Incríveis Aventuras em CASTELOBRUXO escrita por Flávio Trevezani


Capítulo 9
Um Lado Extraordinário da Família Allario


Notas iniciais do capítulo

Tião estava empolgado com o fato de sua varinha ser especial. Uma varinha sem núcleo, quem diria? Mas isso logo irá se provar nem tão bom assim ou talvez extraordinariamente bom, vai depender do seu ponto de vista bruxo.



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Chegando a Matoso, Matoso e Matoso, loja de seu tio avô, Tião entrou na loja com sua varinha e seus livros, encaminhou-se para o fim da loja para subir para a biblioteca, para guarda-las junto a suas coisas em sua mala. Natália estava ao Balcão, anotando algumas coisas junto a potes, ervas e algumas caixas, o que pareciam ser produtos da loja de especiarias de seu tio. Pelado, seu Mão Pelada de estimação, dormia sobre uma prateleira atrás dela tranquilamente. Na loja havia duas senhoras. Uma magra, de óculos grandes e cabelos pretos amarrados em um coque frouxo e a outra, uma senhora gordinha com chapéu pequeno e engraçado, levemente grisalha e de bochechas rosadas. As duas senhoras pareciam cochichar entre si e mal perceberam a entrada de Tião ao lugar. Natália então lhe cumprimentou.

— Então comprou sua primeira varinha Sebastião. Que bacana. Lembro quando comprei minha primeira varinha, era de pelo de unicórnio, muito bonita, mas não fazia bons feitiços. Por isso durou pouco. Posso ver a sua varinha?

Tião respondeu que sim com a cabeça e sorrindo. Abriu a caixa de sua varinha e retirou-a para Natália ver.

— Nossa! Que diferente ela não? Rústica. E essa madeira? Linda, essas nuanças de cores na madeira escura. Que madeira seria essa?

— Baobá – disse Tião.

— Nunca havia visto uma varinha de baobá, afinal, são árvores africanas. Então deve ser uma varinha importada de lá, estou certa?

— Sim, está – disse ele.

— Mas essa tonalidade não é comum de baobás, eu acho. Mas, e o núcleo? – perguntou ela olhando a varinha.

— Não tem núcleo – disse ele normalmente, mas que fora seguido de uma expressão de espanto por ela.

— Jura? Tem certeza disso? Quero dizer. Não conheço varinhas sem núcleo, afinal, o núcleo é a parte mais importante da varinha, ao menos é claro, que a madeira seja carregada de magia, o que normalmente não é possível. Árvores mágicas, e desse assunto entendo bem, perdem a magia uma vez que são mortas ou retiradas da árvore de origem. Diferente de algumas partes de animais mágicos, por exemplo. Mas, já ouvi falar de artefatos assim. E afinal de contas, porque você escolheu uma varinha sem núcleo?

— Eu não escolhi. Na verdade testei todas as varinhas da loja de varinhas praticamente, mas só essa que funcionou. E como tio Aroldo disse que não somos nós que escolhemos a varinha, mas sim elas que nos escolhem, ele deve ter me escolhido, eu acho.

Tião não entendia bem de varinhas, mas fora isso que ele havia entendido.

— Bem curioso. Mas se Alaíde a vendeu, deve ter sido a melhor. Aquela bruxa entende de varinhas e pra ter te vendido uma que não fora ela ou algum Madeira que fabricou, com certeza ela não teve escolha.

— Sim – disse e sorriu Tião. Essa historia dessa varinha estava ficando curiosa até demais para ele – Desculpe Natália, mas irei até a biblioteca de tio Aroldo guardar essas coisas, se não se importar.

— Claro – disse ela sorrindo e voltando a analisar suas amostras sobre o balcão, enquanto as senhorinhas continuavam olhando potes de pós, poções e coisas do tipo.

Tião então subiu para o segundo andar e foi até a biblioteca, que estava com a porta entre aberta. Chegando percebeu que ela não estava como antes.  Na Biblioteca havia estantes de livros do chão ao teto, dos dois lados. Porém, de um lado, onde ficava a escrivaninha, não havia estante de livros, era a parede pura com um papel de parede listrado de verde claro e escuro. De frente para a porta havia a janela grande que dava para Biela Amarela com uma cortina clara presa dos dois lados e uma fina cortina, de tecido fino e transparente, que voava com o efeito do vento. E na outra parede, estantes de livros de cima a baixo. Agora, porém, a escrivaninha estava debaixo da janela, enquanto na parte de parede pura que emoldurava a mesma, se encontrava uma cama, modelo de viúva. Nem tão pequena quanto às camas de solteiro e nem grandes como as camas de casal. Esta estava com belos lençóis brancos e uma colcha antiga, porem bem bonita cor vermelho carmesim.

Sobre a cama estava a Mala de Tião e ao lado dela, as coisas da lista que seu tio avô havia comprado. Caldeirões, potes, colheres e conchas, luvas de couro verde acinzentado e um embrulho de papel que parecia tratar-se das vestes de Castelobruxo. Ele colocou seus livros e as sua varinha sobre a cama e abriu os embrulhos de papel, curioso para ver as roupas que usaria todos os dias em sua nova escola. Eram vestes de um tecido verde claro brilhoso, parecia cetim, mas não era. Ele não entendia tão bem de tecido, mas sabia que aquele era um tecido diferente. Era como um roupão, uma veste de mangas longas e largas, compridas até os tornozelos, com botões na frente e capuz. Uma espécie de sobretudo verde claro com capuz. Nas barras e nas mangas, havia bordado ramos de planta brancos, como se tivessem brotos de folhas para abrir. Ramos que se entrelaçavam até se encontrar novamente, circulando as bordas das mangas e a barra das vestes. A parte de dentro era branca também e no peito, do lado direito, havia um brasão, o mesmo brasão que havia na carta convite que recebera, deduziu ele tratar-se do brasão de Castelobruxo, onde haviam quatro seres dentro do brasão em forma de triangulo que parecia uma pirâmide. Chamas por detrás do brasão saiam como galhos pegando fogo e abaixo, uma faixa verde turquesa onde havia escrito “Non Tangerent Boitatá cum Magicum”. Ele não fazia ideia do que aquilo significava.

Retirou as vestes do embrulho e as experimentou, eram leves, bem leves. Bem mais leves do que pareciam e não esquentavam também, como qualquer outra roupa como aquela de um tecido comum provavelmente esquentaria. Ele gostou de usá-las. Eram confortáveis e meio esvoaçantes. Ele mal podia acreditar que ele iria para uma escola de bruxaria e se tornaria um bruxo. Retirou as vestes, abriu sua mala mágica com a palavra secreta e começou a guardar tudo que ali estava dentro dela e como antes, quanto mais espremia as coisas, mais espaço parecia surgir. Após guardar todas as coisas, com exceção da varinha, ele fechou a mala novamente e a colocou ao lado da cama e deitou sobre a mesma, admirando a sua varinha. Não sabia como usar, mas queria segurá-la e começou a mexer ela como se estivesse fazendo algum feitiço e de repente, kzaz! Um raio saiu da varinha atingindo o teto e deixando uma pequena mancha preta de queimado. Ele não dissera nada, mas mesmo assim, saiu aquele pequeno raio de sua varinha quando ele a movimentou com mais rapidez e veemência. Sua reação fora previsivelmente desesperadora.

— Caramba! Fiz merda – disse ele nervoso ao ver aquela pequena manchinha de queimado no teto, de no máximo cinco centímetros de diâmetro – acho melhor eu esperar para fazer essas coisas em Castelobruxo.

Então ele resolveu guarda-la, afinal, não sabia como usá-la e não queria causar nenhum acidente na casa de seu tio avô. Mas bem lá no fundo havia ficado bem animado, pois, lançara um raio de sua varinha pela primeira vez.

Após algum tempo, ele ali mudando de posição de deitado e sentado, resolveu levantar-se e descer. Seu tio Aroldo, porém, havia chegado e batia a porta da biblioteca, que agora era seu quarto temporariamente, pedindo licença para entrar. Tião autorizou e seu tio avô entrou, sentou-se na cama, a seu lado e então disse.

— Como você está? Está feliz?

Ele não podia conter, estava sim, bem feliz e empolgado.

— Muito. Apesar de estar pensando em vó Quitinha lá sozinha no sítio em Mato Seco, eu estou bem empolgado com tudo.

— Fico Feliz. Experimentou suas vestes antes de guarda-las? Elas serviram bem em você?

— Sim, ficaram boas sim. Obrigado Tio Aroldo. Percebi que elas são diferentes, mais leves e não esquentam como deveriam esquentar para aquele tipo de tecido.

— Sim – riu ele – Elas são especiais. Não viu a qualidade mais importante delas, mas eu sei que verá.

— E como foi na loja de Varinha da Senhora Alaíde?

Perguntou Tião, preocupado com o que ela teria conversado com seu tio e talvez, com a possibilidade de ter de devolver a varinha, caso seu tio não pudesse pagar por ela.

— Bem – então ele mudou um pouco o seu semblante – eu disse que conversaríamos melhor algumas coisas e acho que não poderemos esperar muito mais.

— Aconteceu algo de errado?

— Não meu querido, apenas... – fez uma pequena pausa buscando palavras certas, algo típico de tio Aroldo e continuou - você precisa saber de algumas coisas que creio que serão importantes e talvez, deverá, como posso dizer? Evitar falar delas ou demonstrá-las.

Parecia algo sério, afinal ele não estava risonho como habitualmente.

— Veja bem meu pequeno Sebastião. Sua varinha é especial como acho que compreendeu -  Tião respondeu apenas que sim, atento ao que ele tinha a dizer -  e acredito que não saiba o porque disso, sabe?

— Não. Não sei muita coisa sobre varinhas, na verdade, não sei nada a não ser o que Nicko me explicou e o que a Senhora Alaíde da loja de varinhas disse sobre minha varinha.

— O que sabe sobre seu pai Sebastião?

— Na verdade, antes de vir para cá, minha avó me contou coisas sobre meu pai as quais eu não sabia.

— Como, por exemplo, ele ser um bruxo eu imagino?

— Sim – disse Tião.

— Ela disse algo mais?

— Que ele foi embora quando minha mãe estava prestes a me ter e nunca mais deu noticias.

— Lembra-se quando eu disse a você que não falasse o seu sobrenome completo, no caso, o sobrenome de seu pai?

— Sim. Por causa dessa historia de pais bruxos que abandonam família serem mal visto. Meio preconceituoso isso tio, não acha? Eu não me importo em falar, se as pessoas tem vergonha disso, eu nem um pouco.

— Pois bem meu sobrinho, eu meio que menti. Sinto vergonha disso, me desculpe. Mas, não existe essa historia de preconceito contra pais bruxos que abandonam seus filhos. Na verdade, disse isso, pois o sobrenome do seu pai, neste caso, seu sobrenome, é um sobrenome um tanto quanto conhecido entre os bruxos.

Tião não disse nada, mas com um semblante de intrigado e curioso em saber mais sobre o assunto e tio Aroldo continuou afalar sobre.

— Os Allarios são uma família muito antiga entre os bruxos colonizadores das Américas. Logo eles são uma família um tanto quanto tradicional. Porém, o que faz deles conhecidos na sociedade bruxa não é o fato de ser uma família antiga, mas certa qualidade peculiar da família que acabou sendo algo que os levou a altos patamares sociais.

Ele fez um silêncio, como sempre fazia quando estava tocando em assuntos delicados e daí Tião indagou.

— E o que seria isso tio Aroldo?

— Bem. Os Allario são famosos por ser uma família de bruxos avaradores.

E esperou a reação de Tião, que permaneceu em silêncio olhando seu tio, esperando que esse o explicasse o que aquilo significava.

— Ow caiporas! Esqueço-me que você não sabe sobre certos assuntos bruxos.

— Não sei nada sobre assuntos bruxos tio, infelizmente – disse ele risonhamente constrangido.

— Enfim. Tião alguma vez aconteceu algo estranho e inexplicável a você? Como objetos caindo sozinho das prateleiras? Portas se fechando sem que ninguém as manuseasse? Coisas desse gênero.

— Sei lá. Algumas vezes sim, mas a casa de vó Quitinha é antiga e o piso é torto em alguns lugares, as coisas caem devido a isso ou ao vento. Venta muito lá, e ele bate as portas volta e meia. Mas o que isso tem haver com meu pai, a família dele e esse tal negócio de avarador? O que é isso Tio Aroldo?

— Já vou explicar, mas me diga, e quando está com raiva? Alguma vez quando estava zangado ou com raiva de algo ou alguém, algo estranho aconteceu perto de você?

— Acho que não – e ele buscou na memória coisas assim, depois que soube ser neto e filho de bruxo. Ele começou a repensar certas experiências que vivera com outros olhos e disse – Espera. Uma vez na mata, estava procurando orquídeas pra vó Quitinha. Estava eu e Zulim e teve uma hora que tive impressão de estar sendo seguido, dai mandei Zulim procurar, mas ele saiu correndo para o lado contrário. Ele nunca fora medroso, mas nesse dia ele fugiu, aquele cachorro magrelo, no caso, saci – disse ele rindo da ideia do cachorro de sua avó ser um saci – então, houve uma hora que ouvi um galho quebrando e ai eu fiquei com bastante medo e sai correndo e de alguma forma que não sei explicar sai da mata bem rápido, só que eu ainda estava bem distante da beira da mata. Mas o curioso foi que as plantas na minha frente pareciam sair da frente pra que eu passasse. Não que elas se mexessem como se fossem vivas, mas, elas eram empurradas por algo invisível e eu passava correndo. Eu contei pra vovó, mas ela disse que foi o medo que fez aquilo. Que estava com medo e acabei vendo coisas.

— Pois bem – disse tio Aroldo com um semblante um tanto quanto diferente, entre surpreso e meio preocupado – Avarador é o bruxo que consegue fazer feitiços sem a varinha. Nesse caso, seu pai, assim como outros bruxos da família Allario, são avaradores. Mas não é uma regra que você seja avarador e seu filho automaticamente será avarador. Mas na família Allario isso é um tanto quanto mais comum.

— Então eu posso fazer feitiços sem varinha? Na verdade sempre achei que bruxos pudessem fazer magia porque são mágicos, até descobrir que precisam de artefatos mágicos para fazer magia. Mas então, se eu posso fazer feitiços sem varinha, porque da minha varinha?

— Sim. Você pode. Mas esses não são bem feitiços o que você faz ou fez. Na verdade. Você ainda não sabe fazer feitiços. Mas instintivamente, a magia que existe em você, ela consegue fazer certas coisas de acordo com sua vontade. Se essa for bem focada e motivada. Por isso elas acontecem com medo, raiva, euforia, adrenalina. A varinha seria uma forma de extrair de você a magia que já existe e é canalizá-la. Neste caso, você é o próprio núcleo de sua varinha. Ela é um amplificador mágico ou às vezes um moderador. Não que isso seja regra a todos os Avaradores. Normalmente avaradores usam varinhas normais como todos os outros. Mas parece que os Allario tem uma magia bem poderosa que associada às varinhas comuns, acabam ocasionando, como posso dizer, curto circuito mágico. Por isso essa varinha especial do Baobá Rei foi feita e funcionou melhor que as outras para você. Está entendendo?

— Mais ou menos.

Disse ele meio confuso com essas informações. Mal havia entendido o pouco que lhe havia sido explicado, agora tudo parecia bem mais confuso e complexo.

— Então por isso não queria que falasse meu sobrenome. O sobrenome do meu pai no caso. Mas porque eles não podem saber que sou filho de um Allario? Se eles são uma família respeitada, sei lá, acho que isso seria algo bom não?

— Não que os Allario sejam bruxos maus, não. Mas alguns Allario eram temidos, pois, um avarador pode ser bem poderoso, mesmo se ele for desarmado, ele ainda tem seus poderes de avarador. E por isso alguns se tornaram um tanto quanto perigosos no passado. Mas há muito tempo isso mudou. Desde que as novas leis foram criadas. Mas desde então, a fama dos Allario repercutiu e não mudou muito.

— Então meu pai é ou era um avarador também?

— Sim. Seu pai era um avarador, ou é, não sei dizer sobre isso ao certo.

— Então por isso ele realmente era um homem mal – disse Tião, que estava pensando alto, mas expressou-se em voz alta sem perceber.

— Não meu querido. Seu pai era um bom homem. Eu o conheci. Inicialmente tive minhas duvidas quanto ao caráter dele, mas depois eu o conheci. Ele era diferente, assim como muitos Allario são bons e agradáveis.

— Então existem outros Allario? Minha avó dizia que meu pai não tinha família.

— E ela não mentiu. Seu pai nunca apresentou a nossa família seus parentes. E também, a família Allario tem muitas ramificações, algumas mudaram de sobrenome devido a casamentos, mas ainda mantém as mesmas origens. Devido a esse passado um tanto quanto obscuro, a família foi se desintegrando e perdendo o sobrenome, assim como o poder de avarador enfraquecendo. Afinal, era extremamente mal visto em meio aos bruxos.

— Mas então eu posso ter avós paternos? E sabe se meu pai tinha irmãos? E será que tenho primos? E se eles estudarem em Castelobruxo.

— Eu não sei dizer meu querido. Seu pai não falava da família e ele pediu para que nós não tocássemos nesse assunto. No casamento de seus pais, não havia nenhum parente de seu pai. Apenas dois amigos dele, do trabalho. Mas nenhum parente. Acredito que realmente ele não tivesse parentes.

— Se esse sobrenome e essa família, a família do meu pai, são tão mal vistos. Porque eu recebi o sobrenome dele.

—Sua mãe insistiu em colocar. Mesmo seu próprio pai dizendo que não, segundo a sua avó, antes mesmo de desaparecer.

— Tio. Você acha mesmo que ele fugiu?

— Eu não sei Sebastião. Tudo é possível. Mas acho que se ele tivesse vivo, após tantos anos, sabendo que têm um filho. Ele teria retornado ao menos para ter noticias, até mesmo por curiosidade.

— Tudo bem – disse Tião meio triste com tudo isso. Até a pouco, a ideia de fazer feitiços sem varinha era formidável. E de ter uma varinha especial mais ainda. Agora tudo isso parecia ruim e ele não queria ser especial, nem diferente. Queria apenas ser um menino comum, como era até um mês atrás.

— Não fique assim meu pequeno. Nada muda. Você será um bom bruxo, eu sei. E essa varinha irá lhe ajudar. E ninguém precisa saber sobre isso, ao menos que você queira dizer, claro. O importante que você é um Matoso, antes de ser um Allario. Está no seu nome, vê? Sebastião Silva Matoso Allario. Você é um Matoso antes de ser um Allario.

E tocou seu nariz, algo que se fazia com crianças pequenas. Mas logo percebeu que isso era algo estranho e infantil, ficando encabulado. Corando as bochechas que já eram levemente coradas, pedindo desculpas. O que fez Tião rir, afinal. Ele era um bom tio avô e Tião já gostava dele.

Tio Aroldo se levantou, se endireitou e disse.

— Precisamos comer algo, estou faminto. E você, eu imagino, mais ainda. Um jovem bruxo em crescimento precisa comer regularmente. Então, vamos?

— Vamos sim tio Aroldo. Só mais uma pergunta.

— Claro meu pequeno rapaz. O que quer saber?

— Senhora Alaíde disse que essa varinha foi encomendada, por um bruxo, que até já pagou ela. Ela disse quem era esse bruxo?

Nervoso, Tio Aroldo, olhou com seu olhar tenso e após alguns segundos pensando ele respondeu.

— Eu nem sabia disso, caiporas. Mas prometo perguntar a ela sobre. Ela não me disse nada sobre esse fato. Disse apenas sobre você ser um avarador e ela deu a entender que você é um avarador bem... – e ele retesou novamente – habilidoso.

— Tudo bem. Foi apenas curiosidade. Depois de tudo que disse, pensei que pudesse ter sido meu pai que encomendou ela.

— Teoria interessante. Buscarei mais informações sobre isso, mas agora vamos comer que estou faminto e já passou da hora do almoço.

— Vamos sim. Tio, acho então que é melhor não falar sobre meu sobrenome e nem sobre minha varinha sem núcleo. Desde que a ganhei, a todos que contam ficam surpresos, então, acho melhor não falar dela.

— Acho muito sensata sua decisão meu rapaz. Iria lhe pedir isso, mas que bom que você mesmo pensa assim. Isso será melhor ao menos por agora, até todos lhe conhecerem melhor. Depois, talvez, você possa contar sem temer reações indesejadas.

Tião concordou com a cabeça. Os dois desceram e então saíram para almoçar. Enquanto Natália continuava suas anotações sobre o balcão da velha loja de especiarias Matoso, Matoso e Matoso e seu mão pelada ainda dormia sobre a prateleira atrás dela.

 


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