Morte aos Lobos escrita por Beatriz Rozeno


Capítulo 15
Capítulo 14 - Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Bem, primeiro eu queria me desculpar verdadeiramente pela IMENSA demora na postagem do capítulo. Tive muita dificuldade em postar o cap 14 nesse final de semana, então me perdoem, isso não deveria ter acontecido.
E GNTE, VCS VIRAM?? RECOMENDARAM MORTE AOS LOBOS!!!
AEEEE CARALHO!!!
Uma moça maravilhosa, chamada Maria Helena, me deixou muito feliz ao dirigir a mim e a minha história belas palavras de motivação. Vc com certeza aumento minha expectativa sobre a Fiction, e hj tenho a certeza de que quero ir com esse projeto até o fim. Este capítulo é dedicado a vc!! ♥ ♥ ♥
Muito obrigada!!!
Tenham uma boa leitura!



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Mesmo depois de seis horas, a chuva permanece forte e contínua, sem nenhuma previsão de trégua. Nos dias atuais, só chove de vez ou quando, mas toda vez que isso acontece somos acometidos por uma tempestade e não por uma simples garoa. E o frio é sempre demais para tudo e todos.

As janelas de vidro do apartamento onde estamos não estão cobertas porque precisamos de todos os lençóis para nos esquentar. Também buscamos calor ficando mais próximos às paredes, que são ótimas ajudas contra o frio.

Diferentemente dos outros, não estou sentada perto do fogo, mas sim em pé de frente para a grande janela, olhando para a chuva que cai lá fora. Sair do prédio agora não é uma alternativa, principalmente por que já é noite. Não nos preocupamos com as pragas porque elas simplesmente sumiram de nossas vistas. Devem ter se entocado em algum abrigo, ou acabaram congeladas por causa do mau tempo.

— Com fome? — Julie pergunta enquanto me oferece um pouco de sopa enlatada.

— Sempre — respondo.

— Não gosto de essa janela estar tão descoberta, estamos muito expostos — diz preocupada.

— Não se preocupe tanto — digo. — As pragas não enxergam, e ninguém vai ficar zanzando por aí no meio da tempestade.

Ela pensa um pouco, mas acho que ela concorda comigo. Ninguém é tão maluco a ponto de estar por aí agora.

— É... você tem razão — responde com um meio sorriso. — Acho que minha capacidade de raciocínio não está funcionando muito bem.

Ainda que ela esteja sorrindo, não sinto que Julie está se sentindo confortável. Sinto-me na obrigação de perguntar:

— Você está bem?

— Sim, eu estou. Só estava pensando em umas coisas.

— O quê?

Ela olha para trás, desconfiada. Seus olhos param em Zac, que está sentado bem ao lado de Carol e Bob, esses que conversam animadamente.

— Não confio totalmente nele — sussurra.

— Acredito que ele não seja uma má pessoa.

— Mas a questão não é a humanidade dele — diz ela. — E sim o que faremos se ele perder o controle.

— Zac é bem controlado — lembro a ela. — E nós somos em seis, Julie. Ele é só um.

— Porém você viu o que ele é capaz de fazer. E se não tiver contado tudo sobre suas habilidades? E se souber fazer mais do que sabemos?

— Veja bem, se ele estiver agindo de má fé, nós saberemos. E aí será ruim para ele, não pra gente — afirmo.

Mas ela faz que não com a cabeça, e parece chateada com tudo isso.

— Ah, deixa isso pra lá. Não quero mais falar dele — diz. — Vamos, sai um pouco dessa janela.

Ela me puxa pelo braço, levando-me até onde Bob e Caroline estão. Visualizo Terry e Thiago, um pouco longe de nós, analisando a bolsa de armas.

— Algo que sei fazer? — ouço Carol questionar. — Sei desenhar.

Julie e eu nos sentamos nos pequenos bolos de roupa que fizemos.

— Já eu sou péssimo nisso — diz Bob. — Não consigo fazer nem bonecos de palitinho.

Carol acaba rindo da falta de competência dele na arte de desenhar.

— Ei, qual é a graça? — brinca ele. — E mais, você não disse que era boa.

— Ele vai começar — diz Julie somente para mim.

— Mas eu não me acho boa mesmo. Falta muito para isso — responde Carol.

— Ah, mas eu não poderia viver neste mundo sem saber do tamanho de seu talento — continua Bob.

— Tudo bem, eu já entendi — devolve Carol. — Aceito o desafio. Pode sugerir qualquer coisa, eu desenharei pra você.

— Eu quero um desenho meu, é claro. Devo saber se você é capaz de transmitir minha beleza para um papel.

Bob diz isso enquanto mexe no cabelo, de um jeito “charmoso”, e todos nós, até os que não estão tão próximos, acabamos rindo dele. Eu realmente não conhecia esse lado divertido de Bob.

Caroline pega seu conhecido caderno e um lápis da mochila. Procura uma página em branco e, quando encontra, começa a trabalhar em sua mais nova obra. É lindo o modo como ela desenha, levando o lápis de um lado para o outro, sem parar. Ela olha para Bob de vez em quando, buscando acertar em todos os mínimos detalhes. Como ele não tira o sorriso do rosto, divertindo-se com tudo aquilo, seu desenho também ganha uma versão feliz. Depois de alguns minutos, em que ninguém tirou os olhos de Carol e Bob, nossa desenhista termina. E aí ficamos ocupados demais para rir, já que estamos concentrados em nos admirar com que ela fez. Carol não é boa, ela é excelente. O Bob do papel é exatamente igual ao real.

— Uau — é tudo o que ele consegue dizer.

— E aí? Vai conseguir viver em paz agora? — brinco.

— Agora sim — responde sorrindo. — Espera aí, eu vou mostrar pro Terry.

Quando ele levanta, vemos um pequeno aparelho eletrônico, que provavelmente estava sob o cobertor que ele está usando para se cobrir. Eu apanho o objeto, já que seu dono seguiu até Terry sem perceber que havia deixado algo para trás.

Ele parece muito com um rádio, mas duvido muito disso, por conta da falta desse objeto no mercado nos últimos anos. Meu pai tinha um, que era bem mais velho e menos cuidado que esse, que está em boas condições. Ele é vermelho, puxando pro vinho, e está lascado no canto inferior esquerdo. É quadrado e possui quatro pequenos botões, dispostos aleatoriamente sob um pequeno visor, que no momento está apagado. Procuro uma antena, mas este não tem.

— Não curtiu o instrumento de som mais tecnológico da nova era? — brinca Julie.

— Ei — diz Bob já sentando em seu lugar. — Como pegou isso?

Percebo que ele leva as mãos ao cinto involuntariamente, buscando ter certeza de que aquilo em minhas mãos lhe pertence.

— Quando você levantou, ele simplesmente apareceu — digo entregando para ele. — É mesmo um rádio?

— Sim, por quê? — responde ele.

— A última vez que vi algum, devia ter uns nove anos — respondo.

— Eles eram, e ainda são, muito difíceis de conseguir — explica Bob. — Meu pai adorava quinquilharias, porque era inventor, e usava de tudo nas suas criações. Isso aqui tem a estrutura de um rádio, mas meu pai alterou o sistema dele, colocando coisas que até hoje não encontrei. Como músicas, por exemplo, e por isso ele me deu. Eu amo música.

— Coloca uma pra gente ouvir, se ele ainda funcionar, é claro — pede Zac.

— Eu até colocaria, mas ele precisa de pilha e todas que tenho são para lanternas ou estão nelas. E depois, as músicas são, tipo, do século passado — diz sorrindo. — Mas eu gosto delas.

— Acho que tenho duas pilhas aqui — informa Carol já remexendo sua bolsa. — Aqui, achei.

Bob não perde tempo e coloca as pilhas na parte de trás do rádio. O visor brilha, e Bob começa a apertar os botões, e só para quando, no visor, é mostrado o número 76.

— Essa é ótima — diz ele animado.

De início, a música parece ter um tom sombrio e uma voz começa:

Once upon a time

Not so long ago

E, me surpreendendo, a música ganha um tom mais “animado”.

Tommy used to work on the docks

Union's been on strike

Hes down on his luck

It's tough, so tough

Gina works the diner all day

Working for her man, she brings home her pay

Bob dá um salto e estende a mão para Carol:

— Senhorita?

Ela pega sua mão e eles começam a dançar de um jeito desengonçado que me faz rir. Terry, sem que ninguém esperasse, pega Julie e eles também dançam, fazendo-me rir ainda mais. Parece que nenhum de nós tem jeito para isso. Vejo Thiago levantando-se de seu lugar, com um sorriso no rosto, mas Zac aparece bem na minha frente.

— Dê-me o prazer desta dança? — ele fala de um modo muito engraçado, o que torna o pedido inegável.

Ignoro o frio e jogo o cobertor para o lado, como os outros fizeram.

Thiago aparece em nossa visão, aparentemente dançando com uma pessoa imaginária. Nós esquecemos a dança e começamos a gargalhar incontrolavelmente por causa do ridículo momento. Ele continua com sua excêntrica apresentação durante todo o restante da música.

Não lembro a última vez que me diverti tanto, então apenas aproveito, esquecendo de todos os meus problemas. Acho que nada poderia estragar este belo momento.


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Notas finais do capítulo

Eu gostaria de explicar o motivo de termos capítulos como esse: mais "leves". Eu preciso desses momentos mais tranquilos pra inserir mais dos meus personagens pra vcs, pra que assim vcs os conheçam melhor, sobre suas vidas e suas qualidades. Hoje vimos um pouco sobre Carol, Bob e até mesmo Zac, com sua fofura *-*
Mas eu sei que os melhores leitores do mundo, que são vcs claro, irão entender o porquê da atual falta de ação (do tipo com sangue e treta), neste capítulo e quem sabe até curtir.
Aqui a música que toca no rádio de Bob:
https://www.youtube.com/watch?v=lDK9QqIzhwk
.
Gente, já perdi três vezes o carregamento da página, toda vez tá dando erro e eu tenho que fazer tudo de novo, mds. Mas agora vai essa caralha, pelo amor de Deus, não aguento mais kkkkkkk
.
Até o próximo!!
Abraços, Beatriz ♥



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