Pequeno Problema Sanguíneo escrita por Vivs


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoal!
Eu sei, demorei para postar esse, foi só a preguiça nossa de cada dia ><
Mas aqui está, espero que gostem!
Boa leitura! ♥



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E é isso.

Isso é tudo que me lembro da noite mais importante da minha vida. Ou seja:

Conselho Público da titia Rachel: crianças, não bebam. Não é legal e na maior parte do tempo te coloca no meio de várias enrascadas. Acredite em mim, sei do que estou falando.

Não me lembrava de ter caído no sono, mas mesmo assim estava deitada. A primeira coisa que minha mente confusa conseguiu registrar ao acordar foi a dor. Mesmo meses depois que toda a história veio à tona, eu ainda não conseguia encontrar as palavras exatas para descrever aquilo satisfatoriamente. A dor lancinante, percorrendo meu corpo inteiro. Como se cada célula do meu corpo houvesse pensado “ah, não estou fazendo nada mesmo... que tal torturar a Rachel?”.  

Gritei a plenos pulmões, totalmente perdida e apavorada. A primeira coisa em que pensei foi: estão me queimando viva! Em meio a toda a dor, abri os olhos lentamente, esperando encontrar meu corpo amarrado a uma pira em chamas ou qualquer coisa do tipo. O que eu encontrei foi bem diferente...

Eu estava no meu quarto. Agonizando em minha própria e confortável cama. Não havia fogo em lugar algum. Mas a janela ao meu lado estava escancarada, e os primeiros raios de sol da manhã iluminavam o quarto. Mordendo os lábios para reprimir a dor que ainda estava sentindo, fechei as pesadas cortinas rapidamente e só conseguia pensar em uma coisa:

O que diabos foi isso?

Olhei meus braços pálidos em busca de queimaduras ou machucados antigos, mas eles não possuíam nem um arranhão. Minha cabeça ainda latejava dolorosamente, mas a sensação de queimação no corpo havia cessado completamente.

Olhei ao redor, tentando assimilar algo familiar, tentando entender a confusão barulhenta em minha cabeça. Ok, eu estava em meu quarto, mas não fazia a menor ideia de como havia chegado ali. Me lembrava de ir a festa de Ethan Mc’Wright, mas não me lembrava de ter saído de lá.

Estava definitivamente de ressaca. Minha cabeça latejava, meu estomago revirava e no meio de todo o caos eu fiz a coisa mais heroica a se fazer num momento como esses:

Eu vomitei.

Corri para o banheiro e me ajoelhei ao lado da privada, sem nenhuma graça ou delicadeza. Minhas mechas vermelhas caiam ao lado do meu rosto enquanto eu jorrava todo tipo de coisas abomináveis que você não quer que eu descreva, acredite. Normalmente, quando vomitava após uma noite de bebedeira, eu me sentia melhor. Mas daquela vez aconteceu exatamente o contrário, eu me senti, se possível ainda pior. E entrei definitivamente em pânico quando meus olhos conseguiram focar na água da privada. Primeiramente, eu pensei que algumas mechas do meu cabelo haviam caído ou algo do tipo. Mas aquilo era mais vermelho, e definitivamente não era cabelo. Era sangue. Eu estava vomitando sangue. Me perguntava o que diabos eu havia tomado naquela festa, quando meu estômago começou a roncar. Porém, dessa vez, não era de enjoo. Era fome. O liquido vermelho e brilhante se diluindo na água, o cheiro metálico... por algum motivo, aquilo me deixou faminta.

—Ok, agora é definitivo: eu estou completamente maluca. –murmurei enquanto me afastava da privada, assustada.

Cambaleei até a pia do banheira, e lavei o rosto com a água corrente. A sensação da água gelada em contato com minha pele suada foi relaxante, e por um momento, eu tive a ilusão de que tudo estava bem.

Até erguer a cabeça.

Porque ali estava o espelho do meu banheiro, mas... meu reflexo não estava ali. Congelei por um momento, chocada demais para conseguir pensar. E quando finalmente destravei, consegui gritar alguma coisa muito inteligente como: “AAAAAHHHHHHH!”.

Corri, aos tropeços de volta para o quarto. Caí umas quatro vezes no meio da bagunça de livros e roupas jogadas no chão e vasculhei tudo até encontrar meu celular. Com as mãos tremendo, disquei o número de Maisie rapidamente.  

—Eu espero que você tenha uma razão muito boa para me acordar as 5:30 da manhã do domingo. –Maisie resmungou. –Quem é?

—Sou eu, Maisie! –exclamei. –Você tem que me ajudar, eu não sei...

Finalmente a donzela resolveu aparecer! Karen e eu procuramos por você a noite inteira! Onde caralhos você estava?! –ela praticamente gritou.

—Esse é o problema: EU NÃO SEI! –gritei em resposta. –Não me lembro de praticamente nada do que aconteceu ontem à noite, e meu corpo... eu... estão acontecendo algumas coisas muito estranhas comigo, Maisie. Eu estou com muito medo, n-não sei o que fazer... –sussurrei, desesperadamente, atropelando as palavras. Minhas mãos tremiam tanto que foi difícil entender o que Maisie estava falando.

—Ok, antes de qualquer coisa, se acalme. –ela disse, seriamente, percebendo o meu desespero. –Não é a primeira vez que uma de nós tem amnésia temporária. Lembra de mim depois daquela festa de ano novo do segundo ano? As memórias vão voltar aos poucos, tenho certeza. Mas... o que exatamente está acontecendo com seu corpo?

—E-eu... vomitei sangue, muito sangue. E acho que estou alucinando. Estou vendo coisas, eu não sei o que fazer, por favor, me ajuda.

Foram essas últimas palavrinhas que fizeram toda a diferença. Maisie sabia que eu nunca pediria ajuda, a não ser que a situação fosse mesmo séria.

—Ok, não se mexe, estamos indo para aí. –ela disse, e encerrou a ligação.

Larguei o celular no chão e fui até o banheiro novamente. Tinha que olhar aquele espelho novamente. Talvez tenha sido só uma ilusão de ótica, pensei comigo mesma.

Entrei lentamente, dando pequenos passos. Então estava totalmente em frente ao espelho, e ainda não havia reflexo algum. Toquei a superfície do vidro gelado, e vi as pequenas marcas que meus dedos deixaram ali. E mesmo assim, não havia reflexo.

Passei os dedos pelo cabelo, tentando não entrar em pânico, e falhando miseravelmente. Voltei para o quarto e me joguei debaixo das cobertas.

Foi assim que Maisie e Karen me encontraram. Eu não havia me movido nem um centímetro, repleta de medo.

—Está tudo bem, nós estamos com você. –Karen murmurou carinhosamente, acariciando meu cabelo.

—E nós trouxemos comida! –Maisie anunciou, colocando uma pequena embalagem ao meu lado. –Macarrão Al Dente, daquele restaurante italiano que você adora, cheio de alho do jeitinho que você gosta.

Joguei as cobertas para o lado, encarando Maisie, incrédula.

—Eu estou em pânico, Maisie! Você realmente acha que eu me importo com comida nesse momento?! –exclamei.

—Acho. –ela respondeu, sinceramente.

—Pois acertou. –respondi, suspirando. –Estou faminta, mas isso pode esperar. Vocês tem que me ajudar a entender o que está acontecendo comigo!

Contei a elas tudo o que havia acontecido, e elas trocaram um olhar assustado quando falei sobre o espelho.

—Rachel... –Karen começou, cautelosamente. –Você por acaso não se lembra de ter tomado algo um pouco mais... pesado ontem à noite?

—O que, como alguma droga ou coisa do tipo? –perguntei, assustada.

—É a única explicação plausível. –Maisie concordou. –Talvez o efeito ainda não tenha passado 100 por cento.

—Eu não sei... eu nunca fiz nada do tipo, nunca senti vontade de experimentar nenhuma droga pesada. Mas... eu também não me lembro de nada. Pelo que sabemos, eu posso sim ter usado alguma coisa.

As garotas ficaram em silêncio, apenas me encarando com olhares piedosos, e isso de alguma forma, foi horrível.

—Céus, se minha mãe souber... E agora? O que faço?

—A melhor coisa é descansar. –Karen aconselhou. –Esperar o efeito passar e as alucinações pararem.

—Enquanto isso, você precisa se alimentar. –Maisie interrompeu. –Você bebeu muito ontem, Rachel. Precisa se cuidar.

Me sentei na cama, no meio das duas, e Maisie me passou a porção de macarrão. O cheiro, que normalmente me faria salivar, não me fez sentir nada. Engoli uma garfada e senti a massa se desfazer na minha boca... junto com o alho.

E essa é mais uma das coisas que talvez, não irei conseguir descrever com exatidão. Era simplesmente fogo. Fogo em forma de comida. Incendiando minha boca, minhas bochechas, se alastrando por meu peito. Me fazendo sentir dor, de uma maneira horrível, que nunca pensei ser possível. Um incêndio interminável, que só esquentava cada vez mais.

Larguei o macarrão, e cuspi tudo para fora, caindo no chão de joelhos, engasgando, gritando, e cuspindo, tudo ao mesmo tempo. Podia ouvir a movimentação e o desespero das garotas ao meu redor, mas a queimação era maior que tudo.

Foi quando Karen apareceu com um milagroso copo de água. Que na verdade, era um copo onde eu guardava meus pinceis de maquiagem cheio de água da pia do banheiro. Mas o resultado foi o mesmo, a água aplacou a ardência, e eu pude sentir alivio novamente.

O que foi isso?!—Maisie praticamente gritou, exigindo uma resposta, como se eu fosse a culpada.

—E você espera que eu saiba?! –exclamei. –Foi você que trouxe o macarrão assassino! Tem veneno aí, ou alguma coisa do tipo?

Enquanto discutíamos, Karen mastigava um pouco da massa. Nada aconteceu.

—Está perfeito. –ela disse. –Não entendo, porque Rachel entrou em colapso?

—Talvez seja mais um efeito colateral de o que quer que ela tenha usado. –Maisie sugeriu.

—Ou talvez eu simplesmente tenha desenvolvido alergia a alho. –sugeri, aquela história de droga já estava me dando nos nervos.

—Ok, acabou, está tudo certo. –Karen apaziguou. –Você está bem, Rachel?

—Estou... eu acho. Apavorada, no mínimo.

—Respire fundo. –Karen aconselhou. –Vai dar tudo certo.

Tentei puxar o ar...

E foi só então que percebi.

Eu não estava respirando.

 


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Notas finais do capítulo

Oii de novo?
O que acharam? Eu me diverti muito escrevendo os sofrimentos da Rachel, ahsuahsuas PSICOPATA? EU? IMAGINA! MUAHAHAHA

Espero que tenham gostado! COMENTEM! Me contem o que estão achando da história, ou nem que seja só pra me xingar msm, asquasuqusua

Muuito obrigado por ler até aqui!
Até o proximo! ♥



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