Clary conseguiu convencer Jace a almoçar em casa, ela queria cozinhar para ele. O loiro ajudou a preparar, ou tentou, já que era mais interessante abraçar a ruiva do que picar a salada. Eles passaram a tarde jogados no sofá, conversando e se conhecendo, observando o quanto tinham em comum e em como se davam bem, mas o final da tarde chegou e ela sabia que Jace precisava trabalhar.
– Você precisa ir pro Sweet Dreams, não é?
– Sim. - ele disse, a voz suave enquanto acariciava os cabelos de Clary que caíam pelo seu colo.
– Não pensei sobre isso ainda.
– Também adiei o máximo que pude, acho que qualquer uma ficaria desconfortável.
– Menos Izzy. Ela disse que eu não deveria pensar tanto nisso e que se foi a mim que você escolheu, eu não tenho motivos.
– Ela está certa. Mesmo assim eu quero que converse comigo sobre isso. Não quero que se sinta insegura, Clarissa. - ele sorriu um pouco ao ver o sorriso da ruiva.
– Você nunca saiu com nenhuma cliente, não é?
– Não.
– E por que eu?
– Você é diferente de todas elas. Você se preocupou comigo depois do show, você queria conversar, entender o que eu fazia e porque fazia, você viu muito além que qualquer pessoa viu.
– É fácil de se fazer.
– E os meus sentimentos não contam não?
Ela gargalhou e se sentou para poder ver o rosto do rapaz melhor.
– Claro que conta.
– Você é a mulher mais linda que eu já vi. - ele acariciou o rosto dela com o polegar.
– Promete que qualquer coisa que acontecer você vai me contar?
– Vai ser sempre a primeira a saber e está convidada a ver todos os shows.
– Eu falo das festas, das suas clientes.
– É claro. Simon e Raphael também ficariam muito contentes em te contar tudo que eu passo nessas festas.
Clary gargalhou e abraçou Jace com força. - Obrigada, Jace.
– Eu sou seu, Clary. - ele sussurrou no ouvido dela.

**
– Só toma cuidado, certo?
– Eu vou tentar não ficar sozinha, não se preocupe. - ela sorriu para o loiro e deu um suave beijo em seus lábios, se despedindo. Era hora de enfrentar a faculdade.
Clary caminhou até a faculdade e, ao chegar lá, rezou para não encontrar com Sebastian. Ela passou pelos portões e ia em direção a sala de aula quando um homem alto a agarrou pelo braço.
– Não foi nada educado o que seu vizinho fez comigo. - Sebastian disse com a voz fria. Ele usava óculos de sol e o roxo era bem visível em seu rosto.
– Nada mais merecido. - ela puxou o braço com força. - Eu não quero conversar com você, Sebastian, só me deixe em paz, certo?
– Eu não vou te deixar em paz nunca, Clary. Você vai ser minha. - ele segurou novamente o braço dela com força e ia arrastá-la se não fosse alguém interromper.
– Com licença, sabe me informar onde fica a sala de pintura?
O rapaz que apareceu usava uma regata preta que marcava os músculos dos braços e tórax; ele carregava uma mochila e uma camisa de botão, um papel amarelo da instituição na mão.
– É a minha aula.
– Você não vai pra aula. - Sebastian quase gritou. - Você vem comigo.
– Eu acho que ela não quer ir com você, amigo. - ele deu um passo em direção ao loiro platinado. - Se eu fosse você, não insistiria.
Clary se livrou do aperto do loiro e se aproximou do rapaz que havia chegado. Sebastian a encarou com ódio, mas não disse nenhuma palavra, apenas se afastou.
– Obrigada, Deus, obrigada por ter aparecido. - ela suspirou aliviada e fechou os olhos. - Eu não tenho como agradecer...
– Alexander Lightwood, mas pode me chamar de Alec. - ele sorriu e estendeu a mão pálida para ela.
– Deixa eu adivinhar... você é irmão de Isabelle Lightwood?
– Conhece minha irmã?
– Sou Clary Fray, nos conhecemos em Londres quando ela foi passar as férias lá.
– Que mundo pequeno. - ele riu. - E estamos no mesmo curso. - eles começaram a andar pelo corredor.
– Artes?
– Sim. Eu sempre quis começar, mas nunca deu tempo.
Alec era muito parecido com Isabelle, cabelos negros e olhos azuis escuros, feições suaves e voz firme. Eles conversaram até chegar na sala e se sentaram juntos. Por Clary, enquanto estudassem ali, ela nunca mais sairia de perto de Alec.
No almoço, eles se sentaram juntos para comer.
– Eu não acredito que você está com Jace Herondale. Você conseguiu pegar o cara mais difícil da cidade.
– Meio que foi ele que me pegou. - ela riu e o rapaz a acompanhou.
– Conheço Jace desde criança, crescemos juntos, começamos a dançar juntos. Quando eu fiz 18 nós meio que nos desentendemos, foi um erro meu, costumo ser idiota às vezes. Eu me mudei e comecei a dançar por profissão, até que... eu não pude mais ficar lá.
– Problemas?
– Vários. - ele riu um pouco. - Eu senti falta daqui, dos amigos que eu ainda tinha, de Jace, de Izzy.
– Jace ainda não sabe que você voltou?
– Não. - ele balançou a cabeça e bebeu um pouco de suco. - Não sei se ele vai querer me ver.
– Vocês são amigos, é claro que ele vai gostar de te ver.
– Quando eu fui embora, Clary, eu contei ao Jace que estava apaixonado por ele. Quando eu percebi que ele não sabia o que dizer, eu corri. Eu corri muito e ele nunca mais me viu desde então. Hoje eu sei que eu confundi as coisas e que eu o amo como um irmão, mas... eu não tenho cara pra dizer isso pra ele.
Clary demorou dois segundos para entender o que Alec estava dizendo. Wow, ele era gay.
– Eu aposto que ele vai gostar de te ver e vai te dar uns socos por ter sumido assim. Você volta comigo pra casa, eu e Jace moramos no Brook.
– Vizinhos da frente. - ele sorriu, terminando seu lanche. - E é claro que eu vou com você, Jace não me perdoaria se acontecesse alguma coisa com alguém que ele goste na minha frente e, bom... você deve ter noção do perigo que corre sozinha aqui.
Sebastian passou pela mesa e Clary sentiu um arrepio de medo.
– Vamos fazer um trato, se me ajudar com ele eu te ajudo no que você precisar, seja com Jace, com a matéria atrasada, com qualquer coisa.
– Fechado. - ele sorriu.