2 anos depois.

POV Clary
– Você está atrasada, Clarissa. - Jace sorriu para mim.
– Desculpa, eu estava brigando com o vestido.
– Ganhou a luta, pelo jeito. Ficou maravilhosa nele.
Eu sorri e abracei Jace pela cintura. Ele usava aquelas camisas de botão pretas que o deixavam mais charmoso do que deveria e aquele jeans que parecia novo - menos nos joelhos. O meu vestido era preto e, é claro, vindo de Isabelle, muito apertado. O meu problema, na verdade, foi vestir ele com a meia-calça preta grossa e coturnos. Deus, porque eu tinha aceitado ser madrinha de Isabelle, se eu sabia que ela ia vir com roupas assim? E olha que era só uma reunião de noivado.
Nós entramos no carro dele e seguimos até um luxuoso hotel na Quinta Avenida, o que tinha o mais bonito salão que eu já tinha visto na vida. Jace apertou a minha mão e sorriu, mas eu não entendi o que ele quis dizer com aquilo. Nós entramos e logo encontramos Simon com a sua camiseta de banda e a camisa de botão vinho-quase-preto que o deixava quase formal.
– Ainda bem que chegaram. - ele sorriu nervoso. - Clary, pelo amor que você tem em mim, chama a Izzy, faz ela descer. Eu tô pirando de nervoso, eu não fui treinado pra essas coisas.
– Ela está lá em cima?
– Quarto dezoito.
Eu sorri e subi as escadas depois de me despedir de Jace com um beijo. Izzy e Magnus estavam no quarto e gritaram quando me viram.
– Menina, você tá tão atrasada.
– É essa roupa estranha que a Izzy me pediu pra vestir.
– Não importa. - ela sorriu radiante no seu vestido vermelho, da cor da camisa de Simon. - Você veio mesmo com esse batom rosa-sem-graça?
– É... - eu não entendi, o que tinha de errado com ele?
– Vem cá.
Izzy me puxou e me deu um papel para retirar o meu batom; ela me ajudou a passar um vermelho vivo que caiu tão bem com meu rosto e cabelo que deveria ser crime. Ela também me fez calçar sapatos de salto alto igualmente vermelhos e, eu tenho que admitir, eram melhores que os coturnos. Magnus vestia um blazer azul escuro por cima da camisa social roxa escura e o topete tinha bastante glítter; a calça era escura e não tinha detalhes, igualmente o sapato.
– Estão todos lindos. - Izzy sorriu para nós e Magnus rolou os olhos.
– Querida, é Magnus Bane, é lógico que eu estou arrasando!
– Então vamos descer!
Nós descemos as escadas devagar, Izzy atrás enquanto eu e Magnus descíamos, ele me ajudando com o salto. O salão assoviou para nós e eu devo ter ficado vermelha, porque Jace começou a rir. Logo, nós nos juntamos a ele e Alec que se vestia parecido com Magnus, só que preto e branco.
Simon pegou o microfone para poder falar com as pessoas.
– Certo, certo, eu poderia morrer agora, vocês sabem.
Eles riram.
– Nós estamos aqui hoje, por um dos motivos mais nobres que eu conheço. - ele continuou. - Eu e Isabelle Lightwood vamos nos casar. - nós batemos palmas e alguém gritou "aleluia". - É, eu sei que demorou. - ele riu. - Mas... acredito que foi no tempo certo. Nesses dois anos, nós passamos por tudo juntos. Nós choramos juntos, brigamos, sorrimos, aprendemos e fizemos um ao outro feliz. E depois desse tempo, nós não tínhamos mais como mostrar um ao outro como nós nos importamos e como queremos bem, o quanto nos amamos. É aí que entra o casamento. A chance de mostrar que estamos aqui e estaremos aqui sempre, para sempre e em todos os nossos dias. É quando prometemos e gritamos ao mundo inteiro que nós somos um só em dois, que compartilhamos sonhos e medos, que lutamos juntos nesse game infernal que chamamos de Real Life.
Izzy já estava chorando, é claro.
– Mas, como todo jogo, a gente chega na parte HARD, não é mesmo? Então, Isabelle, é o momento de pegar com mais coragem o controle e dizer: eu vou passar. Eu vou zerar. Eu te amo, Izzy, e quero você pra sempre do meu lado.
Com lágrimas nos olhos, ela aceitou o anel com o brilhante e abraçou Simon como se não o visse há anos. A comoção na sala era geral, amigos, família, conhecidos, todos eles seguraram sem sucesso nenhum as lágrimas pelo discurso de Simon, o mais lindo que eu já tinha ouvido e a melhor definição de como um casamento feliz deve começar.
– Mas, eu não posso levar todo o crédito sozinho. O modo HARD precisa de personagens que ajudem a gente a chegar no objetivo, antes que você se perca ou exploda alguma coisa. Meus padrinhos, meus irmãos Alec e Jace, eu não teria chegado até aqui sem vocês.
Jace e Alec pegaram um microfone cada um para agradecer Simon. Levemente estranho.
– É mais que claro que não teria chegado. - começou Jace e arrancou risos dos convidados. - Mas, apesar disso, nós só o encorajamos a fazer a coisa certa e a coisa certa sempre esteve no seu coração. Só ajudamos você a ver isso.
– E um pouco da nossa vida só deu certo porque você estava lá. Olha só, quem diria que Jace seria padrinho de alguém? - Alec riu e apontou Jace.
– E quem diria que Alec discutiria RPG com a gente?
– Culpa do Simon.
– Você precisava, Alec. - Simon riu.
– O importante é que estamos aqui agora, e como sempre dividimos nossas experiências e nossas angústias, nós três resolvemos continuar a nossa tradição de fazer as coisas juntos.
– Quando eu tirei a minha habilitação, você estava lá com a sua também. - sorriu Jace.
– Quando eu comecei a treinar boxe, você estava lá na primeira aula também.
– Você comeu sushi a primeira vez com nós dois.
– E os três odiaram. - eles disseram juntos.
– Então, já que estamos todos aqui reunidos...
Ah, não, ah não, ah não.
– Clarissa Fray. - Jace me chamou.
– Magnus Bane. - chamou Alec.
– Você aceita se casar comigo? - eles disseram juntos e retiraram uma caixinha vermelha de cada bolso. Eu não acredito no que está acontecendo.
Bane estava petrificado do meu lado enquanto eles caminhavam até nós, o salão explodindo de aplausos e gritos, Izzy sorrindo como uma boba e Simon batendo palmas. Jace parou na minha frente e Alec na frente de Magnus, eles se ajoelharam e ofereceram o conteúdo da caixinha: a minha um anel como o que Izzy havia ganhado e a de Magnus com duas alianças pratas muito bonitas.
– É claro que eu aceito, Jace. - eu sorri a voz falhando um pouco.
– Você é louco, Alexander.
– Vai aceitar ou ficar olhado pra elas o dia todo? - ele sorriu.
– Seu idiota, é claro que eu aceito.
Jace me pegou pela cintura e eu o abracei forte enquanto ele girava duas vezes comigo. Nós nos juntamos a Simon e Izzy, junto com Alec e Bane que vinham abraçados.
– Caíram como eu disse que iam cair. - Simon disse orgulhoso.
– Eu não acredito que nem eu sabia disso. - protestou Izzy.
– Foi um plano perfeito. - sorriu Jace.
– E agora, nós podemos fechar o Plaza pra nossa festa de casamento! Nós três!
– Isabelle Lightwood, menos, bem menos. - eu sorri para a morena.
– O Plaza? Eu quero a Quinta Avenida inteira parando pra me ver passar com meu terno púrpura, querida. - Bane sorriu e girou a aliança recém-ganhada no dedo.
Os convidados vieram nos dar parabéns e Jace me puxou levemente para o lado, me dando um suave beijo para não borrar meu batom.
– Feliz, senhora Herondale?
– Eu não poderia estar mais feliz, noivo. - eu sorri para ele.
– Poderia sim... porque eu tenho uma surpresa pra você quando chegarmos em casa.
– E o que é?
– Nada que o horário permita dizer.
– Jace, são dez da noite.
– Exatamente. - ele sorriu e mordeu o meu lábio com um pouco de força.
Esse era o Jace. O meu Jace.

***

– Conhece a milionária que vai se casar? - perguntou um homem alto de bigodes.
– Sim, mas eu conheço mais a sua madrinha. - ele indicou a ruiva na foto do jornal.
– Ex namorada?
– Não... ela é minha e vai voltar a ser.
– Ela ficou noiva.
– E logo vai ficar viúva. - Sebastian disse com raiva, amassou o jornal e o jogou no canto da cela.