01 de Janeiro de 2016 – Hora indeterminada

Ressaca, dentro da minha lista de coisas detestáveis, ficava próxima do podium. Uma parte de mim acreditava que a ressaca, em si, era um castigo pela bebedeira desenfreada da noite anterior.

Eu me encontrava em um estado de transe, não estava acordada, embora estivesse ciente de que alguém estava com o pé sobre o meu braço. Minha cabeça havia começado a doer e me arrependi amargamente por ter aberto os olhos de uma vez. Haviam deixado a janela do quarto aberta e a luz do sol invadia o cômodo chamando-nos para a realidade.

Fechei os olhos e os abri aos poucos, piscando até que minha visão melhorasse. O pé que estava sobre o meu braço era o de Naruto, de alguma forma nós acabamos dividindo o mesmo colchonete. Empurrei o pé de Naruto e me sentei.

Olhando mais atentamente, concluí que todos haviam decido dormir na sala, embora houvessem três quartos no andar superior. Sasuke estava deitado no chão, ao meu lado e abraçava um travesseiro como se sua vida dependesse dele; Temari estava largada em uma poltrona, Gaara, Neji e Shikamaru estavam esparramados no tapete; Ino estava em uma posição totalmente desconfortável no sofá e Hinata, como eu, já estava acordada.

— Onde está a Tenten? – Perguntei estranhando a ausência dela.

— Atrás do sofá. – Hinata me respondeu após um bocejo. O cabelo dela estava um caos e eu não duvidava que o meu estivesse na mesma situação. – Caramba, eu nem lembro quando chegamos aqui. – Ela murmurou passando as pernas sobre Ino, para que pudesse se sentar no sofá. – E esse colchão?

— Acho que o Sasuke trouxe e eu e o Naruto roubamos dele. – Respondi fechando os olhos ao sentir minha cabeça doer. – Me diga que temos analgésicos. – Pedi com uma voz chorosa.

— Se não temos, vamos ter que ir comprar. – Hinata respondeu levantando-se sem dificuldade alguma. Invejei sua disposição. – Você vem comigo? – Perguntou antes de desaparecer para a cozinha.

— Tenho opção? – Choraminguei me deitando novamente. – Que horas são?

— Quase cinco da tarde. – Ela respondeu aparecendo com um copo d’água.  – Tome isso e levante logo. – Ralhou em um tom de voz baixo ao se aproximar de mim. – Não quero nem ver quando esses aqui acordarem. – Comentou enquanto colocava a aspirina na boca e bebia a água.

Com muito esforço, me levantei.

A sensação de que um caminhão havia passado sobre mim muitas vezes continuou. Hinata já estava dentro do banheiro quando cheguei no segundo andar. Fui até o quarto em que nós estávamos e peguei um vestido azul que estava dentro da minha mala. Esperei até que Hinata voltasse para o quarto e quando ela finalmente voltou, com o cabelo enrolado em uma toalha azul, fui para o banheiro.

Após vinte minutos demoradamente merecidos, eu havia conseguido retirar toda a maquiagem borrada e toda a areia e sal que estavam no meu cabelo. Vesti meu vestido, penteei o cabelo e fiz uma maquiagem leve, usando base, um rímel e um batom rosa claro. Agradeci mentalmente por não estar com vontade de vomitar, o remédio que Hinata havia me dado tinha melhorado em noventa por cento minha dor de cabeça.

Os outros dez por cento melhorariam assim que eu comesse – vulgo, devorasse – qualquer coisa. Estava me sentindo uma verdadeira draga.

— Até que enfim! – Hinata exclamou assim que me viu. Ela havia trançado o cabelo e tinha optado por uma regata branca com os dizeres “bum” em azul, com um short jeans. – Achei que tinha morrido naquele banheiro. – Acrescentou ela em um tom brincalhão, enquanto colocava seu rayban preto.

— Não seja exagerada. – Reclamei seguindo para as escadas que nos levariam para a sala. Todos continuavam na mesma posição, ou melhor, quase. Sasuke havia rolado do chão e agora ocupava o lugar em que eu estava há pouco no colchonete; ainda abraçado ao travesseiro, seu pé agora estava perigosamente próximo do rosto de Naruto, que tinha começado a balbuciar enquanto dormia. – Eu não quero perder por nada desse mundo quando esses dois acordarem. – Murmurei olhando para Hinata que já estava abrindo a porta para sair.

Ao seguir para a porta, tive uma visão privilegiada de Tenten, atrás do sofá. Eu não conseguia ver seu rosto porque todo o seu cabelo estava sobre ele, mas seus braços estavam esticados e uma das pernas estavam dobradas. Contive minha risada e sai da casa, fechando a porta com todo o cuidado.

Hinata e eu conversamos sobre banalidades por todo o caminho. Principalmente as que eram relacionadas á noite anterior. Estava mais que claro que nenhuma de nós duas lembrava de mais do que flashes do que aconteceu depois de duas da manhã, porém, Hinata lembrava-se perfeitamente do que acontecera antes disso. Para o meu azar.

— Então... Você e o Sasuke, hã? – Perguntou como quem não quer nada enquanto nós saíamos da farmácia.

— O quê? – Desviei o olhar e passei a observar uns garotinhos que estavam jogando bola. Ignorei o olhar invasivo da minha amiga. – Está quente, precisamos de sorvete. – Declarei animada.

— É uma boa idéia. – Hinata concordou distraindo-se por um breve instante. – Aliás, não fuja do assunto, Haruno. – Continuou e algo em seu tom de voz fez com que eu voltasse a encará-la. – Todos nós vimos vocês dois ontem, hoje, ah porcaria. Você entendeu! – Apontou o dedo indicador para mim.

— Você precisa se decidir, Hinata. – Falei ceticamente e ela estreitou os olhos. – Não foi nada.

— Prefere mesmo ser submetida aos métodos de tortura da Ino? – Ela replicou em um tom falsamente sereno. Parei de andar e suspirei. Hinata me encarou com um sorrisinho vitorioso e eu revirei os olhos. Era exagero apelar para Ino, um tremendo exagero. – Então, vai me contar?

— Não foi nada.

— Sakura...

— Eu já disse, não foi nada. – A interrompi antes que ela recomeçasse mais um discurso. – Foi exatamente aquilo que vocês viram. Um beijo, na virada de ano novo.

— Que tipo de beijo?

— Do tipo que envolve língua? – Falei cada uma das palavras pausadamente. Hinata fez uma careta. – Saliva compartilhada, lábios roçando um no outro...

— Sakura! – Apesar de estar irritada, o rosto de Hinata havia corado. – Tudo bem, você venceu. – Hinata declarou erguendo os braços teatralmente. – Vamos comprar essas coisas logo e voltar pra casa, vai ser uma noite ótima para pizza.

Como prometido, Hinata não tocou mais no assunto. A principio, estranhei, porém, logo voltamos a conversar sobre outras coisas.  Fomos até o supermercado e compramos algumas frutas e quatro potes de sorvete.

— É errado eu ainda estar cansada? – Perguntei enquanto voltávamos para a casa. – Eu sinto como se pudesse dormir o resto do dia inteiro.

— Bem, nós temos mais uma semana por aqui. – Hinata disse pensativa. De onde estávamos, já conseguíamos ver a casa. – Se quiser passar o resto do seu tempo dormindo, por mim tudo bem.

— Nah, acho que já recuperei toda a minha energia. – Repliquei rapidamente e ela riu. – Esqueceu o projeto: Morena, alta, bonita e sensual? – Perguntei tentando fazer uma pose enquanto caminhávamos.

— Sempre achei que esse plano fosse um fiasco. – Hinata respondeu-me ignorando minha cara de choque. – Você não é alta, nem morena.

— Bonita e sensual?

— Nenhum pouco.

— Touché. – Coloquei uma das mãos sobre o peito. – Assim você me ofende, Hinata. – Dramatizei enquanto ela abria a porta. – Ai meu Deus.

— Calem a boca. – Ino e Gaara disseram ao mesmo tempo. Quase todos haviam acordado, até mesmo Tenten – que estava confortavelmente atrás do sofá -, com exceção de Temari (que tinha um belo bigode desenhado em sua cara), Naruto e Sasuke, que de alguma forma, estavam abraçados. – Devemos postar antes que eles acordem? – Perguntou a Yamanaka enquanto tirava diversas fotos.

— É claro que sim! – Tenten concordou animada.

— O mundo precisa ver essas imagens! – Gaara ergueu o celular e tirou mais umas dúzias de fotos. – Acho que aqueles dois precisam de uns desenhos. – Murmurou pensativo, no mesmo instante em que Neji e Shikamaru retornavam da cozinha com tampas de panela.

— Eu quero desenhar! – Falei deixando as sacolas no chão e corri o mais silenciosamente possível para Gaara, que me estendeu um canetão preto. – Talvez alguns bigodes e uns desenhos inapropriados. – Troquei um olhar cúmplice com Gaara que sorriu maldosamente.

— Que a força esteja com você.

— O lugar de vocês no inferno está garantido. – Hinata disse antes de recolher minhas sacolas do chão e seguir para a cozinha. – O Naruto combina com flores.

Aproximei-me dos dois como um gato. Fiz um bigode em cada um, uma flor na bochecha de Naruto – a pedido de Hinata, aproveitei e fiz um sol na de Sasuke. Um sol lindo, preto e borrado. Além de que escrevi que “Naruto ama Sasuke” e “Sasuke ama Naruto”, não podemos esquecer dos corações.

— Faltou o...

— Não faltou nada. – Retruquei me afastando assim que Naruto começou a resmungar de novo. – Tirem logo essas fotos. Uma obra de arte assim precisa ir para o mundo.

— Vocês são tão problemáticos. – Shikamaru resmungou entediado. - Andem logo com isso, quero voltar a dormir.

— E eu quero um banho. – Neji disse após um bocejo. – Um, dois...

— Espera! Eu quero gravar isso. – Ino disse correndo até as escadas para conseguir um ângulo melhor. Seus cabelos estavam parecendo uma vassoura. – Já!

Neji e Shikamaru bateram as tampas causando um barulho ensurdecedor. Temari pulou da cadeira e gritou irritada ao perceber o que tinha a acordado. Ela jogou algumas almofadas contra os garotos e tentou bater em Shikamaru. Porém, nada supera a reação de Naruto e Sasuke, juro.

Os dois que estavam abraçados abriram os olhos e ao perceberem a situação em que estavam, separaram-se gritando. Quando finalmente conseguiram ler o que estava escrito na cara do outro, gritaram novamente e por fim, nos fuzilaram com o olhar.

— SEUS DESGRAÇADOS! – Naruto gritou pegando a primeira almofada e tacando na minha direção. – TEMARI, A SUA CARA!

— Você não está melhor do que eu. – Rebateu a loira fazendo uma careta. – Vai ter volta! – Bradou apontando para Ino que estava rindo mais do que uma hiena.

— Vocês até que estão bonitinhos. – Falei recebendo um olhar enviesado dos três. – O que foi?

— Com certeza tem dedo seu nisso. – Sasuke apontou para o próprio rosto, embora ainda não tivesse visto minha obra de arte. – Vai ser uma das primeiras na minha lista negra, Haruno!!!

— Eu espero que essa tinta não seja removível. – Dei um sorrisinho cínico e Sasuke jogou uma almofada na minha cabeça. – Idiota!

Tenten, que estava gravando tudo enquanto tinha um acesso de riso foi acertada em cheio por uma almofada na cara. Ela cessou o riso e olhou ameaçadoramente para Naruto, tive a impressão de que ela estava pensando em formas de envergonhá-lo ainda mais. Se bem que, sua expressão era bem semelhante à de um psicopata.

— Eu vou tomar banho. – Ino anunciou repentinamente levantando-se dos degraus da escada. – Falou pra vocês, otários. – E correu para o banheiro. Pudemos ouvir o barulho da porta batendo sem delicadeza alguma.

— Que os jogos comecem. – Murmurei satisfeita e pela primeira vez, agradeci por ter acordado cedo. Sentei-me no sofá e liguei a TV procurando por algum programa interessante. Estavam reprisando os episódios de Friends.

Quando Ino saiu do banheiro, uma nova discussão havia começado para decidir de quem seria a vez. A Yamanaka disse que ela é quem deveria escolher, pois fora a última a usar o banheiro – uma lógica absurda, na minha opinião – porém, todos descartaram o sua ideia assim que ela terminou de falar. Optaram então por Jokenpo. Uma forma madura, prática, diplomática...

— Onde está o Sasuke? – Perguntei apoiando meu queixo em minha mão. Eles já estavam na terceira rodada e até o momento eu não tinha visto o Uchiha.

Olharam para mim como se eu tivesse dito um absurdo. Gaara, o líder do bando (aparentemente), procurou Sasuke na roda e contou nos dedos em quanto nós éramos. Recontou mais uma vez para ter certeza e soltou um palavrão baixo ao notar que havia sido enganado.

— Aquele filho da mãe! – O Sabaku disse irritado. – Sasuke, seu MALDITO! – Gritou e logo conseguimos ouvir a risada escandalosa de Sasuke no andar de cima.

— Meu herói. – Ino debochou enquanto voltava da cozinha com um prato com torradas e pães de queijo.  – Chega pra lá. – Ordenou dando tapinhas nas minhas pernas para que ela pudesse se sentar no sofá. – Hey! – Reclamou quando eu peguei uma de suas torradas.

— Esqueci de tomar café. – Respondi em um grunhido quase indecifrável. – Não me olhe desse jeito. – Murmurei voltando a olhar para a televisão. Estava passando a cena em que o Ross conversa com a Rachel na varanda da casa da Monica, enquanto eles estão no meio de um blackout.

Quando Sasuke apareceu sorrindo como se nada tivesse acontecido, após quase tentarem assassiná-lo por traição, ficou decidido que eles continuariam no esquema do jokenpo. Pouco a pouco todos já estavam devidamente banhados e alimentados, ninguém tinha do que reclamar, para falar a verdade.

Como diz o velho ditado, gente alimentada não enche o saco.

Tenho certeza de que se não for isso é algo bem semelhante.

— Eu posso falar com você? – Sasuke me cutucou duas vezes antes que eu o encarasse. Ele havia sussurrado e eu assenti. Ino havia voltado a dormir e apoiava suas pernas em meu colo, as coloquei de forma mais delicada sobre o sofá. Temari e Shikamaru estavam nos quartos, Naruto dividia um dos colchões com Hinata. Nós estávamos esperando que Neji, Tenten e Gaara voltassem com as pizzas.

Sasuke seguiu para os fundos da casa onde ficava a piscina. Ele se sentou na beira da piscina e eu me sentei ao seu lado. A água refletia o céu alaranjado, o sol estava se pondo e ficamos em silêncio apenas contemplando-o. Olhei para Sasuke de esguelha e notei que ele estava tão entretido com o sol quanto eu.

— Você me chamou para que nós observássemos o pôr-do-sol?

— Na verdade, não. – Sasuke admitiu rindo baixo. – Mas nós podíamos fazer isso todo o dia. – Ele fez uma expressão pensativa e me empurrou devagar com o ombro. – O que acha?

— Coloque isso nas suas metas para esse ano. – Concordei devolvendo o empurrão. Sasuke sorriu e me encarou em silencio. Devolvi e lembrei-me de que havíamos nos beijado na noite anterior. Fiquei envergonhada e torci para não corar. – Então... Sobre o que quer conversar? – Murmurei umedecendo meu lábio inferior. Não sei se havia sido imaginação minha, mas tive a impressão de que os olhos de Sasuke haviam se fixado em meus lábios.

— O que? – Ele piscou como se estivesse saindo de um transe. – Eu esqueci. – Confidenciou rindo sem graça, enquanto bagunçava o cabelo com uma das mãos. – Ainda estou meio bêbado, me dá um desconto. – Defendeu-se ao ver minha expressão contrariada.

— Você é péssimo.

— E você é irritante. – Retrucou Sasuke no mesmo instante. – Não tem por que me julgar, sua memória é péssima.

— Eu estava vendo TV quando fui arrastada até aqui. – Repliquei virando-me totalmente para encará-lo. Sasuke fez sua melhor cara de paisagem e virou-se para mim como eu tinha feito antes. – Tenho o direito de te acusar.

— Você estava vendo reprise da primeira temporada de Friends. – Sasuke disse como se o que eu estivesse fazendo fosse um pecado. Ele me encarou com os olhos estreitos esperando que eu retrucasse. – É feriado! Nós devíamos estar... Sei lá, fazendo alguma coisa! – Ele estendeu os braços e me agarrou pelos ombros sacudindo-me. – Vamos. Encher. A. Cara. – Falou pausadamente enquanto continuava a me sacudir.

— Eu não aguento mais uma gota de álcool hoje. – Respondi enquanto tentava fazer com que ele parasse de me sacudir. – Nem você. Nenhum de nós, na verdade. – Sasuke fez uma careta e parou de me sacudir, embora continuasse com as mãos em meus ombros. – Aceita que dói menos.

— Nós só exageramos um pouquinho. – Ele falou entediado. – Estamos pronto pra mais uma! – Sorriu animado e eu ri.  – Ta rindo do que?

— Você quer mesmo é entrar em coma alcoólico! – Acusei falsamente indignada. – O que foi? – Perguntei ao ver que ele havia assumido uma expressão pensativa.

— Me acordaria com um beijo?

Entreabri meus lábios não conseguindo esconder o quanto estava chocada. As cenas da virada de ano novo percorreram minha mente mais uma vez. Torci para que a queimação que eu estava sentindo em meu rosto fosse por causa do calor.

— Eu?

— Quem mais seria? – Sasuke replicou dando risada. – Você me acordaria como o príncipe acordou a Cinderela.

— A Bela Adormecida, Sasuke. – O corrigi começando a rir. – Sinceramente, você é péssimo. Não sei por que sou sua amiga ainda. – Afastei as mãos dele dos meus ombros. O coque que eu havia feito em meu cabelo estava se desfazendo e eu logo tratei de prendê-lo o mais firme que pude. Estava muito quente.

— Tanto faz. – Sasuke ergueu os ombros e me encarou ficando sério por um instante. – Me acordaria ou não?

— Te deixar em coma seria tentador. – Dei um sorriso debochado e apoiei o meu queixo em minhas mãos. – Eu seria a única?

— Que conseguiria me acordar? – Sasuke murmurou a pergunta retórica enquanto inclinava-se para trás e apoiava o peso do corpo nas mãos. – Sim, a única. Isso te deixaria com uma grande responsabilidade em mãos. – Continuou pensativo. Ele me encarou por um breve momento e olhou para onde, há poucos minutos, estava o sol. Já conseguíamos ver algumas estrelas e a luz que iluminava a área da piscina vinha da casa. – Qual a sua resposta?

E lá estava o Sasuke que levava todo e qualquer assunto que conversávamos a sério. Algumas vezes eu mal conseguia distinguir quando ele estava sendo sério ou debochado, embora nós fossemos melhores amigos há muito tempo.

Observei a água da piscina fingindo pensar.

— É claro que sim.

— Por que demorou para responder? – Sasuke questionou-me fingindo estar irritado. – Se cada segundo desse fosse um século, você já estaria morta e eu condenado a dormir pelo resto da minha vida! – Acrescentou frustrado e eu ri de sua cena dramática. – Nem mesmo quando nós nos beijamos você demorou tanto para se decidir. – A última frase ele havia dito quase em um resmungo.

— Eu estava bêbada. – Justifiquei sem encará-lo. Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Sasuke tinha ficado muito quieto.

— Então quer dizer que se você não estivesse bêbada não teria acontecido?

Virei o rosto para observar Sasuke lentamente. Ele havia ficado mais próximo de mim e sua expressão era séria, seus olhos inquisitivos e não tinha o menor resquício de que o assunto o envergonhava.

— Hm, não? – Minha resposta tinha sido semelhante á uma pergunta. – Qual é a do sorriso? – Um sorrisinho macabro tinha surgido nos lábios de Sasuke. Ele se aproximou ainda mais de mim, eu conseguia sentir sua respiração batendo contra o meu rosto.

— Você é irritante. – Murmurou ele divertido e então me deu um beijo na testa. – Vamos entrar? Algo me diz que os outros já voltaram. – Levantou-se em um rompante e estendeu a mão para me ajudar a levantar; Sasuke me deu um puxão que quase nos derrubou na piscina. – To cheio de fome!