Forbidden escrita por Koyama Akira


Capítulo 8
You Forgot Your Goodbye


Notas iniciais do capítulo

E aí gente, preciso dizer, mais um alerta de spoiler pra esse capítulo então::: [[[SPOILER ALERT]]] Esse capítulo contém informações do episódio "You forgot your floaties", se eu não me engano é o episódio 38 da temporada 6. Se já viu ou não se importa com spoilers, boa leitura ♥



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A princesa havia dormido tranquilamente naquela noite, um verdadeiro sono merecido, afinal de contas, já estava há dois dias sem dormir devidamente. Aos poucos e sem pressa abriu os olhos enquanto se esticava na cama, tentando repelir o sono aos poucos. Ao olhar para o lado percebeu que sua amiga dormia tranquilamente flutuando ao seu lado. Aquele momento sereno não durou muito até que Jujuba finalmente se lembrasse da amostra que havia colocado para testar em sua máquina na noite anterior.

Em um salto a garota de pele rosada correu pelos corredores e desceu até seu laboratório enquanto ainda vestia uma camisola apenas para verificar o resultado. Repolhos! Pensou, estava feliz pois aparentemente seu antídoto temporário havia funcionado, ela só precisava testar e então ela poderia finalmente reproduzir quantas vezes fosse necessário. Jujuba bateu palmas numa sequência já conhecida por seu mordomo para que fosse atendida.

— Sim, majestade? — o pequeno mordomo arredondado apresentou-se para serviço.

— Prepare o café da manhã, dê preferência a coisas vermelhas, Marceline vai comer aqui hoje. — era difícil dizer se a felicidade na voz da princesa era pelo resultado de seu suposto antídoto ou se era pelo fato de ter dormido ao lado da sua melhor amiga.

— Estará pronto em breve! — Mordomo Menta prontamente se retirou em direção à cozinha para repassar as ordens da princesa.

 

Bonnie subiu novamente até seu quarto e ao chegar na porta permitiu-se admirar sua amiga por alguns minutos. Marceline estava relaxada enquanto flutuava sobre a cama com a mesma roupa do dia anterior, pois não tivera tempo de trocar-se, tinha uma expressão tranquila e seus cabelos caíam suavemente mas devido à altura mal tocava no travesseiro. A brisa balançava os fios negros quase hipnotizando a princesa que ainda a admirava da porta, ela desceu os olhos lentamente quando finalmente chegou no rosto da vampira.

Bonnie? — Marcy dizia sonolenta ao perceber a princesa parada na porta.

Jujuba deu um pequeno salto e sentiu seu coração acelerar ao perceber que Marceline estava acordada.

— Ah… É. Marcy… — a garota de pele rosada tinha a voz levemente trêmula, mas logo tratou de se corrigir — Eu vim te acordar para tomar café da manhã, vá tomar banho.

Uau… certo, mandona, bom dia pra você também — bocejou.

— Bom dia — riu, fato que chamou a atenção da vampira, afinal ela não tinha dito nada muito engraçado.

— Ei, qual o motivo do bom humor? — Marceline sentou-se na cama.

— Eu te conto quando estivermos tomando café da manhã. Agora… banho.

Marceline fez um som de pum com a língua entre os lábios, mas não demorou até se dirigir ao banheiro. Jujuba esperou pacientemente deitada em sua cama encarando o teto e pensando em um milhão de coisas, aproveitou aquele tempo para finalmente descansar, todo seu plano estava correndo como esperava, naquele dia iria perguntar à Betty o que precisava saber e não via como aquilo poderia dar errado, além do mais, estava fazendo tudo isso ao lado de sua melhor amiga. Ela não tivera a oportunidade nem a iniciativa de dizer à vampira o quão feliz estava por tê-la ao seu lado, mas considerava que aquilo não era importante e poderia dizer em outra hora. Alguns longos minutos depois lá estava Marceline, envolvida em uma toalha rosa flutuando em direção a princesa que ainda não havia percebido seu retorno.

— Eu lembrei que não trouxe roupa — a vampira parecia sem graça.

— Ah! — Jujuba tentava conter a surpresa de ver a amiga seminua ao seu lado. — Bem, não tem problema, eu te empresto minhas roupas.

Marceline tinha uma expressão desgostosa.

— Mas você só tem roupas de… você sabe… princesa. — Marceline disse a última palavra com um certo nojo, fazendo com que a melhor amiga sorrisse.

— Nem todas.

 

Jujuba se dirigiu até o armário e vasculhou suas gavetas procurando por uma calça jeans, ficou decepcionada ao perceber que a maioria de suas calças eram brancas ou rosa, mas não desistiu até finalmente achar uma calça jeans skinny. Não se lembrava de ter comprado aquela calça, nem de ter usado pra falar a verdade, pensou que só poderia ser de uma pessoa. Levantou calmamente a calça em direção ao seu nariz, aquele cheiro… ela nunca seria capaz de confundir aquele cheiro.

— Bonnie? — Marceline se aproximou confusa. — Essa é minha calça?

Jujuba deu meia volta com o susto e jogou a calça na cara da amiga o mais rápido que pôde.

— Eu não estava cheirando sua calça — a princesa disse enérgica, quase como se a estivesse repreendendo.

Marceline riu, ainda com a calça pendurada em seu rosto.

— Ta, princesa — tirou a calça da cabeça e rindo a colocou sobre a cama — o que foi isso de repente?

Pff… nada — se apoiou no armário fazendo uma pose completamente artificial, tentando mostrar que estava bem. — eu tô super bem.

O...kay — ainda com um sorriso no rosto, Marceline levantou uma das sobrancelhas desconfiada. — Mas, falta a camisa e… uma calcinha.

Ah ta… — Jujuba prendeu a respiração por alguns segundos depois de ouvir a frase.

Vasculhou mais uma vez suas gavetas procurando por uma camisa, até que viu uma preta dobrada. Era a camisa que a rainha dos vampiros havia lhe dado algumas noites atrás, ainda não havia vestido, porque não era como a outra, a outra tinha uma “história” além do mais, tinha o cheiro que a princesa mais amava em toda Ooo…

— Ei Marcy, acho que essa camisa é a única que você vai gostar de vestir.

— Essa não é a outra camisa que eu te dei? — ela se aproximou, deixando a princesa um pouco desconfortável.

— Essa mesma. Nenhuma das que eu tenho aqui você aceitaria vestir.

Marceline olhou por cima do ombro de Jujuba para dentro de sua gaveta de camisas e tentou procurar por uma que ela pudesse vestir, mas sem sucesso.

— É você tem razão, mas e a.... — Marceline foi interrompida.

— Isso aí você pode procurar por conta própria. — Jujuba tentava esconder o constrangimento com uma voz séria e compenetrada.

— Ok, então. — Jujuba deu espaço para que Marceline pudesse se aproximar mas ficou de costas para não ver qual seria a escolha da amiga.

A vampira abriu a gaveta repleta de calcinhas cor de rosa e conteve um riso ao reparar em uma peça em específico, uma rosa que tinha bolinhas brancas, sabia que se imaginasse Jujuba vestindo uma daquelas não conseguiria parar de rir, então preferiu continuar procurando por outra. Não demorou muito até achar, mas dessa vez ela conhecia, era uma calcinha igualmente rosa, mas se lembrava de já tê-la visto antes.

Ei, Jubs! — deixou um riso singelo escapar e mostrou a calcinha escolhida para a amiga, balançando-a em sua frente — você lembra daquela vez que você tava com…

Marceline foi interrompida pelo olhar perplexo da princesa encarando a calcinha que era balançada em sua frente, suas bochechas estavam tão vermelhas que quase fazia sua pele parecer branca. Ao perceber o que estava falando Marceline também sentiu suas bochechas esquentarem e as duas viraram os rostos em direções opostas.

Ai, Glob… eu sou tão estúpida. Marceline tentava conter seu constrangimento para si, mas era difícil.

— Eu vou me trocar. — a vampira disse séria.

— Certo. — Jujuba respondeu da mesma forma.

A princesa com certeza se lembrava do evento que Marceline estava se referindo quando mostrou a calcinha, mas preferia que não tivesse.

Depois do evento constrangedor as duas seguiram para tomar café da manhã e a mesa estava muito bem posta, todos os melhores tipos de doce que podiam escolher: banana split, milkshake, rosquinhas, cupcakes, sorvete, biscoitos, refrigerante era quase incontável a quantidade de doces que haviam naquela mesa.

— Isso é um café da manhã, Bonnie? — brincou.

— Estamos no Reino Doce não no Reino Café da Manhã — devolveu.

— Faz sentido. — riu — Bem, quando eu era criança isso era o que eu mais queria.

Jujuba sorriu sem perceber ao ouvir o comentário.

As duas tiveram um ótimo café da manhã, foi bom para que a princesa pudesse esquecer momentaneamente de suas preocupações. Percebeu também que Marceline era uma das poucas pessoas que a faziam rir, talvez pelo humor da princesa ser um pouco ácido e a vampira ser especialista nesse tipo de coisa. alguns minutos se passaram mas antes que a refeição terminasse, Marceline lembrou-se de algo.

— Ei Jubs, o que você disse que tinha para me falar mesmo? — a vampira estava contente e assim aparentava estar a princesa.

— Ah sim! — sorriu — eu consegui um antídoto para os meus pesadelos! Quer dizer, eu ainda preciso testar, mas tudo indica que funciona perfeitamente, se meus cálculos estiverem corretos.

— Seus cálculos quase sempre estão corretos.

— Exato!

Marceline tentava disfarçar sua expressão de frustração, mas era um pouco difícil.

— Marcy? — Jujuba se compadeceu com a expressão da amiga — achei que fosse ficar feliz com isso.

— Ah, sim!!! — forjou um sorriso — eu estou sim, como não poderia estar? Minha pequena nerd, sempre bem preparada.

Jujuba conhecia Marceline há — literalmente — alguns séculos, o que era tempo mais que suficiente para saber quando as coisas estavam bem ou não e ela sabia que as coisas não estavam, não queria pressionar pois a vampira não reagia muito bem quando pressionada. Por outro lado, Marceline se mordia de ciúmes, não sabia porquê, mas não gostava da ideia de Jujuba não ligar mais para ela quando tivesse pesadelos ou quando tivesse “medo” de dormir sozinha, sentia que aquele era o único elo que as mantinham unidas e ele estava prestes a se romper.

— Tudo bem, acho que já conversamos demais. Tenho que ir na casa de Betty, fazer perguntas… — hesitou — você vem comigo?

— Pode contar com os meus ossos. — A vampira aliviou o clima pesado, arrancando mais um sorriso dos lábios de Bonnie.

 

Depois dos retoques finais e assim que Marceline colocou seu boné e camisa quadriculada de mangas compridas, ambas dirigiram-se para a antiga casa do Homem Mágico, agora casa de Betty, a mulher mágica. Ao aterrissar, Jujuba se soltou das costas da amiga, caminhando calmamente até a porta, batendo quatro vezes num ritmo percussivo. Logo dois toques foram ouvidos do lado de dentro para completar a batida. Betty abriu a porta por fim.

— Estou ocupada. — Betty bateu a porta na cara das duas garotas que esperavam do lado de fora.

Marceline e Jujuba já estavam dando as costas para voltar ao reino, quando a humana mágica abriu a porta novamente.

— Brincadeira, eu estava olhando para o teto até vocês chegarem. Entrem.

Marceline e Jujuba se entreolharam e deram de ombros, uma coisa era certa, magos eram imprevisíveis.

— Então meninas, o que as traz aqui? — Bonnie sentou-se em uma poltrona enquanto Betty sentava-se no sofá. Marceline continuou flutuando enquanto olhava a casa.

— Eu tenho algumas perguntas que… — Bonnie foi interrompida por uma mulher mágica chateada.

— Ei mocinha, não mexa nisso. — dirigiu-se à Marceline.

— Mas eu não toquei em nada! — Marceline a encarou confusa enquanto flutuava frente a uma prateleira cheia de globos de neve.

— Mas pensou.

— Não pensei!

— Pensou!

— Não pensei! — Marceline já estava com o rosto quase transformado em morcego, por conta da raiva.

— Eu sei que pensou — completou a mulher mágica.

— Como eu estava dizendo… — Jujuba tentou voltar ao assunto que importava.

—Eu ouvi isso, mocinha… — Betty voltou-se para Marceline mais uma  vez.

Mas, eu não disse nada! — a vampira tinha uma voz monstruosa.

— Mas, pensou.

Já chega!!! — A princesa encerrou a discussão — Não tenho tempo pra bli-blope… Betty, eu preciso saber sobre a guerra dos cogumelos, tudo o que você puder me contar. É importante para a minha pesquisa.

— O que você quer saber? — a humana tinha uma voz tranquila.

— Tudo o que você sabe — a princesa quase não conseguia conter seu coração de tão feliz que estava.

— Esplêndido! — Betty sorriu se inclinando para a frente. — É uma pena que eu não possa falar nada.

O quê?! — quase dava para ouvir o som do coração de Bonnibel Jujuba se partindo.

— Você ouviu. Águas passadas não movem moinhos, criatura de linhagem monárquica feita de C6H12O6. Falar o que aconteceu pode fazer com que tudo se repita e não há nada que você possa me dizer que me convença do contrário.

Com isso, Betty desapareceu numa cortina de fumaça sem deixar rastros.

O quê?! — Jujuba se levantou da poltrona com os braços duros feito pedra. Não precisava conhecê-la muito para saber que ela estava muito irritada.

— Ei Jubs, a gente vai dar um jeito! — a rainha dos vampiros tentou animá-la, mas não havia nada naquele momento que pudesse fazer Jujuba relaxar, talvez só uma resposta.

— Vamos, eu tenho um longo dia de pesquisa pela frente…

A voz da princesa era um misto de frustração e raiva. Sem pensar duas vezes Marceline a carregou e ambas voltaram para o Reino Doce, durante a viagem Marceline tentou fazer com que a princesa se distraísse com a paisagem ou comentários que fazia vez ou outra, mas sem sucesso. Ao colocar os pés em seu reino a princesa foi a passos duros e largos em direção ao seu laboratório. Marceline ainda tentava animá-la a medida que o dia andava, mas nada que fazia parecia funcionar, se contentou apenas em brincar com alguns objetos no laboratório e tentar fazer música com alguns itens que encontrava por lá, isso perdurou até de noite quando ambas já estavam extremamente saturadas, especialmente a princesa do Reino Doce.

Ai, meu creme!!! — Jujuba gritou batendo as mãos sobre a bancada repleta de análises diferenciadas sobre a amostra que havia coletado. — Eu não sei mais o que fazer!

— Ei, Jurubeba — a vampira se aproximou colocando a mão sobre o ombro da amiga. — Acho que você deveria descansar, você já trabalhou demais, não quer sair comigo? A gente poderia passear um pouco, pra você esfriar a cabeça.

— Agora, não Marceline, eu estou ocupada… — respirou fundo com os olhos ainda na análise que estava em suas mãos.

— Ah qual é, você esteve ocupada a semana inteira, quando vai ter tempo para sair comigo? — insistiu.

— Marceline, isso é realmente importante.

— Mais importante do que eu? — sua voz tinha um ar irritadiço e provocador.

— Marceline, não comece com isso de novo…

— Ah é verdade — deixou seus olhos correrem para outro canto — esqueci que eu nem ao menos sou importante.

O quê? — Jujuba virou-se para a amiga indignada — Eu nunca disse isso!

— Você pode fazer o que quiser.

Marceline!

— Tchau. — Marceline saiu pela janela do laboratório deixando uma princesa confusa e muito chateada.

Ótimo! Vai embora como sempre, eu não me importo!

Assim que as palavras saíram de sua boca se arrependeu, mas não havia muito o que pudesse fazer… o que estava feito, estava feito.


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Notas finais do capítulo

É isso aí, espero que tenham gostado ♥



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