Forbidden escrita por Koyama Akira


Capítulo 2
Heat Signature III


Notas iniciais do capítulo

Gente foi mal a demora ;-; tive uns problemas essa semana, mas juro que vou dar o máximo de mim para postar o próximo até domingo. Espero que gostem :3



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A princesa se espreguiçava na cama. A noite tinha sido tranquila e espantosamente não havia tido pesadelos. Talvez estivesse cansada demais para conseguir sonhar com alguma coisa. Quase não conseguia se lembrar da hora que tinha ido dormir, mas sabia que Marceline esteve lá.

Marcy! — Ela pulou da cama enquanto olhava para os lados procurando pela amiga. — Droga, eu dormi enquanto ela estava aqui... que deselegante. Enfim, não vamos nos preocupar com isso agora — disse para si mesma —, eu vou descobrir o que aquele sonho significa.

— Majestade, o café da manhã... — O mordomo adentrou o cômodo, mas foi rapidamente interrompido.

— Mordomo Menta, qual minha agenda para hoje? — A princesa conversava enquanto se dirigia para o armário.

— Bem, hoje temos o... — o mordomo foi interrompido mais uma vez.

— Desmarque. Estou com planos para hoje e é de importância de todo o reino. — Jujuba abriu seu armário para poder escolher a roupa ideal para a ocasião. — Mas não quero que ninguém saiba, certo? Deixarei você no comando enquanto eu estiver fora, creio que volte hoje ainda. Preciso armazenar informações, porém ainda não sei por onde começar... Mordomo Menta!

— Sim, majestade?

— Quem nós conhecemos que viveu a grande Guerra dos Cogumelos?

— Simon Petrikov, também conhecido como Rei Gelado...

— Fora de questão — a princesa fez um sinal de negação com a cabeça.

— Hunson Abadeer, milady... — mordomo Menta disse hesitante.

O Abadeer?! Não, ele sugaria minha alma antes de me responder qualquer pergun... — ao olhar para a porta do armário Jujuba pôde ver uma antiga foto sua com Marcy. — Marceline! É obvio, como eu não pensei nisso?! Obrigada, já tenho o que preciso.

— Mas, milady... ainda existe outra pessoa.

— Ah é? E quem seria? — Jujuba olhou com curiosidade para seu súdito.

— É... — mordomo Menta pigarreou um pouco nervoso. — O Lich.

A princesa sentiu como se seu coração tivesse virado uma pequena goma de mascar de tão apertado que ficara ao ouvir o nome do Lich. Estava nervosa, mas não queria que seu mordomo percebesse, não gostava de transparecer insegurança próximo ao povo doce.

— Certo, vou me lembrar disso, obrigada pela ajuda. — Respirou fundo. — Agora, se me der licença, vou trocar de roupa, sim?

Mordomo Menta reverenciou a princesa e retirou-se do quarto. Já ela, por sua vez, tentou não pensar no Lich, mas sim em sua roupa. Escolheu um sobretudo rosa e uma calça de malha da mesma cor, pôs uma bota e colocou uma mochila não muito grande com tudo que achou necessário. Ao sair do quarto percebeu que Mordomo Menta ainda estava no corredor.

— Que bom que ainda está aqui. Lembre-se, quero que siga todas as regras, não deixe o Crunchy chegar perto do castelo. Não quero que as baboseiras do Starchy vão longe demais naquela rádio. Se precisar de algo, chame Finn e Jake. Ah, eu também não quero a princesa Caroço no festival da banana Split... É só para os guardas banana.

— Sim majestade! — Mordomo Menta se colocou ereto e assumiu uma postura decidida.

A princesa sorriu agradecida e seguiu até o topo do castelo para subir em seu falcão gigante. Seu destino agora eram as cavernas, onde finalmente poderia encontrar sua melhor amiga.



O voo não demorou muito, Manhã era a montaria mais rápida do Reino Doce e quase nunca deixava a princesa na mão. Logo suas patas tocaram o chão empoeirado da caverna onde morava uma certa rainha vampira. Do lado de fora dava para ouvir o som um pouco abafado de seu baixo.

Pru...Pruu! — A princesa fez um som semelhante ao de um pombo e Manhã voltou voando para o lugar de onde tinha vindo.

A casa de Marceline permanecia exatamente igual desde a última vez que a princesa estivera lá. Adentrou o cercado branco e subiu os degraus, batendo na porta logo em seguida. O som do baixo sessou e foi questão de poucos minutos até que a porta fosse aberta.

O que você quer?! — um enorme monstro morcego apareceu de dentro da casa.

Jujuba fez um som de bolha estourando com os lábios.

Hello, Marcy! — Acenou para a vampira em resposta.

— Princesa? — Marceline tomou sua forma original — Estranho... entra aí.

Marceline abriu espaço para que a princesa pudesse entrar, dando assim a visão clara da sala de estar. Dois bancos altos de estofado vermelho eram a primeira coisa que se podia ver do outro lado da sala, eles ficavam de frente para a cozinha. Mais próximo da porta tinha uma poltrona vermelha, logo do lado direito na parede abaixo dos quadros estava o sofá de três lugares também da mesma cor e encostado nele estava o baixo da vampira.

— Sua casa está diferente desde a última vez que eu vim... — Jujuba acompanhava Marceline até o sofá enquanto analisava o cômodo.

Pfff... Não é como se você viesse aqui com muita frequência — ironizou. — A última vez deve ter tipo uns cinquenta anos.

— Eu sei, te visitaria mais se não estivesse...

Tão ocupada — a vampira concluiu a frase com leve pesar. A princesa se sentia desconfortável com a resposta que acabara de receber. — É eu sei, você fala isso bastante. Enfim, quer alguma coisa pra comer?

Hm... morangos.

— Seu desejo é uma ordem.

Marceline voou até a cozinha para pegar as frutas. Sabe Jubs, eu preferia quando você não era mais a princesa, era o que a vampira pensava, mas nem em um milhão de anos deixaria que sua amiga soubesse disso. Era mais um segredo que guardaria no fundo da sua mente.

— Morangos. — Entregou um pote cheio para a garota.

— Obrigada.

— Certo Jubs, você não é exatamente uma pessoa muito desocupada. Então, pode me dizer o motivo de estar aqui?

— Isso foi bem indelicado, mas sim. — Jujuba suspirou — Eu ando tendo uns sonhos um pouco estranhos.

— Ah, tipo aquele de quando eu cheguei no seu quarto aquele dia? — Marceline apanhou um dos morangos para sugar seu vermelho.

— Exato. Bem, esses sonhos são estranhos porque eu não existia no momento que eles aconteceram... foi em plena Guerra dos Cogumelos, até onde eu pude perceber, e você estava lá, tanto na guerra quanto em meu sonho. Você era criança e tenho quase certeza que estava com o Simon.

Marceline ficou perplexa; seu ar irônico ou qualquer brincadeira que estivesse pensando em fazer relacionada aos sonhos de Bonnie desapareceram. Agora, mais do que nunca, ela prestava atenção.

— Eu nunca me perguntei o que aconteceu na Guerra dos Cogumelos, nunca me veio à mente. A vida seguia e o que estava no passado não importava para mim. — Jujuba tinha um semblante tenso e, apesar de ter pedido por morangos, ainda não tinha tocado em nenhum deles. — Mas o que mais me preocupa é que no final do sonho eu vi o Lich. Eu não sei porquê, mas ele estava lá, rindo e mesmo que saibamos que o Finn o transformou no Docinho, eu ainda tenho medo. Marcy, você é a única pessoa que viveu durante a Guerra dos Cogumelos e que pode realmente me ajudar.

— Eu não sei como eu poderia fazer isso, mas... É, pode crer. — Marceline não gostava de relembrar do passado daquela maneira, certas coisas devem permanecer onde estão. — Mas então, você tem alguma ideia de como o Lich está envolvido nisso?

— Ainda não, mas vou descobrir. — Desviou momentaneamente o olhar — Tem certeza que não estou pedindo demais a você?

— Cara... Você já me ajudou tantas vezes... Lembra da Maja?...

— Lembro — Jujuba sorriu.

— E aquele lance com os vampiros?

A princesa deu uma risadinha brincalhona.

— É, eu lembro de tudo isso.

Então. — Marceline se aproximou do rosto de Jujuba e pegou mais um morango — Eu tenho uma dívida com você.

A proximidade do rosto de Marceline  fez com que Jujuba enrubescesse.

— Sabe, falando em dívida, ainda te devo um tempo juntas, já que ontem eu... dormi. — a princesa disse constrangida. — Eu não vim só por causa do sonho...

A vampira ficou boquiaberta, mas ao perceber disfarçou.

— Então, o que acha de vermos um filme aqui? — Passou a mão na nuca sem olhar diretamente nos olhos da amiga. — O sol lá fora está muito forte e eu não quero ter que trocar de roupa agora.

A princesa parou para analisar a roupa que a vampira vestia, estava tão ocupada pensando sobre o sonho e como dar o “primeiro passo” na investigação que nem sequer olhou com calma para sua anfitriã. Marcy estava vestindo um short curto e uma camisa preta que tinha a frase em inglês “Sanduíches de punho são grátis”.

— É, não vai querer sair com essa roupa — Jujuba disse sem jeito.

Hehe... é, eu ia conseguir umas queimaduras bem feias. — Marceline ficou pensativa por alguns segundos. — Já sei! Vamos ver “Heat Signature III”

O quê?! De novo? — A princesa suspirou — Nós já vimos ele, tipo, um milhão de vezes. Você não cansa?

Nope... É como dizem: sempre fica mais legal depois da milionésima primeira vez.

— Ah é? — a garota rosa riu — E quem disse isso?

— Eu...

— Eu vou aceitar dessa vez, mas só porque é seu filme predileto.

— Jubs, você é a melhor! — Marceline retribuiu com um sorriso deixando seus dentes afiados a mostra. — Epa, pera... você disse “dessa vez”? Quer dizer que pretende vir mais vezes?

A vampira riu maliciosamente.

— Bem, ehm... já que estamos trabalhando juntas — a princesa tentava não transparecer seu nervosismo —, acho que não vamos passar muito tempo longe uma da outra.

Claro que é isso… — Marcy disse de maneira sarcástica, mas baixo o suficiente para que a princesa não conseguisse ouvir.

Ela voou até a estante e pegou a fita VHS do seu filme predileto para entregar a Bonnie.

— Vai colocando o filme enquanto eu pego algo pra você além de morangos.

Bonnibel sorriu em resposta e se dirigiu até a minúscula TV enquanto Marceline flutuava até o armário da cozinha. A vampira estava contente com a ideia de passar mais tempo com sua melhor amiga. Depois que Bonnie reconquistou o poder sobre o Reino Doce, quase não teve tempo para ela ou para os amigos. O que fez falta, especialmente para Marceline, já que foi ela quem mais usufruiu do tempo livre de Jujuba, como a muito tempo não faziam. Além de que o fato da amiga simplesmente voltar aos afazeres reais de antes, trazia de volta a sensação de afastamento que a vampira tanto odiava. Mas o que importava é que naquele momento ela estava feliz.

Marcy apanhou o saco de milho dentro do armário juntamente com uma pipoqueira. Logo após acender o fogo, despejar o óleo e o milho, ela tampou a panela e esperou pelos estouros. Assim veio um, depois dois e os estouros foram se multiplicando dentro da panela.

Hehe... — A vampira riu para si.

— O que é engraçado? — Jujuba falou enquanto se encostava na porta.

— Ah, nada de mais, só que parece uma festa dentro de uma panela — explicou. — Era o que minha mãe sempre dizia pra mim.

A princesa sorriu de maneira singela.

Após o fim dos estouros, Marcy despejou a pipoca num balde vazio, com a panela ainda quente colocou um pouco de manteiga para derreter e derramou sobre a pipoca.

— O que é um filme sem pipoca, não é mesmo, princesa? — brincou a vampira.

— É, mas você não vai poder comer...

— Eu sei, mas não tem problemas, eu fico com os morangos. Pode pegar suco ou refrigerante na geladeira, te espero no sofá.

Marcy levou a pipoca para o sofá e esperou a amiga voltar para que pudessem começar o filme, mas quase que de maneira inconsciente a garota vampira olhou para a janela da cozinha procurando por Bonnie. Assim que seus olhos a encontraram, ela se pôs a apreciar sua beleza como muitas vezes fazia sem ao menos perceber. Seu cabelo tinha um lindo tom de rosa e mesmo que não gostasse do vermelho tão claro, esse caía bem em Bonnibel. E ainda que vestisse uma roupa tão “séria” para a ocasião, continuava feminina e delicada.

Ao notar que ela já estava voltando para a sala, Marceline rapidamente voltou a olhar para a televisão, mesmo que essa por sua vez estivesse pausada. A princesa sentou-se bem próxima à Marcy, fazendo com que ela se encolhesse, não por desconforto ou coisa do tipo, mas sim por nervosismo.

— Você precisa comprar um sofá mais confortável — a garota rosa reclamou.

— Você tem razão.

— Eu tenho?! — Jujuba olhou para Marceline e percebeu que ela também estava sentada no sofá, ao invés de flutuar. — Uau, você sentada nesse sofá? Isso é coisa nova pra mim.

Muito engraçada — Marcy foi irônica — agora vamos ao que interessa... Heat Signature III !

A princesa riu enquanto dava play no vídeo cassete. Mesmo que já tivessem visto aquele filme várias e várias vezes, Marcy e PJ prestavam atenção como se fosse a primeira. Ou, pelo menos, era o que o silêncio indicava. Até o meio do filme, era possível ouvir um comentário ou outro , mas à medida que aquele filme ia terminando, as duas não falaram nada até que os créditos começassem a subir.

Uau...! — Jujuba disse com a voz baixa, estava admirada — Eu já vi esse filme tantas vezes, mas foram tantos os detalhes que eu acabei deixando passar... Realmente, Marcy, você tinha razão, “fica mais legal depois da milionésima primeira vez”... Marcy?

Jujuba olhou para sua amiga e percebeu que ela estava totalmente escorada em seu corpo. A cabeça de Marceline se apoiava no encosto do sofá e no ombro de Bonnie, deixando uma visão clara do seu rosto. Alguns fios negros caíam sobre seus olhos, o que dificultava saber se ela estava acordada ou dormindo. Jujuba afastou o cabelo de sua amiga delicadamente, podendo ver agora que ela estava dormindo. Conteve um sorriso brincalhão que tentou saltar de dentro. Olha, quem diria, era o que gostaria de dizer para amiga, mas ela parecia tão tranquila dormindo...

Os olhos de Jujuba acidentalmente percorreram pelo corpo de Marcy, entendendo então a posição que elas estavam. A perna direita da vampira estava entre as pernas da princesa, enquanto seus braços estavam cruzados. A forma como Marceline estava deixava a amostra quase que seu corpo por inteiro, já que sua camisa era extremamente folgada  fazendo um decote devido aos braços cruzados da garota. Jujuba sentiu seu rosto esquentar e então fechou os olhos para evitar qualquer tipo de pensamento que viesse a mente, mas a única coisa que não conseguiu evitar, foi a lembrança do seu objeto mais precioso.

A camisa que Marcy a tinha dado fazia falta — não só de vestir, mas também de sentir seu cheiro. Sentia falta do cheiro da melhor amiga naquela camisa. E, sem perceber, ela estava à milímetros do rosto de Marceline enquanto cheirava seu cabelo.

Hm...?  — A princesa estremeceu ao ouvir o gemido sonolento da vampira. — Bonnie?... Droga, eu... eu dormi, não foi?

— É, com certeza — riu ao ouvir a voz de quem acabara de acordar.

Bonnie...

— Sim? — perguntou baixinho para não incomodar os ouvidos da vampira.

Você pode... dormir aqui hoje? — bocejou. — Sabe, como nos velhos tempos.

Aquela pergunta pegou a princesa desprevenida e ela não respondeu de imediato, mas ao cogitar a possibilidade, percebeu que nada seria mais justo. Ela merecia um tempo livre com sua melhor amiga apesar de tudo, e no dia seguinte elas poderiam começar a pesquisa.

Sim — ela afirmou sussurrando com um sorriso nos lábios.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por chegar até aqui, até a próxima :3



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