A Criação da Luz escrita por André Tornado


Capítulo 38
Os instintos básicos


Notas iniciais do capítulo

"Tenho visto tantas vezes noutros tantos sonhos aquelas lágrimas em miniatura, geladas, reflectindo a luz. Fechei os olhos com força e recordei o choro fraco dele na noite."
in Aníbal, Leckie, R., Lyon Edicões, 1998



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/690677/chapter/38

Caí de joelhos na relva amarelada. Deixei pender os braços enquanto sorvia grandes quantidades de ar, exausta, ofegante e encharcada em suor. A fadiga era de tal magnitude que sentia uma massa compacta, semelhante a um punho cerrado, a empurrar-me o diafragma, diminuindo a minha capacidade respiratória.

Fazia mais de um dia que corria ininterruptamente pelo bosque, rodeando árvores, saltando por cima dos arbustos e das rochas, indo para lá, voltando para cá, num perímetro definido a partir do nosso abrigo, o centro da desvairada correria. Por ininterruptamente queria dizer sem qualquer intervalo. Nem para comer ou dormir. Luke permitia que me hidratasse com pequenas porções de chá de fygre que, de tão escassas, ainda me causavam mais sede e depois ordenava-me que prosseguisse.

No início julguei que era o normal aquecimento físico que realizava todas as manhãs, mais prolongado porque provavelmente não estaria com a massa muscular ideal ao fim de todo aquele tempo de treino. Também julguei que se tratava de outro dos seus testes esquisitos, que só compreendia quando, deitada sobre a cama, pensava no que tinha acontecido durante o dia e encontrava os sentidos obscuros que faziam parte de um qualquer pormenor sobre a vida ascética de um Jedi. Depois, passou a coisa anormal quando, logo que eu diminuía o ritmo, ele se punha a berrar:

— Continua, continua! Não pares! Ainda não estás preparada!

Não via que preparação seria aquela e o que pretendia o meu mestre antecipar.

Era escusado contar-lhe que já não podia mais, que mal conseguia respirar, que o meu corpo estalava de dor. Ele não iria escutar-me e, pior, não o queria fazer. Se analisava a minha resistência, devia estar agradado por eu ter aguentado tanto, mas não me concedia o prémio de um merecido descanso. Ao passar por ele mirava-me com desagrado e meneava a cabeça. Eu não entendia a razão. Estava a esforçar-me e obedecia aos seus berros incoerentes que me mandavam continuar.

A tortura chegou a um ponto insuportável e foi então que me deixei cair de joelhos na relva amarelada. As costelas doíam-me de tanto arfar, só queria desfalecer, apagando-me finalmente num desmaio bendito. Nem energia tinha para pensar. O cérebro focava-se nas minhas funções vitais para manter o meu corpo desmantelado a trabalhar. Se ousasse ir mais além dessa mecânica simples, ocorreria um curto-circuito.

Nisto, uma sombra aproximou-se. Levantei os olhos e vi um ramo bem guarnecido de folhagem a voar na minha direção. Não consegui reagir. Levei com a pernada em cheio na testa. Agarrei-me à cabeça que parecia vibrar entre os meus dedos molhados de suor. Soltei um gemido rouco.

— Eu não te mandei parar. Reinicia a marcha, imediatamente!

A ordem soou-me tão malvada que eu fiz um esgar condizente.

Fora Luke Skywalker que atirara aquele ramo contra mim.

Era Luke Skywalker que me fazia correr sem destino pelo bosque.

Era o culpado por tudo o que estava a sofrer, desde o início.

Desde a minha criação!

Ergui-me sobre as pernas bambas e rugi:

— Não!...

Ele mandou autoritário:

— Continua!

— Atiraste-me um tronco de uma árvore! – acusei num grito.

— Devias tê-lo desviado com a Força. Os teus reflexos não funcionam, estás num estado lastimoso e queres parar? Continua, ainda não estás preparada!

— Correr assim deixa qualquer um num estado lastimoso! Há quanto tempo ando a correr? Sem dormir, sem comer, cheia de sede… Isto é inumano!

— Não admito queixas, padawan. – E repetiu: – Continua!

— Não me dás ordens!

— Sou o teu mestre, respeita-me. E se eu digo para continuares… tu continuas!

Estava aos gritos. E o meu espírito tangia como se fosse feito de cordas, cada uma de uma grossura diferente, e ele teimava em tocar nas mais graves, enchendo-me os ouvidos com ressonâncias lúgubres.

— Cala-te!

— Continua! O treino continua até que eu o dê por terminado. Continua a correr!

Os gritos dele estavam a ser insuportáveis. Irritavam-me. A raiva enchia-me como lava fervente a subir por um dos vulcões fumegantes da primeira lua de Luyta. A montanha entrava em erupção e destruía o magnífico parque das lagoas e dos lanches aprazíveis de tantas famílias. A beleza destruída pelo fogo. Estiquei um braço, fechei a mão numa garra crispada.

— Basta!

Apertei os dentes e repeti:

— Eu disse… basta!

Luke estava suspenso no ar, a pouca distância do solo, com as mãos enclavinhadas no pescoço, a lutar para respirar. Era eu que o estrangulava.

Olhei-o maravilhada com o sofrimento que lhe estava a causar.

— Cleo, solta-me – pediu num sopro.

Eu arquejava de excitação. Tinha recuperado o meu poder anterior. Sentia-o a fluir nas veias, queimando-me o sangue, tornando-me gigante e invencível. Perguntei-lhe, estremecendo de prazer:

— Diz-me… Por que não te mato agora?

Ele respondeu, esforçando-se por soar audível:

— Será demasiado fácil. E tu queres… um desafio!

Gargalhei tresloucada. Mesmo sem me ver, sabia que os meus olhos estavam negros e opacos. Fechei a garra, ele estrebuchou para tentar libertar-se, mas a Força que invocava era rapidamente anulada pela minha fúria.

— Cleo… por favor… Tu não queres fazer isto.

— Não sabes o que quero fazer, Luke Skywalker.

Senti-me zonza, vacilei e baixei o braço.

O desânimo abateu-se sobre mim. Nem eu sabia o que queria fazer.

Luke caiu na relva. Tossia e esfregava o pescoço, enrolado sobre si mesmo. Tentava, entretanto, levantar-se e chegar a mim, mas eu fugi.

Depois de toda a raiva, fiquei apavorada. Mesmo cansada, ainda arranjei forças para fugir. Não o queria por perto, não o queria escutar, cheio de compaixão pela minha falta, o meu descontrolo, a minha inexperiência. Não queria que ele compreendesse o que eu tinha feito, desgraçada e vencida pelo lado negro da Força, carícias ensaiadas e eu a desfazer-me em lágrimas e a pedir-lhe perdão, quando tudo podia voltar a acontecer e com mais intensidade, diante de O’Sen Kram. O ódio a fazer-me abominar o que se estava a passar, sem alento para recusar esse desfecho que sempre estivera destinado a acontecer.

Um combate de sabres de luz em Tatooine e, agora, eu estaria melhor.

Governando a galáxia sentada ao lado direito do trono negro.

Não. Não era isso que eu queria. Seguramente que não.

Irrompi pelo abrigo, enfiei-me na casa de banho, pus o duche a correr. Lavei-me, vestida, com água fria que me subtraiu toda a sujidade das minhas correrias pelo bosque. Agarrei na minha pistola laser DH-17, enfiei-a no cinto e saí de casa na direção do entreposto comercial.

Precisava de me acalmar. Afastar-me.

Quando Luke rastejava para tentar alcançar-me, a recuperar do meu ataque, espreitou-me. Vi-lhe os olhos azuis por um instante, um vislumbre rápido que não permitiria grandes considerações ou certezas, mas eu percebi claramente o que o seu olhar transtornado me transmitia. Não conseguira resguardar os seus sentimentos naquele intervalo ínfimo de tempo. Havia fracasso, um fracasso completo e demolidor nos seus olhos, que me atingiu como um disparo em pleno coração. E eu morri por dentro quando Luke olhara para mim assim.

Caminhava decidida, numa velocidade moderada, sem pressas. Não seria capaz de ser mais rápida, pois continuava muito cansada, com os músculos esforçados e os ossos moídos, mas não iria repousar no abrigo. Não queria reencontrá-lo nesse lugar íntimo que me inquietaria e eu não o queria magoar mais do que já tinha feito.

Sabia por onde caminhava e que a direção que tomava estava correta. Seguia as impressões de Iko, através da Força. Tinha-lhe dito mentalmente que preparasse a nave, pois desejaria viajar em breve e vira, com nitidez, o monstro estranhar a comunicação telepática, olhar para cima à procura da influência invisível, pousar a ferramenta que usava nas reparações do speeder, encaminhar-se para o hangar.

Do lado oposto das minhas perceções sensoriais, sentia os movimentos de Luke Skywalker. Regressara a casa e deixava-se abater sobre o chão perto da porta, encostado à parede, rosto entre as mãos, tão confuso, arrependido e atormentado como eu. Com o mesmo medo avassalador que, se eu não estivesse a dirigir-me para o entreposto comercial, me teria paralisado numa posição semelhante. Sentada e a respirar para as minhas mãos em concha sobre a cara fechada.

A minha maior fraqueza tinha-me apanhado e eu sucumbira. A raiva tomara conta de mim, a dor e o desespero tinham superado a minha segurança de conseguir terminar aquele treino, perdera a coragem e desistira.

Não iria manter a promessa que lhe fizera. Nunca seria um Jedi.

As minhas interrogações eram agora diferentes das que tinha no início. Desde o primeiro dia, em que levitara pedras macias, aprendera muito. Sentia a Força, servia-me dela, empenhara-me a fundo para contrariar a minha essência. Aquela tarde tinha demonstrado que isso era impossível e que se eu tinha sido criada para destruir Luke Skywalker, em algum estágio daquele percurso que nos levaria ao combate contra Kram, eu destruiria Luke Skywalker. Bastava o gatilho certo e a bomba rebentaria.

Por isso, Kram tinha abandonado as buscas no sistema de Luyta. Não valia a pena gastar recursos nessa empresa, nós haveríamos de ir ao seu encontro e, no momento decisivo, ter-me-ia como aliada.  

A ideia de ser uma traidora agoniou-me.

Cheguei ao planalto onde se erguia o entreposto comercial, um aglomerado de edifícios degradados construídos com as rochas da lua, gretadas e erodidas pelos ventos. Para meu azar, aquele dia não me estava definitivamente a correr de feição, o sítio apresentava-se mais frequentado do que era costume. No exterior da cantina reunia-se um grupo de criaturas e de homens numa altercação acalorada, com vozearia e empurrões, entre copos e muito fumo. Pousei a mão no punho da pistola laser DH-17, pronta para sacá-la do cinto.

Apressei o passo, mas as pernas pareceram não me obedecer. Era como se eu andasse depressa na minha imaginação, mas na realidade arrastava-me penosamente por causa do meu cansaço extremo, num típico ambiente de pesadelo. Para meu infortúnio, a escumalha reparou em mim, o ruído que faziam diminuiu um pouco. Escutei assobios, gargarejos, comentários, frases em idiomas indecifráveis.

Bastava rodear aquela parede e teria um muro com um portão metálico que dava acesso ao hangar onde Iko esperava-me. Percebi-o inquieto no interior da nave enquanto verificava os dados do computador de bordo.

Uma mão negra e pegajosa com três dedos agarrou-me num braço. Soube de imediato que tinha sido encurralada por uma das criaturas e parei. O odor que exalava era pestilento. Encarei-a cheia de bravata para lhe pedir que me soltasse, antes de me decidir a usar a arma como meio mais persuasor. Ao olhá-la reprimi um grito de nojo.

Era uma espécie de humanoide, curvado pelo peso de uma corcunda disforme de grandes proporções. A sua cara era uma mistura negra bulbosa onde despontavam filamentos enrolados nas inúmeras bolhas de variados tamanhos, algumas como pústulas prestes a supurar. No interior daquela massa havia um par de olhos diminutos, dois orifícios como um nariz e um traço fino como boca. Vestia-se andrajosamente, tiras rasgadas que lhe enrolavam parcialmente o corpo esquelético e fedorento. Devia utilizar um dialeto incompreensível e, como não o iria compreender, enxotá-lo-ia com essa desculpa.

No entanto, a clareza da sua voz espantou-me.

— Onde vais, linda?

— Solta-me – exigi.

Uma contração involuntária dos músculos dos braços paralisou-me e deixei de sentir o punho da pistola. Enervei-me e dei um passo atrás. O humanoide riu-se.

— Não fujas. Não te vou fazer mal, linda. Só estou muito sozinho…

Pelo canto do olho vi que dois bandidos se aproximavam para se colocarem atrás de mim e cortarem-me a fuga. Um era um homem, o outro era uma coisa mole que se bamboleava ao rastejar. Concentrei-me em Iko, chamei-o. Disse-lhe que estava em apuros. O monstro ficou quieto, a descodificar a segunda mensagem que lhe enviava. 

Nisto, a pistola laser DH-17 foi subtraída do meu cinto. Um tentáculo, que crescia na barriga do humanoide, tinha-ma roubado. Arquejei, primeiro de surpresa, depois com um asco tão intenso que julguei que iria vomitar nas botas dele.

— Não precisas disto, linda.

— Vais arrepender-te do que estás a fazer – consegui articular.

Fez-me uma carícia na face com aqueles dedos sujos e dei-lhe uma palmada. Reprimi um gemido, pois o gesto doera-me e agarrei-me ao braço. Estava terrivelmente exausta, pressentia que o meu corpo se fosse desligar em breve. Queria depressa ir sentar-me no lugar do copiloto na nave, fechar os olhos, dormir um pouco, mas a viagem que pretendia fazer era curta…

Uma mão pousou-se no meu ombro. Sacudi-a. Risadas. Era a coisa mole que se ria e mirei-a espantada, pois não divisei uma boca ou outro orifício por onde pudesse fazer soar o que quer que fosse. O homem insistiu e, na segunda tentativa, pousou as duas mãos nos meus ombros e puxou-me para si. Cheirava quase tão mal como o humanoide que continuava a segurar-me um braço.

— Tira as mãos de cima dela, Ragher!

— Se a queres, vem buscá-la! – desafiou o homem cravando-me as unhas.

Debati-me para me soltar, mas tal como caminhara mais devagar do que imaginara, esse espasmo foi de uma lentidão exasperante. As minhas energias eram quase nulas e não consegui mostrar-lhes com a impetuosidade necessária que podia e queria escapar-me deles.

Os dois bandidos que me disputavam começaram a discutir violentamente sobre a minha posse. O que me segurava junto ao pescoço abanava-me, o outro dava-me puxões ao braço em sentido contrário, eu balançava entre eles como um joguete. A coisa mole ria-se, fazendo vibrar a sua carcaça gelatinosa. Num movimento repentino, em que me esticaram com um par de sacões inesperadamente em direções opostas e ao mesmo tempo, dei um pontapé na coisa mole e a minha bota veio cheia de uma gosma transparente. Franzi-me com o nojo.

Aquilo estava a ser de um exagero que já não estava disposta a admitir.

Visionei a pistola que oscilava frouxamente no tentáculo.

Nisto, o homem empurrou-me e caí de joelhos. O odor pungente do humanoide causou-me um vómito. Cobri os lábios com uma mão que arranhara na queda. Cheirei poeira e sangue. Estavam os dois aos berros, sublinhados pelas risadas irritantes da coisa mole. A pistola laser DH-17 dançou diante dos meus olhos. Lancei a outra mão.

O humanoide apertou-me essa mão, pôs-me de pé, esmagou-me contra o muro.

— Minha!

Uma explosão cegou-me, gritei virando o rosto para não me queimar.

— Como estás morto, deixou de o ser – afirmou Ragher, que tinha disparado.

O humanoide assado, torcido e fumegante, cheirava pior do que quando vivia. Usei a Força e recuperei a minha pistola do tentáculo esturricado. Apontei-a ao homem que se deteve ante a ameaça.

— Também não sou tua. Se não queres acabar como o teu amigo, deixa-me ir.

Exagerara a autoconfiança. Ragher ainda tinha a sua arma em riste e naquele ponto só conseguiria escapar se fosse mais rápida a disparar do que ele. O que não devia ser o caso. O homem tinha todo o aspeto de estar habituado a ganhar os duelos em que se metia. Fora de uma eficiência incomum ao despachar o humanoide com um tiro que viera sem aviso.

Baixei a pistola. Fechei os olhos, irritada com a minha vulnerabilidade.

Onde estava aquele ódio visceral que me fizera atacar um cavaleiro Jedi e deixá-lo à minha mercê? Onde estava aquele poder imenso que me tornava num perigo letal para qualquer um que ousasse desafiar-me ou importunar-me?

Não queria servir-me do lado negro e não o procurei para me defender naquela ocasião.

Senti o homem acariciar-me o rosto, a respirar para cima de mim com um hálito insuportável a álcool, pleno de lascívia. A coisa mole continuava a rir-se e também se aproximou.

— Eu estou primeiro – disse Ragher, pressionando-me contra o muro.

Um rugido libertou-me.

Assustada, vi o homem sentado, desmembrado e a esvair-se em sangue, contorcendo-se e guinchando num sofrimento horrível, a fixar chocado os braços que lhe tinham sido arrancados. A coisa mole chiou e tentou rastejar às arrecuas para se escapar, mas explodiu em mil pedaços viscosos com um tiro laser que a apanhou em cheio. O homem calou-se quando dois braços peludos lhe torceram o pescoço. Um estalido e estava morto. Havia sangue e ranho por todo o lado. Gemi enojada, deslizando pelo muro para fugir daquele espetáculo macabro.

— Iko! – reconheci aliviada.

O monstro cinzento regougou. Eu sussurrei-lhe que estava bem. Levou-me pela mão até ao portão do hangar vigiando os outros bandidos que, desde a porta da cantina, conferenciavam se deviam ou não intervir. Mas a imponência daquela criatura furiosa dos lagos Kendon demovera-os de qualquer ímpeto heroico. Os companheiros já estavam mortos e arremeter contra o monstro não iria mudar esse resultado, apenas demonstraria uma espécie de lealdade que possivelmente nunca existira naquele grupo briguento. Deixaram-se estar, pediram mais bebidas, continuaram a discussão.

Perto da nossa nave, Iko deteve-me com uma pergunta, mirando-me preocupado com os seus olhitos redondos.

— Não, o mestre Jedi não está comigo. Ficou no abrigo. Vou viajar sozinha… Ele sabe que estou aqui, claro… Deve ter percebido que estava a ser atacada, pois sim. Ele pressente esse tipo de coisas… Tu estavas por perto e irias ajudar-me. Nunca haveria qualquer problema… Arrisquei demasiado? Talvez! Mas… estava armada, Iko… Não me deixaram usar a pistola, mas iria usá-la logo que tivesse uma oportunidade. Também tenho os meus truques. Obrigada por teres vindo por mim, Iko. Estou-te imensamente grata.

Conversava com o monstro. Não que tivesse passado a entender-lhe as rosnadelas e os roncos, mas conseguia ler-lhe os sentimentos, como Luke fazia e assim decifrava o seu discurso peculiar dessa forma intuitiva. Não estaria muito longe das palavras exatas que a criatura utilizava, pois respondia-me naturalmente, sem tentar corrigir-me.

Na carlinga da nave desabei sobre a cadeira do copiloto, apertei o cinto de segurança, recostei-me e fechei os olhos.

— Para o lado sombrio de Luyta – pedi.

A viagem foi curta, como expectável. Não consegui dormir, nem descansar. A antiga base militar imperial estava deserta, o caminho pela floresta foi pacífico, não houve a necessidade de passarmos despercebidos e alcançámos a clareira iluminada facilmente.

As minhas questões não tinham diminuído desde que abandonara Luke Skywalker. Tinham-se mantido vivas e insistentes.

Pedi a Iko que me esperasse no exterior, ele concordou com um aceno e sentou-se de frente para a casa. Empurrei a porta e entrei. Sentei-me diante do lago e do pequeno ser com um suspiro.

— Saudações – cumprimentou-me.

— Saudações, mestre Eilin.

Aclarei a garganta. Não queria soar como uma miserável arrependida ou como uma desgraçada sem redenção. Ainda possuía a minha dignidade intacta, as minhas virtudes não obstante as tristes fraquezas. A essência inquebrável do meu espírito.

Nem sabia bem como começar e o mestre Eilin aguardava que eu começasse.

As águas do lago estavam turvas, novelos negros em suspensão a manchar a sua habitual limpidez. Havia perturbações graves no equilíbrio da galáxia e não as quis associar às minhas recentes ações. Não me parecia coerente que o meu descontrolo pudesse ter consequências tão nefastas e globais.

— Já deves saber porque estou aqui. Viste tudo no lago.

— Quero que me contes – pediu-me o ser minúsculo impassível.

— Não posso continuar.

Colei o queixo ao peito. Sentia-me apertada numa blusa demasiado justa que me espartilhava as costelas, tolhia os pulmões e me condicionava a respiração. Hiperventilei em busca do fôlego que perdia, como se o interior da casa tivesse ficado sem oxigénio. 

Solucei. As lágrimas deslizaram pelas minhas faces, a pingar nas folhas das plantas que cobriam o chão onde me sentava.

— Não posso continuar – repeti. – Hoje, ia matá-lo… Sim, esteve muito perto de acontecer. Ia matá-lo e ia ser tão fácil. Continuo com aquele poder imenso que Luke Skywalker não consegue contrariar. O desafio que eu ambicionava, em Tatooine, ainda não é possível acontecer. No entanto, pouco tempo depois, atacaram-me no entreposto comercial e fui incapaz de me defender… Sou demasiado instável, descrente, impulsiva. Conspurcada pelo pecado da minha criação artificial.

— Estás a ser demasiado dura contigo. Vejo para além desses defeitos. E Luke Skywalker também consegue ver, por isso concordou em treinar-te, mesmo conhecendo os riscos que corria.

— E conhece-os, de verdade?

— Todos os aprendizes a Jedi se deparam, em qualquer momento, com o lado negro e sentem-se seduzidos por esse caminho mais fácil e direto para decifrar os mistérios universais. Também aconteceu com Luke Skywalker quando se treinava com o mestre Yoda, em Dagobah. Ele sabe o que estás a sentir, já esteve nesse lugar, com as dúvidas e as crenças exacerbadas, dois lados em oposição a batalhar pela posse da alma.

Bati com um punho fechado no lugar do coração.

— Eu não fui simplesmente seduzida pelo lado negro. O lado negro… sou eu! Que outra explicação existe para que consiga aniquilar a Força e espalhar a morte onde existe vida?

— Existem muitas explicações para qualquer fenómeno. Tu não tens culpa de teres nascido assim, mas terás culpa se não te empenhares numa tentativa séria para mudares.

— Sou uma criança das trevas. O lado negro é poderoso em mim.

— Não o nego.

Encarei-o. Explicou-me, em jeito de lição:

— O lado negro pareceu-te mais forte do que a Força. Na realidade não sucede desse modo. O lado negro é um poder absoluto mais simples de compreender, menos indireto e menos complicado. O ódio flui mais rapidamente que a compaixão, tudo contamina e tudo esmaga. Ficaste deslumbrada ao perceber que o treino que te faz sofrer tanto poderia ser abreviado se cedesses ao caminho negro.

— Eu sou… negra, como o meu senhor.

— O teu senhor é Luke Skywalker. És uma criação da luz!

— Ele ainda não sabe que foi Kram quem me criou?

— Não, não sabe – assegurou-me o mestre Eilin, vincando as palavras.

— Tinha a impressão de que já o sabia…

— Estás a ser treinada para ser um Jedi, sentes a Força e usas-te dela. Não existem impressões para um Jedi. Existem certezas. Apenas certezas! Ou sabes, ou não sabes. Não existem impressões!

— É esse o problema! – gritei. Vi que me tinha excedido e pedi com humildade: – Perdoa-me, mestre Eilin.

Mordi o lábio inferior. Limpei a cara húmida e retomei, mais calma:

— É esse o problema. Nunca serei um Jedi.

— Luke Skywalker acredita que chegarás a sê-lo. Eu acredito.

— Oh… Sim, no início estava motivada e também acreditava. Ele disse-me que eu tinha medo. Tinha-o, de facto… Ainda tenho. Medo de não estar à altura das expetativas dele, medo de não conseguir eliminar a minha maldade intrínseca, medo de não triunfar. Sobretudo, medo de não conseguir cumprir a promessa que lhe fiz. Hoje, estraguei tudo. Percebi que as minhas falhas são demasiado gigantescas para serem corrigidas. Até para o grande Luke Skywalker!

— O teu maior medo não é esse.

— Não?

— No fundo, sabes que Luke Skywalker depende de ti no combate derradeiro contra O’Sen Kram. Se não o ajudares, vais ajudar Kram. Temes não conseguir resistir ao apelo do teu criador e que acabes por eliminar Luke Skywalker, tal como te foi gravado nos genes. É esse o teu maior medo. Combater esse medo empurra-te para esforços que vão muito além da tua compreensão e tu precisas de ter o controlo de tudo o que se relaciona contigo. Anseio fútil, já que nunca tiveste o controlo de nada que se relaciona contigo.

— O que me estás a querer dizer?

— Deves prosseguir. Os teus defeitos não são impossíveis de limar. Mesmo que julgues que és impulsiva, apaixonada e incompleta, só como um Jedi poderás enfrentar-te a O’Sen Kram.

— E se eu voltar a atacar o meu mestre? E se eu o trair quando lutarmos contra Kram?

— São escolhas que deves fazer.

A resposta arrepiou-me e murmurei:

— Escolhas…

— Deves prosseguir – insistiu. – O teu caminho faz-se em direção ao futuro, não para o passado. Lembra-te daquilo que o mestre Yoda, um dia, disse a Luke Skywalker. Tens de desaprender o que aprendeste.

Abanei a cabeça tristemente.

— Desaprendi e aprendi tanta coisa, mas parece que volto sempre ao ponto de partida. A esse passado onde não devo regressar! O motivo da minha criação. Existo para matar Luke Skywalker.

A imagem do mestre Eilin desfocou-se subitamente por causa das minhas lágrimas inesperadas. Tinha recomeçado a chorar.

— Eu amo-o! – confessei desesperada. – Eu amo-o… Apaixonei-me por aquele que devo matar.

— Então, agarra-te a esse amor. Nutre o teu espírito com esse sentimento carregado de brilho e empenha-te na tua metamorfose. Luta contra Kram com aquilo que o senhor do trono negro menos espera.

Limpei os olhos húmidos.

— Que eu seja um Jedi, que use a Força e a luz?

— Que sejas capaz de amar!

Crispei o rosto, não querendo crer que seria assim tão singelo. Ri-me da ingenuidade do mestre Eilin, do que ele estava a insinuar, da solução aparentemente pura à enormidade dos meus problemas e complicações. A arma que combateria o meu lado negro e o meu ódio. A salvação da galáxia e do Universo. O triunfo supremo e definitivo, uma vez mais, da Força e do Bem.

— Isto é tão… previsível! – refutei aborrecida. – É normal que me fosse apaixonar por ele. Tem cuidado de mim, mostra-se atencioso, paciente, bondoso. Mais do que eu mereço, admito. Mas a bondade é inerente aos cavaleiros Jedi. A sua compaixão foi uma armadilha para alguém como eu que não viveu nada antes de o conhecer… O que tem de extraordinário?

— Discordo.

Pela primeira vez vi um sorriso na boca do ser minúsculo e espantei-me.

— Isto é a tua noção… de imprevisibilidade?!

Não me respondeu e soube que sim.

— Ele sabe que eu o amo? – perguntei num sopro.

— Sabe.

— Oh…

Baixei os olhos, a corar cheia de vergonha. Apertei as mãos para que parassem de tremer. Não existiam impressões para um Jedi, somente certezas. Não tive coragem para perguntar se Luke me amava, não suportaria conhecer a verdade. Era penoso saber que correspondia ao meu sentimento, era devastador saber que eu era-lhe indiferente.

— Ele sente-se lisonjeado por ser o alvo da tua afeição.

— Pouco… Queria mais. Queria… diferente – gaguejei.

— Ele está inseguro. É o teu mestre e receia perder-te.

— Perder-me?

— Para o lado negro. Para Kram.

— Isso aconteceu hoje.

— Aconteceu – concordou o ser minúsculo. – Mas já terminou. Olha para o lago – pediu-me e eu obedeci.

As manchas como tinta derramada oscilavam dentro de água, nadando a roçar a superfície mas provavelmente estariam mais fundas do que pareciam. Não as conseguiria alcançar se enfiasse a mão ali, fugiriam de mim ou desintegrar-se-iam, tal qual fumo líquido.

— Vejo sombras.

— Começa a acontecer – informou-me o ser minúsculo. – A mudança. O teu amor está a transformar tudo.

— Pensei que quando o lago estava límpido…

— Não, não! – corrigiu-me indignado. – O lago não deve estar cristalino. A vida não é perfeita, não funciona com uma matriz única. A maldade estagna o Universo, dá-lhe apenas uma cor, condiciona e anula tudo que lhe é contrário. O Mal absoluto torna o lago gelado.

— Não sabia disso. Pensei que o lago teria de ser transparente para proporcionar uma melhor visão dos acontecimentos.

— O Mal dá essa clareza. Existem respostas para tudo, não há lugar à contestação, à dúvida. Basta sermos obedientes e não nos precisamos de preocupar. Mas quando percebemos que para além desse mundo aparentemente perfeito existe outra realidade, o Mal corrói e fere com violência, anula os que o contestam como noção imortal. Assim é o lado negro. Conforta-te no início com o seu poder imenso, destrói-te quando te afastas das suas supostas virtudes.

— Compreendo, mestre Eilin.

— Terás de regressar, Cleo.

Não gostava que ele usasse o meu nome. Arrepiei-me. Apertei os meus braços para reter o calor que julgava ter perdido. Cerrei os olhos. Imaginava que ele me fosse dizer algo semelhante depois do meu desabafo. O meu destino era combater Kram ao lado de Luke Skywalker. Ou matar Luke Skywalker. Era essa a decisão maior que me competia. Se desistia da primeira opção, restava-me a segunda. Não havia qualquer ilusão relativamente às minhas escolhas. Trevas ou luz. O equilíbrio precário da galáxia nas minhas mãos. Mirei-as, tão brancas, pequenas e insignificantes.

— Terás de continuar. Terás de completar o teu treino e converter-te num Jedi. Acredita no amor que sentes. Não limpes novamente as águas do meu lago.

Sustive a respiração e respondi:

— Sim, mestre Eilin.

— Luke Skywalker não pode saber que tu és uma criação de Kram. O meu aviso mantém-se.

— Sim, mestre Eilin.

— Não existem tentativas, lembra-te da sabedoria do mestre Yoda. Existe fazer ou não fazer. Fugiste para o meu refúgio, dei-te refúgio. O resto será contigo. No entanto, concedo em prolongar a graça da minha ajuda. Aceitas?

— Aceito, mestre Eilin.

 Estendeu-me um fio de couro com um pendente negro.

— Um pedaço da mesma pedra do feiticeiro de Ekatha – explicou-me. Nem ousei perguntar-lhe como conseguira uma lasca da pedra original. – Está viva, como podes comprovar pelo seu suave palpitar. É a Força que lhe dá alento. Usa-a, nunca te separes desta daqui por diante. A pedra deixa de bater e morre com o lado negro.

— Obrigada, mestre Eilin – agradeci a colocar o fio de couro ao pescoço.

— Estás esgotada.

— Estou, mestre Eilin – concordei, descaindo os ombros, todo o cansaço a abater-se sobre mim como um enorme pedregulho. Respirei devagar, adormecendo no conforto daquela casa divina.

— Os treinos de Luke Skywalker – disse-me o ser minúsculo, despertando-me – são duros, mas não são injustos ou malévolos, o que seria totalmente contrário à sua conduta enquanto cavaleiro Jedi. Se ele te obrigou a te esforçares até ao limite do insuportável foi para perceber quão forte é o lado negro em ti. Ficou alarmado quando lhe mostraste as tuas memórias sobre a guerra nas estrelas, julga que as conseguiste através de um sortilégio maligno, de uma permeabilidade ao Mal que ele não previu.

— Deixei-o ainda mais alarmado ao tê-lo atacado hoje.

— Após o ataque continua a acreditar em ti e isso é o mais importante. Lembra-se, tão bem quanto tu, da promessa que lhe fizeste e ficaria muito desapontado se não a cumprires. Tens razão, minha querida. Ele receia-te. Não utilizes esse medo, faz parte de um dos muitos truques para caíres na tentação do Mal.

— Compreendo, mestre Eilin.

— Empenha-te. Escuta o teu mestre com a mesma abnegação com que me escutaste a mim!

— Sim, mestre Eilin.

Fez-se um longo silêncio. Apertei a pedrinha que sumiu no meu punho fechado, batendo e fazendo-me cócegas na pele. Se dormi, não me recordo. Uma sensação de calma apoderou-se de mim, fiquei mais leve, assumi os erros e desfi-los para tentar um recomeço. A minha necessária metamorfose. O lado negro haveria de me tentar novamente, mas eu estava mais preparada para reconhecê-lo e combatê-lo.

— O teu tempo na minha casa terminou. Muito obrigado por me escutares.

— Eu queria escutar-te.

Saí da casa. Iko aproximou-se. Continuava muito cansada e disse-lhe que queria regressar a casa sem mais delongas. O monstro portou-se como lhe estava a ser exigido. Levou-me até à antiga base militar, pilotou a nave, aterrámos no entreposto comercial, transportou-me no speeder até ao abrigo. Despediu-se com um abraço tímido e sumiu-se com o seu veículo entre as árvores.

A noite tinha caído na terceira lua de Luyta e fazia vento. Era tarde mas via luz no interior do abrigo. Estava preparada para aceitar quaisquer consequências derivadas da minha conduta censurável. Sem emitir um protesto ou queixume. Merecia toda a reprovação do meu mestre, mesmo que o castigo fosse doloroso.

Abri a porta e entrei. Luke esperava-me sentado num dos dois bancos que acompanhavam a mesa onde fazíamos as nossas refeições. Estava de braços cruzados, tenso, rosto eivado de uma seriedade sombria. Mas ele não era injusto, nem malévolo, lembrei-me.

Reparou imediatamente na pedra que eu usava ao pescoço, na pistola laser DH-17 metida no cinto, no meu aspeto desgrenhado e exaurido.

Articulei temendo que me interrompesse e que não me desse a oportunidade de me justificar, porque eu não tinha justificação:

— Agi mal… Não devia ter-me ido embora. Passou-se demasiado tempo, mas acho que nada ficou comprometido… entre nós. Não desisti dos treinos. Queria desistir, mas… Recuperei a razão. Precisava de encontrar… De apenas encontrar… Perdoa-me, mestre.

Levantou-se do banco. Encolhi-me.

— Encontraste o que procuravas?

— Sim, mestre. Encontrei – respondi num murmúrio.

Os dedos dele acariciaram a pequena pedra negra pulsante. Na nave, tinha encurtado o fio, refazendo o nó inicial, para que ficasse acima do decote e em contacto permanente com a minha pele para que sentisse sempre o seu palpitar.

— Vai ajudar-me a completar o treino – expliquei inquieta que ele desaprovasse o adereço. – Peço-te, mestre, que me deixes ficar com ela e usá-la durante as lições. Tem um poder… especial.

— Sinto-o.

— É um presente. Foi…

— Chiu – cortou. – Não me digas mais.

— Tu já sabes a sua origem.

— Sei o que preciso de saber.

— Ainda acreditas em mim…

— Nunca deixei de acreditar. O mestre Eilin disse-to e eu confirmo. – Colocou dois dedos no meu queixo e obrigou-me a olhar para os seus olhos azuis intensos. – Quero que confies em mim, como eu confio em ti. Cedeste ao lado negro… Não me surpreendeste, esperava que o fizesses.

— Então… portei-me bem?

— Não! Portaste-te terrivelmente mal! – indignou-se. Começou a caminhar em círculos, a pentear os cabelos com uma mão.

— Porque te ataquei?

— Porque fugiste!

— Não devia ter fugido, mas devia ter-te atacado?

— Não devias ter deixado de confiar em mim! – Acalmou-se e acrescentou: – Preciso de toda essa paixão que guardas em ti e que a uses a favor do lado luminoso. Sei que o poderás fazer.

Um leve rubor coloriu-me as faces pálidas.

Perguntou-me, indo até à bancada onde havia um jarro fumegante:

— Queres comer alguma coisa?

— Não, mestre. Basta um pouco de chá de fygre e depois quero deitar-me.

— Muito bem. – Estendeu-me uma malga. – Amanhã os treinos recomeçam à mesma hora. Não podemos perder tempo. Kram está demasiado quieto para o meu gosto. As perturbações na Força cessaram e isso deixa-me inquieto.

Bebi um gole generoso de chá e pousei a malga na mesa.

Não sabia se ele me perdoava, não mo tinha dito, mas resolvi não persistir naquele tema. Era evidente que estávamos os dois cansados e ansiosos. Bastava eu ter regressado, bastava que ele me tivesse acolhido, para avançar para outro estágio daquela nossa ligação, tão atormentada e cheia de picardias. A matéria e a antimatéria mantinham-se em perigosa rota de colisão e houvera tantos momentos em que a aniquilação definitiva poderia ter acontecido que era um milagre continuarmos a desejar entendermo-nos, apesar de todas as coisas más que nos desuniam. Mas havia coisas boas, muitas recordações agradáveis que amenizavam as aflições.

Estendi-me na cama e adormeci imediatamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A Cleo quase que desistiu dos seus treinos Jedi, mas o mestre Eilin conseguiu convencê-la a prosseguir, dizendo-lhe que acreditasse no milagre da sua transformação.
Ela revelou que ama o cavaleiro Jedi, o mestre Eilin revelou, por sua vez, que esse sentimento significa que ela finalmente está a ser imprevisível.
E será que o cavaleiro Jedi também a ama?
O lado negro continua poderoso e a tentar a nossa protagonista.

Próximo capítulo:
Recomeço.