Forbidden escrita por Koyama Akira


Capítulo 3
Planos


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, sinto muito pela demora. Me desmotivei bastante para continuar a fic, mas cá estou novamente com todo o gás! Obrigado aos que me incentivaram a continuar, principalmente a uma das minhas melhores amigas e fontes de inspiração: Chisana Rumiko



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Um cheiro extremamente agradável subia os degraus do quarto de Marceline. A princesa ainda estava deitada na cama, no limiar entre consciência e inconsciência, mas ao sentir o doce aroma de waffles sendo preparados, seus sentidos voltaram à tona... ou quase isso.

Vagarosamente seus olhos se abriram e passearam pelo quarto ao redor. Uma coisa era certa, Jujuba nunca gostou da decoração daquele quarto, mas ainda assim ele o fazia sentir-se confortável. Do lado direito da cama estava o gravador de Marceline, e a julgar pela quantidade de fita enrolada no rolo direito a vampira havia gravado alguma coisa.

Marcy não estava na cama também, então Bonnie pensou que talvez não fosse uma má ideia escutar o que ela tinha gravado. Espreguiçou-se esticando cada membro do seu corpo da melhor forma possível e uma onda de satisfação percorreu sua pele doce. Sentou-se na beira da cama e apertou no botão para rebobinar a fita. Tocou no play.

Uma melodia levemente familiar começou a tocar, lembrou-se que antes de chegar na casa de Marceline ouviu o som do baixo e estava tocando essa música. Não demorou muito para que pudesse ouvir a voz da vampira em seguida:

“We live many things
paths full of adventures
floating over our possibilities”

 

Estava ansiosa para ouvir toda a música, mas escutou a vampira chamar seu nome do andar de baixo. Com muito pesar adiantou a música até o final para Marcy não perceber que “alguém” havia mexido em seu gravador.

— Já estou descendo! — Jujuba respondeu com a voz levemente rouca de sono.

A princesa calçou as pantufas da vampira e desceu a escada que dava para a sala de estar.

— Bom dia, Jiloba! — brincou a vampira. — Eu te chamei, mas não esperava que estivesse realmente acordada.

— Estou sim! E faminta, por sinal.

— É, eu imaginei — Marcy colocou um prato cheio de Waffles sobre o balcão da cozinha. — Me diz uma coisa... eu escutei uma música vindo do andar de cima, por acaso você estava ouvindo alguma das minha gravações?

Jujuba gelou no mesmo instante enquanto encarava diretamente os olhos de Marcy.

— Evidente que não! — mentiu. — Sem te pedir antes? Uma falta de respeito sem tamanho.

— Eu imaginei que não. — Marcy riu descontraída, mesmo sabendo que a princesa estava mentindo. Ouvidos vampíricos servem para essas coisas; afinal de contas, Marceline tinha escutado o gravador.

Uau! Marcy, o cheiro fica ainda melhor quando chego mais perto! — Jujuba parou para refletir por um instante. — Ei... você não é uma péssima cozinheira?

— Pode ter certeza disso! — riu.

— E como isso cheira tão bem quanto um café da manhã do Reino Café da Manhã?

— Porque é um café da manhã do Reino Café da Manhã! —Marcy expôs sua lingua bifurcada enquanto mostrava um semblante muito alegre.

 

Jujuba se dirigiu até um dos bancos altos que ficavam de frente para o balcão para sentar-se.

 

— Eu achei que a princesa Café da Manhã tivesse expulsado você e a princesa Caroço do Reino Café da Manhã pra sempre... — tentou não demonstrar o quão confusa estava.

— Sabe como é, nada como “pedir com jeitinho” — riu.

 

Marceline sentou-se no banco ao lado do da princesa virando-se para ela. Havia panquecas, waffles, sucos de diversos tipos, torradas e torta e mesmo que não pudesse comer nada do que havia servido sentia-se satisfeita em ver a expressão de deleite no rosto da amiga.

— Pode atacar... — brincou a vampira encarando despercebidamente a princesa.

Jujuba estava encantada com a beleza e o cheiro de todo aquele café da manhã, mas a frase de sua amiga a fez voltar a si.

— Não acho justo... — a princesa hesitou — Você não vai poder comer nada disso e ainda vai ter que me assistir comer. Foi muito gentil da sua parte trazer toda essa comida, mas não é justo com você.

 

Marceline sorriu sem perceber, estava achando tudo aquilo muito lindo, principalmente quando saía da boca da amiga. Num gesto quase que inconsciente, Marcy tocou a mão da princesa, que descansava sobre o balcão que dava da sala para a cozinha e vice versa.

— Não seja boba, Bonnie — riu sarcástica — estou sem comer comida normal a mais de novecentos anos, acho que me acostumei.

— É mas, quando teve todo aquele problema com os vampiros... você sabe, você pôde comer comida de novo e...

Marceline a interrompeu com um beijo na bochecha, o gesto fez com que Bonnie se calasse. A princesa sentiu seu rosto esquentar imediatamente, felizmente o tom rosa claro de sua pele ajudava a disfarçar o rubor.

— Eu estava pensando, por onde vamos começar a pesquisa... — Marcy prosseguiu como se nada tivesse acontecido — Será que tem algo na biblioteca que possamos usar? A gente poderia perguntar pra princesa tartaruga!

Enquanto Marceline citava possibilidades de fontes para a pesquisa, Jujuba voltava ao normal, colocando de lado seu constrangimento para prestar total atenção na vampira. Entre uma garfada e outra elas trocavam opiniões sobre o que seria melhor a se fazer naquele momento.

— Tive uma ideia ainda melhor! — Marcy foi interrompida ao ouvir um zumbido vindo do andar de cima. — Ah... Bonnie, acho que seu celular tá tocando.

— Está? — indagou com a boca ainda cheia de panquecas.

Bonnibel Jujuba subiu os degraus para o andar de cima para poder atender o telefone. Era Jake.

— E então, Jubs, quem é tão importante dessa vez? — disse Marceline um pouco indignada.

 

Mas, para surpresa da vampira, a princesa não respondeu. Jujuba parecia estar tentando falar, mas era constantemente interrompida.

— Jake... sim! ... eu sei! Mas ele não estava melhor com relação a isso? ... tudo bem, estou indo... certo, me encontre no salão doce em meia hora, tenho alguns esquemas que podem funcionar. — Com um longo suspiro a princesa desligou o telefone.

— Parece que nossa pesquisa vai ser adiada. — mesmo que estivesse chateada, Marcy não parecia surpresa.

— Só por hoje. É o Finn... ele precisa da minha ajuda.

— O Finn? Qual é Jubs, você sabe que o Finn sempre fica bem. Fora que somos amigas a sei lá... oitocentos anos?!

— Se você estivesse com problemas, eu com certeza iria te ajudar, como já fiz várias vezes. Mas agora você está bem e podemos continuar a pesquisa amanhã, ou pelo menos depois que eu falar com o Jake.

— O que o Finn tem de tão ruim assim?

— Ele perdeu a espada Finn faz um tempo, uma semana, acredito. Sabe como aquela espada era importante pra ele, não sabe?

 

Marcy não respondeu. Estava hesitante, sentia-se mal pelo Finn e por ter sido um pouco egoísta à alguns segundos atrás.

— Achei que ele tivesse superado... — disse um pouco decepcionada.

— Eu também achei... Mas não importa, eu vou dar o meu melhor para que ele fique bem, pensei em alguns planos pro caso dele ter uma recaída, talvez funcionem.

— Tudo bem, vou ao menos te levar pra casa. Só um segundo. — Marcy disse enquanto pegava roupas no armário.

Assim que a vampira se dirigiu para o banheiro para poder se trocar, Jujuba começou a se sentir culpada pela forma fria que havia agido com Marceline há pouco. O seu jeito metódico de ver as coisas acaba tornando-a um pouco impessoal. Lembrou-se dos momentos que vivera com Marcy quando foi deposta do trono do Reino Doce, como foi bom ter um tempo com ela, como foi bom poder desabafar e rir. Pensou em seguida que logo depois de ter retomado o reino para si ficou mais uma vez tão sufocada pelo trabalho que mal tinha tempo para sair com a amiga. Sim, ela realmente se sentia culpada, mas não havia muito que pudesse fazer.

 

Marceline saiu do banheiro com a roupa já trocada, agora vestia uma calça jeans skinny e um longo moletom de gatinhos, colocou seu boné com o cavalo flamejante e flutuou até perto da cama, onde a princesa encontrava-se sentada.

— Não vai se trocar? — seu tom de voz era levemente desmotivado.

Jujuba assentiu com a cabeça e foi para o banheiro se trocar também. O clima estava um pouco desanimado entre as duas, então não conversaram muito até Jujuba se aprontar e Marceline levá-la novamente para o reino Doce.

 

Ei, Marcy... — Jujuba segurou a vampira pelo braço antes que pudesse ir embora. — Você está chateada por não podermos começar a pesquisa hoje?

Marceline foi pega de surpresa e tentou disfarçar o constrangimento pelo súbito contato físico que acabara de acontecer. Esse tipo de atitude deixavam a vampira sem graça, principalmente quando partiam da princesa.

Pfft... — tentou forçar uma expressão sarcástica. — Claro que não, sou legal demais pra isso.

 

A frase fez a princesa esboçar um sorriso de deleite, o que deixou a amiga ainda mais constrangida.

— Não se preocupe, amanhã sou toda sua. — Assim que terminou de proferir a última palavra, Bonnie percebeu a ambiguidade do que havia dito, ainda mais quando Marceline a olhou instantaneamente com uma expressão tão perplexa que chegava a ser embaraçoso.

Depois de se encararem por longos segundos sem perceber as duas viraram os rostos em sentidos opostos, ambas com o rosto tão vermelho quanto uma placa de “pare”. Jujuba sentiu que sua mão ainda segurava o braço de Marceline e então a soltou.

— Vejo você amanhã, Bonnie...

— Certo.

Sem fazerem qualquer tipo de contato visual as duas se despediram e Marcy saiu voando por uma das janelas do saguão real. Assim que deixou de sentir o doce aroma das árvores de algodão doce e quando a leve brisa morna da tarde passou a acariciar sua pele, a vampira deixou escapar um sorriso inocente, mas tão feliz que nem ela mesma conseguiria descrever.



Jake demorou tanto que a princesa teve tempo suficiente para tomar um banho demorado, escolher um vestido e ainda tirar um cochilo, mas essa por sua vez não foi uma boa ideia. Assim que pegara no sono sua mente foi invadida pela expressão sádica do Lich, que ria incansavelmente. A angústia era tamanha que seu próprio corpo a expulsara do pesadelo, talvez como um sistema de defesa ou algo do tipo. Jujuba levantou com um salto, estava sentada em seu escritório e sentiu um imenso alívio por isso.

— Majestade?! — Estava tão desnorteada que nem percebera o mordomo menta adentrar o aposento. — Jake, o Cão, está a sua espera.

— Certo, diga-o que estou a caminho.

O mordomo a reverenciou e se retirou apressadamente. A garota cobriu o rosto com as duas mãos e percebeu que elas estavam trêmulas — não gostava do estado em que esses pesadelos a colocavam. Estranhamente, sempre que estava na presença de Marceline seu sono era estável. Lembrou-se da noite tranquila que teve ao dormir em sua casa, ou quando Marcy fez uma visita... tudo isso a deixava intrigada e aos poucos sentiu que não conseguia  pensar em outra coisa.

Mas, nesse momento, Finn precisava de ajuda. A princesa levantou-se da cadeira de seu escritório, ajeitou o vestido, colocou a coroa que até então estava sobre sua mesa e com passos calmos e bem colocados se dirigiu até o salão principal.



Depois de duas longas horas, princesa Jujuba conseguiu repassar todos os três planos que havia tido, planos “A”, “B” e “C”. Satisfeito, Jake esticou-se para fora do reino doce de volta para a casa da árvore. Jujuba estava inevitavelmente preocupada com o garoto humano e, mesmo que não acreditasse em Glob, esperava que se ele existisse pudesse fazer algo pelo seu amigo.

A noite havia chegado. Depois de terminar seus pequenos afazeres reais e jantar, a princesa escovou os dentes e vestiu uma camisola azulada, colocou uma máscara de sono com olhos verdes enormes, mas não chegou a cobrir os olhos com ela. Ficou por cerca de uma hora deitada em sua cama; seus olhos pesavam, mas tinha receio de dormir e acabar tendo mais um pesadelo. Com o silêncio noturno, a jovem princesa se assustou quando ouviu o telefone ao lado da cama tocar.

— Ei, P.J., acordei você? —Jake perguntou do outro lado da linha, não que isso viesse a fazer diferença, já que ele ia continuar falando mesmo assim.

— Não, o que houve? — preocupou-se.

— É o Finn — Jake sussurrava do outro lado. —  Já tentei o plano “A” e o plano “B” nenhum deles parece funcionar.... Eu não sei o que fazer.

— Isso é sério pra baralho — disse com um certo pesar. — Tentou fazer os waffles de se “sentir melhor”?

— Claro, mas ele deixa todos caírem no chão e a gente fica tipo “ainda está bom, olha”.

— Bem, é, regra dos cinco segundos. — Houve um breve silêncio, até que Jujuba tomasse uma decisão. — Jake, acho que está na hora de você ativar o plano “C”.

Jake puxou o ar em tom de surpresa, como se não esperasse por aquela atitude da Jujuba.

— Plano “C”? Tem certeza?

— Sim. Ele está todo depressivo, não podemos deixar isso ficar mais grave.

— Tem razão! — Jake disse decidido.

 

Depois de desligarem o telefone, a princesa rapidamente caiu no sono sem perceber e, tão rápido quanto dormiu, foi recebida por seus pesadelos. Dessa vez, ela não conseguia sair; o Lich a encarava, agora sem um riso se quer... ele apenas a encarava. “Caia” sua voz fúnebre percorreu sua mente e logo ela sentiu todo seu corpo desabar, como se não tivesse controle de si mesma. Lentamente, o esqueleto com um enorme chifre e restos de pele colados no rosto caminhava vagarosamente em sua direção, como se tivesse todo o tempo do mundo. Mas, antes que ele pudesse se aproximar o suficiente, um som abafado surgiu e ia ficando cada vez mais alto e nítido com o passar do tempo. Quando menos esperava, acordou em sua cama com o telefone tocando freneticamente ao seu lado. Nunca ficara tão aliviada ao ser acordada por um telefone quanto naquele momento.

— Alô? — disse sonolenta.

— Qual é o plano “C” mesmo? Algo sobre música?

Jujuba desligou o telefone depois de explicar novamente o plano “C” para Jake. Ela sabia que deveria dormir, já que esse plano ia exigir de sua energia e disposição, mas não poderia dormir sabendo o que a esperava, aquela angústia e sensação de impotência desesperadora que o Lich causava em seus sonhos. Talvez fosse uma boa oportunidade para testar sua teoria. Apanhou o telefone mais uma vez e ligou para um número que nunca esquecia.

— Alô? — a voz sonolenta da vampira pôde ser ouvida do outro lado da linha.

— Você não é de dormir tão cedo — brincou.

— E você não é de ligar tão tarde... — respondeu no mesmo tom de brincadeira. — então, Jubs, o que manda?

— Amanhã, vamos fazer uma batalha de bandas no reino doce, imaginei que gostaria de participar. Ainda mais pelo fato de que isso vai ser muito bom pro Finn, já que ele vai ser o jurado.

— Achei que amanhã nós iriamos começar a pesquisa...

— E vamos, se estiver disposta depois do show nós podemos começar.

— Super — deu para perceber um ar de satisfação na voz de Marceline. — Nos vemos amanhã então, Jurubeba.

— Ah, Marcy... — a princesa hesitava — tem outra coisa.

O que? — Marcy indagou ao perceber que Jujuba havia diminuído o tom de voz.

— Você poderia dormir aqui hoje? Sabe... quero testar um experimento científico.

E qual seria esse experimento, princesa? — a vampira disse sarcástica.

— Não importa agora. Você tem como vir? — sentiu seu rosto esquentar.

— Em um minuto.

Marceline desligou o telefone e Jujuba ficou esperando por ela enquanto lia um livro sobre física quântica, o livro prendia sua atenção fazendo com que perdesse o sono... era uma ótima estratégia para não dormir.


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Notas finais do capítulo

Como pretendo continuar a escrever acho que os capítulos vão ficar com um pouco mais de palavras. Obrigado por chegar até aqui :3 até mais!