Dépendance escrita por KarenAC


Capítulo 7
Capítulo 7 - Ameaça


Notas iniciais do capítulo

Antes de começarem a ler esse capítulo, sugiro que releiam o anterior!
Eu adicionei algumas coisas que achei que fizeram falta lá!
Isso acontece quando eu escrevo rápido demais e esqueço de despejar todas as ideias no capítulo x__x
Mas acho que vai valer a pena, então aproveitem ^___^



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A excessiva atenção que se presta ao perigo faz que muitas vezes nele se caia.

Jean de La Fontaine

 

Marinette entrou no quarto e jogou a bolsa no chão, atirando-se sobre a cama. Por algum milagre, havia sobrevivido a mais um dia na escola. Adrien havia chegado na aula atrasado, assistido a um único período em absoluto silêncio ao seu lado e saído logo depois como chegou, sem dizer uma palavra. Era praticamente o mesmo comportamento que tinha antes de ir embora de Paris quatro anos antes. Ela não conseguia nem ficar surpresa. Apesar daquilo, estranhava que de um dia para o outro, o humor dele mudara consideravelmente. Num dia, ele estava lá, provocando-a até o limite, e no outro nem olhava para a cara dela. Suspirou, apoiando o antebraço sobre a testa, enquanto olhava para o teto.

“Você já devia saber que seria assim, né Marinette? Ele sempre foi assim.” resmungou para si mesma, virando o corpo na cama.

Viu os livros que tinha jogado no chão e gemeu. Precisava terminar aquele projeto de História até o final da semana, mas se não dormisse, não conseguiria sobreviver àquela noite. Havia prometido que iria se encontrar com Chat Noir no esconderijo dele. Um frio lhe percorreu a barriga. Não sabia se estava preparada para ouvir o que ele tinha a lhe dizer, mas odiava mais ainda sentir que não sabia o que estava acontecendo ao seu redor.

“Marinette, pode descer um pouco?” Sabine gritou do andar de baixo e no mesmo momento Marinette se despediu da possibilidade de descansar.

“Posso sim, mãe!” respondeu, sentando na cama e juntando todo o resto de forças que tinha para levantar e descer as escadas. Na cozinha, Sabine arrumava uma porção de embrulhos, e pelo conteúdo dos que ainda estavam abertos, Marinette notou que eram encomendas de salgados.

“Dá uma ajuda pro seu pai lá nos fundos que eu preciso terminar essas encomendas.” Sabine parecia feliz. Depois que o movimento na padaria melhorou, seus pais pareciam estar um pouco mais tranquilos com todo o problema financeiro que andavam enfrentando.

“Pode deixar.” Marinette foi até a padaria e viu Tom atrás da caixa registradora, atrapalhado com a fila de clientes que esperava.

Marinette sempre pensava que se seu pai fosse um animal, ele seria um urso. Ele era quase do dobro do tamanho de Marinette, e à primeira vista parecia apenas grande e ameaçador, mas ali, à frente de uma caixa registradora, atrapalhado com botões que eram pequenos demais para seus dedos, parecia uma criança. Marinette colocou a mão sobre os lábios para disfarçar o riso e agarrou um dos aventais pendurados no cabide da parede, colocando a mão sobre o braço do pai.

“Deixa que eu faço isso, pai.” ela sorriu para Tom, que suspirou aliviado.

“Graças a Deus, Marinette. Você é meu anjo da guarda.” ele sorriu e deu um beijo na testa de Marinette. Algumas pessoas que estava na padaria suspiraram com a demonstração de carinho dos dois. Aquela era a família Dupain-Cheng. Eles não tinham vergonha de mostrar que se amavam.

“Nunca tenha vergonha de demonstrar amor.” a mãe de Marinette sempre dizia “Amor deve ser demonstrado sempre que sentido, ou você poderá se arrepender para sempre.”

E lembrando do conselho da mãe, Marinette havia atirado aquelas palavras nos ouvidos de Adrien quatro anos atrás. Quem diria que seria justamente aquilo que a fazia se arrepender agora.

Marinette ajudou o pai na padaria durante toda a tarde, e conforme o sol descia no horizonte, o movimento diminuía, até que a hora de fechar chegou e Tom se preparou para sair com Sabine e fazer as entregas.

“Nós precisamos levar esses salgados para uma festa, e devemos voltar só pela manhã.” Sabine falava com Marinette enquanto carregava os embrulhos porta afora “Tem certeza que você vai ficar bem?”

“Mãe, eu não sou mais criança.” Marinette bocejava “Além do mais, eu vou ir dormir mais cedo hoje. Estou acabada.” ela se espreguiçou, falando a meia verdade para Sabine que ergueu uma sobrancelha.

“Eu não sei o que você anda fazendo que te deixa assim tão cansada. Você até parou com os treinos.” Sabine carregava o carro de entregas enquanto Tom checava o motor.

“Eu tô com uma pilha de trabalhos e tenho ficado até tarde acordada terminando eles.” Marinette sorriu, sentindo a mentira fácil sair.

“Tá bem, tá bem.” Sabine virou-se batendo as mãos uma na outra para limpar os farelos dos salgados “Nós vamos indo então. Se comporte, hein?” Sabine andou até a filha, dando-lhe um beijo no rosto.

“Boa entrega, mãe. Vão com cuidado.” Marinette abanou e viu os pais entrarem no carro e se despedirem com um toque da buzina.

Ela entrou pela porta da padaria e andou até o fundo, dirigindo-se para dentro da casa, quando lembrou que tinha esquecido de trancar a porta. Nesse exato momento, ouviu o sino que ficava na porta da padaria soar e gemeu. Estava esgotada, mas parecia que o trabalho não tinha fim.

"Boa noi-" ela começou o cumprimento com um sorriso, mas sentiu os cantos de seus lábios serem puxados para baixo como se pesassem uma tonelada. Parado no meio da padaria estava Adrien Agreste.

Ele vestia uma camisa preta de mangas compridas e uma calça jeans surrada. Óculos escuros cobriam seus olhos, mas pelo sorriso que ele tinha nos lábios, ela já sabia o tipo de brilho que eles estariam escondendo. Lá estava ele de novo, com aquela mesma expressão, parecendo um Adrien completamente diferente do que tinha aparecido na escola.

"Boa noite, Marin-"

"O que você quer?" Marinette interrompeu, não esperando ele terminar a frase.

"É assim que você trata seus clientes?" ele levou a mão até o rosto e tirou os óculos escuros, pendurando-o na gola da camisa. Viu os olhos verdes que tanto admirara no passado, agora cheios arrogância e audácia. Porém, sob eles, Marinette estranhou ao ver olheiras. Será que ele não andava dormindo direito de novo? Ela franziu a testa com o pensamento. Não se deixaria abalar. Afinal, ele não merecia a preocupação dela.

"Não, assim que eu trato as pessoas que não são bem-vindas aqui." Marinette cruzou os braços, inclinando a cabeça na direção dele. “E quem diabos usa óculos escuros à noite?”

“Eu uso.” Adrien falou como se fosse algo óbvio e Marinette revirou os olhos.

"E eu fiz uma pergunta primeiro. O que você quer?" ela repetiu, sentindo uma ruga curvar sobre a própria testa.

"Eu quero cinco pães." ele sorriu, caminhando até o balcão e inclinando-se sobre ele. Marinette crispou os olhos como se tentando enxergar ao longe, além das palavras vazias e atitude superficial dele.

"Você veio comprar pão?" ela permaneceu com os braços cruzados e apertou os olhos com mais força "Você não come pão, Agreste."

"Quem disse que não?" ele ergueu uma sobrancelha, tamborilando os dedos sobre o balcão da padaria. Adrien respirou fundo "E dá pra parar de me chamar de Agreste?"

"Você mesmo me disse, Agreste." ela pronunciou o sobrenome dele com mais veemência "O trabalho de modelo, lembra? Toda a história de contagem de calorias." Marinette quebrou o quadril, sentindo um sorriso fácil chegar aos lábios.

"Isso é passado, Cheng." Adrien inclinou-se mais sobre o balcão, pronunciando o sobrenome dela como provocação. Qual era o problema daquelas pessoas com o sobrenome dele?  "Agora você pode me dar cinco pães ou vou ter que abrir uma reclamação formal com os seus chefes?" ele sorria, debochando da posição dela na padaria.

Marinette bufou e pegou um saco de papel, abrindo-o e jogando cinco pães lá dentro com a menor vontade do mundo.

"E como tá o movimento por aqui?" Adrien perguntou casualmente olhando em volta.

"Agora tranquilizou, mas há pouco esse lugar estava explodindo de gente." ela respondeu distraída, calculando o preço na máquina registradora.

"Imaginei mesmo, depois que a confeitaria ali embaixo foi vendida." ele entregou o dinheiro por cima do balcão.

Marinette sentiu algo lhe lançar um frio no estômago e ergueu os olhos franzidos na direção dele. Ele não tinha como saber aquilo. Toda aquela área ficava muito longe da casa dele. Muito longe da área rica e cheia de mansões de Paris.

"Como você sabe que a confeitaria foi vendida?" ela perguntou devagar, quase murmurando, enquanto entregava o troco e o saco de pães para ele.

"Porque fui eu que comprei." Adrien deu as costas para ela e saiu pela porta da padaria, fazendo o sino da entrada tilintar e a raiva de Marinette crescer dentro de si.

Ela correu até a porta da padaria e agarrou Adrien pelo braço, virando-o com força na sua direção. Tinha vontade de gritar até sentir a garganta sangrar. De espancá-lo até ver ele desmaiar. Conter todos aqueles impulsos a faziam tremer incontrolavelmente.

“O que você fez?” ela rugiu entre os dentes, semicerrando os olhos em fúria e contraindo os punhos com tanta força que as unhas cravavam na palma das mãos.

“Eu que comprei a confeitaria. Por quê?” ele perguntava como se aquilo não fosse nada demais. Como se fosse uma ação do dia-a-dia, algo que não necessitava de motivos ou esforços para fazer.

“Por que você fez isso?” Marinette sentia o coração palpitar enlouquecidamente dentro do peito. Parecia a mesma conversa. Tudo de novo. Era o passado voltando à tona. Sentia algo lhe corroendo por dentro por estar se permitindo passar de novo por aquilo.

“Porque eu quis. É um bom estabelecimento, e investir em imóveis é um negócio seguro.” ele explicava calmamente, olhando-a sob as pálpebras semicerradas, com o queixo elevado em uma pose de afronta.

Marinette franziu a testa enquanto olhava para a expressão no rosto de Adrien. Ele não mostrava qualquer hesitação, mas ela sabia que ele estava mentindo. Conhecia ele bem demais para achar que a venda da confeitaria era apenas coincidência, porque era aquilo que Adrien Agreste fazia. Ele agia do jeito que queria, justificando suas atitudes baseado no que achava melhor para as outras pessoas, mesmo que elas lhe dissessem o contrário.

“Escuta aqui, Adrien” Marinette cerrou os dentes e se aproximou dele em passos curtos, notando que, diferente de quatro anos atrás, agora ela não conseguia mais alcançá-lo na altura do olhar. Ele havia crescido mais do que ela e, sem motivo nenhum, ela odiou ele imensamente por aquilo “Fica longe da minha família.” ela falou em tom de ameaça e colocou o dedo no peito dele, e o olhar de espanto que ele lhe lançou lhe foi familiar até demais “Fica longe da minha casa. Fica longe dos meus pais.” ela bateu com o dedo duas vezes no peito dele, sentindo o ódio alimentar suas ações.

Adrien relaxou a expressão de surpresa no rosto e sorriu com o canto dos lábios em desafio, abaixando-se para olhá-la mais de perto.

“Ou o quê?” ele pronunciou no meio do sorriso, mas sua expressão endureceu quando viu o azul do olhar de Marinette tornar-se frio e indiferente. Ele nunca vira aquela expressão no rosto dela antes, e sentiu o coração falhar no peito quando, pela primeira vez em anos, sentiu que não a conhecia de verdade. Que não sabia do que ela era capaz.

“Ou eu acabo com você.” Marinette respondeu com a voz rouca e Adrien deu um passo para trás.

Marinette Dupain-Cheng, a garota tímida e doce, de sorrisos fáceis e palavras positivas, de coração puro e intenções carinhosas, havia se transformado em alguém que Adrien não reconhecia, e as palavras dela no passado ressoaram na sua cabeça.

 

Eu tô te perdendo, Adrien.

Eu não te conheço mais.

 

Adrien sabia. Sabia que mais cedo ou mais tarde pagaria o preço por todas as decisões que tomara. Por toda a dor que fizera ela passar. Achava que um dia poderia voltar, explicar tudo o que havia acontecido, e que ela o entenderia e o receberia de braços abertos com o sorriso que ele tanto admirava no rosto, mas agora, em pé à frente dela, sentia-se um estranho. Sentia-se indigno dela.

Sentiu a ruga de surpresa na própria testa relaxar e quase sorriu para disfarçar a dor que preenchia seu coração, mas o sofrimento foi muito mais forte do que a capacidade dele de disfarçar. Era tarde demais para explicar. A ferida era muito extensa para cicatrizar. Ele havia demorado demais. Ele havia perdido Marinette.

Ela deu as costas e entrou no estabelecimento sem olhar para trás, batendo a porta atrás de si. Adrien ouviu o barulho na fechadura indicar que ela estava trancando a porta, mas sabia que aquele barulho não era apenas a casa sendo chaveada. Marinette estava chaveando o próprio coração. Estava chaveando sua vida inteira. E Adrien, dessa vez, estava trancado do lado de fora.

Ele olhou para as próprias mãos e viu os dedos tremerem. As palavras que ouvira no funeral dos pais eram verdadeiras, cada uma delas. Tudo que ele tocava era destruído. Tudo. Passou as mãos pelo rosto, tentando resistir à angústia que começava a afogá-lo.

Sentiu algo vibrar no bolso, trazendo-o de volta à realidade, e puxou o celular, vendo o nome de Plagg aparecer na tela.

“Oi, Plagg.” Adrien suspirou e fez o máximo possível para esconder a voz trêmula.

“Tá tudo bem?” a voz grave soou do outro lado e Adrien sentiu um sorriso surgir no canto dos lábios. Plagg era um imenso idiota, mas era um dos poucos que conhecia Adrien o suficiente para dizer se ele estava bem ou não apenas pelo tom da voz.

“Tô sim, só meio cansado.” Adrien mentiu e sabia que Plagg não acreditava. Plagg sabia que Adrien estava mentindo, mas entendia que ele deveria ter razões para aquilo, e aquela situação resumia praticamente toda a amizade entre Adrien e Plagg. Os dois sabiam tudo um sobre o outro, a ponto de nenhum deles precisava fazer perguntas ou dar explicações.

“Eu preciso que você passe aqui na Miraculous.” Plagg falou em tom sério.

“A Ladybug ficou de passar lá na Toca pra gente conversar mais tarde. Pode ser amanhã?” Adrien perguntou, franzindo a testa.

“Olha, não seria bom esperar até amanhã não” Plagg silenciou, como se estivesse repensando “Faz o seguinte, quando ela chegar lá, venham os dois pra cá. Já que você vai dar com a língua nos dentes pra ela, vamos jogar essa merda toda no ventilador de uma vez.”

“Tá bem, pode deixar.” Adrien sentiu os cantos dos lábios erguerem em um meio sorriso, e percebeu mais uma vez, dentre tantas outras, que ser o Chat Noir era o que lhe mantinha afastado da insanidade.

 

●  ●  ●  ●  ●

 

Marinette entrou em casa com vontade de quebrar tudo que conseguisse alcançar, mas respirou fundo umas dez vezes antes de perder o controle. Como Adrien ousava se meter na vida dela? Como tinha a coragem de, depois de tanto tempo e de tudo que tinha acontecido, agir como se tivesse qualquer direito sobre as coisas que a envolviam? Ela sentiu os dentes rangerem uns contra os outros e subiu correndo até o quarto, puxando a gaveta de baixo da cômoda e arrancando o fundo falso, revelando o uniforme de Ladybug.

Precisava tirar aquela história da cabeça. Precisava de algo para se ocupar, para lhe manter distraída. Olhou o relógio no pulso e viu que tinha muitas horas até os pais voltarem para casa. Tinha prometido para Chat Noir que o veria à noite e que ele lhe daria as respostas para toda a situação que ocorrera, então focaria as energias naquilo. Seria bom pensar em algo que não envolvesse Adrien Agreste.

A garota pegou o uniforme para vestir antes de sair, mas no momento em que o colocou, percebeu que o rasgo onde havia sofrido o tiro ainda estava ali. Gemeu, passando a mão nas bordas do tecido, e abriu a primeira gaveta da cômoda, pegando o kit de costura e aplicando pontos rápidos para fechar o buraco. Não se preocupou com capricho. Era só o suficiente para que não ficasse com a pele exposta.

Após se arrumar, Ladybug deslizou pela claraboia do quarto e atirou-se noite adentro, deslocando-se de prédio em prédio com o auxílio do ioiô enrolado na mão. Em um dos pulos, percebeu que sequer havia tido tempo de examinar o ioiô depois que voltara para casa. Todavia, como já iria encontrar Chat Noir e esperar explicações sobre todo o acontecido com o Sniper, aproveitaria para perguntar sobre aquilo também.

Avistou o beco onde ficava a Toca e desceu em meio às sombras, caminhando até o portão da garagem. Torceu o nariz quando lembrou que não sabia como avisar que havia chegado. Não pensando em outra possibilidade, ergueu o punho para bater no portão, mas antes mesmo que movimentasse a mão, o rangir metálico indicou que ele já estava sendo aberto.

Quando a passagem foi aberta, Ladybug avistou Chat Noir sentado no fundo da garagem em uma cadeira giratória, de costas para o portão, digitando apressadamente algo que surgia em três grandes monitores dispostos lado a lado. Como da última vez, ele usava o capuz sobre a cabeça.

“Como você sabia que eu tinha chegado?” ela sentia-se erguer uma sobrancelha, caminhando até ele, enquanto o portão se fechava atrás dela.

“Sensor de movimento.” ele ergueu o braço sem se virar, indicando na parede uma grande esfera de vidro que piscava em vermelho, no canto direito da sala.

“Ah.” a interjeição escapou dos lábios dela sem surpresa, enquanto se aproximava olhando para os monitores. Ele parecia mesmo o tipo de cara que usava a tecnologia daquela forma “O que você está fazendo?” perguntou, vendo números e nomes serem digitados rapidamente por ele.

“Cruzando entradas de bancos de dados. Nós temos uma nova missão, e vamos precisar de algumas informações antes de continuar.” Chat dizia seriamente, sem tirar os olhos da tela.

Nós?” Ladybug perguntou, inclinando-se para cruzar o olhar com o dele “Eu achei que eu era a sua missão.”

“Era. E ainda é.” ele parou de digitar e ergueu os olhos para fitá-la.

“Eu sei que é meio tarde pra perguntar isso, mas eu devo me preocupar?” Ladybug instintivamente tocou o ioiô guardado na cintura.

“Não, não deve." ele pareceu hesitar para responder.

“Não sei porquê, mas a sua resposta não me convenceu.” Ladybug sentia que podia confiar nele. Que podia perguntar o que precisasse saber e, antes que pudesse perceber, começou a transformar os pensamentos em palavras “Eu nunca te vi em Paris, e eu conheço essa cidade como a palma da minha mão, o que indica que ou você começou nisso há pouco tempo ou você não é daqui. Considerando as suas habilidades, eu diria que a primeira possibilidade é falsa. Isso quer dizer que você veio parar em Paris por algum motivo muito importante, e eu não consigo acreditar que eu tenha relevância o suficiente para ser a única razão de te deslocar de onde você estava até aqui.” ela cruzou os braços e inclinou-se para trás, escorando o quadril na bancada do teclado, ficando de costas para os monitores e de frente para ele

“Você é bem perspicaz.” Chat Noir sorriu de olhos fechados, acenando positivamente com a cabeça “Eu gosto disso.” ele pousou os olhos sobre ela, e Ladybug sentiu-se corar com a maneira com que ele a fitou, mas algo dentro dela desejou que ele a olhasse mais vezes daquela forma. 

“Então me recompense” ela curvou-se para frente e apoiou as palmas das mãos nos braços da cadeira giratória, aproximando o rosto do dele e vendo-o enrubescer com a proximidade. Quando percebeu que tinha aquele efeito sobre ele, um delicioso calafrio subiu pela sua nuca. Porém, naquele momento, o que ela queria de verdade era saber mais sobre o cara que havia salvo a sua vida sem pedir nada em troca, então complementou “Me conte como você veio parar aqui. Como você veio parar em Paris.” Ladybug se afastou devagar e recostou-se novamente contra a bancada, vendo Chat pigarrear e erguer-se da cadeira, ficando de costas para ela.

Ladybug segurou um riso. Ver alguém tão sério como ele ficar envergonhado era muito cativante, e ela ansiou secretamente em presenciar mais momentos como aquele.

Chat Noir teve que piscar três vezes para afastar a imagem tentadora dos lábios de Ladybug da sua cabeça. Primeiro, Marinette lhe arrancava de sua vida como se ele fosse uma erva daninha, e depois a garota joaninha aparecia agindo como se ele fosse o homem mais irresistível do mundo. Ergueu as mãos e esfregou-as no rosto, tentando organizar os pensamentos e rezando para que alguém, em um futuro não muito distante, escrevesse um manual sobre como lidar com as mulheres.


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Notas finais do capítulo

Galera, seguinte!

Como essa fic precisa de capítulos mais longos, eu tô escrevendo que nem uma doida!
Ainda assim, tem várias coisas que preciso organizar e reorganizar no enredo, e postar um capítulo por dia está me fazendo apressar coisas que eu não queria apressar, então pode ser que durante essa semana eu poste dia sim e dia não, pelo menos até avançar mais na história!
Então peço que não fiquem brabos, por favor :~~~
Prometo muito que isso vai ajudar a melhorar a qualidade da fic!

E obrigada por sempre lerem e comentarem, vocês me dão força pra continuar ♥