Dépendance escrita por KarenAC


Capítulo 1
Capítulo 1 - Notícia


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos à minha segunda fic de Ladybug!
Pra quem me acompanhou na Cronômetro, essa vai ser uma viagem bem diferente da anterior!

Como eu já tinha trabalhado bastante no universo original, resolvi me aventurar nesse universo alternativo que eu criei! ^^
Os acontecimentos não são os mesmos da obra original, mas todos os elementos vão estar ali de uma forma ou de outra.

Vai ser divertido ver a reação de vocês, mal posso esperar *---*



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Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente.
William Shakespeare


Marinette chegava na escola em passos sonolentos. A garota de 17 anos tinha os cabelos curtos presos em dois rabos de cavalo de cor tão negra que chegavam a refletir um brilho azulado, prova da descendência asiática por parte de sua mãe, bem como como a estatura mignon. Do pai, herdara o sorriso fácil e a simpatia. Carregava nos genes o melhor de dois mundos, e no corpo o resultado de anos e anos de treino em artes marciais e acrobáticas.


Sua mãe, Sabine Dupain-Cheng, havia sido ginasta e medalhista olímpica durante a adolescência. Quando descobriu que estava grávida de Marinette, optou pela vida segura e pacata ao lado de Tom Dupain e trocou as acrobacias pelo trabalho entre croissants e tortas da padaria do marido. Ainda assim, colocou na filha todas as esperanças de seguir seus passos como medalista, e fez Marinette treinar desde muito pequena. Todavia, a garota tinha outros planos. 


Marinette mais do que tudo se preocupava em conseguir dinheiro para quitar as muitas dívidas que sua família fizera durante os anos com os negócios da padaria que nem sempre iam bem, e quando descobriu o quanto as pessoas estavam dispostas a lhe pagar para conseguir um pouco de segurança nas ruas noturnas de Paris, ela achara a solução ideal para seus problemas e uma serventia para as habilidades físicas que havia adquirido. Porém, sabia como sua família iria reagir caso imaginassem que ela andava sozinha pelas noites parisienses nocauteando assaltantes e viciados, então a decisão de proteger os pais da notícia acabou lhe levando uma vida dupla. 


Durante o dia, era uma garota normal que só queria terminar o terceiro ano do ensino médio em paz. Durante a noite, a máscara no rosto e o uniforme vermelho com pintas pretas transformavam sua identidade de Marinette em Ladybug. Ninguém sabia do seu segredo e, se dependesse dela, continuariam não sabendo. Ela já tinha problemas suficientes.


Além da escola e da correria noturna, Marinette ajudava no atelier de costura local, fabricando algumas peças sempre que tinha tempo. Explicava aos pais que o dinheiro que usava para pagar as contas surgia dali, mas a verdade é que o que ganhava com a costura era tão pouco que mal cobria o lanche que comia na escola durante a semana. Adorava os trabalhos manuais e sonhava em seguir a vida como estilista de moda, mas sabia o quando custava uma faculdade e como era impossível que seus pais pudessem financiar o caminho que sonhava. Precisava construí-lo com as próprias mãos.


"Hey, Marinette!" a garota ouviu seu nome ser chamado quando estava chegando na escola e girou a cabeça na direção do som, vendo uma figura familiar se aproximar.


"Oi, Alya!" Marinette ergueu a mão e acenou para a amiga que se aproximava.


Alya e Marinette eram bem parecidas e ao mesmo tempo completamente diferentes. Alya tinha a pele parda e os cabelos castanho-avermelhado longos e volumosos. A ruiva era comunicativa e alegre como a amiga, mas diferente de Marinette que tentava se manter distante de coisas que pudessem lhe trazer problemas, Alya perseguia confusão. A curiosidade e sede de informações da garota era insaciável, o que tinha lhe aberto as portas para a produção de um jornal da escola, e Marinette se orgulhava do quanto a amiga era esforçada.


As duas se conheciam desde o primário, e a amizade foi instantânea logo que se viram. Um olhar, um sorriso, e ali souberam que seriam amigas para a vida inteira. Marinette queria que mais coisas fossem tão fáceis como ser amiga de Alya.


"Mari, você já ficou sabendo?" Marinette viu Alya pular na sua frente com o celular na mão e torceu o nariz. Praticamente todas as confusões que Marinette já vivera tinham começado com a Alya perguntando aquilo.


"Não, não fiquei sabendo. E não quero saber!" Marinette ergueu a mão afastando o celular e seguiu caminhando enquanto bocejava. Quanto menos soubesse, melhor.


"Mas dá uma olhada nisso aqui!" Alya correu para a frente de Marinette e sacudiu o celular. Marinette balançava a cabeça, não querendo fazer contato visual com a tela do aparelho da amiga, mas Alya insistia, se contorcendo para alinhar o objeto com a visão de Mari.


"Não."


"Vamos, Marinette!"


"Nope." ela estourou o 'p' com os lábios para enfatizar a idéia.


"Só uma olhadinha rápida, não vai fazer mal!" Alya gemia e pulava como uma criança de cinco anos e as pessoas começavam a parar para olhar. Elas estavam chamando atenção e Marinette odiava ser o centro das histórias ainda mais do que se meter em confusão. A garota suspirou e Alya viu que a amiga havia se rendido.


"Olha, olha!" Alya ria enquanto via Marinette descer os olhos na tela do celular.


No momento em que Marinette viu a foto na tela, sentiu como se tivesse levado um tiro no peito.


"É ele, não é?" Alya riu quando viu a expressão de Marinette mudar completamente.


Na foto do celular, um garoto com cerca de dezoito anos olhava para o lado, alheio à presença da pessoa que o havia fotografado. Ele tinha o cabelo loiro em dois tons diferentes, com mechas rebeldes de vários comprimentos que emolduravam seu rosto. Vestia uma jaqueta preta de couro com múltiplos bolsos e zípers, e tinha no rosto uma expressão debochada.


Adrien Agreste.
Adrien maldito Agreste.


Marinette não via Adrien há pelo menos quatro anos. Ele havia deixado Paris na época e nunca mais dera notícias. A história entre eles era profunda e escura, e aquele era um terreno onde ela não tinha vontade de pisar de novo. 
     
"Foi você que tirou essa foto?" Marinette perguntou, sentindo um embrulho no estômago se formar.


"Foi sim. Vai aparecer no jornal da escola hoje." Alya sorria satisfeita consigo mesma.


"Quando?" Marinette perguntou, sentindo uma vertigem. Talvez ele só estivesse ali de passagem. Talvez não tivesse voltado. Ela não ia precisar vê-lo de novo. Não ia precisar encarar toda aquela situação de novo. 


"Hoje mesmo." Alya guardou o celular no bolso "Parece que ele veio terminar o ensino médio aqui."


Marinette sentiu uma tontura lhe atingir e deu um passo para trás, levando a mão à cabeça. Não podia ser verdade.
"Calma, garota! O que é isso?" Alya segurou Marinette pelo braço quando viu a amiga desequilibrar-se "Você tá bem?"


"Eu tô bem sim." ela sabia que não era verdade, mas não queria entrar em detalhes.


"Você tá branca que nem papel! O que aconteceu? Achei que você ia ficar feliz. Você e o Adrien eram tão próximos no ensino fundamental." Alya franziu a testa, mostrando-se confusa.


"Eu tô bem, tô bem. Só esqueci de tomar café hoje pela manhã. Vamos indo pra aula que não quero me atrasar hoje." Marinette forçou um sorriso e as duas saíram de braços dados em direção a sala de aula.


Alya não estava mentindo. Marinette e Adrien eram amigos muito próximos durante o ensino fundamental, pelo menos tão próximos quanto era possível. Ela tinha uma queda por ele e os dois nunca paravam para conversar muito, mas com o tempo e com a intimidade crescendo, descobriram que tinham muito em comum e acabaram se tornando grandes amigos. Alguma parte da sua cabeça lhe dizia que Adrien não estava pronto para vê-la mais do que aquilo, então guardou os sentimentos no bolso, respirou fundo e seguiu em frente.


Porém, como praticamente tudo na vida de Marinette, o que lhe era dado fácil, também lhe era tirado fácil. Em algum momento no meio da sétima série, Adrien se envolveu em um acidente de carro com os pais, onde acabou sendo o único sobrevivente. Marinette viu o garoto calmo, tímido e simpático se transformar em menos de um ano em um adolescente rebelde, irritante e inconsequente.


Adrien começou a participar de brigas na escola e confusões na rua, e boatos diziam que ele estava se envolvendo com gangues. Naquela época, Marinette recém começava a ser a Ladybug nas ruas. Ela passava as noites em rondas, seguindo os passos dele e fazendo o máximo possível para que ele não se metesse em mais problemas e não se machucasse, mas quem acabava pagando era ela. Mais de uma vez passara noites enfaixando na própria pele machucados que estavam endereçados a Adrien. 


Conforme o tempo foi passando, Marinette foi cansando daquela situação, e a preocupação começou a se tornar revolta. Ela e Adrien brigavam o tempo todo, e mais de uma vez o conflito acabava sendo físico. Ele não era tão bom quanto ela nas acrobacias, mas tinha uma agilidade imensa por causa dos treinos de esgrima e artes marciais que os pais o obrigavam a fazer. O resultado era que, no outro dia, os dois apareciam no colégio com hematomas pelo corpo e uma dor de cabeça absurda.


Um dia, Marinette ouviu falar que Adrien estava envolvido com uma gangue que vendia drogas. Ela entrou em pânico. Sabia que aquele podia ser um caminho sem volta, e resolveu tomar uma medida extrema. Na tentativa desastrosa de mostrar a ele o quanto se importava, Marinette contou para Adrien que o amava. Tudo acontecera na metade da oitava série, em uma terça-feira, da qual Marinette nunca esqueceria.


No dia seguinte, Adrien Agreste não apareceu no colégio.


Nem no dia seguinte.
Nem na outra semana.
Nem no outro mês.


Marinette se desesperou. Ninguém sabia de absolutamente nada sobre o paradeiro do garoto, nem mesmo Alya, que era tão boa em conseguir informações.


Dois meses depois, Marinette abriu uma das revistas de moda e lá estava Adrien, posando para uma grife de roupas caríssima em Milão. Ela sentira as palavras chegando aos seus lábios acompanhadas de um gosto amargo


Itália. 
Ele está na porra da Itália.


Marinette rasgara a folha da revista em mil pedaços e atirara o resto na parede. Nem uma ligação, nem uma carta, nem um e-mail. Nada.


Ela se sentiu usada, esquecida. Abandonada. A raiva cresceu dentro de si e se transformou em ódio. Com o passar dos anos, aquele ódio se misturou com o amor que ela tinha guardado escondido e aquela foi a receita perfeita para a depressão. Demorou quase dois anos pra se recuperar da sensação de ter sido deixada para trás como alguém que não valia nada.


Marinette respirou fundo umas três vezes antes de entrar na sala de aula. Não deixaria aquilo abalá-la. Afinal de contas, sua escola tinha quatro turmas do terceiro ano do ensino médio, e ele provavelmente seria transferido para a dos repetentes e transferidos, a qual tinha um caderno curricular diferente das outras. Sorriu para si mesma, sentando-se no seu lugar de sempre ao lado de Alya. 


"Tá melhor?" Alya perguntou, virando-se para a amiga enquanto pegava o caderno de dentro da pasta e colocava sobre a classe.


"Tô sim, foi só uma tontura passageira." Marinette sorriu sinceramente, mas sua expressão congelou quando viu o olhar de Alya fixar em algo atrás de suas costas. 


Marinette engoliu a seco. Sentia alguém parado atrás de si e seu coração começou a palpitar. Ela não queria se virar. Não conseguia. Ficou olhando Alya e rezou para quem quer que fosse, sumisse dali. 


"Oi, Marinette." a voz grave chamou em meio a conversa dos alunos. 


Marinette se virou devagar sem girar o pescoço, como se tivesse um torcicolo. E ali estava ele. O garoto que havia destruído seu coração. O cara que havia arruinado a sua felicidade. Tinha como piorar?


"Posso sentar aqui? Eu cheguei transferido hoje!" Adrien piscou pra ela e sentou na cadeira antes mesmo de ouvir uma resposta.


Tinha, tinha como piorar.


Ele estava ali, sentado ao lado dela, na sala dela, na escola dela, na cidade dela. Sem responder, ela se virou de volta para Alya, sentindo o sangue gelar pouco a pouco dentro de suas veias. 


Ele não tem direito nenhum de estar aqui.
Ele é um estranho.
Um desconhecido.
Não.
Pior do que isso.
Ele é meu inimigo.


Segurou a cabeça com as mãos para tentar fazer o mundo parar de girar e olhou para Alya que escondia o riso atrás de uma das mãos.


Justamente quando Marinette achava que poderia terminar a vida escolar pacificamente, um furacão chegara para carregar todos os pedaços que haviam sobrado dela.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem! ^----^
Não esqueçam de me dizer o que acharam! Adoro saber as opiniões de vocês! ♥