A Criação da Luz escrita por André Tornado


Capítulo 28
A emboscada


Notas iniciais do capítulo

"Apesar de tudo, quando se deixa cair uma pedra num lago, a água continua a tremer mesmo depois de a pedra ter tocado no fundo."
in Memórias de uma Gueixa, Golden, A., Editorial Presença, 1998



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No centro de comando da missão, uma sala sem ligação direta ao exterior ocultada por portas blindadas montadas naquele labirinto de paredes arenosas, as comunicações sucediam-se a um ritmo vertiginoso. Os códigos eram alterados constantemente e nunca se enviavam mensagens diretamente para a nave Belirium. Utilizava-se uma estação camuflada numa lua de um planeta deserto para triangular o sinal e apagar os derradeiros vestígios. Um cargueiro fretado pelo exército, a orbitar essa lua aparentemente de forma inocente, criava interferências que tornavam as transmissões indecifráveis e, portanto, insuspeitas. Simples ruído cósmico.

O comandante da missão supervisionava os trabalhos. Era um homem de cabelo grisalho e aspeto austero, o rosto marcado por rugas profundas, a quem lhe faltava uma mão, dizia-se porque fora inconveniente com Darth Vader. Um antigo oficial do Império Galáctico que o soldado Frint, de serviço na sala de comunicações nesse dia como sentinela, admirava com um respeito reverencial. De braços atrás das costas, costas eretas, encontrava-se devidamente fardado, ao contrário dos subordinados que mantinham o disfarce usando roupagens típicas dos Tusken e outros trapos indignos, embora armados e munidos das respetivas identificações, nome e posto. Acenava com a cabeça, verbalizava ordens curtas, observava com um olhar rapace todo o movimento corrigindo as pequenas anomalias, orientando as tarefas, tomando decisões.

Androides cirandavam entre a maquinaria que apitava e rangia, algumas no limite da capacidade, mas era imperioso manter-se o nível elevado de trabalho. Os dois encarregados da manutenção faziam as reparações necessárias e não tinham autorização para abandonar a sala. Respirava-se o típico ambiente frenético de um centro de comando plenamente operacional de um regime militar e Frint estava excitado.

Tinham finalmente detetado a Tydirium, a nave de transporte tipo Lambda, classe T-4a, pilotada por Luke Skywalker e que, tal como previsto, dirigia-se a Tatooine. Não fora fácil encontrar a nave, pois os passos do cavaleiro Jedi eram difíceis de antecipar. As suas viagens realizavam-se em sistemas pouco conhecidos, como uma espécie de peregrinação a locais em que, aparentemente, o interesse seria nulo. Por outro lado, não era conveniente haver um contacto demasiado cedo que lançasse alguma suspeita, pois o Jedi seria avisado. As ordens iniciais, percebia agora Frint, era intercetar Luke Skywalker apenas quando a sua rota o levasse ao planeta deserto e monitorizar, entretanto, os seus passos, seguindo-o através da assinatura peculiar da sua nave.

A Tydirium tinha saído recentemente de Naboo e o seu plano de voo, com o nome do ponto de chegada, fora confirmado no espaçoporto de Theed, a cidade principal do planeta, através de um espião que fora assassinado pouco depois para proteger a fuga de informação. Não havia margem para erros, tudo estava a ser feito para que o principal adversário de O’Sen Kram fosse eliminado antes do início da guerra.

Havia sempre a possibilidade de Luke Skywalker mudar de ideias e corrigir a rota a meio do caminho, por isso a perseguição cerrada e o envio constante de mensagens para o centro de comando da missão que confirmavam, à medida que o tempo passava, de que o Jedi iria mesmo chegar a Tatooine.

Não era um processo muito complicado. Uma vez identificada a assinatura da nave, bastava fixá-la no computador de mapeamento e esta passava a ser um ponto azul num imenso quadro transparente que cortava a sala ao meio, onde se desenhavam traços e outras formas brancas que significavam os diferentes corredores espaciais, os sistemas, planetas e respetivas luas. Dois soldados iam fazendo as correções às coordenadas, com a Tydirium sempre no centro das atenções, movendo-se devagar na superfície do quadro. Todas as operações de navegação a bordo do transportador eram replicadas no centro de comando, mesmo os pequenos problemas mecânicos.

A pressão aumentava à medida que Luke Skywalker se aproximava de Tatooine. O alvoroço permanente e o labor ininterrupto diminuíam o peso das horas de clausura naquela sala. O último dado essencial para que o comandante de missão pudesse tomar a sua decisão estratégica mais importante seria o local de aterragem, que poderia acontecer em qualquer um dos espaçoportos disponíveis no planeta. Havia uma lista com as escolhas prováveis, mas saber qual deles seria determinante para a linha de ação a tomar. Abordagem discreta ou confronto direto, utilizando a arma secreta de Kram.

Quando a Tydirium saiu do hiperespaço fez-se silêncio na sala. O mapa do quadro transparente alterou a sua configuração e passou a mostrar apenas o planeta Tatooine e o ponto azul em aproximação, arrastando a assinatura alfanumérica da nave. O comandante deu ordem para se apagar todos os canais de comunicação, exceto os três considerados prioritários. Alterou-se a cifra do feixe de transmissão, o cargueiro fretado criou uma barragem de interferências particularmente gigantesca. Todas as luzes de uma máquina acenderam-se e esta começou a apitar e a fumegar, o operário da manutenção abriu uma portinhola lateral e arrancou alguns fios, desligando-a dessa forma inortodoxa. Era uma baixa programada de equipamento.

— Mos Eisley – anunciou alguém.

Os músculos de Frint estavam doridos de tão contraídos.

O comandante da missão assentiu com a cabeça, olhou para um oficial subalterno que teclou freneticamente os botões da sua consola. No quadro transparente, o transportador de Luke Skywalker pairava sobre o planeta dirigindo-se para um relevo no mapa, a sudeste do deserto de Jundland, perto da pequena cidade de Anchorhead.

— Soldado Frint.

Ao escutar o seu nome, colocou-se em sentido.

— Senhor!

Foi-lhe ordenado pelo comandante da missão:

— Apresente-se ao seu superior. Fará parte do grupo inicial de assalto.

— Sim, senhor.

A porta blindada abriu-se e Frint atravessou rapidamente o corredor, para cruzar uma segunda e uma terceira portas, identificando-se com um código pessoal que lhe tinha sido atribuído antes de ter feito o caminho inverso. Ao lado dele seguia a segunda sentinela destacada naquele dia para o centro de comando, um rapaz pedante que atendia pelo nome de Jorr.

Estava ainda mais excitado. Iria participar no grupo inicial de assalto que iria abordar o cavaleiro Jedi. Quando saíra da prisão, depois de cumprir a sentença de três dias de detenção por ter sido apanhado bêbado em local restrito do aquartelamento, pensava que tinha destruído todas as suas possibilidades de se destacar naquela missão. Nem tão cedo veria uma promoção e aquela mancha no currículo inviabilizaria, nos tempos mais imediatos, qualquer hipótese de sobressair perante os seus pares e superiores. A guerra podia até acabar sem que ele fosse mais do que um mero soldado raso.

Fora alvo de chacota. Perguntaram-lhe se tinha gostado de se divertir com a coisa. Ele, pelo menos, era mais polido e chamava-a de criatura. Obviamente, nunca respondera às insinuações.

Jorr avançou e ele voltou à direita, passou para uma saleta onde um oficial fazia uma breve reunião tática. Escutou que iriam utilizar veículos terrestres rápidos, que seriam vinte homens armados com as pistolas pessoais SC-4 e que carregariam explosivos ligeiros para complementar a operação, a utilizar somente em último caso. Deveriam esperar a ordem expressa para atacar, mesmo que o alvo fosse identificado. Não estariam fardados, para poderem ocultar a sua identidade em caso de falhanço.

Saíram para o exterior e Frint viu que aos doze soldados que já lá estavam se juntaram os seis que montavam guarda às acomodações da criatura. Quatro deles subiram para um speeder munido de um atrelado onde repousava um contentor totalmente fechado, com uma única porta estreita, onde adotaram posições vigilantes. Ela estaria lá dentro e entrara sem que ninguém a tivesse visto. Estranhou não ter sido comunicado na reunião de que iriam escoltar a criatura até ao local de encontro com o cavaleiro Jedi. Uma operação desse cariz revestia um certo grau de subtileza. Tinha ficado com a impressão de que o objetivo era acercar-se do alvo e aguardar por segundas ordens.

Seriam comandados por um jovem tenente em que ele não confiava inteiramente, por isso não considerou fazer a pergunta que lhe resolveria a dúvida. Jorr subiu com ele para o veículo. Estava armado como uma espingarda laser DLT-19 de calibre superior e notou o uniforme debaixo do manto Tusken que todos usavam. Outras interrogações assaltaram-no. Não fazia ideia de que Jorr iria com eles, pois não estivera na reunião preparatória e, ao sair do centro de comando, tomara um caminho diferente do dele. A razão de usar uma arma mais potente era outra incongruência, o uniforme destoava. Frint segurou-se à barra do teto do veículo onde os outros soldados, à exceção dos seis guardas, se apinharam. Jorr foi para a frente e deixou de vê-lo. Prendeu a respiração. Estava demasiado tenso. Seria repreendido se se pusesse com indagações descabidas e não devia tornar a pisar em falso, depois de ter estado preso. A sua carreira dependia do seu autodomínio e preparou-se mentalmente para ser o mais eficiente possível. Estava ali para agir e não para pensar, então que parasse de imaginar asneiras.

O veículo pôs-se em movimento com um solavanco. Deslizava com uma velocidade assombrosa, num ritmo suave e constante. Como pairava sobre o terreno irregular, semeado de pedras, não oscilava, nem se sacudia, mas a rapidez obrigava-os a agarrarem-se firmemente à barra superior para não ficarem espalmados contra o parceiro da retaguarda e os últimos, por sua vez, esmagados contra a parede dos fundos da cabina. Havia uma abertura em ambas as laterais, na parte de cima, que cobria todo o comprimento, sem qualquer proteção que deixava entrar o pó levantado pelo veículo. Frint desejou ter o capacete munido de viseira da farda para evitar ter de dobrar o pescoço a fim de não ficar com os olhos congestionados.

Dois planadores imperiais do antigo modelo 74-Z adaptados ao deserto, montados por dois dos guardas da criatura, escoltavam o comboio e o seu característico som sibilante atraiu a atenção de Frint para a abertura do seu lado esquerdo. Viu passar a silhueta escura de Forte Tusken. Crispou a testa, intrigado com a rota escolhida. Julgava que se dirigiam a Anchorhead, ou mesmo a Mos Eisley, que não ficava de certeza no caminho para a capital do Povo da Areia. Pelo contrário, deveriam estar a seguir a direção oposta. Estariam a despistar eventuais aliados do cavaleiro Jedi que o poderiam avisar da aproximação de inimigos? Mas se ele não visitava o planeta desde o fim da guerra, para quê aquele tipo de precaução?

Cerrou os dentes, incomodado com o avolumar das suas dúvidas. Não compreendia porque se empenhava em contestar o que o rodeava, desde que tinha chegado a Tatooine. Porque persistia em encontrar falhas naquela operação delicada onde participava. Seria a proximidade da criatura que o confundia e, afinal, transtornava-o?

Olhou em frente, para as costas largas do camarada. A cabina enchia-se de um odor intenso a suor. Havia quem estivesse completamente assustado e suava copiosamente. Ao menos ele distraía-se a fazer perguntas a si próprio sobre os pormenores que ia captando, não ocupava a mente com medos estúpidos que só trariam mais perigo em caso de um confronto direto. Nesse nível, ele estava descansado. Sabia que cabia à criatura enfrentar o cavaleiro Jedi. Eles só estavam ali para proteger esse combate e assegurar-se de que ocorria, de facto.

Pensou nela, lutando contra Luke Skywalker.

O impacto súbito de uma palmada na nuca fê-lo cair para diante, afundou o nariz nas costas largas do camarada. Foram todos empurrados para a frente e os primeiros homens espalmaram-se na parede dianteira da cabina. Frint viu-se inclinado sobre um aglomerado de corpos, com os pés no ar.

Um milissegundo depois é que ouviu o estrondo da explosão.

Uma vaga sobreaquecida irrompeu pelo compartimento, estilhaçando a parede dos fundos, envolvendo tudo numa nuvem branca e escaldante. Frint empurrou o camarada para se poder agachar e proteger-se dos objetos voadores que matraqueavam a cabina. Escutou gemidos, gritos e desmaiou.

Despertou inspirando o ar sufocante. Sentiu a cabeça molhada, percebeu que tinha sido atingido. Estava a sangrar. Os ouvidos zumbiam, a boca estava seca do pó. Naquela análise imediata e apressada não encontrou outro ferimento e suspirou de alívio. Estava sepultado debaixo de ferros retorcidos, afastou os que conseguiu. Continuava preso, descobriu-se entalado entre cadáveres e o que restava da cabina. Estavam todos mortos.

O atentado fora inesperado. Não tinha tempo, todavia, para se pôr a lamentar os caídos ou para lamber as feridas. Tinha de verificar o estado global do comboio, contar as baixas, solicitar reforços, avaliar os estragos e contactar rapidamente o centro de comando. Tinha de saber também como se encontrava a criatura.

Despiu o manto, rasgou a túnica que usava por baixo, só assim foi capaz de se libertar do abraço metálico que o prendia. Arrancou a sua pistola laser SC-4 da amálgama de destroços. Girou para a direita, soergueu-se. Havia um extenso buraco na traseira da cabina e ele conseguia ver o deserto entre colunas de fumo negro. Estreitou os olhos.

Encontrou-a deitada de bruços, junto aos restos do contentor desfeito e tombado. Tinha os cabelos espalhados em redor da cabeça que lhe ocultavam o rosto, estava de braços e pernas abertos. Vestia o uniforme que a fazia reptiliana e era fácil de identificar por se tratar de uma mancha na claridade desértica. Não se mexia. Podia estar morta. Frint sentiu um aperto na garganta.

Deslizou pelo amontoado de metal rasgado, esperneou para afastar alguns pedaços, um corpo que lhe barrava a saída. Parou quando estava prestes a pisar o chão pedregoso.

Movimento junto à criatura. Por entre o fumo viu a aproximação de seres andrajosos, munidos de bastões arredondados nas extremidades. Eram verdes, com globos oculares pretos e salientes. Identificou-os como os Pickot, uns selvagens que traficavam escravos e que tinham uma preferência doentia por fêmeas de qualquer espécie. Contava-se que possuíam um harém do qual se serviam todos os bandidos, malfeitores e criminosos de Tatooine que tivessem o dinheiro suficiente para pagar a mercadoria requintada. Não eram muito diferentes do Povo da Areia, mas não havia notícia de grandes ligações entre as duas raças.

Frint rangeu os dentes. Um dos Pickot voltou a criatura com um pontapé. Debruçou-se, observou-lhe o rosto. Ela mexeu ligeiramente o pescoço, talvez tivesse detetado o cheiro do observador e ficasse incomodada. Estava viva e isso era uma boa notícia. Se despertasse, conseguiria evitar o rapto.

Os Pickot foram rápidos. O observador afastou-se, um segundo ser surgiu, agarrou na criatura pelos pés e arrastou-a. Ela continuou inconsciente apesar do tratamento violento. Os braços subiram ao longo da cabeça enquanto era arrastada, os cabelos sujaram-se de terra. Frint saltou da cabina destruída, urrando com o esforço. Empunhou a pistola e disparou um tiro laser por entre o fumo. Disparou outros tiros sem visualizar os alvos, para impedir que a levassem. Deu um passo em frente para começar a correr.

— Frint, para imediatamente!

Obedeceu à voz, num reflexo. Sabiam o seu nome, era alguém que fazia parte do grupo. Outro sobrevivente, um camarada.

— Deixa-os ir embora.

Respondeu atarantado:

— Eles… estão a levá-la…

— Deixa-os ir embora – repetiram-lhe. – Ela é descartável.

No início, não absorveu o significado das palavras. Estava ofegante e zonzo, sangrava de um corte na testa, tinha as roupas rasgadas e descobriu outro ferimento numa perna.

— O… quê? – gaguejou.

— Os acordos são para cumprir.

Viu um veículo afastar-se entre a neblina parda. Os Pickot levavam o brinquedo de Kram. Sacudiu a cabeça para se obrigar a despertar.

— Descartável? – indagou perplexo.

— Tudo foi feito para que a levassem. Cumprimos o que viemos aqui fazer.

— Um acordo? E os homens que morreram? Também faziam parte desse acordo? Também eram descartáveis?

O sobrevivente era Jorr que lhe disse:

— Danos colaterais.

As suas dúvidas regressaram numa cascata ígnea. Encolheu-se com uma terrível enxaqueca. Estava tudo errado, desde o princípio. Tudo errado.

Olhou para Jorr. Estava ferido como ele, um braço partido a pender inútil ao longo do corpo. Era uma lástima que fosse o esquerdo, devia ser o direito para o tornar num aleijado incapaz de usar a espingarda DLT-19 que segurava e apontava, destravada, pronta a disparar. Mostrava-se sobranceiro e com uma calma inquietante. Desfizera-se do manto Tusken e invocava a figura da autoridade no seu uniforme empoeirado. As botas pretas, contudo, brilhavam.

— O que se está a passar aqui? – exigiu Frint num grito rouco. – Quem permitiu que isto acontecesse? Fomos atacados e homens morreram para que levassem a criatura… que é descartável?!

Jorr não lhe respondeu o que só confirmava a estupidez do acontecimento.

— Não… pode ser – tornou a gaguejar. – Não pode ser!

Apontou-lhe a pistola. Jorr fazia o mesmo. Enfrentavam-se de arma em riste, ameaçando-se mutuamente. Tinham, os dois, excelente pontaria pelo que o resultado daquele duelo podia ser um empate que resultaria na morte de cada um deles. Tão inútil e ridículo como o cenário de destruição que os rodeava.

— Idiota! Estúpido idiota!

— Acalma-te, Frint.

— O que vai acontecer agora? Ela era a nossa missão.

— Não! A nossa missão é encontrar e neutralizar Luke Skywalker.

— É ela quem vai encontrar esse cavaleiro Jedi.

Jorr remoeu a informação e considerou-a insuficiente, logo completamente falsa.

— Estás enganado – refutou.

— Quem teve a ideia deste negócio?

— Ordens superiores.

— Não acredito! Não me vais conseguir enganar, Jorr! Quem esteve por detrás desta armadilha?

— O tenente e eu tínhamos as nossas ordens, particulares e secretas. Éramos os únicos que sabíamos o que se iria passar aqui. Recebemo-las antes de embarcarmos no comboio. A criatura deveria ser eliminada da missão, entregando-a como escrava para os Pickot.

— Impossível – balbuciou Frint desnorteado. – Impossível! No dia em que o cavaleiro Jedi chega a Tatooine, existem ordens para nos livrarmos da criatura? Eu estive no centro de comando como tu, não ouvi nada disso… Impossível!

— Não estou aqui para discutir as ordens que recebo.

A farpa enterrou-se no orgulho de Frint. O dedo tremeu no gatilho.

— Onde está o tenente? – perguntou entre dentes.

— Morreu.

— E tu sobreviveste?

— Sorte.

— Se queriam livrar-se da criatura, por que é que não entraram nas acomodações dela e lhe deram um tiro? Era mais limpo! Ou, se existia o negócio, por que motivo não a entregaram simplesmente aos Pickot, em Forte Tusken ou nos arredores? Andam por lá muitos desses tipos, a espiar fêmeas desprotegidas!

Olhou em seu redor, de relance. Três veículos de transporte terrestre destruídos, dois planadores individuais tombados, dezoito homens mortos, dois feridos, a criatura raptada pelos Pickot. Luke Skywalker em Tatooine.

— Não faz nenhum sentido, partires para uma operação onde podes morrer.

— Os soldados morrem, Frint.

Segunda farpa.

— O almirante da Belirium sabe o que vocês fizeram?!

— As ordens para esta operação secreta vieram diretamente da Belirium.

— De Kram?

— Não estás autorizado a pronunciar o nome dele.

— Cala-te, traidor maldito!

O sorriso de Jorr, atrás da espingarda laser, foi desconcertante.

— Tu és o traidor. Como tinhas tanto conhecimento sobre a criatura? Do objetivo da nossa missão em Tatooine? Onde obtiveste essas informações, supostamente classificadas e sensíveis? Muito provavelmente dos nossos inimigos, que tentam derrubar-nos e tecem uma teia de mentiras na sombra do Novo Senado.

Frint baixou a pistola, de repente.

— Não consigo manter o engano por muito mais tempo, Jorr. Não vale a pena… Já fui apanhado, não é?

— Sim, amigo.

— Podia estar morto…

— Esperava-se esse resultado final. Assim, amigo, os nossos problemas acabavam. Eu tinha concluído a operação e tu tinhas morrido como um herói. Nada mais justo, Frint.

— Sabes?

Viu o desleixo na posição do outro. O amolecimento do braço, a nesga que abrira na defesa, a exposição de um ínfimo ponto fraco.

— A justiça…

Disparou um raio laser que abriu um buraco na testa de Jorr. O soldado caiu duro no chão, morto num instante, o crânio varado pelo tiro.

— …é coisa que não existe – completou Frint pausadamente.

Enfiou a pistola no cinto, arrancou a espingarda laser DLT-19 dos dedos ainda quentes de Jorr. Era mais potente do que a sua arma e iria precisar de todo o poder de fogo que conseguisse reunir para resgatar a criatura das mãos dos Pickot. Levantou um dos planadores individuais, empurrando com o pé o cadáver que ainda segurava o volante. Verificou que ainda funcionava. Montou-se neste e arrancou veloz na direção que vira o veículo dos raptores tomar.

Não ficara convencido com o que lhe contara Jorr. A estranheza dos acontecimentos, desde a coincidência de aquele comboio ter ocorrido no dia da chegada do cavaleiro Jedi a Tatooine, até à negociação secreta com os selvagens que, no fim de contas, iriam rebentar com eles para legitimar de alguma forma dúbia o ataque e a abdução, não ligavam com tudo o que sabia ser verdade, porque a criatura não lhe tinha mentido. Essa era a única certeza que tinha. A criatura não o enganara. Não estava na sua essência, de uma pureza maligna, ser uma dissimuladora. Não tinha necessidade de o ser, devido ao poder que possuía. Os poderosos não se incomodavam com aqueles que lhes eram inferiores. Eram concisos e transparentes nas ações que os esmagavam.

Logo, só lhe restava uma coisa a fazer. Ir atrás da criatura e recuperá-la para a missão. Ao mesmo tempo desmascararia uma célula de conspiradores, o que apagaria da sua folha de serviço a vergonha da sua prisão. Ficaria para sempre conhecido pela sua feroz lealdade e nunca haveriam de duvidar da sua motivação. Teria a tão ambicionada promoção e veria, desde a tribuna dos líderes, o erguer de uma nova era de domínio militar sobre a galáxia.

Primeiro, teria de recuperar a criatura.

Devia ter enviado um sinal de socorro para o centro de comando antes de se pôr a caminho. Essa falha alfinetou-lhe o entusiasmo, mas esperava que não fosse considerada importante quando se fizesse a avaliação global do seu ato de bravura. O comboio tinha sido destruído, contava que o sistema computorizado do veículo principal já tivesse enviado esse sinal e eliminou essa preocupação.

O vento batia-lhe no rosto como um chicote. Semicerrava os olhos para evitar que se enchessem da areia fina que saturava o ar e pensava que também devia ter roubado os óculos protetores ao cadáver. Paciência, não iria voltar para trás por causa daquele detalhe insignificante. Aumentou a velocidade rodando um dos punhos do volante.

O sol estava a pique, crestando a paisagem. Não se podia distrair com as miragens que ondulavam na distância. Procurava pelo veículo dos Pickot, um speeder adaptado com um contentor para mercadorias que, pela envergadura e forma pouco aerodinâmica, não seria tão rápido como aquele planador individual e a conversa com Jorr não tinha durado o tempo suficiente para que se tivessem adiantado tanto. Mas o veículo parecia que se tinha desintegrado. Não o via em lado nenhum. Praguejou ruidosamente e encontrou, à esquerda, uma colónia composta por moradias arredondadas. Guinou para esse local e travou junto à primeira casa.

Saltou do planador, empunhou a espingarda laser DLT-19. Era pesada, confiável, dava-lhe toda a imunidade de que precisava para aquela investida tresloucada e solitária. Encontrou um trio de Pickot. Não tinha a certeza se faziam parte do grupo dos raptores, mas não lhe interessava. Mesmo que o quisesse, não conseguia distinguir aqueles asquerosos uns dos outros. Abateu um dos seres que caiu sob uma nuvem de fagulhas, apontou a arma ao segundo e berrou para o terceiro que, grunhindo assustado, agarrou no bastão para se defender.

— Onde é que ela está?!

Matou o segundo ser.

— Onde é que ela está?!

O terceiro levantou os braços e desatou aos guinchos. Estava claramente em pânico mas Frint não conseguia decifrar o que lhe estava a dizer e irritou-se. Apontou-lhe a arma e berrou:

— Onde é que ela está?!

O Pickot guinchava cada vez mais alto. O dedo de Frint encostou-se ao gatilho.

Um homem desfigurado e corcunda esbracejou ao lado do Pickot.

— Não o mates! Não o mates! – pediu enrolando a língua. – A mulher que procuras está aqui!

Queria encontrar o transporte que a levara, não o lugar onde a tinham escondido. Sentiu-se com sorte, a sua perseguição tinha sido abreviada.

— Onde?

A colónia não era muito grande. Do ponto onde se encontrava, uma rocha plana que formava uma espécie de praça de entrada, Frint conseguia ver toda a sua extensão. Meia dúzia de cúpulas enterradas numa terra dura, pátios murados, aparelhos e androides desativados, uma loja e uma cantina, muito lixo nos cantos. O homem apontou para uma casa ao fundo. Frint correu para lá, cingindo a espingarda. Estava arquejante e nervoso.

Um grupo de jawas rodeava a casa. Tentaram impedi-lo de passar, empurrando-o e gritando no seu linguajar típico. Enxotou-os e pontapeou a porta apodrecida que caiu com estrondo, levantando uma nuvem de pó. Cobriu a boca com o punho, tossiu. Entrou. Os jawas não o seguiram. Calaram-se e debandaram.

No centro da divisão caía uma cascata de luz vinda de um óculo aberto no topo da cúpula e havia uma calma sepulcral. No feixe luminoso flutuavam partículas minúsculas de poeira, o parco mobiliário e o chão estavam cobertos por uma camada de areia, uma cortina desfiada tapava uma passagem. Tudo indicava que a casa estava desabitada, começou a enraivecer-se por terem-no engando, até que se escutou um grito horrível vindo da divisão seguinte. O seu estômago contraiu-se, estrangulou a espingarda nas mãos.

Afastou a cortina, descobriu um quarto apertado munido de uma cama. Por cima da cabeceira uma janela comprida gradeada coava a luz da rua que se desenhava aos quadrados brancos sobre a figura que se contorcia sobre o colchão. Era a criatura. Um homem zarolho, sentado na cama, inclinava-se sobre ela, amparava-lhe as costas com um braço, calcava-lhe o centro da testa com a pedra negra que usava ao pescoço presa numa corrente grossa, murmurava uma ladainha num idioma antigo. O uniforme da criatura jazia rasgado junto à cama e ela usava um vestido comprido de corte direito, com um decote arredondado, bordado com desenhos geométricos que se repetiam nos pulsos das mangas largas. Tinham-lhe tirado as botas e estava descalça. Frint reconheceu o velho da cantina de Forte Tusken. O sangue incendiou-se nas suas veias, apontou a potente espingarda laser DLT-19 ao homem zarolho, fez pontaria. Um disparo à queima-roupa daquela arma iria desfazê-lo e não tinha a certeza se a criatura não ficaria com alguma queimadura, mas pelo menos teria desintegrado aquele maldito que nada tinha que ver, aparentemente, com o negócio dos Pickot.

Gritou transtornado:

— O que lhe estás a fazer? Afasta-te dela imediatamente!

O homem zarolho retirou a pedra negra. A testa da criatura tinha uma marca da mesma cor que fumegava. Gritou e escoiceou, mas parecia dominada pelas palavras misteriosas que o homem zarolho insistia em pronunciar num tom de ritual mágico. Ela não despertou, nem encontrou forças para se esgueirar daquela cama e das dores que experimentava.

— Afasta-te dela!

De repente, a criatura acalmou as convulsões. O homem zarolho soltou-a, ficou a vê-la fazer uma longa inspiração, soltar o ar dos pulmões e resvalar para um sono profundo. A marca da testa já não fumegava.

— O que lhe estás a fazer? Responde-me! – insistiu Frint.

— A dar-lhe novas memórias e a apagar-lhe as antigas. Quando despertar, não se vai lembrar do que aconteceu antes. Não se vai lembrar de quem é, nem o que está a fazer em Tatooine. A malvadez foi corrigida e haverá esperança.

Uma tontura fê-lo vacilar. Frint fixou a arma junto ao ombro, disse enraivecido:

— Não sei se te mate aqui e agora, se te levo comigo para que sejas devidamente torturado e executado. Vais lamentar ter interferido com O’Sen Kram.

— Oh, soldado. Não me assustas com as tuas ameaças…

O dedo tremeu no gatilho.

Frint baixou a arma, cada vez mais transtornado. Tinha encontrado a criatura e o seu objetivo estava cumprido. Não lhe competia julgar aquele velho louco, que outros fizessem justiça por ele. Deveria levá-la de volta para o aquartelamento e submetê-la a testes físicos. Tinham androides médicos para isso. Se estivesse amnésica, que fosse determinado por alguém de confiança, que o comandante da missão comunicasse com a Belirium, que Kram decidisse o que fazer com o seu brinquedo. Que se desembrulhasse o mistério de que ela seria mesmo descartável.

Passou a espingarda laser para a mão esquerda, aproximou-se da cama. O homem zarolho implorou-lhe com a voz trémula:

— Deixa-a dormir! Ela precisa de dormir… Tem estado sempre acordada desde que foi criada. Ela não é igual a nós, mas não é necessário que seja massacrada com regras que lhe prejudicam a parte física, que a tornam ainda mais terrível e implacável. Ela precisa de dormir.

O cansaço venceu-o. Frint deixou-se cair de joelhos. Balbuciou, sacudindo a cabeça:

— Ela não queria que a atmosfera doce de Tatooine a adormecesse. Ela não queria dormir aqui…

— A sua intuição dizia-lhe que iria transtornar-lhe a existência. Magnífica criação da luz…

Ente original. C.L.E.O., pensou Frint enlouquecido de fadiga. Sentou-se sobre as pernas, largou a espingarda, esfregou a cara. Os acontecimentos tinham tomado um rumo inesperado. No entanto, desde que saíra da sala do centro de comando convencido de que iria abordar o cavaleiro Jedi, as coisas começavam finalmente a fazer sentido. O velho dizia que era um feiticeiro, mas tinha a mesma aura da criatura. Um poder que o tornava imune à tentação de humilhar os seus inferiores. Nunca lhe mentiria. Tinha compreendido esse facto tarde demais, devia ter acreditado nele na cantina em Forte Tusken.

— Era para isto que querias encontrar-te com ela?

— Sim, soldado.

— Que memórias novas é que lhe deste?

— As memórias da guerra nas estrelas, entre o Império Galáctico e a Aliança Rebelde. A ascensão à glória de Luke Skywalker, todas as batalhas que resultaram no triunfo do Bem sobre o Mal, da luz sobre as trevas. O inefável poder da Força.

— Pensava que eras um feiticeiro do lado do Mal. Disseste-me que tinhas ajudado Kram a criá-la para que o ajudasse a ser vitorioso sobre a Nova República e definir uma nova ordem galáctica.

— Ajudei. Mas depois arrependi-me, como também te disse. – O homem zarolho olhou para as suas mãos alvas. – Não queria ter essa responsabilidade. Continuo a ser culpado e meritório de uma condenação exemplar. Mas não queria ter essa responsabilidade.

— Continuas a ser um miserável. Para mim és culpado e responsável!

— Poderei concordar, soldado.

Frint olhou para a criatura. Dormia abandonada sobre a cama. Pálida, tinha os lábios entreabertos, as pálpebras escurecidas e a marca negra no centro da testa. Os cabelos estavam entrançados. Estava mais viva do que quando a conhecera, dentro do tubo do líquido esverdeado. Nesse então, tinha acabado de ser criada. A noção era esquisita.

— Com essas memórias novas, ela vai criar uma ligação com o cavaleiro Jedi – disse, contemplando-a com uma certa pena. – Vai sentir uma espécie de obrigação, vai ficar baralhada, balançar entre o desprezo e a admiração. E como irá enfrentá-lo? Como conseguirá vencê-lo sem se recordar de Kram e da razão da sua criação?

— Ela queria um verdadeiro desafio, dei-lho. O antagonismo vai sempre existir entre ela e o cavaleiro Jedi, mas no momento certo ela vai recuperar todas as suas memórias e vai fazer a escolha certa.

— Como sabes que ela queria um verdadeiro desafio, velho? Nunca falaste com ela!

— Soldado, ela também foi criada por mim. Conheço-a, sinto-lhe as variações de humor, as suas ambições, caprichos e padecimentos. Sinto-a a dormir, finalmente apaziguada. Amo-a tanto como O’Sen Kram. Nunca duvides disso.

— De que… amas a criatura?

— De que O’Sen Kram ama a criatura!

Frint cerrou os dentes, incomodado. Ao permanecer ali com o homem zarolho, ao escutá-lo, ao pactuar com ele, ainda que indiretamente, naquela ingerência nos planos de Kram que envolviam a criatura, estava a trair o seu exército e o senhor que o comandava. A sua posição fora irremediavelmente comprometida. Desbaratava, mais uma vez, o seu futuro.

— Ele vai querê-la de volta…

— Kram não vai desistir da sua criação.

Nunca estivera errado nas suas suposições e dúvidas e observou:

— Então, ela não é descartável.

— Jamais o será.

— Mas o imbecil do Jorr contou-me que tinham recebido ordens para se desfazerem da criatura.

A boca fina do homem zarolho torceu-se num sorriso.

— Um simples truque mental, que qualquer aprendiz de Jedi consegue efetuar. Jorr acreditou que tinham mesmo recebido as ordens da Belirium para se descartarem da criatura. Infelizmente sobreviveu à explosão, assim como tu. O plano não incluía sobreviventes. Deviam ter morrido todos, menos ela.

— E o tenente?

— Só Jorr foi manipulado mentalmente. A história envolvia o conhecimento do tenente que liderava o comboio, para a tornar mais convincente para o pobre soldadinho que apenas obedecia a ordens superiores, mas se perguntasses diretamente ao tenente, ele não sabia de nada.

— Como foi que tudo aconteceu?

— Primeiro, contactei com os Pickot e fiz-lhes a venda da mulher. O dinheiro que obtive, deixei-o em Forte Tusken com uma família miserável. O único ganho que pretendia era apanhá-la. Como tu não me quiseste ajudar, naquele dia em que te encontrei na cantina, procurei por outro soldado. Não era difícil, os teus amigos costumavam aparecer no sítio com alguma frequência. Era só ter paciência e encontraria alguém disposto a entrar no meu jogo, facilmente manipulável. Dois dias depois de tu e eu termos conversado, apareceu o soldado Jorr na cantina. Contei-lhe uma versão diferente daquilo que te tinha revelado e ele ficou convencido de que eu iria ajudá-lo a desmascarar traidores. Foi fácil entrar-lhe na mente e plantar as suspeitas necessárias, as mentiras e os medos. Decidi agir quando o cavaleiro Jedi chegasse a Tatooine e hoje é esse dia.

— Foste tu que a vendeste como escrava?

— Um mero expediente para obter a criatura. Precisava de alguém experiente em raptos violentos. Os Pickot são perfeitos para esse tipo de trabalho e ao tratar-se de uma fêmea, empenham-se mais. Ela não é uma escrava, nem sequer foi marcada.

— Não tiveram tempo.

— Isso nunca fez parte do negócio. Ela é minha.

— Ela pertence a Kram! – exclamou Frint e a cabeça apertou-se com a enxaqueca que já o tinha incomodado. O sangue do ferimento, entretanto, secara.

Pressionou as têmporas com os dedos. Sentiu uma mão no ombro e sacudiu-a, assustado, arrastando-se pelo soalho empoeirado para se afastar do toque. O homem zarolho tinha-se aproximado com uma desenvoltura e rapidez que não condizia com o físico exaurido que exibia. Viu a pedra negra pendurada a balançar diante dos olhos.

— Podes descansar aqui, soldado. Ela não vai despertar tão cedo, mesmo que tu a tentes despertar.

Pigarreou para disfarçar o susto e replicou:

— Posso carregar com ela a dormir.

— Fica aqui. Ainda não chegou o momento.

— Que momento?

— Vela por ela, por favor.

O homem zarolho saiu do quarto, descerrando a cortina.

Frint levantou-se e sacou a sua arma pessoal do cinto, fixou a porta tapada pelo pano.

O homem zarolho não regressou.

Rendeu-se outra vez ao cansaço e sentou-se, encostando-se à parede onde estava a cabeceira da cama. Colocou a espingarda laser DLT-19 ao lado, pousou a pistola laser SC-4 no colo, a mão direita sobre a coronha. A cabeça tocou na parede rugosa. Estava um calor insuportável, mas ele adormeceu de seguida.


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Notas finais do capítulo

E desta maneira ficámos a saber como a Cleo perdeu as suas memórias antigas e ganhou novas memórias. Ficámos também a saber como apareceu com um vestido (parabéns à Dani Briefs que disse que era uma roupa para dormir!) e como ficou descalça. Ficámos ainda a saber como os Pickot entraram na história, mas no capítulo seguinte a sua obsessão pela criatura ficará melhor esclarecida.
Ela não dormia desde que tinha sido criada, o que a tornava mais instável. Provavelmente, o feiticeiro de Ekatha agiu bem.
Frint não larga a Cleo - por lealdade a Kram, lealdade a si mesmo e aos seus princípios ou lealdade à criatura?
Luke Skywalker já está em Tatooine...

Próximo capítulo:
O desfiladeiro.



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