Incríveis Aventuras em CASTELOBRUXO escrita por Flávio Trevezani


Capítulo 15
Velho Amigo da Família


Notas iniciais do capítulo

Após longos meses de silêncio literal, é com imenso prazer que digo que o feitiço de desorientação e bloqueio criativo se desfez e a maldição acabou (risos). Então vamos ao resuminho até então:

Tião se descobriu bruxo, além de bruxo, que já era algo extraordinário, se descobriu avarador, neste caso, um bruxo capaz de fazer magia sem varinha. E após a desastrosa chegada a Escola, e poucas e boas que passou até lá, ele fez novos colegas, Nicko, o bruxo Cigano vidente desastrado. Ceci, a bruxinha xamã indígena com o raro dom da zooglotia, habilidade de falar com os animais. Allpa, nossa bruxinha latina de uma tribo especial tida como extinta pelos babaquaras, ou trouxas se preferir, mas que ainda abrigam o coração da floresta amazônica, aos pés da cordilheira dos andes, junto a seu familiar amarillo, um gato animorfo capaz de se transformar num jaguar. E por último e não menos importante, a nova amiga Nina, uma meio giganta muito talentosa, que apesar de não ser uma sem tribo como os quatro, acaba se sentindo deslocada na escola como eles se sentem.

Bem, eles estão tendo a primeira aula do ano, e ela está por terminar, o que vem a seguir?



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A aula se estendeu por grande parte da manhã. Professor Olívio falou sobre o uso da varinha por horas, depois ensinou feitiço básico de luminescência e os manteve praticando varias e varias vezes. Até mesmo aqueles que já sabiam fazê-lo tiveram de ficar praticando, ajudando ou esperando aqueles com certa dificuldade e fazendo algo similar como aquilo pela primeira vez. Logo todos estavam cansados, por mais empolgados que estivessem com a ideia de praticar feitiços. Finalmente ele se calou por alguns instantes e disse:

— Bem. Creio que por hoje já tivemos uma boa noção de varinhas, movimentos e feitiços e sei que todos estão loucos para saírem por aquela porta. Para isso vocês terão um período anormalmente estendido para saírem e explorarem as instalações da Escola. Seus horários já estão sobre suas mesas e já sabem qual será sua primeira aula no período da tarde, até lá, divirtam-se.

Então um jovem garoto gordinho levantou a mão e esperou a autorização do professor Olívio para se pronunciar.

— Diga Clarindo – disse o professor.

— Meu pergaminho não possui nada escrito – disse o garoto mostrando ao professor o papel em branco. Então, magicamente as palavras foram surgindo no papel, não somente dele como de todos que tinham o pergaminho em branco nas mãos com a mesma duvida.

— Olhe de novo Clarindo – disse o professor sorrindo.

E ele olhou após a fala do professor e o pequeno alvoroço causado por toda a turma.

— Então – prosseguiu o professor Olívio – o que estão esperando, vão, saiam daqui e explorem o Castelo – e todos se levantaram felizes e apressados a sair, mas antes que o primeiro aluno alcançasse a porta ele disse – Apenas não se esqueçam das palavras da diretora Orumã: vocês saberão onde são os limites do Castelobruxo, logo, não o ultrapassem ou terão de enfrentar as consequências dos perigos além dos limites. E tenham certeza que ser comido vivo por um bando de Caiporas selvagens será o menor deles.

E todos arregalaram os olhos, principalmente as meninas e alguns garotos mais franzinos e joviais. Então o professor sorriu mais uma vez e fez sinal com as mãos para que saíssem. E assim o fizeram. Enquanto a maioria saia apressada curiosa e empolgada em conhecer os locais famosos ou desconhecidos de Castelobruxo, o pequeno grupo dos sem tribo mais a sua nova amiga, Nina, arrumavam suas coisas bem vagarosamente, na mesma estratégia de antes, para que todos saiam e eles possam finalmente sair despercebidos e sem serem os centros das atenções. Assim que estavam praticamente prontos e saindo, sendo um dos últimos da turma a sair, professor Olívio arrumando sua mesa chamou a Tião para se aproximar:

— Antes de ir Sebastião venha até aqui, por favor.

Então os outros pararam e esperaram Tião, próximos a porta. Mas Olívio completou:

— Vocês meninos, podem ir explorar a escola, minha conversa com Tião será breve e não precisam se retesar por isso.

— Mas nós não nos importamos professor – disse Nicko sorrindo, claramente curioso em saber do que se tratava a conversa – podemos esperar ele sem problemas – e lançou-se sobre uma cadeira, lançando sua mochila no chão.

— Mas eu insisto para vocês irem explorar e se divertirem – disse Olivio risonho, mas com as sobrancelhas arqueadas.

— Não estamos com pressa professor – insistiu Nicko entrelaçando os dedos abaixo do queixo com ar de quem queria assistir a conversa de camarote.

— Venha seu tapado – disse Ceci pegando em seu braço e puxando-o para fora a força – não percebeu que a conversa é particular entre eles?

— Serio?- disse Nicko sarcasticamente surpreso.

— Tião, estaremos no salão  da Andurá te esperando, tudo bem? – disse Allpa com sua sempre doce voz.

Tião acenou com a cabeça e todos saíram, inclusive Nicko que tentou atrasar ao máximo sua saída na esperança de ouvir ao menos o inicio da conversa. Após todos saírem, professor Olívio se aproximou de sua cadeira, usou sua varinha em um feitiço “accio” e trouxe uma cadeira para próximo deles, onde ele gentilmente apontou com a mão para que Tião sentasse. Tião o fez, meio tenso e nervoso por ter de conversar sobre sua varinha e sobre o porque ele a têm e ele também se sentou, então finalmente Olívio começou a falar:

— Sebastião, tem algo que queira conversar sobre?

— Acho que não professor – disse Tião um pouco nervoso, achando que sabia exatamente do que professor Olívio estava falando.

— Bem, tudo bem então – disse ele sorrindo – eu fico aliviado com isso. Mas eu queria dizer que caso precise falar sobre qualquer assunto, você pode me procurar, vice?

E Tião deu um sorriso mecânico e fez um leve aceno com a cabeça, nitidamente nervoso.

— Só isso professor que o senhor queria falar comigo?

Perguntou Tião se preparando para levantar.

— Sim, só isso – disse o professor abrindo a gaveta e guardando algumas coisas.

Então, Tião levantou-se aliviado, pois no fundo ele temia algo que nem entendia bem o porque direito, mas convenceu-se que esconder o fato de ser um Allario e um avarador a todo custo era a única escolha. E quanto se aproximava lentamente da porta, o professor completou sua resposta num tom tranquilo e bem baixo, para que ninguém mais ouvisse:

— Já que inventar um núcleo tipicamente sulamericano com uma madeira africana não pareceu nada estranho e suspeito, deixo em aberto outro momento que queira falar melhor sobre o fato de ser um Allario e consecutivamente um avarador. Bom passeio Sebastião.

Tião parou na porta, nervoso com as palavras de seu professor, afinal seu avô havia pedido para ele fazer segredo deste detalhe de sua vida. Mas era obvio que os professores e a diretora saberiam seu sobrenome, afinal, estava na carta convite de envio a ele ainda na casa de sua avó. Mas daí saber que ele era um avarador, algo que nem ele entendia bem como funcionava era algo que realmente o deixou ainda mais tenso ao ouvir de seu professor.

— Esqueceu alguma coisa Sebastião? – perguntou o professor claramente provocativo, pois sabia que ele estava escondendo essa informação de todos e ao ser revelado pelo mesmo, o deixara bem desconcertado, talvez temeroso e nervoso.

Tião retornou, soltou a bolsa no chão, aos pés da cadeira que se sentava e disse:

— Eu não entendo nada sobre isso professor Olívio. Eu... eu não sei bem o que fazer com isso.

— Eu imaginava isso.

Disse Olívio tranquilo e risonho, o que deixou Tião um pouco mais confuso e irritado de certa forma, pois, aquilo era assustador e complicado para ele, uma vez que não cresceu sendo bruxo e conhecendo essa cultura e universo. Então Olívio prosseguiu:

— Tião, o que sabe sobre a origem do seu sobrenome, Allario, e ser um avarador?

— Apenas o que meu tio avô me contou recentemente. Que Allario vem do meu pai, isso eu já sabia, mas que os Allarios, a família do meu pai, são uma família bruxa famosa e que tem habilidades especiais de fazer magia sem o uso de varinhas. Mas como sabe que sou um avarador?

— Como disse, uma varinha de baobá é extraordinariamente incomum e ainda mais com um núcleo de escamas de boiuna, sugiro que diga fibra de dragão, soará aos entendedores algo mais sucinto. E sendo filho do seu pai, achava muito difícil não ser um avarador.

— Então o senhor conheceu meu pai? – perguntou Tião já curioso com aquela informação.

— Sim. Talvez ache estranho, mas fui padrinho de casamento de seu pai e sua mãe e vi você uma única vez, quando ainda era bebê.

— Então vocês eram amigos? – perguntou ele ainda mais empolgando, feliz com a ideia de conhecer alguém que conhecia bem seu pai e poderia lhe dar mais informações sobre o mesmo.

— Sim – disse Olívio sorrindo – éramos irmãos de tribo. Crescemos juntos, até certo momento quando brigamos por... – então ele retesou completar a frase – por uma coisa que não deveria ter sido motivo para nos afastarmos.

Tião ficou em silêncio, pois não queria saber por que eles brigaram e esperou o professor completar a conversa.

— Enfim. Mas nos reconciliamos uns anos depois, quando ele me convidou para ser padrinho de casamento dele e de sua mãe. E depois disso, nos vimos algumas vezes e finalmente ele sumiu.

— Então o senhor falava com ele quando ele sumiu? – perguntou Tião curioso, querendo mais informações sobre o ocorrido.

— Sim e não Sebastião – disse ele claramente tentando não falar muito sobre – tínhamos pouco contato e foi uma surpresa para mim tanto quanto para todos. Mas este não é o caso aqui meu rapaz. Uma vez que saiba que eu era amigo de seu pai, eu sabia muito bem dos altos dons mágicos de avarador que ele possuía e logo, seria quase impossível você não nascer com o mesmo talento. E quando vi na aula seu amigo chamar atenção, destruindo minha estatueta e logo após, você inventar uma varinha estranhamente incomum. Não precisei ser muito inteligente para juntar os fatos.

E Tião sorriu encabulado.

— Diga-me – disse o professor agora mais serio – sei da fatídica morte de sua mãe e do fato de ter sido criado por sua avó, aquela senhorinha um tanto quanto irritadiça e aversa a magia. Por isso imagino que não saiba muito sobre o mundo bruxo, estou correto?

— Sim – disse Tião encabulado – soube há um mês aproximadamente que era filho de bruxo e que iria estudar aqui, em Castelobruxo. E tudo que sei desde então, são algumas poucas coisas, que li ou que meu tio avô e o Nicko me contaram.

— Entendo – disse Olívio serio – e o que sabe sobre avaração?

— Sei que é a... – procurou a palavra certa a se dizer.

— Habilidade – disse Olívio para ele.

— Isso – concordou Tião – a habilidade de fazer magia, não feitiços necessariamente – lembrou-se das palavras de seu tio avô Aroldo – sem o uso de varinha. Certo?

— Sim – disse Olívio concordando com ele – Mas vai muito além disso. Em tese, essa é a definição principal, mas com isso, outras coisas vem inclusas no pacote de ser um avarador.

— O que por exemplo? – perguntou Tião.

— Bem. Uma vez que você tem um talento nato a fazer magia sem usar artefatos mágicos. Isso o torna tanto um poderoso bruxo, como um perigoso bruxo.

— Mas eu não sou como os parentes do meu pai – disse ele – Eu sou uma pessoa boa. Sempre ajudei e respeitei minha avó e os mais velhos. Nunca fiz maldade com ninguém, mesmo quando me faziam raiva. Eu até ajudava os passarinhos que caiam do ninho a voltar para o ninho deles. Isso é ser bom Né?

— Eu acredito Sebastião – disse Olívio claramente feliz em ver a reação do menino – Mas isso não significa que seja mal, mas preciso que entenda que quando se tem o poder de fazer magia com a mente, sem uso de varinha, um desejo na hora de fúria pode se tornar um feitiço automático, sem que você de fato o conjure. Por isso os avaradores Allários eram temidos. Muitos não eram tão maus quanto dizem, mas em momentos de raiva ou angustia, podem fazer coisas que até mesmo eles não queriam. Na verdade queriam, mas não teriam coragem de fazer. Veja bem - disse tentando explicar - Eles não tinham real inteção de fazer mal a ninguém, mas como eles desejaram em seu âmago, seu dom natural fazia por eles e isso pode acontecer com você também.

Tião ficou levemente assustado, pois até então temia apenas ser descoberto e sofrer ainda mais preconceito, perseguição e descriminação. Agora, com o que o professor Olívio dissera, ele temia fazer mal as pessoas que o circundavam, mesmo sem querer de fato fazer isso a eles. E Olívio percebeu que o assustara com aquilo, então tratou de explicar-se melhor.

— Se aveche não Sebastião – disse ele sorrindo – nem sabemos qual o nível de avaração possui e ainda é jovem. Se houvesse algum dom muito perigoso em você, já teria se manifestado a algum tempo. Já fez algo extraordinário e inexplicável que agora saiba que se tratava da avaração?

— Sim – disse ele após ter pensado e lembrado de tudo de estranho que já aconteceu com ele que ele se recordou até o momento.

— E como foi? – perguntou Olívio intrigado.

— Sei lá, na época não notei, mas já aconteceram coisas comigo que hoje parecem ter sido coisa desta tal de avaração.

— Como, por exemplo? – questionou Olívio.

— Uma vez pareceu que as árvores saíram da minha frente enquanto corria no meio da mata fugindo de um barulho estranho que ouvi.

— Entendo – disse Olívio sem expressar nenhuma reação estranha, apenas ouvia – algo mais?

— Me lembro de que tinha uns garotos no primário que zombavam de mim e uma vez enquanto eles ameaçavam me bater, lembro que eles tropeçaram.

— Isso pode ter sido apenas coincidência – disse professor Olívio sorrindo levemente.

— Também achava, mas agora pensando bem, cinco meninos tropeçarem todos nos cadarços é algo um pouco coincidente de mais, não acha?

Disse Tião com cara de assustado. Olívio riu fortemente com a história e disse:

— Realmente, isso não foi coincidência. Mas veja. Todos foram feitos não muito perigosos, talvez isso prove que não será um problema tão grande assim para você – e sorriu o professor.

Tião sorriu aliviado ao ver o semblante descontraído e alegre do professor ainda a sorrir da história dos meninos que tropeçaram. Mas então o professor completou dizendo:

— Veja. Não quis ser intrometido em sua vida ou te expor. Eu tive um conversa com sua mãe. Pouco tempo depois de seu pai desaparecer e você nascer e como eu era o único amigo dele que ela conhecia e tinha contato, ela me pediu, caso você tivesse o mesmo talento de seu pai, para ajudar a lidar com isso. Eu viajei para Europa a trabalho e fiquei alguns anos lá, sua mãe tentou entrar em contato, mas onde me encontrava era difícil o acesso e quando finalmente retornei, soube do acontecido, que ela havia falecido e tentei entrar em contato com sua avó, mas ela não foi muito receptiva, como você deve imaginar – sorriu ele – então o tempo foi passando e eu fui sabendo de forma vaga que estava tudo bem com vocês, então finalmente, deixei para lá, até saber que você estava prestes há fazer onze anos e que seria convidado a vir para Castelobruxo.

Tião ouvia cada palavra com extrema atenção e nada falava, mal respirava prestando atenção no professor. Olívio continuou a falar:

— Enfim. Não queria me intrometer na criação de sua avó. Procurei saber sobre a resposta de sua vinda, mas pareceu que sua avó não permitiu que você viesse, então prometi a mim mesmo que se você não se tornasse bruxo, não iria me meter nas decisões de sua avó. Mas parece que ela cedeu algumas carta convite depois – sorriu ele – então, você está aqui e eu estou aqui. E bem, estou disposto em cumprir a promessa que fiz a sua mãe, se assim você quiser, é claro.

Tião sorriu, sorriu puramente. Saber que podia confiar em alguém ali era reconfortante e tirava de suas costas um peso que carregava de forma enorme e cansativa. Então ele respondeu ao professor:

— Professor Olívio, eu acho que vou precisar de toda ajuda possível – e sorriu.

O Professor se levantou, circulou a mesa e estendeu a mão para ele. Tião se levantou, e apertou sua mão. Então Olívio o puxou e o abraçou de surpresa, o que deixou ele desconcertado, mas havia se agradado com o gesto. Olívio o soltou e disse aparentemente emocionado:

— Me desculpe – carregado no sotaque que na maioria das vezes era sutil – Mas sou nordestino e as vezes me deixo levar pela emoção.

— Sem problema – disse Tião sorrindo encabulado – eu também faço isso às vezes professor.

E eles riram. Então Olívio disse:

— Acho melhor ir, seus amigos estão te esperando.

— Sim – disse ele se levantando e pegando sua bolsa, então ele perguntou a Olívio – professor?

— Diga!

— Meu tio me aconselhou não falar para outras pessoas sobre eu ser um Allario e ser um avarador. Acha que devo manter isso em segredo.

— Segredos ou mentiras, cedo ou tarde vem a tona. Mas acho que o conselho de seu tio foi sensato, então, por enquanto, não fale no assunto apenas, tudo bem?

— Sim Senhor – e continuou a sair, quando se lembrou de perguntar outra coisa – e para meus amigos... – então completou a frase, pois mal conhecia aqueles garotos, não sabia se podia confiar neles – de "não tribo"?

— Eles são seus amigos? – perguntou Olívio com um semblante instigante.

— Eu não conheço eles a muito tempo, então...

— Não foi isso que perguntei Sebastião. Perguntei se eles são seus amigos?

— Acho que sim – disse ele sorrindo encabulado.

— Então não guarde segredos assim deles. Se confia neles, conte, será melhor.

— Obrigado professor Olívio.

— De nada Sebastião.

— Ah! – disse ele já saindo e sorrindo – me chama só de Tião, Sebastião parece minha avó brigando comigo.

Ele riu e saiu, deixando professor Olívio rindo e concordando com a cabeça antes que ele abrisse a porta para sair.

No corredor, estava Nicko, Ceci, Allpa e Nina aguardando sentados no chão.

— Ei! – disse Tião rindo – porque vocês estão ai esperando? Não iam para o salão das tribos?

— Até fomos, mas chegando lá todos que estavam por lá ficaram nos encarando, então retornamos da porta mesmo e viemos te esperar aqui – disse Ceci meio irritada.

— Podiam ter ido explorar a escola, não ficaria chateado – disse ele sentindo que achava realmente que tinha ganhado amigos.

— E deixar você ai sozinho com o professor – disse Nicko – jamais faríamos isso. E se você precisasse de ajuda? Como se livraria de encrenca sem nós meu camarada?

— Na verdade ele tentou ouvir atrás da porta a conversa, mas ela está sobre encanto de silencio – disse Ceci com olhar fulminante para o garoto.

— Como foi a conversa? – perguntou Allpa inocentemente.

— Boa – disse Tião claramente tranquilo.

— E o que ele queria? – perguntou Ceci levemente intrigada – tem haver com a mentira da varinha?

— Mentira? Varinha? Do que você está Falando garota? – desconversou Nicko chegando perto de Tião e sussurrando depois – teve haver com a varinha? Fale baixo.

— Teve sim – disse ele em tom de voz normal.

— O que você tá fazendo? – perguntou Nicko entre os dentes e sorrindo – não era segredo?

— Se tem algum segredo Tião – disse Allpa – não precisa nos contar, tudo bem? Não é de nossa conta.

E sorriu a doce garota.

— Isso mesmo Allpa – disse Nicko em voz alta e depois surrou entre os dentes novamente – mas pra mim você vai contar.

— Obrigado Allpa, mas acho que devo contar isso a vocês, por que... – e ele não queria dizer porque os considerava amigos, ficou com vergonha, então usou outra explicação – nós moramos na mesma sala comunal, dos sem tribo – riu ele – e acho que merecem saber, caso algum dia aconteça alguma coisa.

— Então acho melhor eu ir indo e depois a gente se vê na aula – disse Nina encabulada.

— Não Nina – disse Tião – não precisa ir. Afinal, você se tornou uma sem tribo honorária – e riu ele acompanhado de todos.

— Tem certeza? A gente mal se conhece.

— Todos nós mal nos conhecemos – disse Ceci – mas acho que estamos juntos nessa, pelo menos por um ano.

— Então tá, desembucha logo que to morto de curiosidade caiporas! – falou Nicko num tom alto e eufórico.

— Falo sim, mas vamos para um lugar mais reservado, afinal isso é um corredor, volta e meia passa alguém e acho que quero manter isso só entre a gente por agora.

Assim todos se levantaram e saíram do corredor, em direção a saída da escola, até alcançarem os pátios da frente, que circulavam o lago, onde vários primeiranistas passeavam e conversavam num belo dia de sol.


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Notas finais do capítulo

Peço desculpas pelo desaparecimento de seis meses, mas infelizmente a rotina do ano foi muito além do que desejava e esperava, Mas estamos de volta com a história e prometo, que pelo menos o primeiro ano dessa turma, vocês saberão de tudo que aconteceu. os próximos será outra história. rs



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