Dépendance escrita por KarenAC


Capítulo 13
Capítulo 13 - Invasão


Notas iniciais do capítulo

Respirem fundo três vezes antes de começar!
Lá vai!



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Existe um tempo para ousadia e um tempo para cautela, e o homem sábio sabe o momento de cada um deles.

Sociedade dos Poetas Mortos

 

Ladybug olhava com a cabeça inclinada os caracteres brilharem em azul neon na tela preta do pequeno dispositivo rastreador que Chat lhe mostrava sobre a mesa, ouvindo a explicação enquanto sentia o quente copo de plástico cheio de café lhe aquecer as mãos.

48°51'31.2"N 2°18'03.2"E

“Essas são as coordenadas” Chat falava a seu lado, indicando os números e letras enquanto as circulava com o dedo “Mas não é sempre que o dispositivo de rastreamento consegue ser tão preciso assim. A maioria das vezes, a área acaba sendo mais abrangente, então a gente acaba tendo que fazer um reconhecimento de campo antes de considerar a localização confiável.” ele sorriu para ela sobre o ombro “Digamos que o seu acesso de raiva nos ajudou a ter mais tempo de ligação no celular, o que aumentou bastante a acurácia do nosso rastreio.”

Chat passou a mão espalmada sobre a tela do aparelho e clicou com a ponta do indicador em um ícone amarelo, fazendo várias fotos pipocarem na tela e Marinette interromper o café no meio de um gole.

“Mas é o Teatro Adyar!” Ladybug gritou, colocando o copo sobre a mesa e inclinando-se ao lado de Chat.

“Exatamente.” ele sorriu com a perspicácia dela e pinçou as imagens na tela, aumentando-as de tamanho “O movimento é um pouco menor do que o normal no inverno, mas isso aqui me chamou atenção.” Chat bateu na tela três vezes e uma lista de datas surgiu na tela “O calendário deles está há pelo menos dois meses sem espetáculos, mas sempre reservado. Esse plano é mais antigo do que nós pensávamos.”

“Mas por que um teatro?” Ladybug perguntou em um murmúrio, sem tirar os olhos da tela.

“Porque é um lugar público.” foi a vez de Plagg responder, e Ladybug notou que o moreno estava escorado do outro lado da mesa, com as mãos espalmadas sobre a madeira gasta.

“Mas ser um local público não torna as coisas mais complicadas?” ela trocou o olhar de Plagg para Chat.

“Pra nós, sim, não pra eles.” Chat respondeu, endireitando a coluna “O lugar deve estar vazio, mas sempre passa gente ali na volta, e quanto mais gente, mais perigosa a situação se torna, afinal os preocupados com a segurança do resto das pessoas somos nós, não eles.”

“Eu preciso te lembrar, Ladybug, que essa gente da Papillon não é só drogada. Eles são doentes. De verdade. Pirados pra porra.” Plagg tirou as mãos da mesa e largou o corpo na cadeira atrás de si “E como dizem que gente louca geralmente é esperta, dessa vez isso não é exceção. Eles sempre sabem muito bem o que estão fazendo, não são amadores. Você precisa estar pronta de verdade pra isso, porque a gente não faz ideia de que tipo de merda eles tão armando lá dentro.”

Ladybug acenou com a cabeça devagar, pensando nas piores possibilidades possíveis do que poderia acontecer naquela noite.

“Você não vai com a gente, Plagg?” Ladybug perguntou vendo que Plagg não estava equipado.

“Não.” Chat adiantou-se respondendo subitamente, e Plagg suspirou “Ele está emocionalmente envolvido. Pode comprometer a missão.”

Ladybug notou a tensão palpável no ar e só então percebeu que Plagg desviava o olhar. Eles provavelmente haviam discutido aquilo quando ela não estava, e se limitou a ficar em silêncio para não piorar a situação.

“Esse é o plano.” Chat Noir arrastou os dedos sobre a tela várias vezes, até abrir a imagem de uma planta de construção “Nós vamos chegar aqui” o dedo indicador dele pressionou o traço que indicava os fundos do local “Eu fui lá hoje mais cedo. O lugar tem tantas janelas que é um banquete pra uma invasão, mas tem uma em especial cujo vidro está quebrado e possa facilitar a nossa entrada, eu te mostro quando a gente chegar lá.”

Chat arrastou o toque sobre a imagem, movendo-a, e como ninguém o interrompeu, ele prosseguiu.

“Quando entrarmos, passamos pelo corredor dos fundos e vamos limpando as salas até acharmos a Tikki. O meu palpite é que ela esteja nessa ou nessa sala.” ele sinalizou dois retângulos desenhados nas laterais do palco principal “Elas possuem saídas de emergência próximas, então seria o lugar perfeito para manter um refém caso precisassem bater rapidamente em retirada e-”

“Espera, espera um minuto.” Ladybug ergueu a mão, interrompendo-o “O que você quer dizer com ‘vamos limpando as salas’?”

Plagg ergueu uma sobrancelha na direção de Chat Noir que sentiu o peito subir e descer em um suspiro derrotado. No dia anterior, quando Ladybug fora embora deixando Chat e Plagg na Miraculous, ambos tinham conversado sobre a possibilidade de precisarem eliminar pessoas no local onde Tikki estava, e Plagg disse que Ladybug não concordaria com o plano. Ela tinha uma política muito forte contra matar.

“Eles devem ter pessoas vigiando, Ladybug. Não podemos arriscar-“ Chat tentou argumentar, mas foi cortado novamente.

“Você quer dizer que vamos matar pessoas?”

“Possivelmente.” Chat ergueu-se, cruzando os braços em uma posição defensiva.

Plagg e Chat Noir fixaram o olhar no rosto de Ladybug, esperando as palavras assentarem na mente dela enquanto a observavam percorrer a tela do tablet com os dedos, vendo as imagens passarem em frente aos olhos.

“Desmaiar.” a voz dela quebrou o silêncio “Matar não.” os olhos sob a máscara vermelha fuzilaram Chat Noir. Plagg riu baixinho, porque no final ele sabia exatamente quem ia dobrar-se à vontade de quem.

“Desmaiar.” Chat repetiu as palavras de Ladybug em uma entonação pouco satisfeita “Não matar.”

Ladybug desceu os olhos para o relógio de pulso e calculou em quanto tempo deveriam buscar Tikki até que a manhã chegasse e seus pais acordassem. A pressão já era o bastante sem o limite de tempo. Com mais aquele fator a ser considerado, todo cuidado era pouco.

“Nós temos cerca de quatro horas e meia para acabar com isso.” Ladybug disse com os olhos no relógio de pulso.

“É tempo mais do que suficiente.” Chat concordou confiante.

Plagg andou até a parte de trás da mesa e abriu uma das gavetas, sendo acompanhado pelos olhares silenciosos de Ladybug e Chat.

“Presente de Dia das Crianças adiantado.” Plagg entregou na palma da mão de Ladybug e Chat Noir dois aparelhos em formato de pequenos cones com menos de um centímetro cada, um preto com as bordas vermelhas e outro preto com as bordas verdes.

“Isso são escutas?” Ladybug perguntou, segurando o dispositivo com os dedos fechados em pinça, enquanto Chat colocava o preto com verde no próprio ouvido.

“São.” Plagg respondeu enquanto via Ladybug fixar o dela dentro do ouvido “Estão ligados com o meu.” ele girou a cabeça para mostrar a escuta no próprio ouvido “E estarão ligados sempre, então vocês podem se comunicar entre vocês e comigo em um canal aberto enquanto estiverem usando. Eu queria fazer mais uns ajustes neles antes de entregar pra vocês, mas é melhor do que nada.”

“Concordo.” Chat sorriu enquanto acenava com a cabeça.

“Eu vou ficar aqui até vocês chegarem lá, mas apareço mais tarde pra tomar um café.” Plagg falava em tom brincalhão, mas Ladybug viu o canto dos lábios dele tremularem levemente em nervosismo “Me mantenham informado, não quero ser excluído da festa.”

Só então ela percebeu o quanto ele se esforçava para esconder a tensão atrás das brincadeiras. Não conseguia sequer imaginar o quanto devia ser difícil para ele perder alguém tão importante e ter que tomar a difícil decisão de esperar ao invés de ir lá ele mesmo buscá-la.

“Não se preocupa, Plagg. Faz um café pra nos esperar que a gente já volta com a Tikki.” Ladybug piscou para Plagg e olhou para Chat Noir com o mesmo sorriso nos lábios, sentindo o coração acelerar em antecipação pelo que os esperava à frente.

Ladybug e Chat Noir começaram a andar com velocidade pelo meio da agência, aumentando a distância dos passos e atingindo uma corrida quando seus pés tocaram a borda do prédio, atirando-se para a construção em frente.

A noite estava mais gelada do que as últimas, contando para seus corpos que o inverno marcava presença mesmo sem ter sido anunciado oficialmente, e uma fina chuva cobria todas as superfícies que estavam a céu aberto, mas nenhum dos dois conseguia pensar naquilo. Seus olhares estavam à frente, e seus corações presos em suas gargantas.

Ambos pousaram ao mesmo tempo sobre o edifício da esquina, abaixando-se em sincronia atrás de uma murada de tijolos que fazia base para a antena da construção. Na esquina em frente, o Teatro Adyar estendia-se majestosamente, com suas grossas paredes antigas que contavam  histórias de décadas apenas para os que conseguissem lê-lo.

“Local avistado, Plagg. Estamos descendo.” Chat murmurou no ar.

“Perfeito.” a voz soou na escuta de Chat e Ladybug ao mesmo tempo.

A maioria do prédio parecia em total escuridão, mas como de costume nas noites, as luzes das portas de entrada e algumas internas estavam acesas. Movimento nenhum foi notado pelos olhos dos vigilantes e Ladybug ergueu a manga do uniforme uma última vez para olhar para o relógio. 22h30.

“Aquela é a janela.” Chat indicou uma reentrância no terceiro andar prédio e acima dela, uma grande fatia do vidro da janela estava faltando.

“Eu consigo passar por ali tranquilamente.” Ladybug sentiu-se sorrir.

“Ótimo, porque eu vou por aquela.” Chat indicou a janela espelhada à dela, mas cujo vidro estava intacto.

“Como você vai entrar?” ela semicerrou os olhos para tentar enxergar ao longe em meio ao fino sereno noturno.

Chat Noir ergueu o punho e abriu a mão em um movimento veloz, fazendo com que garras saltassem na ponta de seus dedos.

“Isso corta quase qualquer coisa, mas vai fazer um pouco de barulho, então prefiro que você pegue a entrada mais segura.” Chat fez o mesmo movimento, e as garras retraíram.

“Isso aí não entra dentro da sua pele?” Ladybug sentiu-se fazer uma careta de dor.

“Entra, mas depois você se acostuma.” ele respondeu olhando para as mãos, e quando ergueu os olhos se deparou com a cara horrorizada de Ladybug, caindo na risada “Brincadeira! Brincadeira!” ele segurava para não gargalhar, vendo ela franzir o nariz, e o punho dela acertou seu braço em um soco.

“Você é um idiota, sabia?” ela forçou uma expressão emburrada.

“Sabia” ele fungou, acalmando a risada e se aproximou dela “Mas você gosta assim.”

Ela deu outro soco no mesmo local do primeiro, e ele acariciou o próprio braço, sorrindo em tom debochado e vendo-a retribuir.

“Isso fica no meio de duas camadas do meu uniforme” ele sorriu de canto olhando para as pontas dos dedos, estendendo e contraindo as garras “Elas não tem contato com a minha pele.”

“Você tem umas coisas muito legais.” ela sentiu-se fazer um beiço, invejando os equipamentos dele, e ele riu.

“Vocês vão ficar aí admirando os brinquedos um do outro? O café vai esfriar aqui.” Plagg falou através das escutas, fazendo Chat e Ladybug revirarem os olhos.

Ladybug inclinou o corpo para frente, prestes a levantar-se, quando sentiu um peso sobre o seu ombro. Chat Noir a segurava e os olhos verdes estavam fixos nos dela. O semblante de brincadeira havia sumido e a testa dele estava franzida sob a máscara. Ele retirou a escuta do próprio ouvido e levou a mão até a orelha de Ladybug, retirando a dela. Ela sentiu as sobrancelhas subirem em surpresa no momento em que os dedos dele tocaram delicadamente a sua pele, provocando um arrepio em seu pescoço. Chat pegou os dois dispositivos e fechou-os com força na mão enluvada.

“Aconteça o que acontecer lá dentro” ele começou, a voz em tom grave “Você precisa sair de lá com vida.”

“Do que você tá falando, Chat?” Ladybug murmurou, tentando decifrar que tipo de expressão era a que tomava o rosto dele.

“Me promete!” ele apertou os dedos no ombro dela “Me promete que se algo der errado, você vai sair de lá e ir direto pra Miraculous.” as palavras dele tinham um tom de apelo.

Ladybug suspirou, curvando as sobrancelhas.

“Eu prometo.” ela forçou um sorriso e ele retribuiu, devolvendo a escuta dela e colocando a própria no ouvido.

“Plagg, invasão em andamento.” Chat sussurrou, levando a mão ao ouvido e erguendo-se sobre as pernas.

“Boa sorte, crianças.” e mais uma vez Ladybug percebeu Plagg esconder o medo atrás de brincadeiras.

Ambos desceram pela lateral do prédio agarrando-se nos relevos de gesso e cimento, em direção aos fundos do teatro, enquanto Ladybug descruzava os dedos da mão escondidos atrás das costas durante a promessa.

Os dois correram com os corpos colados à parede do Teatro. Ladybug parou abaixo da janela dela, três andares abaixo e Chat Noir correu mais cerca de dez passos até chegar abaixo da dele. Em meio à fina chuva que molhava Paris, os olhares dos dois se encontraram, encorajando-se mutuamente, e ambos começaram a escalar silenciosamente o prédio.

Chat Noir chegou primeiro à janela que lhe daria entrada. Ele agarrava com as mãos o parapeito abaixo da vidraça enquanto a ponta de seus pés se apoiavam nas rebarbas em alto relevo da parede, mantendo-o firme e de cabeça abaixada para não arriscar que alguém lhe visse caso do outro lado. Erguendo uma mão enquanto segurava-se com a outra, ele abriu as garras e colocou-as sobre o vidro da janela, girando o punho circularmente e rasgando a vidraça em um guincho baixo, puxando o pedaço de vidro entre os dedos e colocando-o cuidadosamente dentro do uniforme para descartar depois. Ele então enfiou a mão por dentro do buraco do vidro e destrancou a janela, erguendo-a com cuidado.

Chat desceu na sala e olhou em volta, sentindo um leve cheiro de umidade misturado ao de madeira antiga tomando conta do ambiente. Várias caixas de instrumentos musicais estavam espalhadas, a maioria com uma grande camada de poeira acumulada. Ele respirava calmamente, tentando filtrar quaisquer sons que pudessem saltar-lhe aos ouvidos enquanto caminhava.

Ladybug apoiada do lado de fora da janela, levantou a cabeça vagarosamente para tentar detectar movimento do lado interno, mas viu apenas a fraca luz trêmula do corredor. Curvou o corpo e contraiu os músculos, adaptando-se para adentrar o pequeno buraco no meio da vidraça. Os alongamentos de mais cedo tornaram aquilo mais fácil do que realmente era.

Ela sentiu os pés tocarem o chão acarpetado e notou que fora um pequeno armário, uma cômoda e um espelho redondo pendurado na parede, o cômodo estava vazio. O papel de parede estava velho e rasgado, então ela assumiu que aquela provavelmente era uma sala que não era usada com tanta frequência, o que explicava o descuido com o vidro quebrado. Não havia nada ali de real importância para danificar que já não estivesse danificado.

Ladybug apoiou as costas rente à parede perto da porta e espiou para fora do corredor. Ela piscou, lembrando do mapa que Chat lhe mostrara na tela do tablet, e seus pés andaram calmamente pelo corredor enquanto mantinha o braço roçando na parede, atenta a qualquer movimento. Ela viu Chat Noir sair da sala à frente, e os dois se olharam com as testas franzidas e pequenas gotas de suor brotando das têmporas. As lâmpadas no teto zumbiam baixo, piscando vez que outra como se não estivessem bem encaixadas. Por incrível que parecesse, eles sentiam que o silêncio era mais aterrorizante do que encontrar o lugar cheio de gente armada.

Chat ergueu a mão direita e sinalizou para que seguissem. Ambos mantinham o passo constante, até chegarem um pouco antes do corredor que dava entrada à sala do palco principal. Ladybug semicerrou os olhos, percebendo que o palco estava em total escuridão do outro lado da porta entreaberta. Chat olhou para trás e acenou positivamente com a cabeça, correndo até o lado oposto da porta para que ambos pudessem entrar ao mesmo tempo.

Ambos empurraram a porta dupla vagarosamente, um de cada lado, adentrando o salão principal que se encontrava em total escuridão no exato momento em que um forte refletor de luz branca iluminou o palco principal. Ladybug sentiu as pernas enfraquecerem e seu estômago revirou com a visão.

Tikki estava amarrada com correntes a uma cadeira suspensa a pelo menos três metros de altura, enquanto no chão do palco, logo abaixo dela, algo parecido com uma piscina de vidro contendo um líquido incolor descansava. Tikki estava imóvel, parecia inconsciente. Suas roupas antes impecáveis estavam viradas em trapos sujos que pendiam de seus braços e cintura, mas ela parecia imaculada e a expressão no rosto era tranquila como a de alguém que apenas dormia.

“Alvo avistado.” Chat sussurrou, mas pela escuta ouviu Plagg apenas suspirar.

Então Ladybug notou horrorizada o resto da cena. As cadeiras do teatro estavam todas ocupadas. Cada uma delas. Eles podiam ver a cabeça das pessoas sentadas lá, mas ninguém se virou para olhá-los. Seus rostos estavam todos direcionados para a frente, colados no palco principal. Ladybug percebeu que os olhos deles estavam arregalados, imóveis a ponto de sequer piscavam. Suas bocas estavam entreabertas, alguns com fios de saliva escorrendo pelo canto dos lábios. Homens. Mulheres. Crianças. Ela sentiu uma forte vontade de vomitar.

“Eles foram drogados.” Chat Noir sussurrou próximo ao ouvido de Ladybug “Akuma” e quando ela virou-se para ele, percebeu que ele olhava com o maxilar cerrado e um olhar cheio de ódio para as pessoas na plateia.

Ladybug respirou fundo e tomou a frente, andando pelo meio dos corredores silenciosos vagarosamente, os olhos percorrendo cada canto escuro do salão para depois fixarem em Tikki. Nenhuma das pessoas sentadas se moveu ou mudou o foco do olhar. Notou que Chat vinha logo atrás dela apenas pela percepção da estática na roupa dele, porém os passos eram tão silenciosos quanto os dela. Quando chegaram à frente do palco, uma pancada surda retumbou pelo salão.

“Senhoras e senhores!” a voz masculina soou nos alto-falantes do teatro, fazendo Ladybug e Chat Noir pararem sobre os calcanhares, um de costas para o outro com as armas em mãos “Hoje à noite vocês irão ver um espetáculo inesquecível! À sua frente, a nossa maravilhosa Tikki irá realizar uma performance única, onde ela tentará se livrar de suas correntes imobilizadoras enquanto seu estande descende até o tanque cheio de ácido!” no momento em que sua fala terminou, a corrente de Tikki desceu em um tranco cerca de trinta centímetros na direção do tanque.

Ladybug e Chat Noir se olharam rapidamente, ambos com as testas profundamente franzidas, para logo em seguida voltarem o rosto na direção do tanque cujo líquido límpido haviam tomado apenas por água. Ladybug colocou um passo à frente, prestes a correr na direção de Tikki que permanecia inconsciente, quando Chat a segurou firmemente pelo braço. Quando ela olhou na direção dele, a expressão que viu no rosto sob a máscara negra foi de puro pavor, e ele não tirava os olhos de Tikki. Ele havia visto algo que ela não vira.

“Mas isso não é tudo, senhoras e senhores! A nossa querida Tikki, é muito exigente quanto às suas performances, então para evitar que alguém interfira, o cadeado das correntes onde ela está presa contém um detonador para uma bomba escondida em um canto secreto do Teatro Adyar!” a risada do homem nos alto-falantes retumbou pelo salão, e Ladybug sentiu um calafrio penetrar seus ossos “Mas nossa Tikki é uma prodígio, senhoras e senhores! E para melhorar o nosso espetáculo dessa noite, temos dois ajudantes de palco muito especiais: Ladybug e Chat Noir!” ele riu novamente, batendo palmas sozinho.

“Quem é você? O que você quer?” Ladybug gritou a plenos pulmões.

Eles não obtiveram resposta.

“Vai ser uma noite e tanto, meu caro público! E se tudo der certo, com direito a fogos no final!” o homem riu novamente, mas ao invés de diversão, o som era de puro escárnio “Aproveitem o show.”

“É uma gravação” a voz de Plagg soou friamente na escuta dos dois “Eu estou captando na escuta a frequência das falas, e ela só tem uma fonte.” Plagg terminou a frase como se algo estivesse apertando seu pescoço.

Ladybug sentiu Chat Noir retesar o corpo a seu lado, e as correntes de Tikki desceram mais trinta centímetros pouco antes da voz de Chat sair em um gemido baixo.

“Nós caímos em uma armadilha.” 


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Notas finais do capítulo

Todos os locais que eu cito na fic são locais reais de Paris, então se quiserem procurar basta catar pela internet. Ah, as coordenadas do Teatro também são reais, joguem no Google Maps ;)

Eu já queria ter montado o tumblr pra postar as referências e as fanarts, mas é tanta coisa pra fazer e tão pouco tempo ;___;

E pra quem quer saber quantos capítulos a fic vai ter, eu não sei ainda >—_<
Mas vai ser consideravelmente mais longa que a Cronômetro, ainda tem muita água pra rolar por aí xD