Remember Me escrita por Miaka


Capítulo 12
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o capítulo! ♥ Uma semaninha atrasado, mas achei melhor assim para por algumas ideias no lugar! Foi bem divertido escrever esse início, acabei me confundindo com Escape em alguns momentos. Hahaha! Espero que gostem! ♥



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 – Está louco?!

A voz de Judal ecoou por toda aquela sala onde um determinado Hakuryuu não estava disposto a voltar atrás em sua decisão. Sem vacilar, expôs seus motivos.

— Você acha que é certo deixarmos o Sinbad-dono sem saber da verdade? - contestou. - E vamos deixar Kouen continuar enganando o Ja’far-dono assim?!

O certo a se fazer parecia bastante óbvio para Hakuryuu. Mas os olhos vermelhos do magi estavam apreensivos, o que era bastante diferente do usual que o príncipe conhecia, exibindo sempre malícia e escárnio.

— Tsc, não se meta nisso! - Judal foi ríspido ao se virar de costas para Hakuryuu, tentando esconder a angústia que devia estar nítida em seu rosto. - Você já tem problemas demais!

Bastante surpreso com aquela forma de agir que não condizia nem um pouco com o Judal que conhecia desde sua infância, Hakuryuu cruzou os braços.

— Não tenho medo do Kouen. - decidido, ele disse.

E enquanto ponderava sobre como deveria agir, o príncipe foi interrompido quando o mais alto puxou seu braço. Azuis e escarlate se encontraram.

— Você não entende! Kouen está obcecado com Ja’far! Se ele souber que você…

— Eu não me importo!

Violentamente, Hakuryuu empurrou um atônito Judal, que não esperava receber aquele tratamento do príncipe. Muito menos as palavras que ainda estavam por vir…

— E o que isso interessa a você?! - as safiras o fuzilavam. - Não compactua com aqueles malditos usurpadores?! Por que não vai agora contar a ele o que pretendo? Vá lá, quem sabe ele não te dá um biscoitin…!

— FICA QUIETO! - Judal voltou a segurá-lo, mas firmemente, pelos dois braços. - Eu nunca vou querer seu mal, mas enquanto não me aceita, você quer o quê? Que eu dê mole como você me rejeitando? Faço meu papel como sacerdote do Império, já que como seu magi você não me aceita!

Judal falava de forma tão intensa que era difícil duvidar da veracidade de suas palavras. Ele estava sendo sincero e não tinha como Hakuryuu não acreditar naquilo. Mas não, sempre vira Judal como lacaio da Al-Thamen e se seus primos hoje possuíam metal vessels era graças à ajuda dele.

— Não me venha com essa. - Hakuryuu balançava a cabeça como se tentasse colocar a si mesmo nos eixos. - Você os ajudou a terem poder!

— Queria que eu fizesse o quê?! - o magi voltou a sacudi-lo. - Você que é um príncipe é descartável por eles. Acha que eu sou o quê? Nada mais que um objeto também! E não tenho saída a não ser ficar perambulando por aqui, já que o rei que escolhi não me aceita!

— P-Pare de blefar…

Gaguejando, o moreno desviou o olhar, mas assim que o fez, Judal o segurou pelo queixo.

— Acredite em mim!

Os olhos de ambos se encontraram novamente. E por que Hakuryuu se sentia dominado por aqueles rubis? Sentia uma atração tão forte que o máximo que podia fazer era tentar evitá-los, e foi o que ele fez ao se afastar, empurrando Judal para longe.

O mais alto, por sua vez, suspirou. Judal estava realmente cansado de esperar por seu candidato à rei.

— Hakuei não vai seguir suas ideias. - era como se o magi lesse seus pensamentos. - Ela está apaixonada por Kouen.

— Pois é bem conveniente essa paixão do Kouen pelo Ja’far-dono. - Hakuryuu voltou a encará-lo. - Duvido que ela continue o amando sabendo de tudo isso!

— Cai na real, Hakuryuu! Hakuei é uma sonsa e, aliás, ela nem está aqui. Foi enviada para dar suporte às tropas que estão na fronteira. Kouen pediu e ela… - era impossível esconder o sorriso sarcástico. - acatou, claro, como boa cadelinha que é dele.

Hakuryuu não podia acreditar! Havia recebido uma carta de sua irmã confirmando seu retorno ao palácio e, justamente por conta disso, havia ido imediatamente ao seu encontro. Ela havia garantido estar ali.

Sentia ainda mais raiva de Kouen ao ver como ele, facilmente, a manipulava a ponto de fazê-la descumprir com sua palavra e com seu próprio irmão.

Cerrava os punhos com força quando foi surpreendido pelo abrir daquela porta.

Não havia como esconder o espanto ao encarar o homem de curtos cabelos alvos que adentrara a sala. Carregando uma pequena pilha de pergaminhos, Ja’far trazia também um grande sorriso em seu rosto. Aquele mesmo sorriso que Hakuryuu conheceu… em Sindria.

Tão distraído que estava, demorou a perceber que o lugar se encontrava ocupado e, quando o fez, sentiu-se extremamente envergonhado.

— Ah, me desculpem! Não sabia que estavam aqui, eu… eu só vim deixar alguns documentos e…

— Ja’far-dono!

Como aquele rapaz sabia quem era? Ao ser interrompido, o ex-conselheiro de Sindria ficara bastante surpreso. Será que o conhecia?

O moreno que parecia mais jovem que ele se aproximou muito para seu desconforto por simplesmente não reconhecê-lo.

Hakuryuu o segurou pelos ombros e o encarou.

— Não me reconhece, Ja’far-dono?

Ele apenas balançou a cabeça negativamente para responder aquela pergunta.

Havia um pouco de decepção na expressão de Hakuryuu e, notando aquilo, perceptivo como Ja’far era, ele se encolheu mais no aperto daquele jovem. Sentia-se mal em não corresponder à expectativa daquele que, provavelmente, não sabia de seu estado.

— M-me desculpe, eu não… não me lembro de muita coisa. Parece que… tive um acidente e perdi a memória.

— Eu estive em Sindria, não lembra? Sou Hakuryuu.

— Hakuryuu?!

Parecia que a realidade havia pesado nos ombros de Ja’far quando ele forçou Hakuryuu a se afastar para, então, se curvar. Já tinha ouvido falar no quarto príncipe do Império Kou. Como não percebera que era ele?

— Mil perdões, alteza! - ele estava com as bochechas, usualmente tão claras, tão avermelhadas. - Não o reconheci! Como foi seu regresso?

— J-Ja’far-dono

Mais confuso do que o próprio desmemoriado conselheiro de Sindria, Hakuryuu entreolhou Judal, que apenas ria ao assistir aquela cena, como se sentisse pena de Ja’far. E, de fato, ele sentia.

— Por favor, não precisa desse tipo de formalidades. - Hakuryuu o ajudou a se levantar. - Ficamos amigos em Sindria, não?

— Sindria?! - era automático Ja’far dar um passo para trás ao ouvir o nome daquele país.

— Sim! - notando que, de certa forma, aquilo afetara Ja’far, Hakuryuu prosseguiu. - Prometeu junto ao Sinbad-dono que me ajudariam a tomar Kou!

— Q-quê?! - Ja’far estava atônito. - N-não, - ele tentava se afastar mais, mas o príncipe segurou seu pulso com mais força. - E-eu…

— Você precisa se lembrar, Ja’far-dono! - determinado, Hakuryuu insistiu. - Você é o conselheiro de Sindria, é o melhor amigo do rei Sinbad! Aliás… - ele precisava ir mais longe. VOCÊ AMA O REI SINBAD!

— NÃO!

Era como se toda aquela formalidade e respeito se dissolvessem em sua fúria.

Ja’far puxou de volta seu braço, livrando-se do príncipe que ficara pasmo com a reação tão violenta daquele que era tão conhecido por sua calma e doçura.

— É MENTIRA! - exclamou. - Sinbad me enganou durante todo o tempo em que estive lá! Ele… ele é uma pessoa asquerosa! Eu o odeio! Odeio com todas as minhas forças!

Não sabendo como agir, Hakuryuu estava espantado ao ver Ja’far falar aquilo sobre Sinbad. Havia passado tempo suficiente no palácio para perceber que havia muito mais do que uma amizade entre eles e, apesar de saber da amnésia que o acometia, era simplesmente chocante ver Ja’far proferir aquelas palavras contra o rei de Sindria.

Mas, ao mesmo tempo, parecia com que a afirmação contínua de Ja’far fosse apenas uma reprodução do que havia sido implantado em sua mente. Hakuryuu estava certo disso.

— Tsc, não acredito que Kouen pôde chegar tão baixo…

— Do que está falando?! - Ja’far o confrontou, não se importando sobre a alta posição daquele jovem. - Kouen me acolheu de volta mesmo quando… quando eu estive ao lado daquele monstro! Ele havia me dito que a alteza era uma pessoa difícil de lidar, Hakuryuu-sama, mas… eu realmente não esperava que fosse falar coisas tão terríveis para me por contra o Kouen. E isso eu não admito!

Ja’far estava indignado com a audácia de Hakuryuu. Como podia o próprio primo de Kouen ser capaz de dizer tantas mentiras para colocá-lo contra ele? Provavelmente, como o príncipe Koumei, ele era contra seu relacionamento com Kouen. Parecia uma trama para que o afastassem do primeiro príncipe.

E por que doía tanto pensar em se afastar de Kouen? Ja’far se sentia tomado por uma angústia assustadora ao cogitar aquela hipótese.

— C-com licença!

Sem pensar duas vezes, o alvo deu meia-volta e, em passos largos, caminhou para fora daquele lugar.

— JA’FAR-DONO!

A única resposta que Hakuryuu teve foi o estrondoso bater daquela porta.

— Droga… - ele murmurou, cerrando os punhos. O que faria agora?

— Eu te avisei!

Virando-se para trás, o príncipe encontrou Judal de braços cruzados e uma expressão que demonstrava todo seu desagrado.

— Agora o franguinho vai contar para o Kouen, e o que acha que seu querido priminho vai fazer depois disso?

— Não me importo. - Hakuryuu suspirou, antes de encará-lo. - Judal… - ele pausou, como se estivesse refletindo bem sobre a proposta que faria. - se aceitá-lo como meu magi… me ajuda a tirar o Ja’far-dono daqui?

Estava ouvindo bem? Ele estava propondo lhe aceitar como seu magi?

Judal não podia acreditar. Um raio de esperança surgia em seu coração quando abriu um largo sorriso.

— Está falando sério?

— Sim. - o mais baixo ergueu a cabeça para que seus olhos se encontrassem mais uma vez. - Quero que fique ao meu lado!

—-----xxxxxxx-------

Ja’far amaldiçoava o momento em que cruzara aquela porta, em que encontrara o príncipe Hakuryuu.

Seguia marchando sem rumo algum enquanto sentia aquela forte palpitação em seu peito. Tão forte que o deixava tão ofegante, a ponto de ter que interromper seu caminho ao chegar naquela varanda.

Apoiou-se na mureta de proteção e, de olhos cerrados, flexionou os joelhos, tentando recuperar o ar.

Estava se sentindo tão bem, feliz ao servir Kou e… descobrindo aqueles novos sentimentos pelo primeiro príncipe. Por que aquele rapaz surgira para adubar em seu coração as dúvidas que ele pensara terem perecido? Por que suas convicções eram tão frágeis?

Você precisa se lembrar, Ja’far-dono! Você é o conselheiro de Sindria, é o melhor amigo do rei Sinbad! Aliás… VOCÊ AMA O REI SINBAD!

— Não…

Ja’far murmurava para si mesmo, abraçando o próprio corpo e fincando as unhas em seus braços. Verteria sangue se não fossem as típicas vestes de Kou que os cobriam agora.

As mãos tremiam enquanto ele se entregou a uma gargalhada que não tinha motivo algum.

— Amar… Amar aquele homem… - Ja’far ria. - Até parece que eu… Amaria aquele miserável!

E novamente ele era tomado pelas lembranças que surgiram enquanto beijava Kouen.

Sem o menor esforço, sentia o calor do corpo bem maior que costumava envolvê-lo. Aquelas mãos largas estampadas em seu corpo, chegando a lugares tão íntimos.

Os joelhos de Ja’far foram ao chão quando, assustado, ele voltou a si ao perceber o aumento do volume entre suas pernas.

Não era em Kouen que estava pensando. Era o rei de Sindria que protagonizava aquela memória.

Atônito, ele ofegava, cobrindo os lábios com uma mão, enquanto a outra ele usava para farfalhar seus cabelos. No que estava pensando? O que estava sentindo, afinal?

— JA’FAR!

Aquela voz.

Ainda ajoelhado, o alvo mal teve tempo de olhar para trás quando Kouen chegou, bastante preocupado, agachando-se ao seu lado.

— Oe, o que aconteceu?

O toque do príncipe em seu ombro parecia ter lhe dado um choque. Um estranho comichão ao sentir aquela mão sobre seu corpo.

— Está muito pálido!

Constatando aquilo, o ruivo tentou tocar o rosto de Ja’far. Mas assim que o fez, aquela sensação de repulsa foi forte o suficiente para que, no mais puro reflexo, o ex-conselheiro a afastasse, assustando Kouen.

— O-oe, Ja’far! O que está acontecendo?!

Tentando, de todas as formas, com as forças que possuía, apartar-se do príncipe, Ja’far apoiou as mãos ao chão, evitando encará-lo. Suava frio temendo que Kouen voltasse a tocá-lo.

— N-não me toque, por favor… - ele gaguejou.

— Aconteceu algo? Você não está bem! Alguma lembrança o perturbou?

— E-estou sim… Não se preocupe…

— Ja’fa…

— CALA A BOCA!

Kouen ficara estupefato com aquele exclamar tão intenso e agressivo de Ja’far, que mais parecia uma fera ao encará-lo agora, com aquele par esverdeado cintilando vermelho.

Ficaram a se encarar sem nada dizer.

O príncipe receoso por poder ser atacado por aquela fera que rosnava para ele.

O ex-assassino controlando a si mesmo para não machucar aquele que era a razão de todo seu asco. E por que sentia tanta aversão ao ruivo, agora?

A raiva logo se dissolveu na frustração. Não queria tratar Kouen assim - ele era tão bom para Ja’far. Por que em meio àquele estranho desejo ao se lembrar de estar na cama com o rei de Sindria, sentira tanto desprezo por Kouen? Justo aquele que o ajudara tanto. Não era justo…

Kouen viu uma, duas lágrimas escorrendo pelo rosto atordoado de Ja’far.

Estendeu a mão, ainda com cautela, sem saber qual reação poderia esperar dele. Mas assim que o fez, o ex-conselheiro reuniu forças para se levantar.

— Me desculpe!

Não houve tempo para que o príncipe o seguisse.

Ja’far seguiu rapidamente por aqueles corredores e Kouen só pôde ver o alvo se afastar dele. E como doía vê-lo se afastar.

—-----xxxxxxx-------

Mais um dia terminava.

A lua alta no céu não combinava com o silêncio que predominava no palácio de Sindria. Geralmente, o cair da noite era quando as pessoas saíam para festejar, confraternizar. Porém, naquele país, não havia mais motivos para comemoração.

Não apenas no palácio, mas em toda aquela ilha, o sentimento de tristeza era um só. Afinal, Ja’far era a segunda maior autoridade ali e como era tão querido pelo povo, seu desaparecimento preocupava a todos.

Mas nenhum deles sentia tanto aquela ausência quanto um certo rei, que passara mais um dia enclausurado em seus aposentos.

Sinbad não queria falar com ninguém, ver ninguém, ouvir ninguém. Porém, sua irresponsabilidade começava a trazer alguns problemas que, nem mesmo seus generais e seus assessores mais próximos, poderiam ajudar.

Pipirika era a que mais se esforçava, como de costume. Em especial porque ela sabia como era importante para Ja’far manter a ordem naquele país. Sendo quem trabalhava diretamente com o conselheiro de Sindria, a falta dele era terrível.

Decidira ir após o fim do expediente aos aposentos reais para repassar alguns pontos sobre a administração do país. Porém, tudo o que pôde ouvir de seu rei, que permanecia sentado na poltrona de frente para a varanda, eram monossílabos que acatavam tudo o que ela dizia. Nem se dera ao trabalho de encará-la.

— Você vai partir para Heliohapt amanhã na parte da manhã ou da tarde?

— Não vou.

Girando os olhos para trás, Pipirika suspirou. Estava cansando de tudo aquilo.

— É uma reunião para definir nossas transações comerciais, nosso acordo com o rei Armakan já venceu. - será que funcionaria?

— Não me importo.

Era seu limite.

— Ótimo, então as pessoas doentes em Sindria vão morrer porque não vão chegar remédios que importamos. O nosso rei está com preguiça de ir a Heliohapt resolver isso!

Só então Sinbad arqueou uma sobrancelha e a fitou de canto.

— Escreva um pergaminho dizendo o que precisa. Eu assino.

— Sinbad, você não está entendendo! - ela arremessou a prancheta que tinha em mãos na cômoda mais próxima. - Sindria está sem rei! Só essa semana cancelamos quatro reuniões, você está dizendo que não vai a Heliohapt e aliás, você nem ao menos sai desse quarto! Realmente você não vai nem na esquina, quem dirá a outro país em outro continente! - Pipirika estava tomada pela irritação, desconsiderando qualquer protocolo que pudesse ter com seu rei.

— O verdadeiro rei de Sindria não está aqui, você está certa. - o moreno suspirou. - Desde que Ja’far foi embora, Sindria não tem mais rei.

— Tsc, pare com isso!

— Eu sou uma mera imagem para esse país, Pipirika. - Sinbad a encarou. - Ja’far é quem organiza tudo, trabalha dia e noite para o bem de Sindria. Sem ele, nosso país não funciona!

— Até quando vai fugir de suas responsabilidades?! Você precisa do Ja’far aqui para te guiar?! Sabe o que acontece? - ela estava indignada. - Eu acho que você só funciona com o Ja’far aqui para lhe dar broncas, lhe por nos eixos!

— Você tem toda razão.

O fato de Sinbad não ter uma reação ruim deixava Pipirika ainda mais furiosa. Quando ele reagiria? Se Ja’far não voltasse, era o fim de Sindria, então?

— Por isso eu vou esper…

— MAJESTADE!

As portas duplas se abriram violentamente, revelando uma afoita Yamuraiha, que adentrou os aposentos de seu rei sem a menor discrição. Ela parecia ter corrido bastante para trazer a Sinbad…

— O olho do Rukh? - ele piscou ao ver o objeto que a maga lhe estendia.

— É o príncipe Hakuryuu. - sorridente, ela entregou o artefato mágico a seu rei. - Lembra que ele ficou com um quando foram para a dungeon? Ele… tem boas notícias! - ela parecia emocionada.

Sinbad piscou, um tanto quanto nervoso. Será que eram boas notícias? Yamuraiha parecia chorosa.

— Hakuryuu-kun? - ele chamou ao encarar aquela pequena circunferência cristalizada.

— Sinbad-dono!

Ficara surpreso ao ver o príncipe. Além dele, Judal também se encontrava ali.

Já Hakuryuu estava abismado ao ver o quão abatido estava o rei de Sindria. Era um homem tão ativo, esbanjava energia e felicidade. Mas ele, mais do que ninguém, sabia o porquê de tamanha melancolia.

— Há quanto tempo, Hakuryuu-kun. - ele tentou ser simpático.

— Não posso demorar muito, Sinbad-dono. - o sorriso de Hakuryuu se converteu em uma expressão séria. - Eu preciso contar o que aconteceu com o Ja’far-dono!

— JA’FAR?! - o moreno arregalou as gemas douradas. - H-Hakuryuu-kun, sabe de alguma coisa?!

— O Ja’far-dono está aqui no palácio de Kou, Sinbad-dono! Precisa vir buscá-lo! - ele sussurrou a última frase.

Ja'far estava vivo! Não podia acreditar! Ao mesmo tempo em que alívio preencheu sua alma, Sinbad se sentiu confuso.

— M-Mas por que ele ainda está aí? Não entrou em contato mais com a gente, já devia ter voltado a…

— Sinbad-dono, - o príncipe interrompeu. - o Ja’far-dono perdeu a memória!

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Após seu encontro com Kouen, Ja’far não apareceu mais no setor administrativo do palácio. Havia ido diretamente aos seus aposentos onde tentava, com muito esforço, parar de ser atormentado por aquelas lembranças.

Afinal, elas eram nem um pouco inofensivas, já que seu corpo reagia da pior - ou seria da melhor? - maneira. Era um verdadeiro tormento.

Revirava-se naquela cama, agarrando-se aos lençóis. Com os olhos cerrados, suando frio e febril, ao se ver nos braços daquele homem de longos cabelos púrpura.

Arreganhava as vestes pelas laterais, arranhando o próprio corpo, quase se despindo quando retomava o controle, passando então a puxar os próprios cabelos, tentando conter a excitação que o castigava.

Nojo, asco, repulsa. O único sentimento que podia ter de si mesmo ao se ver naquela situação e ao se imaginar com aquele homem que Kouen garantira, havia lhe feito tão mal, havia acabado com sua dignidade.

Como podia nutrir desejos tão pútridos por aquele monstro quando o príncipe daquele Império lhe oferecia seu coração, sua alma?

Sentia-se asqueroso.

Precisava consertar aquilo; precisava assumir seu verdadeiro papel e ir até quem realmente merecia aquele desejo, quem merecia seu corpo, seu ser.

Como pudera ser tão ríspido com ele? Como?

E por mais que a mente lutasse para agir racionalmente, seu corpo ardia ainda em um desejo incontrolável. Doentio. Algo que ele sabia quem podia saciá-lo e, quem sabe, fazê-lo finalmente se esquecer daquele miserável que o usara?

Maldito Sinbad! Havia lhe corrompido com tanta luxúria!

Decidido, Ja’far se levantou da cama e, realinhando de forma precária suas vestes, saiu de seu quarto e seguiu por aqueles longos corredores.

Não demorou para chegar àquela porta. O vão entre ela e o assoalho exibia a claridade de uma lamparina acesa. Certamente ele ainda estava acordado e o corpo de Ja’far agradeceu por aquilo.

Bateu ali duas vezes - e por que seu coração acelerara? Enquanto seu corpo clamava por aquilo, algo mais profundo parecia estar disposto a impedi-lo.

Ouviu os passos se aproximando e como, nesse meio tempo, desejou se arrepender e sair correndo. Mas não. Precisava ser digno para Kouen. Por Kouen.

A porta se abriu e Ja’far foi surpreendido pelo príncipe que tinha os fios ruivos bastante úmidos, usava um kimono simples, braco. Era nítido que havia se banhado recentemente pelo aroma de flores e que estava se preparando para dormir.

Mas também foi impossível não notar como a finura daquela seda ajudava a delinear os detalhes do corpo talhado daquele homem.

Não pensou duas vezes.

Ficando na ponta dos pés, apoiando-se no peitoral dele, Ja’far o beijou.

Surpreso, com os olhos arregalados, Kouen demorou a corresponder àquele beijo, mas logo cedeu às carícias do alvo que, assim que se afastou para recuperar o fôlego, o encarou. As bochechas tão claras ardiam, avermelhadas.

— Eu quero ser seu essa noite, Kouen!


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Notas finais do capítulo

Quando eu idealizei a fic e pensei no Hakuryuu ser a chave para a revelação da verdade para o Sin, eu pensei no uso do Olho do Rukh. E nele mesmo para a comunicação entre Sin e Ja'far, porém eu andei lendo mais profundamente sobre esse artefato e a distância permitida de uso dele VARIA de acordo com a quantidade do magoi do usuário. E sabemos que tanto Sin quanto Hakuryuu tem magoi 5/5, então compreensível que eles usem - como já fizeram no manga. Mas não acreditei no Ja'far ser capaz de utilizá-lo sem algum dano. Por isso, então, eu fiz o protótipo do shellphone pela Yamuraiha, o que deu a ela um destaque maior na fic tbm!
Chegamos a um ponto muito importante onde um erro terrível pode acontecer.
Espero que estejam gostando e, como sempre, críticas, elogios, todos os comentários são MUITO bem-vindos! Até semana que vem! ♥



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