Morte aos Lobos escrita por Beatriz Rozeno


Capítulo 11
Capítulo 10 - Ataque


Notas iniciais do capítulo

Queria muito agradecer a todos que estão acompanhando a história, mesmo que não comentem e.e
Tenham uma boa leitura.



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Passamos a noite toda na estrada, com Terry dirigindo e revezando com Julie. Eu dou alguns cochilos de vez em quando e, no último deles, quando acordo, já é de manhã. Carol também dorme algumas vezes, mas não vi Thiago pregar os olhos. Ele apenas ficou olhando para a estrada, fixamente.

Escuto uma batida no vidro, e quando olho, Julie indica a estrada à nossa frente. Levanto cuidadosamente e vejo, a alguns metros, um posto de gasolina abandonado. Terry diminui a velocidade e estacionamos. Thiago pula da traseira e verifica a bomba de combustível.

— Está na metade; dá pra encher o tanque a vontade — diz ele.

Todos saímos do carro, menos Terry; ele fica pronto para o caso de precisarmos fugir. Olhamos ao redor, nenhum sinal de cidades ou comunidades.

— Bob e eu vamos dar uma olhada. Fiquem atentos — anuncia Julie.

Eles adentram o local, que é uma pequena construção, com uma placa onde se pode ler: “Sinclair”. A tinta verde está toda descascada, e as persianas das janelas pendem para o lado, destruídas. Bob finalmente aparece.

— Está limpo — avisa. — Entrem e peguem o máximo que conseguirem. Vamos tentar sair o mais rápido possível. Tem muito descampado por aqui.

— Eu fico de guarda — lembra Terry. — Se escutarem meu assovio, corram para o carro.

Ao entrar, sinto o cheiro de mofo e podridão, o lugar está abandonado há muito tempo. E muitas poucas pessoas devem ter passado por aqui, já que o local ainda está cheio de mantimentos.

Caroline logo enche os braços de biscoitos, salgadinhos e chocolate, e vai até a caminhonete para guardar o que encontrou e poder pegar mais. Pego garrafinhas d’água em uma geladeira e as guardo em uma sacola que encontro no chão. Meus olhos cruzam-se com os de Thiago, que está algumas prateleiras à minha frente, procurando por algo. Decido ir até ele.

— Você está quieto hoje — comento.

— Você também não está muito falante.

— Mas isso só é estranho quando acontece com você — devolvo.

— Então você está dizendo que eu sou algum tipo de rádio ambulante, que não para de falar? — brinca.

— Mais ou menos isso.

Enquanto conversamos, pegamos tudo o que vemos pela frente. Enchemos sacolas com diversos enlatados e até mesmo balas. Thiago encontra dois grandes galões vazios, e pretendemos enchê-los de gasolina.

— Vamos logo senhorita, sei que precisa descansar a beleza.

Dou um tapinha em seu braço quando passo por ele, mas estou rindo do que disse. Nós dois saímos juntos, com Bob logo atrás. Julie sai alguns minutos depois, carregada de enlatados.

— Ei Terry — chama Thiago, — encontrei isso aqui.

Ele mostra os galões e o grandão vem até ele.

— Ótimo. O tanque já está cheio, então preparem o carro enquanto eu encho os galões com gasolina.

Arrumamos tudo na caçamba para que nós também caibamos, e o resultado é satisfatório. No geral, foi uma boa aquisição de suprimentos.

Terry não demora muito e logo volta para o veículo. Thiago e eu ajudamos Carol a subir na traseira. Os outros três vão na frente novamente. E mais uma vez partimos.

**

Olho para meu relógio no pulso, já são quase quatro horas da tarde, e nada de cidade nenhuma. E não vimos nenhuma placa anunciando um estado próximo. Comemos algumas coisas e tentamos descansar, até fizemos algumas paradas pelo caminho, mas é um dia triste e vazio. Thiago e eu até conversamos de vez em quando, mas não há nada tão bom que me faça esquecer o quanto o dia está péssimo. A sensação de felicidade que tive ontem agora está fraca.

De repente, o veículo pára. Olho para o lado e vejo um enorme armazém, a alguns metros da lateral da estrada. Terry, Bob e Julie saltam do carro, e vêm até nós.

— O que acham de darmos uma olhada? — pergunta Terry.

Pulo do veículo e analiso o local. É impossível saber o que há dentro, já que a fachada não entrega nada, mas parece estar recheado de coisas. Algumas janelas estão quebradas, o que talvez indique que tenham pragas lá dentro. Mas eu acabo não opinando.

— Pode ser uma mina de ouro — diz Julie.

— Ou talvez não — divaga Thiago.

Ele falou sem pensar, mais para ele do que para nós, mas Julie não ficou muito feliz.

— Se quiserem entrar e verificar, eu fico de vigia — sugere Terry. — Se algum deles aparecer, eu me viro. Se vierem muitos, eu os chamo e vocês correm imediatamente para o carro. E, claro, se precisarem de ajuda, é só me chamar.

— Não é uma má ideia — diz Carol.

— Então fazemos o que Terry sugeriu — diz Bob rispidamente.

Ele segue em direção ao armazém, e não temos outra escolha a não ser segui-lo.

O interior do local é imenso, e igualmente escuro. Ele é dividido em quatro partes, e nos separamos para procurar mantimentos. Eu acabo sozinha, assim como Bob e Julie. Thiago e Carol vão juntos.

Apenas uma janela me fornece um pouco de luz, então decido usar a lanterna. Grandes prateleiras surgem na minha frente, lotadas de roupas, sapatos, comida não perecível, pilhas e até livros. Dou de cara com uma placa onde está escrito: “Centro Comunitário”.

Meus braços são ocupados por diversas roupas e pilhas, que é o que mais necessitamos. Acabo pondo a lanterna na boca, para conseguir voltar. Ando rápido pois estou muito vulnerável neste cômodo tão escuro.

Subitamente, sinto o cheiro de carniça. Largo as coisas no chão e puxo minha faca. Algo cai bem em cima de mim, de algum ponto das partes mais altas das prateleiras. Minhas costas batem no chão com força, por conta do peso da coisa. Ela dá um grito assustador, seus dentes desejam encontrar minha carne. Sinto algo pontudo sendo enterrado nos meus dois braços. Seguro a cabeça da praga o mais forte possível, mas essa parece ser das fortes. Tento esticar a mão para alcançar a faca, mas se fizer isso, serei devorada. Seu rosto está escorregadio, e minhas mãos circulam por toda a sua face. Sem saber o que fazer, chamo por Thiago. Grito seu nome a plenos pulmões, com esperança de que ele chegue até mim. Ao longe, escuto sua voz repetindo meu nome diversas vezes.

— Amy! Amy!

A criatura faz ainda mais força e eu gemo de dor. Meus braços estão cedendo, tanto à ferida quanto ao esforço. É quando meus olhos veem meu dedo mindinho entre seus dentes afiados. Quando ela sente o que tem ali, fecha sua boca e, num movimento grotesco, puxa a cabeça para trás. Dou um grito doloroso. A dor é avassaladora.

Enxergo algumas luzes se aproximando, mas Thiago aparece mais rápido que elas, e esmaga a cabeça da praga com seu taco, e aproxima-se de mim. Ele me ajuda a sentar e tento analisar o estrago. Vejo o cotoco do que antes era um de meus dedos, e muito sangue. Tenho ânsia de vômito. Eu perdi um dedo. Minha cabeça começa a rodar, e enxergo tudo com ainda mais dificuldade. Sinto um pano grosso e quente na minha mão esquerda, pressionando o sangue.

Eles falam alguma coisa, mas não consigo arrumar as palavras para formar uma frase. Meu cérebro está funcionando mais lentamente, mas acho que é Julie quem está me levando para a caminhonete em seus braços, correndo desesperadamente. Depois de mais alguns gritos, escuto o motor de um carro sendo ligado.

Acima de mim, um céu muito azul e deslumbrante, mas Thiago toma o lugar do céu e tenta falar comigo. Fecho os olhos porque eles doem quando eu os abro, mas continuo pensando. Eu perdi um dedo. Foi isso mesmo? Sim, eu lembro. Aquela coisa o arrancou. Por falar nela, lembro também de não ter escutado nenhum barulho suspeito, e elas não costumam ser silenciosas. Ela pulou em mim quando eu estava desprevenida, provavelmente estava à espreita. Ela formulou um plano. Teria sido pior se o seu cheiro não a tivesse entregado. Existem duas hipóteses. Ou esse ser em especial teve uma mutação diferente, o que eu acho muito difícil, ou... Ou eles estão evoluindo.


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Notas finais do capítulo

Breve explicação:
A "mordida" não mata e "infecciona" a pessoa. Como já foi explicado, o vírus espalha-se pelo ar, e quem não virou uma praga, por algum motivo, é imune a esse vírus. Ou seja, Amy não vai virar uma praga, porque ela é imune ao vírus (de todas as formas de contato: mordida, ar, sangue e tudo o mais).
Mais uma coisinha. O processo em que uma pessoa vira uma das pragas é lento e gradual, e a pessoa não morre nesse processo, como os zumbis que "voltam à vida". Aqui na nossa historinha eles sofrem cada parte do contágio, do início ao fim, sem pausa u.u
Acham mesmo que os jacks estão evoluindo? Será??
Sei q o capítulo ficou pequeno, mas semana q vem a Amy vai ter q aprender a se virar sem o mindinho huehuehuehue
Amo vcs!!
Abraços, Beatriz ♥



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