Mr. Bennet chegou à tarde, ele trazia Kitty, Mrs. Bennet recusou-se a ir ofendida, pois sua mais adorada filha Lydia não foi convidada, nem o marido Wickham, e Mary ficou para fazer companhia a mãe. Mr. Bennet assustou-se quando viu Conde Austen, logo adotou uma atitude respeitosa, mas como se o homem fosse desconhecido, assim como fizeram as filhas mais velhas depois da chegada de mais convidados, Darcy logo percebeu que a mais nova das Bennet não fazia ideia de quem era o conde.

Ficava mais tarde e todos foram aos seus aposentos se prepararem para o baile, Elizabeth percebeu que era a única coisa que não tinha pensado, o que ia usar no baile? Darcy estava no quarto a observando andar de um lado para o outro, ele olhou para baixo e sorriu, aproximou-se da esposa e a puxou pela cintura.

“Você não pensou em momento algum o que iria usar?” Ele ria daquilo, se fosse em outro momento ele não se importaria dela ficar ali e não usar nada, mas precisavam comparecer no próprio baile. “Estava ocupada, planejando o baile, para pensar nisso.” disse ela se aconchegando nos braços dele, ela sentia falta da sua aproximação, ele se afastou e foi em um canto mais afastado do quarto, abriu um armário e tirou duas caixas grandes.

“Então foi bom eu trazer isso de Londres, espero que seja do seu agrado.” Disse ele andando até ela e lhe entregando as caixas, “O outro é para Georgiana, então talvez você queira se trocar com ela. Faça me o favor de ajuda-la, ela foi em tão poucos bailes.”, disse sorrindo, nesse momento de mimo esqueceu de todos os desentendimentos, pois Elizabeth sorria agradecida.

Ela fez como ele sugeriu se trocou no quarto de Georgiana e a moça não podia ter ficado mais agradecida, precisava de uma amiga pra conversar e ajuda para se preparar.

“Acredito, querida Eliza, que estou doente, meu coração está disparado, sinto algo como uma febre e coro constantemente, talvez devesse visitar um médico. Mas, o que me assusta é que essa condição apenas se apresenta quando penso em Mr. Edward Wolff e se agrava quando o vejo...” Ela levou a mão ao coração, sentindo-o bater forte em seu peito, “Como alguém pode ser responsável pela doença de outro sem nunca ter realmente passado uma doença? Mr. Wolff parece em perfeita saúde.” Ela disse de forma atordoada e realmente confusa, sentou-se na cama ainda com a mão no peito, Elizabeth conteve-se para não rir, Georgiana não entendia o que estava acontecendo, e a outra se divertia com a tormenta de um coração inocente.

Elizabeth nada disse, apenas pensou  em como esse baile poderia ser interessante, sorriu e passou a mão pelo cabelo da outra consolando-a, ela a ajudou a se vestir, fazer o cabelo e escolher os assessórios, quando terminaram seguiram para o salão do baile e esbarraram em um grupo de pessoas no corredor, Mr. Darcy, Edward e Conde Austen, os homens pararam ao ver as moças ficaram deslumbrados, ambas estavam linda, mas apesar de achar sua irmã bela Darcy não desviou os olhos de Elizabeth e Edward encarava Georgiana com a boca entreaberta. Percebendo o olhar do mais novo Elizabeth aproximou-se dele passou a mão pelo cabelo do homem e falou em seu ouvido, “Feche a boca, seria indelicado encarar e desejar uma moça tão abertamente.”, Edward corou, mas ninguém ouviu o comentário dela e Darcy cerrou as mãos em punho, indignado que a primeira aproximação da esposa não foi com ele.

Logo mais um casal se juntou a eles, Jane e Bingley, e seguiram para o salão de baile, já com convidados que Elizabeth não conhecia, todos de berço de ouro ganhando cinquenta mil libras para mais, sorrisos forçados, caretas de segundos e ofensas disfarçadas de elogios. Elizabeth sentiu-se desconfortável na própria casa e Darcy estava zangado por seu comportamento na entrada, ele se manteve distante da esposa e conversou com seus companheiros de negócios, o grupo foi se dividindo até ficarem apenas Elizabeth e Georgiana observando os que dançava, os olhos de Edward mesmo a distância acompanhavam a mais nova por todo o salão, mesmo quando Caroline se insinuava.

Caroline ria dos próprios comentários tocando ombro de Edward e, as vezes, deslizando para sua mão, o homem apenas desviava e nada comentava, ela sentia pontadas de nostalgia nas atitudes dele, era como Darcy agia para se livrar dela, ou quando ele passou a observar Elizabeth, mas o homem com quem falava agora era mais educado a ponto de permanecer em silencio ao invés de corta-la com frases irônicas e desinteressadas. Edward logo pediu licença a mulher e seguiu na direção da moça que seu corpo almejava, Caroline observou ele saindo frustrada e irradiando desgosto.

“Gostaria de tira-la para uma dança, talvez as suas duas primeiras.” Disse Edward, pegando a mão de Georgiana e abaixando-se para beija-la sem desviar os olhos do dela, ela corou e Elizabeth sorriu. “Eu não sei” Disse Georgiana, assustada procurando os olhos de outra pessoa que não fosse o do homem a sua frente, ela encontrou o da cunhada que sorria de forma encorajadora e que se aproximou do ouvido da mais nova, “Você já aprendeu como dançar agora é só achar um bom par e acho que Mr. Wolff parece um bom acompanhante, talvez assim você descubra o que vem lhe perturbando sobre a presença dele.”

Georgiana sorriu e com uma leve reverencia aceitou o convite, a cunhada ficou para trás sozinha, a dança começou e ela se guiava pelos passos do homem a sua frente que sorria de forma divertida, “Acredito que deveríamos conversar em horas como essa, o silencio parece o mais perturbador dos inimigos, o que seria do homem sem as palavras de uma bela mulher?” ele disse com um sorriso de lado, acompanhado a dança.

A moça corou, “Acredito que não mudaria muito na vida de um homem, posso citar uma bela mulher que quando coloca palavras juntas em uma sentença completa faz os mais requisitados dos homens fugir, mas existem mulheres não tão belas que quando falam chocam todo o público, e o silencio não é um inimigo quando não traz o desconforto para as partes que o compartilham.” Disse Georgiana, chocada com a própria capacidade de formar uma frase sem enrolar nas palavras ou citar a opinião de outros, sua mente voou para Caroline quando falou de uma bela mulher e logo foi para Elizabeth quando mencionou uma mulher capaz de impressionar, mal sabia ela que Edward fez o mesmo caminho sobre a discussão.

“Não poderia concordar mais com seu ponto de vista, existem aqueles que tem muito a falar, mas nada a dizer. Vejo que você é uma das moças que têm muito a dizer e recusam a falar.” Disse Edward com a dança em seu fim, a moça se perdeu em pensamentos e encarou o acompanhante, ele repetiu o que disse em seu pensamento procurando algo que pudesse a ter ofendido. Mas logo ela sorriu, balançou a cabeça e olhou para os pés, “Durante muito tempo eu não era nenhuma das duas, mas passei a acreditar que as palavras invocam uma magia única que interfere na percepção do outro, e eu não quero manter esse poder escondido ou mancha-lo com a podridão das sombras, então sim devo ser uma das moças que se recusarão a falar a não ser que seja para acrescentar ao invés de jogar magia ao vento e vê-la se desmanchar.”, parecia natural conversar daquela forma entre os dois, Georgiana sentiu que Edward era o tipo de pessoa capaz de falar sobre um tema banal, passar para temas profundos, quase existencialista e filosóficos, e capaz de dividir o silencio do universo sem em nenhum momento parecer assustador.

Edward sorriu, fascinado pela pequena moça loira a sua frente, ele tinha conhecido muitas mulheres e pelos negócios do pai vivia viajando para países e, as vezes, continentes diferente, mas ele não perdia o folego ou se sentia intrigado, muito menos se importava, a jovem a sua frente era diferente e ele sabia disso no momento que ela acariciou Winter. Ele pegou a mão dela e a beijou, “Não esqueça que temos mais uma dança.”, o sorriso trocado faria todos os casais no baile sentir inveja.