Pequeno Problema Sanguíneo escrita por Vivs


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoas!

Tive essa ideia a partir de um post no tumblr, e tive que escrever!

Eu costumo colocar uma música para ouvir enquanto lê o capítulo se quiserem, e a sugestão desse aqui é Cool for the Summer da Demi Lovato ou Blame, do Calvin Harris feat John Newman, vcs decidem ♥

Boa leitura, espero que gostem! ♥



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Como toda boa história, essa aqui começa com um coração partido.

Pois é, eu havia quebrado a cara mais uma vez.

Mas não foi culpa minha, é que eu sou assim mesmo. Tenho talento para finais nada felizes. Eu sabia desde o começo que ele era um erro, mas era um erro tão bonito, cheiroso e beijava tão bem...

Aí já viu né? Não deu para evitar. No final, meu príncipe encantado virou sapo e eu acabei sozinha, mais uma vez. Exceto, é claro, pela companhia de um fiel pote de sorvete, filmes melosos e minhas melhores amigas.

Normalmente, quando alguém sofre uma desilusão amorosa, as amigas dão consolo. Mas não as minhas amigas.

—É oficial. –disse Karen, se jogando na cama ao meu lado. –Você é uma idiota.

Me virei para encará-la.

—Poxa, muito obrigado pelo apoio!

Maisie apenas revirou os olhos e tirou o pote de sorvete de minhas mãos.

—Pelos céus, Rachel, para com esse drama!

—Não estou fazendo drama! Estou de coração partido, então me deixe sofrer em paz. E devolva meu sorvete –acrescentei, tomando o pote de volta.

—É drama sim. –Maisie continuou. –Essa é... me corrija se eu estiver errada, Karen, mas acho que essa é a terceira vez só nesse mês que você diz estar com o “coração partido”.

Karen balançou a cabeça.

—É a quarta. Você está se esquecendo do entregador de pizza que ignorou os flertes dela. Nossa, ouvir você choramingar aquela noite foi insuportável. –ela disse, pegando o pote de sorvete.

—Não é culpa minha se sou uma pessoa... intensa. –resmunguei. –E parem de roubar meu sorvete!

Karen pulou da cama com o sorvete, ficando fora de alcance.

—Nada disso! –ela exclamou. –Chega de sorvete para você.

Karen era muito gentil para dizer o que estava verdadeiramente pensando. Sua irmã, Maisie, não era.

—É, olha só para você! –ela exclamou. –Está um desastre! Usando moletom em plena sexta feira á noite! E teu cabelo está parecendo uma explosão atômica.

Revirei os olhos e me joguei de volta na cama, desistindo da perseguição.

—Já disse que vocês são as melhores amigas do mundo hoje?

—Não.

—Ótimo, porque vocês não são. Me deixem em paz! –choraminguei. Karen deixou o sorvete na minha penteadeira, e se sentou ao meu lado.

—Rachel, seja sincera. –ela disse, naquele tom de voz que ela usava quando estava sendo sensata. –Você realmente estava apaixonada por esse cara?

Mordi o lábio.

—Hm... Paixão é um conceito muito relativo. –murmurei em resposta. Karen riu.

—Você só está sendo a mesma drama queen de sempre. Quantas vezes já fez isso? E você sempre fica bem no final. –ela concluiu, me dando um empurrãozinho.

—Aliás, o que o idiota fez? –perguntou Maisie, sem rodeios, como sempre.

—Ah, o de sempre. Bíceps enorme, cérebro minúsculo. Eu o vi naquela balada perto da faculdade ontem à noite, beijando outra garota. –contei. –Quer dizer, nós não tínhamos nenhum compromisso sério ou algo do tipo, mas eu achei que ele era diferente. –acrescentei, suspirando.

Maisie não comprou essa. Me deu seu clássico olhar desconfiado, com uma sobrancelha levantada e os braços cruzados e perguntou:

—E o que você estava fazendo naquela balada, se não estava com ele?

Tentei desviar o olhar, mas era tarde demais. Maisie conseguia farejar uma mentira a quilômetros de distância.

—Ok, eu estava procurando algum outro ficante em potencial! –exclamei. –Feliz agora?

Maisie e Karen riram e eu tentei me defender:

—Mas como eu disse, não é como se nós estivéssemos namorando!

—Essa é a Rachel que eu conheço! –Maisie exclamou, sorrindo astutamente. –A vadia está voltando, e eu preciso dela hoje á noite!

Sorri relutante, prevendo o que estava por vir.

—Porque, como vocês já devem ter percebido, hoje é sexta feira. E vocês sabem o que isso significa. –completou com seu melhor sorriso malicioso, trocando um olhar cumplice com Karen e eu.

Qualquer coisa pode acontecer! —dissemos as três juntas, ao mesmo tempo.

Nós tínhamos essa espécie de “superstição”. Maisie, Karen e eu erámos melhores amigas já haviam seis anos. Desde a fase emo-gótica no ensino fundamental (eu sei que você também passou por ela, não adianta negar), até a fase carpe diem, e todas as outras. E nós nunca fomos santas, saiamos escondido sempre que tínhamos a chance. E com o passar do tempo, acabamos percebendo que nossas maiores e mais loucas aventuras sempre aconteciam ás sextas á noite.

Karen bateu palmas de animação.

Yes! Para onde vamos hoje? –exclamou. E rápido assim, toda a tristeza e todo o drama havia sido deixado para trás. Em questão de minutos estávamos fazendo uma enorme bagunça, ouvindo nossas músicas favoritas enquanto revirávamos meu guarda roupa em busca de alguma peça digna.

Não vou mentir para você, nós não erámos o tipo de garota-clichê “peguei a primeira roupa que encontrei pela frente”. Passamos séculos escolhendo a combinação perfeita: provocante, mas versátil. No fim, Maisie escolheu um top croppet preto e branco, Karen uma blusa de minha banda favorita (afinal, aquele era meu guarda roupa), short desfiado e um par de botas. Eu fui um pouco além, exagerada como sempre. Escolhi um vestido preto, mais curto, justo e brilhante que o necessário, com o fiel par de salto-altos.

A maquiagem exigiu mais esforço, mas sempre acompanhado de risadas dos desastres que acabávamos cometendo.

Se você é garota, provavelmente irá entender meu sofrimento com apenas uma palavra: delineador.

Eu simplesmente não conseguia acertar o traço do meu delineado. Aquela era minha 298393 tentativa, e um lado havia ficado mais grosso que o outro. Tentei corrigir o mais fino, e ficou pior ainda. Quanto mais mexia, pior a catástrofe ficava.

ARGH! Eu desisto! –exclamei, jogando o pincel para longe. Karen logo apareceu para me resgatar.

—Céus, Rachel. Você está parecendo um panda. –ela disse, pegando o pincel de volta. –Deixa que eu faço para você.

Fechei os olhos e deixei Karen exercer sua mágica. E na primeira tentativa, ela havia conseguido atingir o delineado perfeito.

—Eu te odeio. –disse para ela.

—Também te amo. –ela respondeu, sorrindo. Adorava isso em Karen, a calma dela, a estabilidade. Com duas malucas como Maisie e eu era sempre bom ter alguém mais equilibrado ao nosso lado. Karen era essa pessoa. Ela tinha a capacidade de acalmar alguém instantaneamente, de resolver qualquer problema.

E Maisie e eu? Ah, nós erámos as causadoras de problemas.

Apliquei uma boa quantidade batom vermelho, dei uma última penteada nas minhas mechas ruivas, e sai do banheiro com Karen.

Maisie assoviou.

—Uau Rachel, você está tão linda que até eu quero te dar uns amassos. –ela brincou. Joguei um beijinho para ela no ar, e Maisie riu enquanto Karen reclamava:

—Argh, parem, vocês estão me deixando enjoada.

Revirei os olhos, e caminhei até Maisie.

—Para onde vamos hoje á noite? –perguntei.

—Hmm... me deixa checar. –ela respondeu, agarrando o celular e passando os olhos sobre os convites que havíamos recebido. Nós sempre erámos convidadas para as festas, porque sempre fazíamos questão de causar o maior caos possível.

—Ahá, achei uma promissora. –ela respondeu.

—Qual?

—Festa de volta ás aulas... na casa de Ethan Mc’Wright. –anunciou, já me lançando um olhar pidão.

Não. –respondi imediatamente.

Ok, o que você tem que entender é que existem algumas certezas nessa vida.

 Como por exemplo, o fato de que o céu é azul, a terra é redonda e de que Ethan Mc’Wright e Rachel Davis se ODEIAM.

Infelizmente, nos conhecemos desde o primário. E infelizmente, sempre estudamos juntos. Mas os anos serviram apenas parar aumentar a antipatia. Ele era simplesmente a pessoa mais arrogante do mundo! Se achava melhor que tudo e todos apenas porque era o capitão do time de futebol e por sua fama de pegador. E seu passatempo favorito era me sacanear.

Então, não, muito obrigado. Eu não vou ir à festa de Ethan Mc’Wright.

—Rachel, por favor! Todo mundo que é alguém vai estar lá! -Karen implorou.

—Absolutamente não. Escolham outra festa.

Maisie revirou os olhos e respondeu:

—Suas outras opções são a partida de RPG de Thomas, aquele garoto esquisito da computação, ou bingo no centro da Terceira Idade.

Me larguei na cama.

Eu gosto de bingo...—murmurei, mas Maisie estava decidida.

—Eu não vou passar minha sexta à noite fingindo caçar trolls com um bando de nerds, e nem jogando com as velhinhas malucas e competitivas do bingo. EU QUERO ME DIVERTIR! Nós vamos para aquela festa, Rachel. Com ou sem você.

Bufei, mas sabia que não tinha escolha. Maisie conseguia ser uma verdadeira ditadora quando queria.

—Ah, eu já me maquiei mesmo... –respondi, relutante.

—YES! –as duas exclamaram. –Então vamos logo, a festa já começou.

Quando estávamos prestes a sair do quarto, Karen lembrou:

—Ah, não esqueça do casaco!

Voltei correndo para o banheiro e peguei o casaco preto enorme que cobria meu vestido ousado e as pernas expostas.

A verdade é que, por mais que eu ame levar uma vida sem limites, meus pais definitivamente pensam diferente. E como não sou nenhuma Madre Teresa, a saída mais fácil era simplesmente mentir. E que atire a primeira pedra quem nunca mentiu, não é mesmo?

—Onde estão indo? –meu pai perguntou, assim que chegamos na sala.

Foi Karen quem respondeu:

—Nós vamos estudar na minha casa, Sr. Davis. –aquela era a mentira padrão. –Rachel pode dormir com a gente?

—Claro, só volte cedo amanhã. –ele respondeu. –Estou muito orgulhoso de vocês, meninas, se esforçando tanto.

Maisie deu um sorriso maldoso.

—Ah, você não faz ideia! Vamos, garotas.

E nós fomos. Entramos no carro velho e surrado de Maisie, que ligou o rádio imediatamente, com a música no volume máximo. Nós cantamos a plenos pulmões, como as malucas que erámos. As janelas estavam todas abertas, e o vento bagunçava nossos cabelos. As luzes da cidade passavam rapidamente por nossos rostos. Sentíamos aquela empolgação que sempre se tem antes de uma festa. O sentimento de ansiedade, a expectativa de que qualquer coisa podia acontecer. Nos sentíamos jovens, lindas, invencíveis.

Maisie pisou fundo, e o velho Máquina de Fuga acelerou. Talvez eu deva explicar o nome. Com o passar do tempo, nós já nos metemos em algumas encrencas nas noitadas, e precisamos, hm... fugir. E o velho carro azul de Maisie, que estava praticamente caindo aos pedaços tinha a mania de morrer. Mas ele nunca, nunquinha nos deixou na mão quando precisávamos de uma saída rápida. Por isso, foi batizado de Máquina de Fuga.

Naquela noite, ele não morreu nem uma vez, o que interpretamos como um bom presságio.

Estava prestes a perguntar a Maisie se já estávamos chegando, quando eu vi a casa. Quer dizer, era impossível não ver.

O quintal estava lotado de adolescentes dançando e gritando inconsequentemente, a casa estava totalmente iluminada, a música fazia o chão tremer.

Por mais que odiasse Ethan, eu tinha que admitir: ele sabia dar uma festa.

Descemos do carro, e quando estávamos de frente a casa, eu parei de caminhar. Respirei fundo, me preparando para o que estava por vir. Um arrepio passou por meu corpo, senti um aperto no peito, como uma premonição. Um pequeno aviso, de que coisas ruins me aguardavam a frente.

Talvez uma pequena, incompreensível parte de mim já soubesse do que iria acontecer.

Sacudi a cabeça, ignorando o pensamento e abri meu melhor sorriso quando começamos a caminhar em direção a casa.

Se eu pudesse voltar no tempo, para aquela noite de sexta feira, eu teria ficado em casa. Nunca teria dado ouvidos a Maisie e Karen, e teria ficado na cama, comendo sorvete, em meu moletom. Teria assistido séries a noite inteira. Nunca teria colocado o vestido preto.

Porque foi naquela noite que tudo mudou.

 


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Notas finais do capítulo

Oii de novo!

Então, o que acharam? A história vai começar de verdade nos próximos capítulos, mas espero que tenham gostado!

Por favor, comentem! Toda crítica é bem vinda, assim como todo elogio! ^^

Muuito obrigado por ler até aqui, você é incrível!

Até o próximo! ♥



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