366 Rabiscos escrita por Priy Taisho


Capítulo 3
Capítulo 3 - Corrida


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! To amando o feedback de vocês em relação à fic ♥ Leitores fantasmas, deem um Oi pra tia Priiy! A participação de vocês é super importante pro andamento da história -v-
Espero que gostem,
Boa leitura!



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14 de Janeiro de 2016 - 14h35min

Como minha avó sempre disse: “O arrependimento chega quando você menos espera”. Tanto por aquele dinheiro que você gastou com comida, mas que podia muito bem ter usado para comprar algo depois, aquela noite de bebida que resultou numa ressaca infernal no dia seguinte, por todos aqueles dias em que você passou em casa mofando e que quando finalmente decidiu voltar a fazer exercícios foram retribuídos com uma dose bem exagerada de dores musculares.

Meu arrependimento, no momento, era por não ter ficado mais tempo na cada de praia dos Uchiha. Uma semana havia sido o suficiente para nadar no mar, na piscina, ir até algumas sorveterias do litoral, ir até algumas festas na praia, invadirmos festas e principalmente, bronzearmos.

Torrar seria o termo mais apropriado.

Juro que cada um de nós estava semelhante a um espetinho que ficou tempo demais sendo açoitado pelas chamas da churrasqueira. O mais sortudo havia sido Naruto que conseguiu um bronzeado até que bonito, o restante de nós ou estava vermelho, queimado demais ou em um tom de pele que era bastante semelhante ao laranja, no caso de Sasuke e Ino.

— Eu estou ridícula. – Ino exclamou indo de um lado para o outro no quarto. Estávamos na casa dela, em plena quinta-feira à tarde. – Olha só pra isso! – Ela estendeu o braço para que eu pudesse vê-lo.

— Isso é normal. – Falei tentando conter o riso. Descascar era normal, meus braços, minhas costas e até o meu rosto estavam descamando. Eu me sentia como uma cobra trocando de pele. – Não mexa, Ino! Só vai piorar. – Avisei quando ela parou em frente ao espelho pela milésima vez e mexeu na raiz do cabelo tentando livrar-se das caspas. Ela tinha tomado tanto sol que até seu couro cabelo estava descamando.

— Isso é um desastre! – Replicou irritada olhando para os próprios braços. Ino realmente era a rainha do drama. Ela terminou de abotoar a camisa xadrez rosa e azul que estava usando e deu um nó na parte de baixo com a intenção de diminuí-la, para em seguida se jogar na cama ao meu lado. Apoiou o queixo na mão direita e ficou me encarando com um bico nos lábios. – E se eu encontrar o amor da minha vida?

— Achei que o amor da sua vida era o Gaara. – Alfinetei dando um sorriso maldoso.

— E você beijou o Sasuke na virada de ano novo, quer conversar sobre isso? – Ino perguntou cinicamente, um sorriso debochado surgiu em seus lábios e eu fiquei chocada. Ino era uma cobra, merecia estar descascando como uma!

— Sua pele não está tão ruim. – Desconversei embaraçada. Eu tinha explicado tudo para as meninas mais de cinco vezes (talvez um pouco menos, mas o exagero faz parte da minha essência) e elas continuavam me colocando contra a parede sempre que podiam. – Se for o amor da sua vida, ele vai gostar de você mesmo assim. – Acrescentei tentando parecer convincente. Ino arqueou uma sobrancelha e me observou com seus olhos inquisitivos, antes de afundar o rosto em seu colchão.

— Estou parecendo o basilisco na época de troca de pele.

Deus sabe o quanto precisei me esforçar para não rir do que ela tinha dito.

— Não Ino, que isso. Um basilisco? Não, jamais.

— Cale a boca, Sakura! – Retrucou ela mal humorada ainda com o rosto no colchão. – Já começou a cumprir alguma das suas metas?

— Estou trabalhando nisso.

— E quando vai começar?

— Semana que vem. – Respondi orgulhosa. – Talvez quando começar as aulas, você sabe, para ter um incentivo a mais.

— Está enrolando. – Ino concluiu perfeitamente o que eu estava fazendo. Ela ergueu o rosto do colchão para me encarar e revirou os olhos ao ver meu sorriso amarelo. – Não é saudável fazer isso. Nós temos sempre que tentar ser pessoas melhores.

— Para mim, você continua a mesma Ino de sempre.

— Eu não enfatizei a palavra “tentar” o suficiente? – Indagou enquanto virava-se de barriga para cima. – Uma das minhas metas para o ano passado era separar tudo o que eu não estava usando e doar. Você mesma viu como isso influenciou todo mundo. – Defendeu-se em um resmungo. Não tinha como discordar do que ela falou. Ino, em um belo final de semana, tinha convocado à mim, Temari, Tenten e Hinata para a operação “Não se apega, não!” (tenho certeza de que ela se inspirou no livro, mas... Falar isso para a Yamanaka era como assinar o próprio atestado de óbito),  nós reviramos o quarto dela ao avesso e separamos tudo em três caixas: Sapatos, casacos e roupas em geral. Essa ação influenciou Hinata, que influenciou Tenten, que fez o mesmo com Temari e comigo.

Depois nós obrigamos os meninos a fazerem o mesmo e em um sábado, fomos até algumas ONGs e distribuímos as roupas para os mais necessitados. A atitude de Ino tinha nos mobilizado e feito com que nós fossemos pessoas melhores.

— Tem razão, Porca. – Concordei usando um apelido de infância e ela fez uma careta. – Você é realmente uma pessoa boa.

— Não sou boa. – Ino discordou sentando-se de supetão. O cabelo loiro sequer estava preso, embora uma presilha vermelha estivesse nele. – Sou espetacular.

— Retiro tudo o que disse, você é ridícula.

X-X-X

Quando eu decidi voltar para casa eram quase seis horas. O sol estava se pondo no momento em que virei a esquina da rua em que eu morava, a brisa fria me fez puxar as mangas da minha blusa fina e logo tratei de apressar o passo para chegar logo em casa.

— Até que enfim!

Encostei a porta e dei de cara com minha mãe que não parecia nenhum pouco calma. Ela estava com os braços cruzados e batia o pé direito no chão, produzindo um barulho irritante por conta do salto que ela usava.

— Quando é que você vai começar a atender ao telefone? – Bradou tentando controlar o tom de voz. – Eu te liguei dez vezes, Sakura!

— Meu celular descarregou e você sabia que eu estava na Ino. – Repliquei confusa. Minha mãe soltou o ar pesadamente e passou a mão pelo cabelo loiro que estava preso em um coque. Notei que ela estava mais arrumada do que o normal, usando um vestido verde escuro que possuía uma fenda na perna direita, brincos e o colar de perolas que ela guardava para ocasiões especiais. – Vai sair?

— Ino não é minha filha! – Não tinha entendido o motivo dela estar gritando ainda, mas preferi me manter quieta. – Seu pai foi convidado para um evento beneficente de última hora, nós vamos sair em trinta minutos. – Mebuki Haruno lançou a bomba sobre mim e começou a ir para a cozinha, enquanto murmurava algo sobre precisar de analgésicos.

— Eu não vou. – Ela virou-se para mim como se eu tivesse dito algum absurdo. – Como você cogita que eu vá assim? – Perguntei apontando para o meu rosto. Certo, eu não estava tão ruim quanto Ino, mas estava evitando ser vista até deixasse de descascar e que minha pele voltasse ao meu tom natural. Somente mais uns dias bastariam.

— Sakura, não me faça repetir...

— Eu não vou.

— Você não pensou nisso quando foi até a casa da Ino! – Retrucou exasperada e eu recuei um passo. – Vá se arrumar, Sakura.

— Sinto muito, mãe, mas eu não vou. – Avisei pela última vez antes de subir as escadas correndo e me trancar em meu quarto.

A verdade é que eu não estava afim de participar de uma festa onde teria que ficar fingindo sorrisos, enquanto meu pai exibia a família feliz. Nós não éramos exatamente felizes desde o último ano, mas aquilo não fazia com que nossa imagem fosse mudada para a imprensa.

Queria tomar banho, mas só sairia do quarto quando eles fossem para a tal festa. Coloquei meu celular para carregar e me sentei na minha cama. Esperei que ele pegasse um pouco de carga e o liguei, tirei meus sapatos enquanto aguardava que todas as notificações chegassem.

“Hey!”— Sasuke tinha me enviado uma mensagem há quase quarenta minutos. Ele estava online e assim que eu o respondi minha mensagem foi visualizada. “Fiquei sabendo que vai rolar uma festa beneficente hoje, vai ir?”— Não me surpreendi que ele soubesse. Nossos pais, além de trabalharem juntos, tinham o mesmo ciclo de amigos. Antes que eu respondesse, Sasuke me ligou.

— Você demora demais para responder.

— Desculpe se eu digito com a velocidade de uma pessoa normal. – Falei sarcasticamente e pude ouvir sua risada baixa pelo telefone. – E respondendo sua pergunta, eu não vou. Você vai ter que suportar tudo sozinho.

— Ótimo, porque eu também não vou. – Sasuke disse extremamente satisfeito. - Passo aí em dez minutos, nós vamos correr.

— Sasuke, eu não vou sair.

— Não te perguntei nada, vá se arrumar.— E ele desligou o telefone na minha cara. Eu odiava quando Sasuke fazia esse tipo de coisa e, apesar de reclamar, ele persistia no erro.

Arrastando meus pés, fui até o guarda roupa e peguei uma leggin preta e um moletom cinza com capuz. Sasuke me faria acompanhá-lo em sua corrida noturna de qualquer maneira. Se meus pais descobrissem que eu recusei o convite para ir ao evento beneficente, mas que tinha aceitado ir correr pelo bairro com Sasuke Uchiha, certamente que minha mãe surtaria. Deixar de comparecer a um evento repleto de bons partidos, para ir ficar suada e fedendo? Que audaciosa Sakura!

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e me joguei novamente em minha cama, verificando algumas mensagens no celular em seguida. Não havia muito que fazer se não esperar por Sasuke. Ele morava na rua de trás da minha, não devia estar demorando tanto.

— Seus pais ainda estão em casa? – Larguei o celular, me sentei em um rompante na cama e tentei abafar o meu grito colocando ambas as mãos sobre a boca. – Droga Sakura, não grite! – Ralhou Sasuke irritado enquanto terminava de invadir o meu quarto pela minha janela.

— Mas que porra você está fazendo aqui? – Minha voz soara esganiçada e eu ainda o encarava com os olhos arregalados. Sasuke fez uma expressão entediada e caminhou até minha cama, não precisei de muito esforço para descobrir qual era a música que ele estava ouvindo, pois seus fones estavam extremamente altos. Sasuke tirou o moletom azul e o jogou em minha cara, ignorando meu protesto. Ele vestia uma regata branca, uma calça de corrida preta e tênis. – Folgado!

— É assim que você recepciona seus convidados? – Perguntou-me seriamente. Havia um brilho de diversão em seus orbes escuros. – Eu te disse que nós iríamos correr.

— Convidados entram pela porta!

— O que é porta ou não, é muito relativo. – Sasuke rebateu tranquilamente e eu revirei os olhos, ele era mesmo impossível. – Aliás, quando é que seus pais vão sair?

— Por que tanto interesse nisso?

Sasuke enfiou a mão no bolso da calça e puxou o celular, franziu o cenho enquanto lia uma mensagem (tentei ler de onde eu estava, mas não consegui), digitou uma resposta rápida e largou o aparelho sobre minha cama. Sua pele não estava mais alaranjada, embora estivesse descamando um pouco. Fora isso, a aparência dele era impecável. Maldito.

— Eles não podem me ver aqui. – Resmungou e eu franzi o cenho confusa. Minha mãe amava Sasuke, por que ele estava fugindo? – E respondendo sua pergunta muda, para meus pais, eu estou com uma pequena intoxicação alimentar e estou impossibilitado de comparecer ao evento beneficente. – Ele sorriu sarcasticamente e se deitou.

— Então você mentiu. – Sasuke revirou os olhos e eu continuei usando um tom acusativo. – Dona Mikoto ficaria TÃO decepcionada.

— Eu não menti. – Ele falou ceticamente e eu murmurei um “Me poupe de suas mentiras, Uchiha”. – Itachi mentiu.

— E por que seu irmão mentiria por você?

— Porque ele me deve um favor. – Respondeu-me simplesmente e fechou os olhos. – Ele se ofereceu para mentir por mim como recompensa. Além de garantir que meus pais acreditem, é claro.

— O que ele aprontou?

— Não queira saber.

Eu estava pronta para perguntar mais uma vez, quando bateram em minha porta. Sasuke abriu os olhos e me encarou assustado. Ficamos em silencio, temendo que qualquer coisinha pudesse denunciar que ele estava aqui.

— Quem é? – Perguntei olhando para a porta. – Estou me trocando, espera um pouco. – Falei a primeira desculpa que surgiu em minha mente assim que as batidas recomeçaram.

— O que eu faço?! – Sasuke sussurrou olhando da porta para mim. – Eles não podem me ver aqui!

— Eu sei! – Repliquei irritadiça. Peguei o moletom azul e o joguei para Sasuke. – Entre debaixo da cama.

— O que?

— Anda logo! – O empurrei da cama e ele me encarou frustrado. Jogou o moletom debaixo da cama e me lançou um olhar mortal antes de se enfiar sob ela. – E fique quieto. – Murmurei abaixando-me para garantir que ninguém conseguisse ver Sasuke. Puxei meu lençol até que ele arrastasse no chão e após uma rápida busca em minha cama a procura de qualquer vestígio de meu amigo. – Oi, Mãe.

— Nós já estamos indo. – Avisou-me ela séria, embora não parecesse estar irritada. – Acabei de falar com Mikoto, Sasuke não vai, está com intoxicação. – Continuou ela e eu fiz minha melhor expressão de surpresa. – Isso não tem nada haver com o fato de você ficar em casa, não é Sakura?

— Eu sequer sabia que Sasuke está doente. – Menti descaradamente e ela estreitou os olhos enquanto vasculhava minha expressão à procura de algo que denunciasse minha mentira. – Eu não estou mentindo! – Acrescentei e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.

— Só estava conferindo. – Defendeu-se minha mãe erguendo a mão e tocando minha bochecha. – Desculpe por ter gritado, eu só estava um pouco irritada.

— Eu sei. – Sorri para ela e coloquei minha mão sobre a sua. – Tenha uma boa festa.

— Cuide-se, querida. – Ela beijou minha testa e afastou-se em direção as escadas. Esperei até que ela desaparecesse pelo corredor para fechar a porta do quarto.

— Pode sair Sasuke.

Enquanto Sasuke saia debaixo da cama, eu relembrei a conversa que tinha tido com minha mãe. Ela andava estressada por conta do trabalho, por causa do meu pai e vê-la irritada não era mais incomum para mim.

— Quer conversar? – Perguntou Sasuke com um semblante preocupado. – Nós não precisamos ir, se você quiser...

— Estou com cara de quem tem algo para conversar? – O interrompi e dei um sorrisinho. Cruzei meus braços e apoiei um pé na porta, adotando um ar despojado. – Não venha usar meus problemas para fugir dos seus compromissos, Uchiha. – Ele sorriu e aquiesceu entendendo o recado. Sasuke não me perguntaria mais nada e aguardaria até que eu estivesse pronta para conversar.

Aguardamos até meus pais saíssem e cinco minutos depois estávamos fora de casa. Tranquei a porta da frente e após nos alongarmos nós começamos a correr em silencio. Sasuke estava concentrado, tinha colocado os fones de ouvido novamente e em momento algum olhava para mim. Decidi me concentrar em não tropeçar em meus próprios pés, enquanto as primeiras notas de Cake by the Ocean começavam a soar. Em algum momento eu tirei minha blusa de frio e a amarrei em minha cintura, tive que correr um pouco mais rápido para conseguir acompanhar Sasuke.

Eu estava com sede e me arrependi de não ter trago uma garrafinha com água. O suor estava manchando minha blusa e minhas pernas clamavam por uma pausa. Olhei para Sasuke de relance e, apesar dele também estar suando, todo o percurso que nós tínhamos feito ao menos parecia lhe fazer cócegas. Sasuke tinha começado com as corridas noturnas há três anos, além de freqüentar a academia duas ou três vezes por semana. Algumas vezes Naruto o acompanhava, embora o Uzumaki tivesse preferência por freqüentar a academia.

Quando começamos a correr ao redor da praça que havia em nosso bairro, eu tive que pedir por uma pausa. Não que eu tivesse admitido isso em voz alta para Sasuke, mas ele percebeu quando estava a uma determinada distancia que eu não estava correndo ao seu lado. Com minhas mãos apoiadas em meus joelhos e meu corpo curvado, vi Sasuke parar e virar-se para trás com uma expressão confusa e ao ver minha situação, ele entendeu o que tinha acontecido.

— Estava me perguntando quando você iria pedir por arrego. – Falou ele em voz alta enquanto se aproximava. – Até que você resistiu para uma sedentária, Haruno.

— Cale a boca. – Grunhi estreitando os olhos.  – Eu aguento correr por mais tempo, precisava só de uma pausa para respirar. – Justifiquei indo até ele com uma expressão determinada. – Vamos. – Fiz menção de recomeçar a correr, mas Sasuke me segurou pelo braço e sacudiu a cabeça negativamente.

— Para uma iniciante já está bom por hoje. – Disse ele mantendo o sorrisinho convencido nos lábios. – Quarenta minutos, Haruno. Foi um bom tempo. – Acrescentou olhando para o relógio de pulso e em seguida me soltou.

— Quanto tempo você corre normalmente? – Perguntei desconfiada. Eu não iria insistir para que nós continuássemos a correr, até porque era preferível que Sasuke acreditasse na mentira de que eu conseguiria continuar correndo, do que me ver tentar e perceber que eu estaria desmaiada no chão somente metros depois.

— Uma hora e meia, duas horas por dia. – Ele respondeu-me erguendo os ombros em um gesto de descaso. Não consegui esconder meu choque. – Não precisa fazer essa cara, com o tempo isso será tranqüilo para você também.

— Não espera que eu venha todos os dias, não é?

— É claro que espero. – Sasuke disse seriamente e eu duvidei de suas faculdades mentais por um momento. – Vou passar na sua casa todo dia, as sete.

— Sasuke...

— Eu disse que te ajudaria com suas metas. – Interrompeu-me ele usando mais uma vez ceticamente. – Deixar de ser sedentária é uma delas. – Avisou começando a caminhar.

— Você parece mais animado do que eu com essa questão das metas. – Alfinetei e ele me lançou um olhar de esguelha.

— Eu não ligo para o que você pensa.

Touché.

— Ridículo.

— Irritante.

— Não vou entrar nesse debate estúpido com você. – Cruzei os braços e desviei os olhos de Sasuke para prestar atenção no caminho.

— Eu sempre venço. – Ouvi Sasuke dizer em um tom presunçoso. Virei o rosto para ele lentamente, bem semelhante à menina do exorcista. – Estou dizendo a verdade, não adianta me olhar desse jeito.

— Uma aposta. – Declarei sentindo meu orgulho ficar ferido ao ver o escárnio na expressão de Sasuke. Uma parte bem agressiva minha queria tirar aquele sorrisinho irritante do rosto dele a base de porrada, porém, eu sabia que no quesito força. Sasuke venceria de mim com o dedinho mínimo. – Vamos correr.

Okay, talvez não só com o dedinho mindinho, mas ele venceria mesmo assim.

— Uma aposta física? – Sasuke arqueou as sobrancelhas e parou de caminhar. Fiz o mesmo que ele. Cruzei os braços e mantive meu queixo erguido, eu não estava confiante, mas não iria dar o braço a torcer, de jeito nenhum. – Você estava morrendo há menos de cinco minutos. – Desdenhoso Sasuke deu um passo em minha direção e eu me controlei para não recuar, ele sabia ser assustador quando queria.

— Eu estou bem! – Repliquei irritada. – Vamos correr até aquele poste, perto do carro vermelho. – Sasuke olhou na direção que eu estava indicando e voltou a me observar como se eu fosse uma maluca. – O que foi? Está com medo de uma sedentária? – Provoquei e ele ficou impassível.

— Até o poste perto do carro vermelho, hn? – Murmurou olhando para o local indicado com o semblante pensativo. – Qual o premio?

— Quem perder vai ter que fazer o que o outro quiser. – Propus e Sasuke voltou seu olhar para mim. – Sem reclamar. – Quando acrescentei isso um brilho divertido surgiu em seus olhos. Sasuke tirou o cabelo negro de cima dos olhos e alongou-se teatralmente.

— Você vai se arrepender disso, Sakura.

— Tsc.

Sasuke e eu nos posicionamos perto de um banco, ele me olhou de relance rapidamente e eu fiz o mesmo. Respirei fundo enquanto pensava sobre o que estava em jogo na aposta. Eu não tinha ideia do que pediria à Sasuke caso ganhasse, mas estava certa de que sofreria caso ele vencesse. Contamos até três e eu saí em disparada em direção ao poste. Minhas pernas movimentavam-se freneticamente, enquanto eu me forçava a correr o mais rápido que podia. Eu estava com vantagem e não me atreveria a olhar para trás a procura de Sasuke.

Um sorrisinho vitorioso já estava surgindo em meus lábios, quando ele passou por mim como um foguete. Acelerei o ritmo da corrida, eu o ultrapassaria de qualquer jeito. Quando achei que conseguiria, Sasuke parou bruscamente e eu continuei correndo até tomar o controle de minhas pernas e conseguir parar.

— Estava correndo tão rápido que não viu o poste, Sakura? – Questionou ele debochado enquanto escorava-se no poste e cruzava os braços realçando seus músculos. Sasuke estava vermelho, o cabelo grudava na testa e gotículas de suor escorriam por seu pescoço.

— Idiota! – Praticamente gritei ao mesmo tempo em que marchava até ele completamente irritada. – O que você quer? – Perguntei contragosto e o sorriso nos lábios de Sasuke aumentou.

— Não decidi ainda. – Respondeu-me ele calmamente. Bufei e puxei o elástico de meu cabelo o para arrumá-lo. Eu teria que lavá-lo quando chegasse em casa. – Vou pensar em alguma coisa depois.

— Você trapaceou, Sasuke! – Acusei contrariada. Eu nunca seria uma boa perdedora. – Estava bem atrás de mim!

— Estava sim. – Concordou ele afastando-se do poste e vindo até mim. – Estava tentando ver até onde você ia. Te passar foi fácil, Sakura. – Espalmei minha mão esquerda contra o meu rosto e suspirei frustrada. Ele estava certo, eu era um verdadeiro desastre. – Vamos, vou te levar para comer alguma coisa antes de voltarmos pra casa. – Ofereceu-se tocando em meu ombro e me sacudiu até que eu afastasse minha mão de meu rosto.

— Não acredito que perdi. – Murmurei desgostosa. – Por um momento eu pude sentir o gosto da vitória, Sasuke. – Ele colocou a mão na base das minhas costas e começou a me guiar rua a baixo.

— Você se ilude demais, Sakura.


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews?
Beijão e até a próxima! ♥



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