Remember Me escrita por Miaka


Capítulo 33
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Notas iniciais do capítulo

Pessoal, peço desculpas pela demora a postar! ♥ E mais uma vez percebi que o Nyah não mandou a notificação do capítulo anterior. Então se você não leu o 32, volte um antes de ler esse! Espero que gostem! ♥



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O pouco de cor que havia no rosto de Ja’far desapareceu. Os olhos esverdeados estavam enormes enquanto ele naufragava uma das mãos nos fios alvos e, inconscientemente, os puxava.

Sinbad, consternado com aquela atitude, segurou firmemente seu conselheiro pelos pulsos. O rei queria ter certeza de que ele não se soltaria, mas para sua surpresa, Ja’far não ofereceu resistência. Ele permanecia atônito, transtornado.

— Do que está falando, meu amor? Por que não pode ficar conosco? Sindria é seu lugar! Você se lembrou disso, não?

Ja’far balançava a cabeça negativamente quando engoliu a seco para encará-lo.

Um turbilhão de coisas se passava em sua mente. Será que devia contar a Sinbad sobre a ameaça de Kouen? Não. Aquilo não devia nem estar em cogitação. O príncipe do Império Kou estava disposto a dar início a uma guerra.

Mas se o contasse… Sinbad provavelmente planejaria revidar com alguma atitude. Além disso, teria de contar sobre… tudo o que realmente tinha vivido com Kouen. Afinal, enquanto estava desmemoriado, Ja’far repetia que o amava, mas aquilo soava mais como um produto de seus devaneios. E tudo aquilo se tornara ainda mais verossímil quando percebeu que Sinbad chegou a acreditar que nem mesmo viveu aquela história de amor, como se aquele sentimento também fosse proveniente de sua mente debilitada.

Talvez ele ainda acreditasse que não tinha vivido uma história de amor com Kouen…

Que não havia trocado beijos e carícias com Kouen.

Que não tinha… ido para a cama com Kouen.

Ja’far piscou ao sentir as pontas dos dedos do rei colhendo as lágrimas que ele nem ao menos percebeu estar derramando. Ele continuava ali, a encará-lo, enquanto pensava em tudo aquilo.

— Me… Me desculpe…

Um pouco acanhado, Ja’far tratou de retirar a mão de Sinbad daquela região. O moreno, bastante apiedado, observava o rapaz recostado nos travesseiros. As esmeraldas, novamente, evitavam encarar o rei de Sindria - e como aquilo incomodava Sinbad!

— Não tem porque me pedir desculpas. Eu entendo que está fragilizado… provavelmente se lembrando das coisas terríveis que passou, do tempo que ficou em Kou. - Sinbad suspirou antes de assumir uma expressão bastante séria. - Me diga, Ja’far, Kouen o maltratou de alguma forma? Digo, além do momento em que relatou ter perdido a memória.

— Quem o contou sobre… o que aconteceu? Você sabia sobre o atentado à carruagem e… Judal.

— Foi o próprio Judal com o príncipe Hakuryuu.

Ja’far se lembrou do momento em que havia encontrado aquele rapaz no palácio de Kou. O príncipe havia tentado, de todas as formas, lhe explicar sobre o que estava acontecendo, a verdade. Mas era muito mais conveniente permanecer ao lado de Kouen que, inclusive, havia dito coisas terríveis sobre seu primo.

— Judal se arrependeu do que fez com você, eu tenho certeza. Você sabe como ele é.

Revirando os olhos Ja’far bufou. Não bastava tudo que haviam sofrido com Judal há tantos anos atrás em Parthevia. Sinbad insistia em confiar naquele magi. Mas não era momento para por aquilo em contestação. De fato, Ja’far pensava se ele mesmo não era, de alguma forma, pior que Judal.

— Fiquei tão preocupado! Tive que ir te buscar e quando o vi completamente manipulado por aquele homem...

Sinbad pausou como se lhe faltassem palavras para descrever o que sentia. Mas o cerrar de seus punhos e o ranger de seus dentes exprimiam bem suas emoções.

— Talvez fosse melhor me deixar em Kou.

— Hm?!

O moreno piscou e encarou a expressão apática de Ja’far. Nunca havia visto uma expressão tão melancólica no rosto de seu conselheiro.

— Talvez… fosse melhor eu nunca ter me lembrado de nada. - a voz tremeu num sussurro.

— Do que está falando, Ja’far?! Você… queria tanto se lembrar de tudo!

— Eu não devia ter feito nada disso! Me lembro agora… de tudo o que fiz! Coisas horrorosas! Maltratei você e a todos! E além de tudo isso...

Como diria a verdade? Como dizer que havia se entregado, tantas vezes, a Kouen? Afinal, até então, Sin havia sido o único dono de seus lábios, de seu corpo e de seu coração.

Mesmo impaciente para ouvir o que Ja’far tinha a mais para dizer, Sinbad o segurou firme pelos ombros.

— Ja’far, entenda! Não me importa o que fez durante esse tempo! Sempre vou te amar, independente de qualquer coi…

— Por favor, Sin! - foi quando o alvo ergueu o rosto e o encarou. - Eu quero... ficar sozinho.

— Hm? - arqueando as sobrancelhas, Sinbad pareceu relutante.

— Vou para meus aposentos. Não quero atrapalhar mais ficando no seu…

— Não, de jeito nenhum! - o moreno, rapidamente, se pôs de pé, curvando-se para poder ajeitar os lençóis sobre Ja’far. - Precisa descansar! Quero que fique aqui! Nada de trabalho também! Quer que eu traga algo para você ler? Ou…

— Sin! - Ja’far interrompeu com um sorriso um tanto quanto forçado. - Está tudo bem! Pode ir tranquilo.

— Eu posso cancelar meus compromissos da tarde se prefer…

— Sin, por favor!

Sinbad riu de si mesmo ao ver o quão atrapalhado parecia. Por que tinha uma sensação tão estranha? Era como se… para ele, mesmo após recuperar a memória, Ja’far fosse outra pessoa. Sentia-se acanhado e fazia tantos rodeios para agradá-lo.

E perspicaz como era, o alvo conseguia perceber aquela aflição. Sinbad estava tão tenso como se… quisesse provar-se digno de tê-lo ao seu lado.

Ja’far abriu um doce sorriso na tentativa de transmitir segurança ao rei que se aproximou e depositou um breve beijo no topo de seus cabelos.

— Qualquer coisa, por favor, peça que me chamem correndo, tá? - ele pediu. - Vou deixar alguém de prontidão na porta caso precise de algo, entendeu?

— Não precisa, Sin…

— Eu faço questão! Tente ficar na cama, tudo bem?

Ja’far apenas assentiu observando o moreno que saiu sem lhe dar as costas, em largos passos para trás até chegar à porta. Ele acenou antes de deixá-lo.

E assim que a porta bateu, o silêncio naquele amplo quarto deu espaço às vozes que apenas Ja’far podia ouvir, as que tanto o condenavam: “Você é podre, Ja’far!”.

Sinbad nem ao menos havia questionado algum detalhe a mais sobre o período em que esteve com Kouen. Tudo o que quis saber era se não tinha sido maltrato ou machucado pelo príncipe. Dizia que não se importava com nada que pudesse ter feito, todavia tudo aquilo importava e muito para Ja’far. A culpa parecia consumir seu coração, ainda mais quando se lembrava da ameaça de Kouen. Ele atacaria Sindria e Ja’far não teve coragem de contar o cruel plano do príncipe. Sindria estava em perigo!  E no fundo, bem no fundo, talvez não quisesse contar para não trair a confiança de…

— En…

Ele sussurrou baixinho aquele apelido.

Foi quando saiu daquilo que parecia um transe e, abraçando os joelhos, flexionados na altura de seu peito, sentiu uma lágrima escorrer. Por que estava tão confuso?

Ignorando os inúmeros pedidos do rei, Ja’far tratou de se levantar por mais que sua cabeça latejasse bastante e uma forte tontura o acometeu ao se colocar de pé.

Ja’far parou por um instante até a vista desembaçar para poder caminhar até a porta. E apesar de receoso quanto a haver alguém ali de guarda às portas dos aposentos reais, ele ficou aliviado ao ver o corredor vazio. Certamente Sinbad ainda ia pedir que alguém viesse para lhe auxiliar.

Ele caminhou por aquele lugar como se fizesse muito tempo desde a última vez que tinha passado por aqueles corredores. Ja’far observava cada detalhe que ele mesmo tinha ajudado a decorar. Lembranças de tantos anos voltavam como um filme ao se ver orientando os criados onde colocar cada um dos altos vasos de planta que ficavam em cada curva daquelas paredes.

— Infelizmente hoje não vai dar!

Aquela voz!

Alarmado, Ja’far procurou algum lugar para se esconder, mas então percebeu de onde vinha a voz de Sinbad.

Alguns passos à frente começava aquela comprida sacada que dava a volta em toda a torre principal do palácio. De lá ele pôde enxergar o casal que trazia um bebê nos braços da mãe e conversava com o rei de Sindria.

— Mas, majestade, estamos tão ansiosos!!! - a moça insistia.

— Eu entendo, eu entendo. - sorridente, Sinbad afagou os ralos cabelos castanhos no topo da cabecinha daquele recém-nascido. - Mas, me desculpem, Ja’far está de repouso hoje. Aconteceu um pequeno acidente ontem e ele precisa de descanso.

— É que...

O homem confortou sua esposa, cabisbaixa e inconformada, que se calou, resignada a acatar as palavras do rei Sinbad.

— Eu acho que o Ja'far precisa de um tempo para pensar em um nome bem bonito para um rapazinho tão lindo, não? - o rei abria um largo sorriso. - Creio que amanhã mesmo ele já vai ter pensa...

—En...

O sussurro do conselheiro foi quase inaudível, mas o mover de seus lábios chamou a atenção do tão ansioso casal.

— Como?! - o pai deu um passo à frente.

— En.

Ja'far repetiu, alto o suficiente para que Sinbad ouvisse. A palidez tomou conta da pele morena ao ouvir o nome que Ja'far havia dado àquela criança. Ja'far sentiu os dedos do rei, de uma maneira nada gentil, se fecharem sobre seus ombros.

Aquela lembrança terrível lembrava o quanto havia sido cruel com seu rei. De fato havia feito aquilo com o mero intuito de magoá-lo. A voz de Sinbad o tirou de seus devaneios.

— Não fique triste! Prometo que assim que Ja’far se recuperar ele dará um lindo nome ao filho de vocês! Podem ter certeza de que pedirei que ele escolha o nome mais bonito!

A simpatia de seu soberano era capaz de tirar um sorriso da mulher que, junto de seu marido, pediu licença antes de se retirar da presença de Sinbad. Os olhos atentos de Ja’far permaneciam a vigiar o moreno quando viu Pipirika surgir por baixo da marquise mais próxima e se aproximar do rei.

— Sinbad! Como o Ja’far está?

A resposta de Sinbad não necessitava palavras. Ele abriu um largo e satisfeito sorriso.

— Ele se lembrou de tudo, Pipirika!

— Eu sei, o onii-chan me contou! E mesmo se ele não contasse… - ela riu, apoiando os punhos nos quadris. - sua expressão diz tudo! Está radiante!

Sinbad suspirou um tanto quanto exacerbado pela emoção.

— Eu estou tão feliz, Pipirika! Tão aliviado!

— Onde ele está?!

— Em meus aposentos ainda. Pedi que descansasse, afinal, sofreu uma queda bem forte a ponto de, da mesma forma que perdeu a memória, conseguiu recuperá-la. Além disso acho que ele precisa de um tempo...

Subitamente a felicidade deu lugar à preocupação. Pipirika cruzou os braços para ouvi-lo.

— Por que diz isso?

— Bem… Ele está bastante deprimido. Todo o tempo diz que cometeu muitos erros e me pede perdão… - ele coçou a nuca, farfalhando os fios púrpura. - Já disse a ele que nada do que passou importa. Não sei, de verdade, o que o incomoda tanto…

— Talvez seja o fato de ele ter ficado contra você, aliando-se ao príncipe Kouen! - presumiu a moça.

— Será?!

Ja’far se encolheu ao ver a expressão inocente de Sinbad. Se ele soubesse quantas vezes tinha se deitado com Kouen… Será que diria a mesma coisa? Que o que estava no passado não importava mais?

— Além disso, ele se apaixonou pelo príncipe, não?

As bochechas tão alvas ficaram, subitamente, avermelhadas ao ouvir Pipirika.

— Nem… Nem me lembre disso.

O desagrado era evidente na expressão do rei. Ja’far sentiu seu peito se comprimir.

— Ele não estava consciente do que estava fazendo. É normal que, no momento de fragilidade que ele esteve, fosse ludibriado pelas palavras mentirosas do Kouen!

— Sim. - Pipirika assentiu. Ela estava pensativa. - E o mais impressionante é que o príncipe Kouen, realmente, se envolveu com o Ja’far. Ele até mesmo veio até aqui!

— Pois é. Isso ainda me incomoda muito. - Pipirika arqueou uma sobrancelha, curiosa quanto ao que seu rei dizia. - Ele esteve aqui, como quem não queria nada e foi embora. E me parece que ele nem esteve em contato com Ja’far. Eu realmente não sei o que pensar…

Um peso muito grande caiu sobre a consciência de Ja’far. Seus dedos se fecharam sobre aquela mureta e ele escutou, mais uma vez, aquela voz: “Você é podre, Ja’far!”.

—------XXXXX-------

O rei estava tão atarefado que só percebeu o cair da noite quando os sinos anunciavam que passava das sete. Como o dia tinha passado tão rápido? - ele se questionava ao se levantar de sua escrivaninha.

Ainda havia tantos pergaminhos abertos sobre o móvel, tantas coisas para resolver… Mas aquilo podia ficar para amanhã. Sua prioridade era outra.

— Majestade! - um dos servos bateu de leve na porta entreaberta. Ele trazia outro pergaminho. - Pode assi...

— Sinto muito, mas preciso ir! - ele foi breve ao se dirigir a saída.

— É que é sobre a renovação de nosso acordo com Arte...

Não houve tempo de completar. Sinbad tomou o papel de suas mãos e foi até o tinteiro mais próximo - o que estava sobre a cômoda perto da porta do escritório. Tirou a pena e, sem nem mesmo ler do que se tratava. Assinou o pergaminho e o entregou de volta ao servo.

— Na-Não vai conferir?! - o jovem que trabalhava há pouco tempo no palácio se assustou com a displicência de seu soberano.

— Confio em vocês!

Foi tudo o que Sinbad disse enquanto pensava que, se Ja’far soubesse daquilo, o mataria. De qualquer forma não havia motivo para preocupação.

Sinbad correu o máximo que pôde, atravessando os corredores e chamando a atenção pelo enorme sorriso que ele carregava. O mesmo que portou durante todo o dia. Há quanto tempo não vinham seu rei tão alegre?! Desde que Ja’far tinha partido para Kou só havia melancolia em sua expressão e agora, finalmente, parecia que Sinbad havia se permitido voltar a ser feliz. Mas o quanto aquilo duraria?

Ele foi subindo as escadas pulando os degraus de dois em dois. Se não fosse chamar atenção, decerto usaria algum djinn para voar até a janela de seus aposentos. Mas aquela ansiedade, de alguma forma, era saborosa. Queria tanto ver Ja’far e levá-lo para comemorar em um jantar especial ao lado de seus amigos!

Assim que cruzou o corredor ele viu que a porta estava entreaberta e estava tudo escuro. Será que Ja’far tinha dormido ao entardecer e acabou não acendendo nenhum candelabro?

Em passos largos ele chegou a seus aposentos e se assustou ao ver a cama vazia.

— Ja’far?! Oe, Ja’far!!!

Seguiu até a suíte pensando que ele estava no banho, mas nada encontrou. Na varanda, em todos os cantos… Nada. Havia pedido que ele não saísse do quarto e, pelo visto, Ja’far tinha o desobedecido.

Porém, após tantas situações, a aflição já o dominava quando ele respirou fundo. Precisava ser racional. Ja’far provavelmente estava preocupado com o trabalho e decidiu ir ao escritório. Mas como não havia o visto o dia todo?

Preocupado ele correu de volta à ala administrativa e já no caminho foi perguntando aos servos se eles tinham visto Ja’far. As respostas eram unânime; ninguém havia encontrado o conselheiro de Sindria.

O coração de Sinbad disparou. Ele tinha ido embora? Era um plano de Kouen? Mas não havia se lembrado de tudo? O pânico o dominou enquanto ele corria pelo palácio até chegar ao jardim dos fundos. Onde ele estava?

— Majestade?

A voz de Pisti praticamente sussurrou, chamando a atenção de um Sinbad banhado em suor. Ela parecia estar escondida atrás daquela pilastra. Ao seu lado estava Yamuraiha, tão apreensiva quanto ela.

— Viram o Ja’far?! - ele se apressou.

A loirinha assentiu e apontou àquele que estava recostado na mureta do chafariz central. Ele ainda usava as roupas de dormir, o que fez Sinbad pensar se…

— O que ele está fazendo aqui?

— Ele está aqui o dia todo. - Pisti respondeu. - Eu estava sobrevoando a ilha quando o encontrei.

— Ele não devia ter saído do quarto! Nos esperem com os outros na sala de jantar!

Sinbad estalou a língua antes de se afastar de suas duas generais e ir em direção ao distraído Ja’far.

Cabisbaixo ele tinha os braços cruzados na altura do peito como se, sutilmente, abraçasse a si mesmo. Seus ombros sacudiam a cada soluçar e aquilo partiu o coração do rei, que diminuiu o passo ao se aproximar e toca-lo.

— Ja’far. - ele sussurrou.

— Anh!?

Toda a sutileza de Sinbad não foi o suficiente. Bastante assustado, Ja’far deu um pulo, quase caindo dentro daquela fonte. Decerto cairia se Sinbad, em um reflexo, não segurasse firmemente seu pulso como fez.

No impulso de recuperá-lo, Sinbad acabou o puxando para junto de seu corpo. Ja’far sentiu a cabeça encontrar o peitoral do moreno. E por mais que seu coração naufragasse em desolação, aquele perfume, aquele calor, lhe trouxeram uma intensa paz.

— Ja’far… - Sinbad suspirou antes de começar, abraçando carinhosamente seu conselheiro. - Eu pedi que descansasse. Pedi que não saísse da cama.

Não houve resposta. Ele permaneceu em um silêncio que foi quebrado pelos soluços que ele não podia mais conter. Sinbad se preocupou, afastando-se por um instante para encará-lo e segurar seus ombros.

— Por que está chorando, Ja’far?!

— Me desculpa, Sin! - ele cobriu o rosto com as mãos.

— Eu já te disse que não tenho nada para te desculpar!

— Tem! - bastante agressivo, Ja’far praticamente cuspiu. - É claro que tem! Mas… você prefere se vendar! Prefere fingir que nada acontece, mas você sabe o quanto eu errei!

— Eu já te disse que não me importo! Eu entendo que tenha nutrido algum sentimento por Kouen, Ja’far. Você não se lembrava de mim, de ninguém! Estava completamente só! Mas não pode se culpar eternamente por isso...

— Por favor, Sin… - Ja’far se pôs de pé. - eu quero ficar sozinho.

Sinbad não podia crer no que estava acontecendo.

Seu conselheiro lhe deu as costas e começou a caminhar em direção ao palácio.

— De novo?! - sua voz interrompeu o caminhar do alvo. - Vai me deixar de novo?

— Do que está falando? - o alvo não se virou para trás para perguntar.

— Não pára de me pedir para deixá-lo sozinho, mas…. Ja’far, eu me cansei de ficar sozinho! Eu estou sozinho… desde aquele maldito dia em que você entrou naquele navio!

A voz de seu rei tremeu. Foi quando Ja’far decidiu encará-lo e encontrar a expressão de angústia em seu rosto. E como ele conhecia muito bem seu rei, seu melhor amigo, seu amante, ele poderia jurar que o moreno estava fazendo um esforço descomunal para não cair em prantos. Foram poucas vezes em que o viu tão frágil e aquela era uma delas. E como aquilo o fazia se sentir um monstro!

— Ele só pensava em te trazer de volta! Não fazia mais nada, dia e noite. Bebeu o máximo que conseguiu quando pensou tê-lo perdido, mas depois não colocou uma gota de álcool na boca. A sua ausência é uma doença para a majestade.

Ele se lembrou das palavras de Yamuraiha naquela noite enquanto encarava as duas gemas douradas de onde teimosas lágrimas tentavam escapar.

— Me perdoe, Sin… - cabisbaixo, Ja’far se curvou.

Sinbad engoliu aquele choro e se aproximou, tomando as mãos do alvo e as levando ao centro de seu peito. E agora Ja’far podia sentir o quanto o coração de seu rei batia rápido. Seus rostos estavam tão próximos. Se não fosse a diferença de altura...

— Ja’far…

Aquele chamado se transformou em um sussurro. Sinbad estava deslumbrado ao ver o luar iluminar o rosto tão pálido de seu conselheiro. A pele quase translúcida salpicada por aquelas pequenas sardas permanecia perfeita. Um leve tom rosado nos lábios entreabertos quebrava o intenso mono-cromatismo.

— Volte a ficar ao meu lado, Ja’far. - ele prosseguiu. - Brigue comigo, me acorde cedo todas as manhãs, diga que não vai me deixar beber! Volte a ser… o meu Ja’far!

A voz tão melodiosa soava hipnótica ao encarar aqueles olhos que brilhavam como ouro. Agora Ja’far compreendia aquela saudade, aquela inquietude que perturbava seu coração, sua alma, toda vez que se entregava a Kouen. Porque no fundo, bem no fundo, apesar de não haver lembrança, havia o sentimento que sempre nutriu por Sinbad. Desde quando? Desde sempre, ele diria. Sempre amou Sinbad.

— Eu te amo!

Era como se aquelas três palavras subitamente escapassem de seus lábios. Ja’far não pensou antes de colocá-las para fora. Ele simplesmente externou aquele sentimento que não podia mais ficar preso em seu peito. Aquela emoção acabou escapando também pela lágrima solitária que escorreu por um lado de seu rosto. Estava trêmulo ao encarar o atônito Sinbad, que fora pego de surpresa com aquela declaração.

Ja’far ainda esperava uma resposta quando suas mãos foram soltas e sua cintura foi enlaçada por um braço do moreno. Sem pedir permissão, Sinbad abocanhou seus lábios e o beijou intensamente, como se quisesse vê-lo implorar por fôlego, por sair de seus braços. Mas seu conselheiro não relutou um só segundo. Ja’far se entregou por completo às carícias daquele homem. As mãos apoiados naquele peitoral firme subiram e, pela nuca, naufragaram nos fios púrpura.

Era como se existissem apenas os dois. Nem mesmo o badalar dos sinos que, em seu último toque do dia, anunciava para toda a ilha que passava das oito da noite, foi o suficiente para pará-los.

Apenas quando o fôlego os faltou decidiram afastar os lábios, mas sem desfazer aquele abraço. Ja’far apoiou a cabeça no peito de seu amado e cerrou os olhos.

“- Se você não chegar até o fim da semana…” - a voz de Kouen ecoou em sua mente, mas Ja’far se manteve firme, mordendo o lábio inferior e balançando a cabeça. Aquela reação chamou a atenção de Sinbad.

— O que houve, meu amor?

— Nada. - ele forçou um sorriso.

— Vamos jantar? Tenho certeza de que estão esperando a gente ainda!

— Jantar?! - Ja’far se apartou, piscando. - Não, Sin, eu ainda estou com essa roupa! Não posso e… e…

— O que houve? - Sinbad estranhou a súbita expressão melancólica de seu conselheiro.

— Eu não estou… com muita coragem de ficar na frente de todos. Eu lembro de… como humilhei a Yamuraiha-san, falei coisas horríveis para o Hinahoho-san…

— Ja’far, já disse que ninguém está pensando mais nisso! Sabíamos que estava confuso e não nos reconhecia. Nós sabemos quem você é, na realidade. - o rei cruzou os braços. - Deixe disse e vamos! Nossos amigos querem sua presença e, aliás, hoje é nosso jantar de despedida!

— Anh!? - o alvo piscou. Do que está falando?!

— Eu prometi que, assim que recuperasse a memória, iamos viajar só você e eu para que descansasse, não? Pois hoje mesmo tive em contato com o Darius. Ele estava preocupado com você. Ficou muito feliz por você estar melhor e disse que adoraria que passássemos uns dias lá.

Não era possível! Ja’far ouvia todos aqueles planos de Sinbad e pensava no que aconteceria se Kouen invadisse Sindria enquanto seu rei e ele estivessem viajando.

— Fiz um roteiro onde ficaremos uma semana em Sasan e outra em Helioha…

— Eu não posso viajar! - Ja’far exclamou para a surpresa de Sinbad.

— Por que não? EU estou dando autorização e você sabe que precisa de férias!

— Não, não…

Sinbad observava bastante confuso a atitude de Ja’far, que andava de um lado para o outro como se tivesse tomado pela angústia - e ele realmente estava.

— Nós precisamos desse tempo, Ja’far!

— Sin, temos muito trabalho! - foi a primeira coisa que lhe veio à mente. - Todo esse tempo em que eu estive desmemoriado, tanta coisa…

— Ja’far, calma! - Sinbad o interrompeu. - Pipirika e todos têm cuidado de todo o serviço administrativo!

— Sin, eu prefiro ficar aqui com você! - como apelaria? - Eu acabei de recuperar a memória e quero ficar aqui, na nossa casa…

— Já está tudo combinado, meu amor!

O rei parecia inflexível, determinado a seguir com seus planos com Ja’far. Havia feito uma promessa a si mesmo depois de tudo o que tinha acontecido. Aproveitaria mais sua vida ao lado dele, faria com que seu conselheiro trabalhasse menos e cuidasse mais de si. Precisavam aproveitar mais um ao outro.

— Mas você não está entendendo, Sin! EU NÃO QUERO VIAJAR! - Ja’far praticamente gritou.

— E você não está entendendo que EU NÃO QUERO MAIS DESPERDIÇAR O TEMPO QUE TEMOS JUNTOS! EU QUERO APROVEITAR A VIDA COM VOCÊ!

O apelo de Sinbad vinha carregado de emoção e até mesmo… fúria. Ja’far ficou sem fala a encará-lo. Realmente parecia que as coisas voltavam a ser como antes: uma hora estavam aos beijos e no segundo seguinte discutiam.

Mas antes que pensasse em qualquer tipo de contestação, Sinbad o segurou pelos ombros. Ele tinha uma expressão séria.

— Ja’far, eu… eu pensei que tinha o perdido para sempre! O que passamos… serviu para que eu visse o quanto eu estava desperdiçando o tempo ao seu lado! Sempre estamos tão preocupados com tudo, o reino, a Aliança, nossos tratados… E nós, Ja’far?! Se eu tivesse perdido você, com certeza eu não teria demonstrado o quanto te amo! Por favor, Ja’far, me permita… nos dar esse presente!

— Sin...

Seria o destino lhe dando uma oportunidade de confessar sobre a ameaça de Kouen? - Ja’far se perguntava ao encarar a Sinbad, que quase implorava para que ele aceitasse sua proposta.

— Olha… Vamos conversar sobre isso mais tarde, tudo bem?

A mão larga do moreno deslizou por seu rosto, como se ele estivesse disposto a ser compreensivo, mas também a convencer Ja’far a seguir com seus planos. “Mais tarde?” - Ja’far se perguntou, bastante receoso sobre… o que sucederia naquela noite.

—------XXXXX-------

O jantar seguiu conforme o rei havia planejado.

Os criados haviam preparado as receitas favoritas do conselheiro de Sindria e o ambiente estava bastante animado. Todos cumprimentavam Ja’far e demonstravam bastante alegria ao vê-lo novamente ali, sentado ao lado da cabeceira da comprida mesa principal, ao lado de seu rei.

Ja’far pediu desculpas a todos, um a um, dos generais aos servos que o cumprimentavam, por qualquer mágoa que tivesse causado com algo que tivesse falado ou feito. O rei tentara impedir aquilo, mas acabou compreendendo o quão importante era para Ja’far, que se sentia bem melhor e sorria até com mais naturalidade após pedir perdão a cada um.

Como havia pedido a Sinbad, antes de se dirigirem ao salão, Ja’far foi a seus aposentos se trocar. Sentia que fazia anos que não usava seu típico uniforme de oficial de Sindria. - mas se sentia tão bem ao vesti-lo agora. Todos estavam muito felizes com a presença de Ja’far e com a alegria que sua majestade exibia.

— Por que não bebe um pouco, Ja’far-san!?

A pergunta de Sharrkan foi feita enquanto ele já despejava boa parte do conteúdo daquela garrafa de vinho na taça vazia de seu amigo.

— Não, não, eu estou bem! - ele tentou negar, mas era tarde demais.

— Nada disso, o Ja’far ainda não está bem para beber. - Sinbad puxou a taça para si.

— Está com medo de que o Ja’far-san tropece e perca a memória, majestade? - Pisti riu.

— Só estou sendo prudente e me preocupando com a saúde dele. - o rei franziu o cenho enquanto bebeu da taça de seu conselheiro.

— Ou toda essa preocupação é um álibi para você beber mais?

Ja’far perguntou, fazendo Sinbad se engasgar com a verdade nua e crua. Todos na mesa riram, incluindo Ja’far. Como ele estava se sentindo bem ali, ao redor de seus amigos, ao lado… de Sin. Era como se Kouen nunca tivesse existido. Aliás… Ja’far desejou que Kouen jamais tivesse existido.

A noite seguiu animada até que todos começaram a se recolher.

Notando que o movimento diminuía, Ja’far decidiu se pronunciar.

— Bem, vou para meus aposentos também.

— Vamos!

Sinbad se levantou quase que imediatamente, colocando-se ao lado de Ja’far, que tremeu dos pés à cabeça. Era o que ele estava pensando, não era? - o alvo se perguntou, bastante preocupado.

— Boa noite! - ele se curvou levemente antes de se retirar.

— Bom, até amanhã e, Masrur, Sharrkan, não se esqueçam que amanhã vamos cedo!

— Sim, majestade! - os dois, em uníssono, responderam.

Sentindo um frio na espinha, Ja’far seguiu pelos corredores acompanhado de seu rei. Amanhã viajariam assim que amanhecesse, mas… o pior problema, para Ja’far, não era aquele. Era o fato de Sinbad estar lhe acompanhando - o que significava apenas uma coisa.

Assim que chegaram ao corredor do último andar, seguindo em direção às portas duplas da última suíte, Ja’far parou na porta ao lado. A porta de seu quarto.

— Boa noite, Sin.

— Hm?! - o moreno arqueou uma sobrancelha e, um tanto quanto confuso, riu. - O que está fazendo? Vai dormir aí?

— C-Claro, esse é meu quarto.

— Ja’far, você não lembrou que… a gente sempre dorme no meu quarto? - Sinbad fazia aquilo soar como algo bem óbvio e, de fato, era.

Ja’far engoliu a seco antes de se virar para ele.

— Nem sempre, “majestade”. Geralmente quando… quando vamos apenas dormir acabamos ficando cada um em seu quarto.

Foi quando Sinbad, subitamente, puxou o alvo pelo pulso. Ele havia o puxado com tanta força que Ja’far acabou se chocando contra seu peito.

— E quem disse que vamos só dormir? - ele sussurrou com malícia.

— Si-Sin… - Ja’far não evitou demonstrar seu desagrado. - eu não… eu não estou me sentindo muito bem ainda e…

— Sua cabeça ainda dói? - Sinbad se preocupou. - Como está esse machucado?

— Calma, está tudo bem. - o alvo sorriu na tentativa de acalmá-lo. - Eu só… Preciso descansar mais. Entendo que esteja inquieto, afinal, fiquei um bom tempo fora…

— Está tudo bem em não fazermos amor!

A interrupção de Sinbad surpreendeu Ja’far. Se existia algo para o qual seu rei não era compreensivo era quanto ao fato de não tê-lo quando suas necessidades… gritavam. E, também pudera, estavam há três meses sem fazer nada. Bem… Sinbad estava há três meses sem fazer nada. Já seu conselheiro…

— O que disse?! - Ja’far piscou.

— Eu não me importo se não fizermos amor, Ja’far. - o moreno sorria de forma genuína. - Mas… quero dormir ao seu lado! Sinto falta de tê-lo nos meus braços ao dormir e… acordar ao seu lado.

Ja’far se sentia um monstro, definitivamente.

Enquanto que o rei de Sindria demonstrava todo carinho e compreensão, não se importando se tinham ou não intimidades - e ele sabia o quanto sua majestade era sedenta por sexo - ele estava tentando se afastar e… pensando em tantas coisas, planejando… o pior.

— Vamos para meus aposentos! Vamos?

De forma doce Sinbad o perguntou ao segurar sua mão. Tão quente e suave! - Ja’far sentiu e corou. Como seu coração doía! Aquele homem era tão bondoso com ele.

Não havia como relutar e, de fato, Ja’far não desejava fazê-lo.

Quando deu por si já estava nos aposentos reais e Sinbad, sem a menor cerimônia, já se desfazia de sapatos e roupas. Por que Ja’far se sentia tão envergonhado ao vê-lo nu? Afinal, já tinha o visto inúmeras vezes.

Sem mais delongas, o rei se deitou naquela enorme cama que ficava no centro do amplo quarto. Ja’far, por sua vez, ainda tirava a parte de cima das vestes e desabotoou os primeiros botões da blusa de linho branca. Largou o keffiyeh sobre uma poltrona e, bastante sem jeito, se deitou ao lado do moreno. Impossível não corar.

— Cu-Cubra-se, Sin!

— Hm?!

Bastante ingênuo e natural, Sinbad se cobriu com um dos lençóis de seda antes de abraçar seu conselheiro, tendo suas costas encaixadas ao seu peito.

Ja’far tinha as bochechas claras completamente avermelhadas. Por que estava com tanta vergonha? Por que se sentia fazendo algo errado? Por que se sentia estar… traindo?

“- Eu te amo, Ja’far! Quero saber o que sente por mim também!

En

— O que disse?!

O coração do alvo disparou e ele, ofegante, balançava a cabeça. Será que aquele nome havia escapado de seus pensamentos, de seu coração, pelos seus lábios? Ele os cobriu em uma atitude instintiva.

— Não entendi o que disse.

Ja’far agradeceu aos céus por aquilo, mas a tensão estava lhe corroendo e ele sentia que ia enlouquecer.

— Vamos dormir, Sin? Eu… Eu estou muito cansado e… Minha cabeça dói um pouco.

— Trocaram seu curativo? Será que não está infeccionado? - Sinbad estava preocupado, ainda abraçado ao corpo menor de seu conselheiro.

— Está tudo bem. - ele novamente forçou um riso. - Boa noite, Sin!

— Boa noite, meu amor. Eu te amo!

Sinbad depositou um beijo carinhoso no ombro de seu amado. Ja’far se sentiu… podre. Novamente ele podia sentir o odor fétido da sua alma.

Enquanto que aquele homem, devoto ao seu sentimento, o estimava de todas as formas, ele se permitia a lembrar de quem… acreditava estar traindo. Por que, por mais que tivesse plena certeza de que pertencia a Sinbad, não se permitia trair a confiança de Kouen? Por que parecia tão errado se entregar a quem, realmente, amava? Por que doía pensar que estava traindo… En?

Ele ainda estava completamente absorto em seus pensamentos e angústias quando sentiu o peso do braço de Sinbad, ao redor de sua cintura, aumentar exponencialmente.

Sutilmente virando-se de frente para ele, notou que o moreno estava completamente adormecido.

Ao vê-lo dormir tão profundamente, percebendo o quão cansado ele parecia estar, Ja’far sentiu pena. Aqueles dias - ou melhor, meses, não tinham sido nada fáceis para Sinbad….  e ele ainda planejava piorá-los. - pensou.

Com um pouco de dificuldade, Ja’far retirou aquele braço pesado de cima de seu corpo e agradeceu aos céus por seu rei não ter acordado. Checando-o mais uma vez ele pôs as pernas para fora da cama, levantando-se para, pé-ante-pé, seguir até a escrivaninha.

Primeiro ele abriu a gaveta com cuidado para nao fazer barulho, arranjando uma folha de papel. Retirando a pena do tinteiro ele decidiu, após um longo suspiro, abrir seu coração. Mesmo que tivesse certa urgência, ele precisava deixar registrado o que sentia por aquele homem.

Algumas lágrimas escaparam e, sem querer, mancharam a tinta fresca.

Ao assinar ele enrolou o papel, enlaçando-o em uma fita esverdeada para colocá-lo ao lado da cama onde Sinbad acreditava que ele estava dormindo tranquilamente.

Como doía deixá-lo! - Ja’far sentiu seu coração se comprimir ao apoiar um joelho na cama e, inclinando-se para frente, beijar carinhosamente a fronte de seu rei.

— Adeus, Sin! Justamente porque eu te amo que… eu preciso ficar ao lado do En! Eu não quero que ele te faça mal! Por favor, entenda...

Ja’far recolheu o resto de suas roupas e, evitando voltar a encarar Sinbad, temendo se arrepender de sua decisão, ele seguiu até as portas. Foi quando se deu ao luxo de encará-lo uma última vez. Afinal, não ia mais voltar a vê-lo.

— Me perdoa, Sin!

Foram as últimas palavras que ele sussurrou antes de dar as costas para Sinbad e partir. Mas, daquela vez, era para sempre.


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Notas finais do capítulo

Kouen foi um tremendo safado! Afinal, mesmo com o coração de Ja'far escolhendo o Sin, justamente por amá-lo e querer o bem dele, ele precisa se render ao "En". E tudo por amor ao Sin. Mas Ja'far já percebeu que, mesmo com tanta raiva por Kouen tê-lo enganado... ele não o odeia completamente. Tem uma pontinha aí de amor muito grande pelo bode! Mas o Sin... Será que depois de ele ler esta carta ele ainda vai amar o Ja'far? Vai querer buscá-lo? O pobre coitado pensa que eles vão acordar e fazer uma viagem a dois, uma segunda lua-de-mel! XD
O climax da fic ficou para ser em Balbadd mesmo, onde teremos o desfecho desta LONGA HISTÓRIA! Meu Deus, eu agradeço muito por vocês terem aguentado até aqui e prometo que terminarei em breve - hahaha! Finalmente consegui arrumar BOA PARTE da minha nova casa e a mudança, então estou com mais tempo!
Muito obrigada por lerem, mandem reviews, leio e respondo sempre tudo! - mesmo que demore! ♥ Um beijão e até o próximo - RUMO AO FINAL! O/



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