A Criação da Luz escrita por André Tornado


Capítulo 21
Imagens que enganam


Notas iniciais do capítulo

"A visão que surgiu perante os meus olhos apresentava o horror de um sonho dentro de um sonho, com a certeza da realidade acrescentada."
in A Joia das Sete Estrelas, Stoker, B., Editorial Estampa, 2013



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Sentia-me culpada pela morte de Colin. Pela primeira vez, alguém que estava do lado certo daquela contenda morrera por causa de mim. Os remorsos mordiam-me tanto como as ferroadas na perna direita ferida, que recomeçara a doer-me. Do lado certo, ou seja que não seriam inimigos, como os Pickot raptores ou os soldados anónimos de Kram que davam a sua vida enquanto pretendiam capturar-me na antiga base imperial do lado sombrio de Luyta. E começava seriamente a recear não conseguir cumprir a promessa de pagar a Morva Senthy por aquele trabalho que se revelava cada vez mais perigoso e de o seu ressentimento em relação a mim, porque lhe matara o companheiro, levá-lo a cometer o crime de me assassinar a sangue frio e largar-me como lixo no vazio espacial.

Seria outra das formas ridículas da criatura de O’Sen Kram terminar.

A porta do elevador abriu-se num piso inferior e saí a acompanhar o contrabandista que se mostrava cada vez mais inquieto. Estranhei o ar fresco da noite e compreendi que tínhamos saído para o exterior do complexo. Ao fundo, as copas das árvores da floresta a coroar o conjunto sombrio, um aglomerado de torres altas e edifícios de opressivas paredes escuras. Um arrepio arrefeceu-me o corpo cansado.

— Estamos perto dos hangares?

— Sim, miúda – respondeu-me entre dentes. – Vamos para a minha nave, como te disse, e abandonar Luyta antes que seja tarde demais. O exército poderá ter dado ordem para fechar os corredores de saída do planeta e então… é que a nossa fuga será difícil.

— Mas não impossível.

— Se fosse impossível, não estaríamos a ir para a minha nave. Temos de ir para qualquer sítio, se ficarmos parados seremos apanhados.

Não insisti na obtenção das explicações sobre os nossos próximos passos. Teria de, novamente, entregar a minha vida nas mãos daquele contrabandista interesseiro, desagradável, sedutor, mas muito corajoso. Se fosse o meu destino acabar assassinada por ele, pois que fosse… Estava demasiado esgotada, naquele ponto, para me importar. Só queria fugir dali e encontrar uma outra maneira de contactar Coruscant e a senadora Leia Organa Solo, outra maneira de salvar o cavaleiro Jedi.

Após rodear uma torre e de subir um lance de escadas discreto, começámos a atravessar um passadiço metálico que corria ao longo de um edifício imponente e que se elevava sobre diversas pistas de aterragem redondas, a maioria vazias e apagadas, invadidas pela vegetação.

Morva estendeu um braço diante de mim e parámos. Escondemo-nos atrás de um respiradouro composto por vários tubos aglomerados. Ele apontou com a sua arma num gesto rápido.

Numa pista de aterragem, iluminada e atarefada, onde as plantas indígenas haviam sido recentemente cortadas, repousava uma nave espacial com a rampa de acesso em baixo, guardada por homens de negro e vermelho. O transporte pertencia ao grupo de assalto que nos perseguia e, pelo que nos era dado ver, se esse primeiro pelotão falhasse haveriam reforços para concluir com sucesso a missão que lhes fora atribuída.

— Temos de dar a volta. Não quero arriscar sermos descobertos quando estamos tão perto de escaparmos desta – anunciou Morva.

— Se eles estão aqui, já terão descoberto a tua nave.

— Pouco provável. A minha nave está numa pista secundária que poucos conhecem. Mas o caminho mais rápido para lá chegar era por aqui, por uns atalhos que conheço bem. – Encolheu os ombros. – O que interessa é não darem connosco até estarmos no ar. Mudança de itinerário não implica uma mudança de planos. Continuamos a fugir!

— Lidera, estou a seguir-te.

Passou-me os dedos pelo queixo, sorriu-me, piscou-me o olho. Cerrei os dentes para não lhe mostrar uma careta. Não gostara da excessiva familiaridade.

— Assim é que se fala, miúda.

Saímos do esconderijo, fizemos uma inflexão, descemos uma escadaria que rodeava uma das torres gigantescas, monumento calado à obliterada superioridade imperial. Corremos por um outro passadiço, secundário, provavelmente utilizado pela manutenção, que passava atrás da nave inimiga estacionada. Havia soldados de vigia mas os nossos passos eram silenciosos e nenhum volveu a cabeça para cima, pelo que a nossa fuga prosseguia sem que fossemos descobertos.

A dor de um golpe invisível afundou-se no meu estômago e fui com um joelho ao chão. Arquejei, cuspi uma pasta amarga. Cobri a boca com os dedos, assustada com aquela reação física. Analisei a túnica e não havia nenhum sinal de que tivesse sido atingida por algum raio ou projétil, o meu único ferimento continuava a ser o da perna direita. Morva parou mais adiante, a olhar-me admirado.

Na traseira da nave inimiga era acionada uma rampa auxiliar que descia devagar aos rangidos, até que se imobilizou na pista soltando nuvens de vapor que acentuaram a luz vermelha do compartimento que se abria. Agarrei o tubo que servia de amurada ao passadiço. Recuei ligeiramente para que a sombra do edifício escondesse a minha presença, colei as costas à parede fria. Morva agachou-se junto a mim.

— O que se passa? Vamos embora!

— Espera… – soprei.

Quatro soldados desceram a rampa e postaram-se na pista, dois de cada lado, como numa escolta. Tinham espingardas laser cingidas ao peito, prontas a disparar. Olhavam em frente vigiando atentamente as sombras e qualquer movimento suspeito. Apertava o tubo com tanta força que os nós dos meus dedos estavam brancos. Empurrei o outro braço contra o estômago, que se embrulhava numa náusea estranha.

— Estamos a perder tempo – sussurrou-me Morva num tom ameaçador.

Ao meu lado direito existia um desnivelamento que descia até outro passadiço semelhante, um gradeamento estreito balizado por um corrimão tubular que conduzia a um estreito corredor que desembocava diretamente na pista de aterragem onde estava a nave inimiga que eu e Morva observávamos. Junto a esse corredor viam-se as ruínas do que fora outrora um posto de vigia, esventrado por plantas e raízes da floresta invasora.

Saíram outros dois soldados a acompanhar um prisioneiro velado por uma longa capa castanha. Fechei os olhos com a súbita dor que me esmagou as têmporas. Sentia a minha cabeça espremida num torno. Deixei um gemido escapar-se dos lábios. Morva pousou uma mão no meu ombro.

— Vamos embora! – repetiu. – Não me pareces bem… É o ferimento?

Continuava a proteger ferozmente o seu investimento, pensei cínica. O seu interesse não tinha uma nesga de genuíno, tratava-me como outra das suas mercadorias preciosas, provavelmente menos preciosa do que a unha de um verca. Pestanejei para desanuviar a vista. O homem velado pela capa castanha estava algemado e as mãos sobre o hábito era a única porção do corpo que conseguia vislumbrar, mas não precisava de ver-lhe o rosto escondido no largo capuz para saber a sua identidade.

— Luke…

Ao verbalizar o nome do prisioneiro a minha alma torceu-se de ansiedade, a minha mão esmagou o tubo da amurada ao ponto de conseguir amolgá-lo ligeiramente.

O cavaleiro Jedi tinha sido trazido para a antiga base imperial de Luyta, por que motivo era um mistério. Seria para ajudar na minha captura? Franzi a testa. Essa ideia não fazia qualquer sentido…

Morva observou os danos que causara no tubo da amurada, surpreendeu-se com a minha força e soltou-me o ombro. Falou-me ao ouvido, cada vez mais impaciente:

— Miúda, não sei o que te deu, mas ficar aqui não ajuda nada. A minha nave ainda está longe com a volta que temos de dar e se as saídas de Luyta estiverem vigiadas por estes tipos, temos à nossa espera uma batalha no ar que não vai ser agradável. A minha nave é um cargueiro, não um caça! Tenho alguns truques para me defender de um ataque hostil, mas o meu poder de fogo não é muito grande e o ataque que imagino será mais uma manobra dissuasora antes de entrarmos no hiperespaço e escaparmos. Estás a ouvir-me? Não te vou deixar para trás… Por muito que me apeteça. Já arrisquei demasiado o meu pescoço para não ser devidamente recompensado por todo este incómodo!

Eu estava a sufocar, a perder as forças, a ser consumida por um fogo invisível. Vozes que me inundavam o cérebro gritavam ao mesmo tempo sem que eu percebesse uma palavra. Forcei-me a engolir a saliva que me arranhou a garganta seca e anunciei:

— É o cavaleiro Jedi!

— Qual Jedi? Os Jedi já não existem… Morreram todos com a Antiga República.

Olhei atarantada para o contrabandista.

— Luke Skywalker foi o cavaleiro Jedi que derrotou Darth Vader e ajudou a Rebelião a vencer a guerra contra o Império Galáctico – expliquei.

— Já ouvi essa história, num bar clandestino num sistema de reputação duvidosa. É engraçada para entreter as crianças e para distrair as mentes crédulas. Não esperas que acredite nisso!

Soltei o tubo amolgado que vibrou ligeiramente. Morva levantou-se, puxando-me por um braço, colando-me a ele. O prisioneiro parou no fim da rampa e ficou rodeado pelos seis soldados. Sacudi o braço para me soltar, encarei-o.

— Não vou continuar a seguir-te quando a pessoa que quero salvar está ali em baixo! – anunciei com veemência.

— Pensava que querias enviar uma mensagem para Coruscant! – protestou Morva zangado.

— Para salvá-lo! – repliquei, apontando para o prisioneiro.

O contrabandista passou uma mão pelo rosto congestionado.

— Isto não me está a acontecer – resmungou.

Apareceu um oficial que falou com um dos soldados da dianteira.

Morva distraíra-se por momentos e baixara a pistola, que pendia junto à perna. Aproveitei essa oportunidade. Sem pensar no que fazia, atirei-me para o desnivelamento e escorreguei até ao passadiço inferior. Aterrei sentada, pus-me de pé, corri pelo corredor estreito, sempre junto à parede. Escutei passos, Morva seguira-me.

— Espera! O que julgas que estás a fazer?!

Ele também não estava a mostrar grande prudência ao ter largado aquele grito. Os soldados e o oficial que protegiam o prisioneiro ficaram em alerta, escutei uma ordem seca, as espingardas laser a serem colocadas em estado de prontidão. Saltei para as ruínas do posto de vigia, uma raiz e um tufo de folhas húmidas amorteceram-me a queda. Procurei um esconderijo, um lugar discreto que me possibilitasse a visão desimpedida para a rampa e o prisioneiro, mas um braço enrolou-se no meu pescoço e caí para trás. O cano da pistola de Morva Senthy colou-se à minha testa. Deixei de respirar.

— Quieta!

Tinha as mãos junto às orelhas, abri-as a indicar que me rendia.

— O que pensas fazer, sua louca? Não estás armada e vais enfrentar-te a seis soldados bem treinados e com licença para matar?

— Não me vão matar – disse, com pouca convicção.

— Ah, não? Há pouco, na sala de comunicações, não me pareceu que tivessem uma ideia diferente. Se o Colin não estivesse por perto, aquele disparo estava-te destinado e, nesta altura, os meus problemas seriam bem menores.

Apertei os lábios e fechei os olhos. Ele tinha razão.

Morva afastou o cano da minha testa. Sentia-me estúpida por ter sido tão impulsiva. Aceitei a mão dele que me ajudou a levantar e escondemo-nos atrás de um bastidor decrépito, enrolado numa densa planta trepadeira. Na pista, junto à rampa, os soldados, de armas em riste, vigiavam o perímetro, à procura da perturbação que lançara o alarme. O oficial estava junto ao prisioneiro, também de arma pronta a disparar. Os seus olhos passavam uma revista rápida pelas sombras e acabou por descobrir o arruinado posto de vigia. Morva sussurrou uma série de impropérios.

— Qual é o teu plano, miúda?

Observei o Jedi imóvel. Eu devia ter um plano, mas não tinha. Agira por instinto, para ser mais sincera por estupidez. Bem, nada que não se pudesse remediar, pois nada tinha sido comprometido. Se não tinha um plano, arranjava-se um, bastava pôr o cérebro a funcionar. Respirei fundo. Poderia servir de isco, aparecia como se me estivesse a entregar, o Jedi confirmaria a minha identidade. Depois o contrabandista atacaria os soldados, a começar pelo oficial… Eu e o Jedi ajudaríamos o contrabandista e assim seríamos três contra sete, talvez contra quatro pois alguns dos adversários já teriam sido neutralizados. A seguir, fugiríamos pelo passadiço até à pista de aterragem onde estava o cargueiro do contrabandista e deixávamos o planeta rumo à liberdade. Poderia finalmente avisar Coruscant… Luke anunciaria que estava vivo e seria ele a falar com Leia Organa Solo.

Sorri, agradada com aquele plano improvisado. Abri a boca, mas as palavras enrolaram-se-me na língua. Comecei a gaguejar:

— Acho que… acho, eu saio e… Eu vou…

— Como, miúda? Não te estou a perceber!

Um isco.

Observei o Jedi. Via a sua figura altiva, impecável, familiar, mas era tudo um engano. Aquele não era Luke Skywalker.

Queria falar mas só me saíam gaguejos patéticos. De repente, tinha conseguido perceber o que estava a acontecer. Quando me tinha sentido mal não fora por ter identificado a presença do cavaleiro Jedi, fora um aviso para que não seguisse os meus olhos que desejavam acreditar no que estavam a ver, cegos a qualquer outra sensação mais avisada e clarividente. Eu era poderosa com a Força, deveria guiar-me por esta sem duvidar desse poder místico que era incompreensível para a maioria dos povos daquela galáxia. Mas eu não estava treinada, desconfiava daquilo em que me podia transformar quando fora criada para aniquilar o lado luminoso dessa energia.

Era como se eu me estivesse a desligar do mundo físico. Resvalava para um abismo sombrio, ainda mais escuro do que os recessos fantasmagóricos pejados de bestas selvagens da floresta de Luyta. Por entre as pestanas vislumbrei o cavaleiro Jedi imóvel. Aquele não era Luke Skywalker.

— Foge…

— O quê, miúda?

— É uma armadilha. Foge – repeti alucinada, a conciliar-me comigo, a tentar unir a alma com o corpo perecível que O’Sen Kram tinha moldado.

Forcei-me a respirar, a viver. A aterrar naquele mundo físico que eu devia eliminar para glória do meu criador. Tudo era claro, feito de luz, menos aquele prisioneiro que não passava de um espectro amaldiçoado, vazio de vida, despojado de alento. Até os soldados eram brancos, até o oficial, que não hesitaria em matar-me se me apanhasse na mira da sua arma laser, era branco.

Voltei o pescoço para a esquerda. Um assombro aqueceu-me o sangue. Ofeguei animada por uma grande excitação, felicidade, um arroubo de maravilhas inenarráveis. O meu coração batia descompassado, mais vivo que nunca, apaixonado, fervente. Vi através das paredes grossas da base imperial abandonada, cruzei a prisão que o tornava invisível, alcancei-o e toquei-lhe com a ponta dos meus dedos etéreos.

— Luke!

O prisioneiro não era o cavaleiro Jedi, mas o cavaleiro Jedi estava naquela base. Algures, trancado numa minúscula cela, sentado e meditabundo, aparentemente resignado, envolvido numa teia metálica que lhe tolhia as habilidades com a Força, fazendo com que lhe fosse impossível lançar uma mensagem telepática de ajuda e mostrar onde estava.

Apertei a cabeça entre as mãos. Era como se me tivessem atravessado o crânio com um espeto. Dobrei-me sustendo os gemidos, tremendo descontroladamente. Alguém não queria que eu descobrisse a verdade, porque o que importava era o cenário, o engano, a dúvida que empurraria a ação na direção errada. Kram… Era tão evidente a influência do senhor do trono negro que desatei a rir-me. Sim, ria-me na cara de O’Sen Kram e a dor começou a diminuir.

Endireitei-me combatendo a intrusão, fechando-me, protegendo as minhas fragilidades, as minhas descobertas, os meus poderes insignificantes, a Força que me envolvia, que me escudava, que me fazia una com o Universo. E então, descobri a última peça daquele jogo.

— Leia…

A senadora Leia Organa Solo, a indomável princesa de Alderaan que combatera pela Aliança Rebelde, estava na base imperial abandonada. Voltei o pescoço para a direita.

O contrabandista estava horrorizado com as minhas convulsões. Ignorei-o.

Um relâmpago iluminou-me a mente em revolução. Era tudo demasiado nítido, óbvio. Os homens de Kram estavam na base por causa de Leia e tinham utilizado o clone do cavaleiro Jedi como isco para apanhá-la, ao mesmo tempo que mantinham o verdadeiro cavaleiro Jedi por perto, pois tinham necessitado dele para alimentar a mentira e confundir a senadora ainda inexperiente nos caminhos da Força. Com a eliminação dos dois irmãos, herdeiros naturais do poder na galáxia, a ofensiva que O’Sen Kram preparava não teria grande resistência e a sua vitória seria rápida e avassaladora. Por isso, a lógica deste discernimento ditava-me que aqueles soldados estavam ali por causa de Leia e não por causa de mim, o que significava que mesmo com a ligação única que tinha com Kram, eu não estava totalmente à sua mercê e que, de certo modo, conseguia ficar em relativa segurança, longe da sua perceção e domínio, desde que mantida uma fronteira específica, artificial ou natural, criada por mim ou por outra pessoa.

— É uma armadilha! – afirmei.

Morva Senthy afastou-se às arrecuas.

— Como é que sabes?

— Aquele… não é o cavaleiro Jedi.

— Como é que sabes?

Admirei-me com o medo do contrabandista.

Um raio laser raspou-me a cara, o zunido tão próximo que lhe senti o calor. Atirei-me para o chão para me proteger e depois reparei que afastara-me de Morva. A abertura do posto de vigia que indicava que ali tinha existido uma porta ficou a separar-nos. Eu estava de um lado e ele do outro. O oficial dava ordens aos soldados para invadirem o posto, enquanto disparava sem parar para nos obrigar a ficar quietos.

O contrabandista tentou contrariar os raios laser ininterruptos que choviam sobre nós, mas foi em vão. Não tinha ângulo para dissuadir o oficial e os soldados que corriam na nossa direção e que também disparavam.

Rastejei sobre o entulho à procura de uma escapatória, mas tudo me parecia bloqueado. A única saída era aquela por onde tínhamos entrado, uma abertura no teto apodrecido, mas estava do lado de Morva e eu, aparentemente, estava encurralada. Escalei um bastidor, mas mesmo em cima do móvel estava demasiado longe do teto. Encontrei uma abertura estreita, que tinha antes servido de janela pois ainda existiam pedaços de vidro partido nos caixilhos. Espreitei para o exterior. Os soldados avançavam para o posto, devagar mas de forma sistemática. Olhei para o prisioneiro. Já não estava algemado.

Os disparos enchiam o lugar de fumo pestilento e de confusão. Morva gritou-me qualquer coisa que não consegui perceber. Eu fixava o prisioneiro velado que segurava nas mãos um objeto redondo com uma cintura luminosa branca. Reconheci um detonador térmico. O capuz deslizou e revelou a caricatura do cavaleiro Jedi. Um rosto diabólico de olhos vazados. Não soube precisar se aquele par de buracos negros se fixava em mim.

Atirei-me para trás.

Uma explosão pavorosa encheu o ar de fogo.


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Notas finais do capítulo

A frase emblemática "It's a trap!" ("É uma armadilha!") teria de estar nesta história Star Wars...
E agora, Cleo? Depois daquela explosão... o que restará?
Muitas informações importantes: apesar de aquele que a Cleo encontrou e tentou se aproximar não ser o Luke Skywalker, o cavaleiro Jedi está na base abandonada. E nesse lugar de mil perigos também se encontra... a Leia. E certamente, a senadora não estará sozinha. A Cleo usou a Força e sentiu a presença dos dois irmãos.

Próximo capítulo:
Encontros



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