Depois do Orgulho e Preconceito escrita por Princesa ou Sapo


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Hey gente, espero que vocês estejam gostando, obrigada por todos os comentários.
É nesse capitulo que eu faço aquilo que vcs tanto esperam, faço a Elizabeth e o Darcy ter sexo? Não, conto a historia por trás do passado.
Espero que gostem, tentei deixar mais longo, e MDS, acho que consegui, me segurei p não deixar suspense e finalizar esse capítulo que nem gente.



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Flashback on

Keira chegou na casa após a caminhada, passou pelo jardim de trás e vomitou tudo o que podia, quando parou as lágrimas corriam o seu rosto, ela havia esquecido como era chorar, menina do interior, criada sem governanta, com um pai rígido que lhe ensinou a ser forte antes mesmo de aprender a falar, levando como sombra um irmão mais velho protetor, mas talhado no sarcasmo e na indiferença, não, ela não sabia chorar ou ver o sofrimento como algo a simpatizar. Ela levou a mão ao rosto e limpou de forma rude, não como a dama que fingia ser, olhou para o céu e sorriu, aquele era um sorriso dolorido de uma menina quebrada, mas era um sorriso dela, era seu ferrete em brasa que marcava sua pele como marcava o gado, ela não era  mais menina, muito menos uma lady.

Sentada na grama molhada de orvalho, com a mão sobre a barriga o sorriso ainda no rosto, ali ela tomou uma decisão que refletiria por toda a vida daqueles que a conheceram e até mesmo aqueles que a desconheciam.  “Esse é um belo dia ruim, talvez esteja na hora de ser a mulher que eu fui criada para ser.” Com isso dito, ela mudou.

Os dias passaram e ela estava diferente, com uma nova mentalidade e perspectiva, uma nova alma. Aquela que se importava demais, com todos e com tudo, aprendeu a não se importar com nada. De longe o conde sentia, todas as cartas que ele a enviava ia para uma caixa no fundo do armário, sem serem abertas, ela cuidava da sua gravidez com o maior apreço e a sua barriga protuberante era a única coisa que a prendia e a mantinha feliz. Ela mandou uma carta para o seu irmão, que não via a um ano, mal sabia ela que essa carta era esperada a muito tempo por um aflito e querido irmão que se desesperava a pensar nela.

Querido irmão,

Eu não sei como começar a contar sobre as crônicas da minha vida, talvez fosse melhor dizer a vc, que é muito mais capaz e responsável que eu, como amanheceu o dia, como o sol nasceu radiante, talvez eu devesse ludibriá-lo sobre a vida que levo. Mas, querido irmão, tomei a decisão de contar lhe a verdade, sem contos, com ou sem moral, sem narrativas elegantes ou mentiras reconfortantes, lhe escrevo a verdade, porque é tudo o que me pede e tudo o que acreditará.

Pode começar vociferando o ‘eu te avisei’, ele me faz falta, principalmente se ele consertasse tudo o que está de errado agora. Mr. Bennet, eu o amo e ele me amou, apenas até o 7 mês da criança que carrego, perco o sono percebendo minha tolice, vejo minha barriga crescer e minha honra e virtude já deflorada afundar na lama de uma estrada que fiquei empacada no caminho, ele agora caminha sozinho, apenas para chegar ao local que a outra habita. Me sinto suja, como putas de bordéis, ele não me procurou, não se justificou ou veio saber como estou, agora ele é um conde, casado como o pai dele queria e longe de mim.

Carrego uma criança, irmão, mas não quero que ele saiba mais desse pobre bastardo que se desenvolve dentro de mim, sofro mais por essa criança do que por todo o meu mundo que se desmorona, porque essa criança é parte dele tanto quanto parte minha, e o que antes era felicidade agora parece maldição. Venho por meio desta carta lhe pedir auxílio em minha empreitada, para mim não existe volta, mas para essa criança que a face ainda não foi vista e nem tocada há infinitas possibilidades, e a que mais faz sentido é deixá-la a quem sempre me deu proteção, pegue essa criança e crie como sua leve-a para longe dos olhos doentios dos poderosos que se acreditam acima de nós, crie ela solta ao vento, talhada no aço e marcada com ferrete em brasa como nossa criação.

Prometam-me, que vc estará aqui para levá-la, salve essa criança do destino cruel e faça um segredo seu, talvez consiga fazer com que ela viva a vida que você queria para mim.

Com amor,

Keira Bennet.

Após isso os dias continuaram, até que seu irmão foi a seu encontro, sua emoções tão fortes que era incapaz de julgá-la, era a pessoa que ele mais amava e o tempo  que passaram distante o matou aos poucos. Eles conversavam no jardim, Mr. Bennet contava sobre sua primeira filha e sobre seu casamento, era um romance arranjado por conveniência da classe, ele nunca conhecerá o tipo de amor que fez sua Irmã perder tudo  e agradecia por isso, tinha enorme respeito por sua esposa, principalmente após sua filha, mas não a amava tinha apenas costume, os homens se acostumam com tudo era só ficar tempo suficiente.

No terceiro dia da visita Keira entrou em trabalho de parto, um mês antes do esperado, a casa se pôs louca atrás de uma parteira, Mr. Bennet pegou a carroça ele mesmo e foi a cidade vizinha. A parteira chegou tarde, não teve muito tempo para preparação, às pressas o bebê nasceu em um parto complicado com muito sangue e uma mãe sem forças, quando a mulher tentou levar a criança para a mãe ver, dizendo com um tom feliz “É uma menina.”, Keira apenas virou o rosto e apontou para o irmão, a mulher levou a criança ao Mr. Bennet.

“Vc não quer olhá-la? Ela linda, qual vai ser o nome?” Perguntou ele, tentando animar a Irmã que estava fraca na cama.

“O nome dela quero que seja Elizabeth, mas ela é sua agora se quiser decidir sozinho não me importo. Por favor, tire essa criança daqui agora, não quero vê-la, vc não entende, mas se eu o fizer eu desistirei de tudo isso e eu preciso dela salva, ela é ele, meu irmão,  tanto quanto é eu.” Ela falava com dor lágrimas e forças se esvaindo, o irmão protestou por um tempo, mas vendo que ela não mudaria de ideia se foi com a criança nos braços.

Distante da casa no campo, em Londres, Austen sentiu uma necessidade de ver sua amada e seu bebê, fugir da situação que estava com uma esposa arranjada é um casamento sem amor. Ele preparou tudo e entrou na estrada, demorou o tempo de uma longa viagem, mas já estava próximo a amada, no caminho passou por uma carruagem muito simples, mas não se ateve a isso, foi para a casa do campo onde Keira com certeza o esperava, pensava ele.

Quando entrou na casa estava uma agitação diferente, assustado correu para o quarto principal onde encontrou sua amada na cama com muito sangue nas cobertas, os empregados em desespero correndo para chamar um médico a parteira tentando estancar o sangue e a moça com dor e sofrimento, mas quando o viu sorriu, ele correu para seu lado em desespero pegou a mão dela e a beijou, ela ainda lhe sorria. “E o nosso bebê, meu amor? Onde ele está? Deixe o comigo, concentre-se em melhorar.” disse ele com lágrimas nos olhos, o coração apertado como se uma mão tivesse lhe perfurando o peito e o apertava com força, ela ainda sorria.

“Eu não consigo ficar, a dor me suga e esse é meu fim. Eu tive menina, me disseram que ela é linda e eu acredito, ela é parte sua tanto quanto minha. Eu a amo, mais do que vc nos amou, é por isso que eu estou garantindo o futuro dela, longe das pessoas que podem feri-la.” Ela falava cada palavra devagar, com puxar de ar que não parecia chegar aos pulmões, mas o sorriso ainda estava lá, ela sentia que tinha cumprido sua missão.

“Do que vc está falando Keira? Onde está o bebê? Onde está minha filha?” Ele estava perturbado, o coração apertado foi arrancado do seu peito e sua voz aumentava com o desespero.

“Ela está a salva. Vc não entendeu o mais importante, não é? ela não é sua propriedade apenas por ser parte sua, ela tbm é minha e agora eu garanti que ambos, vc é ela, tenham uma vida feliz e distantes um do outro…” ela pareceu que ia falar mais, mas tudo lhe faltou, faltou palavras, faltou juízo, ar, forças e sangue, tudo lhe faltou ao mesmo tempo que tudo foi tirado do homem que segurava sua mão.

Ele chorou, desesperou e amaldiçoou tudo, da terra ao seu, nada lhe escapou, mas Deus o perdoaria, pq homem nenhum merece a dor de perder seu amor e sua filha no mesmo dia. E parece que o universo lhe ouviu e compreendeu sua dor, pq a chuva caiu, de forma triste, em um céu cinza com trovões e raios chorando como o homem que o amaldiçoava, empregado nenhum interferiu, sentiam dor tbm pela patroa adorada que jazia na cama cercada pela poça de sangue.

Ela teve um velório simples, ninguém apareceu além daqueles na Casa do campo, nem o irmão que nunca respondeu às cartas, ela foi soterrada na areia que costumava enterrar os pés para sentir a vida, e molhada pela chuva pq o sol que adorava lhe banhar tbm estava desgostoso em aparecer. E ninguém sofreu mais do que o homem que parecia ter tido a alma arrancada pelo próprio demônio, que se ajoelhava na areia e não conseguia chorar mais, todas as lágrimas haviam sido arrancadas na noite.

Ele foi embora com um caderno nas mão, a única coisa que se permitiu levar dela, ele não leu, morreria se pensasse nela agora, ele apenas foi embora, tinha uma esposa e responsabilidades de conde na casa principal. Com isso, anos se passaram, ele se tornou amigo da sua esposa, apesar de nunca vir a amá-la, eles tiveram um filho que ele amou mais que tudo, mas não passou um dia sem sonhar com sua filha desaparecida, tinha constantes pesadelos sobre o bebê que tinha sido arrancado dele e a morte de seu amor. Todo aniversário da morte de Keira ele mandava sua esposa e filho a uma viagem e ia para o campo, ele levava o caderno, mas nunca o lia. Retornava para Londres e a vida continuava.

Contudo, uma semana após esse dia a esposa que retornava da França sofreu um acidente, a carruagem capotou em uma curva, como a boa mãe que era jogou-se em cima do pequeno menino e o segurou nos braços, tomando todo o impacto. Edward era uma pequena criança quando olhou para cima e viu o sangue da sua mãe correr e sujar suas roupas, ela sorriu para ele, como a boa mãe que era ela lhe disse, “Eu amor, escute a mamãe, vc vai sair pela janela em cima de nós, vai chamar uma carruagem e apresentar o papel que papai te deu para a pessoa dentro dela, vc pode fazer isso?” Falava calma, como quando ela o colocava para dormir.

“Mas e vc mamãe?” Ele falou com a voz trêmula.

“Mamãe vai ficar bem, ela vai ir sozinha.”

Edward fez o que a mãe mandou e logo estava em casa com roupas ensanguentadas, não chorou, parecia que não estava entendendo nada e não estava. O pai correu para pegá-lo, entregou dinheiro ao homem que trouxe seu filho e perguntou para Edward, “onde está sua mãe?”, e o pequeno com olhos assustados falou, “ela disse que vinha sozinha.”, sem demora Austen mandou uma busca pela mulher.

Era tarde, tudo que restará foi um cavalo e o enterro de mais uma mulher, uma boa amiga e companheira, que ao menos seu filho havia deixado antes de partir. Austen já era um homem sofrido e acreditava que suas dores não o matariam mais, então se colocou à ler o diário de Keira, descobriu tantas coisas, como o amor da moça era puro, sobre a felicidade de gerar aquela criança e sobre a dor da perda quando descobriu sobre o casamento dele, mas não contava onde a criança estava, apenas que aquela era a melhor decisão para uma criança bastarda.

Meses se passaram depois disso, ele levava Edward para muitos lugares na cidade quando podia, e nesse dia ele pode, o menino traumatizado se tornou uma criança silenciosa e quieta, não falava se não tivesse a obrigação de fazê-lo. Eles andavam quando em algum momento o menino soltou de sua mão, o conde logo se preocupou e chamava o garoto o procurando por todo o lado, até que o avistou, pela primeira vez em muito tempo corria, sorria, brincava e era uma criança, ele estava acompanhado de uma garota, não muito mais velha que ele, que parecia inspirá-lo a interagir, Austen sorriu, seu filho era apenas uma criança de novo.

Aproximava-se devagar das crianças com apenas uma rua pavimentada de distância, percebendo que havia tbm uma garota loira mais tímida com eles, “filho, vc me deu um susto.”, ambas crianças viraram e o conde vacilou no passo ao olhar para a menina. Ele sentiu um sopro no coração e o sangue pareceu voltar a correr, ele reconheceria aquele rosto sem nunca ter visto, era a mistura do que ele via no espelho e do que ele via todas as noites em seus sonhos. Se aproximou devagar, mas um homem apareceu de repente atrás das crianças, “meninas para a carruagem.”, era o irmão da amada, aquele que já foi seu bom amigo, colocando a mão no ombro da menina de cabelos castanhos, “mas papai, agora que começamos a brincar.”, Mr. Bennet encarando Austen do outro lado da rua falou com decisão, “Elizabeth, agora!”.

O conde tentou correr, mas não os alcançou, então parou de persegui-los, pegou Edward no colo e foi para casa, entrou no escritório e abriu as gavetas da escrivaninha com desespero até tirar o diário de lá, com as mãos trêmulas, lágrimas nos olhos e um sorriso nos lábios, lembrando do que Keira costumava dizer, “essa criança é parte sua tanto quanto parte minha”, ele escreveu na última folha que ela parou:

Her name is Elizabeth.

Seu nome é Elizabeth.


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Notas finais do capítulo

Fiz tudo o que podia galera, espero que tenham gostado desse capítulo.
Deixem seus comentários e opiniões, depois de escrever esse capitulo eu amo ainda mais o Conde Austen e o Edward, espero que vcs tbm.