notar meu sarcasmo.

— Que medalha?

— A de otário. – Sorri debochada e tive de desviar de um travesseiro. – Já pode arrumar minha cama. – Falei juntando todo o lixo na pá e em seguida olhei para as roupas, que antes estavam sobre a cadeira e que agora estavam no chão. Coloquei todas para lavar e quando voltei, Sasuke estava terminando de dobrar meu cobertor. – Por que veio pra cá?

— Estava entediado. – Sasuke ergueu os ombros com descaso. – Preciso de algum motivo pra vir aqui?

— Naruto estava ocupado, não é? – Cruzei os braços e me virei para ele com um sorriso nos lábios. – Te peguei. – Falei ao ver que ele tinha desviado os olhos para a minha porta, um claro sinal de que estava mentindo.

— Irritante.

— Mentiroso!

— Irritante.

— Pare de me chamar assim! – Reclamei e ele arqueou uma sobrancelha. – Não me olhe desse jeito.

— Assim como? – Sasuke perguntou-me de forma inocente. – Desculpe irritante, não vou mais te chamar de irritante.  – Fiz uma careta e ele gargalhou. – Quer ajuda pra terminar isso aqui? Depois nós podemos ver algum filme. – Propôs.

E eu aceitei por dois motivos:

Primeiro: Sasuke iria me ajudar a terminar de arrumar meu quarto.

Dois: O brigadeiro que ele faz é realmente divino.

Motivos básicos para a sobrevivência de qualquer Sakura Haruno que exista por aí.

Aumentei o volume da música novamente e como prometido, Sasuke ajudou-me a terminar de arrumar o quarto. Ora ou outra eu conseguia ouvir suas piadinhas sobre a bagunça que ele encontrava nos cantos mais obscuros do meu quarto e eu retrucava como ele merecia. Estava quase anoitecendo quando nós terminamos. Eu permaneci jogada no chão, completamente desmontada e Sasuke estava sentado na cadeira de meu computador.

— Sakura, você ainda não pagou seu castigo por ter perdido a aposta. – Sasuke murmurou concentrado em algo no computador e eu o observei temerosa. – Relaxe, ainda não pensei em nada.

— Não ta demorando demais pra pensar em um castigo, Sasuke? – Perguntei estreitando meus olhos.

— Não. – Respondeu-me ele voltando seus olhos escuros para mim por um momento. – Você é a Sakura. Eu não posso obrigar você a fazer qualquer coisa. – Acrescentou voltando o olhar para o computador.

Admito que por um momento eu tinha esquecido da tal aposta. Porém, Sasuke era diferente. Sua mente maligna gravava qualquer coisa que pudesse lhe oferecer uma vantagem no futuro. Suspirei frustrada e soltei um resmungo incompreensível. Não tinha para onde fugir.

Decidimos que Sasuke iria adiantar a pipoca e o brigadeiro enquanto eu ia tomar banho. Ele já era de casa, nós nos conhecíamos desde pequenos e minha mãe sempre fazia questão de enfatizar o quanto queria que ele ficasse a vontade.

— Olá querida! – Minha mãe disse assim que me viu. O cabelo loiro dela estava solto e ondulado, os olhos destacados por uma maquiagem simples que contrastava com seu batom vinho, o vestido era preto, com as mangas acima do cotovelo e que possuía um pequeno decote em V. O blazer azul escuro estava dobrado sobre o encosto do sofá, junto com sua bolsa. – Como você está? – Perguntou enquanto me abraçava.

— Estou bem e você? – Respondi e ela aquiesceu animada. – Problemas com a nova coleção? Eu não tenho te visto de manhã.

— Tenho tido muito trabalho, filha e acabei trazendo algumas coisas pra casa. – Mebuki Haruno sorriu e eu retribui, ela parecia tão cansada, embora continuasse belíssima. – Estava comentando com Sasuke de que ele vai acabar conquistando muitas mulheres pelo estomago. – Brincou ela olhando de esguelha para Sasuke que acabou rindo.

 - Besteira, senhora Haruno. – Disse ele bagunçando o cabelo um tanto desconcentrado. – Brigadeiro queimado é minha única especialidade.

— Me chame de Mebuki, sou muito nova para ser senhora. – Minha mãe fingiu repreende-lo enquanto abraçava-me pelos ombros. – Acabei provando do brigadeiro assim que cheguei, não estava nada queimado, menino!

— Se você diz, eu acredito. – Sasuke concordou erguendo as mãos em rendição. – Vou deixar um pouco separado para você, Mebuki. – Olhei para ele querendo chamá-lo de puxa-saco, mas a atenção de Sasuke era toda concentrada em minha mãe.

— Acredite em mim quando digo que vai conquistar muitas mulheres por causa dos seus doces, Sasuke. – Minha mãe repetiu em um tom de advertência. Ela me soltou, caminhou até o sofá pegou sua bolsa e seu casaco e começou a subir as escadas. – Minha filha você já conquistou. – Acrescentou alto.

Arregalei os olhos e olhei para Sasuke tendo certeza de que minhas bochechas estavam coradas. Ele apenas sacudiu a cabeça negativamente e deu um sorrisinho de canto, parecendo totalmente confortável com o que minha mãe tinha dito.

— Você escolhe o filme? – Ele perguntou enquanto seguia para a cozinha. – Já volto.

Quando Sasuke retornou da cozinha, trazendo consigo a pipoca e o brigadeiro (depois eu tive que ir buscar o refrigerante), eu já tinha colocado o filme Truque de Mestre no DVD e só aguardava o momento certo para iniciá-lo. Ficamos completamente concentrados no filme. Não conversamos em momento algum, estando cientes da presença do outro somente quando nossas mãos por acaso esbarravam dentro do pote de pipoca ou enquanto ele pegava um pouco do brigadeiro que estava acomodado em meu colo.

Ao término do filme, minha mãe retornou de seu quarto usando uma roupa informal e nos chamou para jantar. Nós conversamos sobre coisas aleatórias e demos muita risada, minha mãe era parecida com Ino. Só precisávamos dar corda e ela prosseguia a conversa com facilidade.

— Obrigada pela companhia, querido. – Agradeceu abraçando Sasuke quando ele anunciou que iria para casa. – Diga a sua mãe que eu aguardo a companhia dela para um almoço. – Avisou sorrindo e Sasuke assentiu concordando. – Tome cuidado.

— Pode deixar, Mebuki. – Sasuke garantiu para ela e ela entrou para casa me deixando sozinha com ele na entrada. – Eles ainda estão com problemas, não é? – Sussurrou com cuidado para que minha mãe não ouvisse.

— As brigas continuam, mas eles não fazem questão de me contar nada. – Olhei por cima do ombro e vi que minha mãe não estava mais na sala. – Já faz alguns dias que nós não temos uma refeição com a família completa, se eu pergunto eles desviam do assunto. – Suspirei e Sasuke afagou meu ombro.

— Se precisar de mim, é só ligar. – Avisou-me ele e eu assenti. – Vou indo, Naruto quer ir para a academia agora de noite. – Me deu um abraço apertado e beijou meu rosto em seguida. – Se cuide, Haruno.

— Você também, Uchiha.

Sasuke sorriu e eu o observei até que ele virasse a esquina. Fechei a porta e permaneci na sala assistindo um programa de variedades até que eu começasse a bocejar com sono, eram quase onze horas e meu pai não tinha chegado ainda. Desliguei a TV, apaguei as luzes da sala e subi as escadas com cuidado, as luzes do quarto dos meus pais já estava apagada.

Peguei meu celular e caminhei até minha cama. Haviam algumas notificações do meu facebook, mas o que mais chamou minha atenção foi uma publicação que Sasuke tinha me marcado.

“Sasuke Uchiha te marcou em um vídeo há 28 minutos”.

Abri a publicação com medo de que fosse algum vídeo assustador e eu não estava errada. Minha expressão de puro choque ao reproduzir o vídeo, eu não estava acreditando no que via. Ser distraída fez com que eu não tivesse notado quando meu melhor amigo me filmou enquanto eu dançava Dont’ Cha.

Temari Sabaku comentou há 15 minutos:

“Uma ex Pussycat Dolls de cabelo rosa, por essa eu não esperava”

Gaara Sabaku comentou há 25 minutos:

“Vem dançar assim aqui em casa, sua linda”

Itachi Uchiha comentou há 8 minutos:

“Ô lá em casa”

Itachi Uchiha comentou há 7 minutos:

“To apaixonado por você, Gata”

Ino Yamanaka comentou há 3 minutos:

VOCÊ ESTÁ DEFINITIVAMENTE DENTRO DO TIME, TESTUDA!

Tenten Mitsashi comentou há 2 minutos:

Hinata, Neji, Shikamaru vocês PRECISAM ver isso! HAHAHAHA

Gaara Sabaku comentou há 1 minuto:

Você não é a Shakira, mas que rebolado, hein!

Naruto Uzumaki comentou há 1 minuto:

Ó coisinha tão bonitinha do pai!!!! Sakura, que isso hein?!

Itachi Uchiha comentou há +- 1 minuto:

COISA LOUCA, HEIN!

Itachi Uchiha comentou há +- 1 minuto:

QUE BUNDA!!!! 

Ino Yamanaka comentou há +- 1 minuto:

A BUNDA DELA TEM VIDA PRÓPRIA!

Os comentários chegavam cada vez mais rápidos. Um absurdo maior do que o outro. Liguei para Sasuke e o maldito não me atendeu das primeiras vezes. Com certeza estava rindo da mim na maior cara de pau.

— Olá querida Sakura! – Saudou o cretino animado. – Por que está me ligando essa hora? – Perguntou e eu me controlei para não despejar uma quantidade absurda de palavrões sobre ele.

— Vou matar você.

Foi tudo o que eu disse antes de encerrar a ligação.