– Confiante? - Jace perguntou ao amigo que havia acabado de assistir a sua apresentação e gritado e aplaudido tanto quanto Clary e as outras mulheres do lugar. Até mesmo Simon havia se juntado a eles do lado do palco para assistir o loiro e ajudar nos gritos.
– Depois da sua apresentação? Nunca. Por mim eu não subiria ao palco pelo resto da vida.
– Fala sério. - Jace deu um soco fraco no ombro do amigo.
– É sério, você foi muito melhor do que eu poderia ser.
– Cala a boca e sobe naquele palco, Alec, é a minha vez de gritar pra você.
Vencido, Alec se aproximou da entrada do palco enquanto o loiro abraçava Clary, girando-a duas vezes.
– Se saiu muito bem, como sempre.
– É claro. - ele sorriu. - É bom ter você aqui quando eu saio do palco.
– Sempre que quiser. - ela deu um sorriso sincero.
Clary se torturou por um tempo imaginando como seria essa parte do relacionamento deles; todas as mulheres do clube desejavam Jace, era inevitável e o trabalho dele. Como ela se sentia? No começo, angustiada, mas ela percebeu que de todos os sorrisos que ele lançava para a platéia, só quando ele olhava em seus olhos que ele era sincero e, ao final do show, ele a abraçava forte e perguntava como foi. É claro que ele era ótimo e que havia sido perfeito, mas ele gostava de ouvir isso dela e dava a liberdade de comentar o que quer que fosse. O clube já não era mais um problema.
– Fireburn, senhoras. - Simon subiu ao palco com o microfone nas mãos e aguardou os aplausos. - Cada dia melhor. Mas hoje, temos um bônus pra vocês.
As mulheres gritaram e ele pacientemente esperou a euforia.
– Há anos atrás, e não tanto tempo assim, dois jovens resolveram aprender a dançar. Eles eram realmente bons nisso. O tempo passou e eles se distanciaram, um deles se mudou e, durante esse tempo, perderam o contato. - ele ouviu as mulheres lamentarem pela história triste. - Mas, recentemente, eles se encontraram. E não foi surpresa saber que eles ainda dançavam. Senhoras, este homem está aqui. - elas gritaram e ele aguardou. - Ninguém menos do que O Cara, o homem que ensinou ao Fireburn os primeiros passos... Alec!
– Você mandou ele dizer isso? - Alec quase gritou para Jace.
– É claro que sim. Não é mentira.
– Eu te mato, loiro maldito.
Mas não havia mais tempo; as cortinas se abriram e as luzes diminuíram, as mulheres gritavam como sempre e Alec caminhou até o meio do palco com a cabeça abaixada. Pony começou a tocar e Jace riu.
– O que?
– A gente dançava essa musica juntos.
– Ainda podem dançar.
– É... - o loiro sorriu. - deixa o Magnus babar mais um pouco.
Os movimentos de Alec eram precisos e suaves; todas as vezes que ele se jogava no chão, Magnus prendia a respiração.
– Sabe o segredo de se dançar em um clube como esse, Clarissa? - Jace colocou a moça à sua frente e afastou os cabelos do pescoço.
– Não...
– Todas as mulheres que estão ali devem imaginar que estamos dançando com elas, para elas, e todos os movimentos que fazemos é o que queremos fazer com elas. - ele disse baixinho no ouvido de Clary e ela sentiu os pelos dos braços e da nuca arrepiarem.
– Faz muito sentido agora... elas gritarem tanto.
– Assista, Clarissa, e saiba que é o que eu quero fazer com você.
Jace deu um beijo rápido no pescoço da moça e correu para tomar impulso, se jogou de joelhos no chão e deslizou, parando ao lado de Alec; eles começaram a dançar juntos como se estivessem desde o começo. O clube explodiu de aplausos e gritos; Clary foi ao encontro de Izzy e Magnus que estavam ao lado do palco, boquiabertos.
– Você sabia que eles iam dançar juntos?
– Descobri agora. - ela respondeu para Izzy.
Talvez ela nunca tivesse pensado na dança do rapaz como o que ele gostaria de fazer; talvez em algum momento Simon teria dito isso, mas ela nunca notou; agora, Clary via segundas e terceiras intenções explícitas enquanto eles dançavam e entendeu porque o clube, apesar de não ser de strip, tinha sua idade mínima em 18 anos. Ela não queria gritar, assim como Izzy fazia para os dois irmãos, só queria apreciar e a frase de Jace soando baixo em seu ouvido não ajudava em nada. Quando a música terminou, ela tinha a respiração descompassada e tudo que ela queria era voltar ao seu apartamento e fazer o loiro cumprir com a sua frase.
– Senhoras, há um pronto-socorro na entrada do clube, para todas aquelas que estiverem passando mal. - Simon subiu ao palco e cumprimentou os dois rapazes que tinham se abraçado ao terminar a dança.
– Vocês arrasaram. Senhoras, foi bom pra vocês? - ele gritou a última frese e recebeu um enorme sim da platéia.
– Muito obrigado pela atenção de vocês essa noite, vocês foram lindas como sempre. Voltem com cuidado e espero vocês amanhã no mesmo horário. Mais uma salva de palmas ao nossos dois mascotes.
A música aumentou e as palmas foram diminuindo. Bane ainda observava Alec com expressão impassível, mas Izzy, a que mais conhecia o rapaz de cabelos com glitter, sabia que ele tinha ficado sem palavras. Jace encarou os olhos de Clary antes mesmo de sair do palco e caminhou devagar até ela, segurou a sua cintura e a nuca, fazendo a moça soltar um suspiro baixo.
– Ótimo, pensei que tinha perdido o jeito.
Ele sorriu e Clary continuou perdida nos pensamentos, seus olhos nos dourados de Jace.
– Nunca viu o que fazemos aqui desse jeito, não é?
– Não...
– Faz sentido. - ele sorriu torto e percebeu que a única coisa que ainda mantinha Clary em pé era o abraço dele.
– Então, Magnus Bane, - começou Alec, parando de frente com o rapaz um pouco mais baixo do que ele. - digno?
– Totalmente. - ele quase sussurrou; ao ouvir a sua voz, ele se recompôs. - Se precisar de um trabalho temporário, me avise.
Alec levantou uma sobrancelha e estralou a língua, sem tirar os olhos azuis dos de Bane. - Com certeza.