Forbidden escrita por Koyama Akira


Capítulo 10
Sky Witch


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei tanto assim ♥



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Suada, a princesa levantou de sua cama em um sobressalto. Não conseguia lembrar o que a havia feito acordar naquele estado, mas tinha quase certeza que havia sido o Lich mais uma vez. Se sentiu mais ou menos aliviada pelo fato de não estar presa dentro de um pesadelo, mas não saber com o que havia sonhado a angustiava um pouco. Lembrou também que não havia tomado o antídoto na noite anterior — talvez por estar tão ocupada com as informações em sua mente acabara se esquecendo daquele importante detalhe. Ia se levantar imediatamente e pedir que Mordomo Menta arrumasse sua agenda diária, mas se deteve por um instante.

Jujuba encostou sua cabeça nos travesseiros fofos mais uma vez, não queria fazer suas tarefas diárias, não queria prosseguir com a pesquisa, não se aquilo significava abrir mão mais uma vez de uma das coisas mais importantes para sua felicidade. Por força do hábito, ela quase puxou a camisa que vestia para cheirar, mas se deteve ao lembrar que não a tinha mais. Não, eu não vou deixar isso acontecer.

— Menta! — Jujuba gritou sem nem um pouco de classe.

Em poucos segundos, o pequeno mordomo abriu a porta do cômodo preparado para qualquer coisa que a princesa pudesse pedir.

— Sim, majestade?

— Prepare Manhã, hoje eu estarei ocupada o dia inteiro.

Depois de um longo banho, Bonnie permitiu-se demorar um pouco na escolha da roupa. Por algum motivo, acreditava que tinha de vestir algo melhor, talvez algo mais atraente. Não sabia porquê, mas seus olhos sempre se voltavam para um conjunto específico: era uma camiseta longa, branca e de tecido fino que ela sempre colocava por dentro de uma saia rosa com lacinho. Sorriu ao lembrar de quando Marceline a viu vestida naquela roupa, “Nossa Jubs, você está incrível” e realmente estava, não só pela roupa que vestia, mas também pelo sentimento que a esquentava de dentro para fora como uma vela. Lembrou que Marceline a carregou, levando-a para o céu para ver a lua mais de perto, enquanto tocava suas próprias composições.

As lágrimas ousaram invadir seus olhos, mas ela ela habilmente as deteve usando as mãos fechadas para afastá-las. A escolha tinha sido feita. Após vestir a roupa, Jujuba calçou uma de suas sapatilhas prediletas — era rosa de camurça para combinar com sua saia delicada —, e por fim pôs seu colar, um colar de cordão negro com uma pequena pedra rosada na ponta dado de presente por nada mais nada menos que sua melhor amiga.

A princesa apanhou seu diário e colocou-o sobre a mesa. Na última página que sempre usava para rascunhos, começou a listar os argumentos que usaria com Marceline quando conversassem, não para ler na hora, mas apenas para poder colocar suas ideias em ordem. Demorou uma hora inteira para conseguir escrever tudo o que queria em sequência com muitas rasuras e traços, mas finalmente havia concluído e então pôde guardar o livro em sua mochila. Era hora de ir.

Jujuba acompanhou seu mordomo até seu falcão gigante para iniciar sua rápida viagem até a casa de sua melhor amiga. A garota rosada pisou nas rochas úmidas da caverna e caminhou demoradamente até a porta. Os segundos tornaram-se minutos para sua hesitação em bater, mas finalmente conseguiu. Nenhuma resposta. Decidiu bater mais uma vez. Nada. Caminhou pelo lado de fora da casa até chegar na janela da sala, colocou as mãos sobre a testa e encostou-se no vidro para olhar melhor o interior. Tudo estava escuro. Ela saiu. Lembrou-se imediatamente do luau em Red Rock Pass que Finn e Jake haviam mencionado. Ainda era cedo para Marceline estar lá, então provavelmente estaria ensaiando. Decidiu seguir para a casa de Finn e Jake, talvez eles soubessem dizer onde ela estava.

Mais uma vez montada em seu pássaro, Jujuba voou o mais rápido que pôde para a casa dos seus amigos, chegando lá não foi difícil encontrá-los. Ambos estavam brincando com as ninfas da água.

— Ei meninos, tô com pressa, teria como vocês me dizerem onde a Marceline está ensaiando? — A princesa desceu do falcão, caminhando rapidamente na direção dos dois rapazes.

— Ah, claro, Jubs! — Finn disse contente. — Ela está no…

Antes que pudesse concluir a frase, o garoto humano foi interrompido por uma Jujuba que caía inconsciente em seu gramado.



A princesa acordou desorientada no sofá da Casa na Árvore. Conseguia se lembrar de seu sonho, por mais estranho que tivesse sido. Sonhou que estava sozinha em um lugar escuro e vazio. Tentou colocar a cabeça em ordem passando as suas mãos pelo rosto. O luau!

Jujuba sentou no sofá imediatamente, olhou em volta até finalmente encontrar uma pequena janela. O céu indicava que já era fim de tarde devido ao tom alaranjado das nuvens. Estava um pouco frustrada por ter ficado apagada por tanto tempo, não entendia o que havia acabado de acontecer, fora que ela queria ter encontrado sua amiga muito antes do luau, pois lá estariam muitas pessoas reunidas e ela queria poder ter um tempo a sós com a vampira.

Ao seu lado no sofá estava sua pequena mochila que continha seu diário. Apanhou o objeto para dar uma olhada rápida na sua folha de rascunho e revisar o que havia escrito. Não havia muitos textos naquele diário, mas as coisas ali escritas eram de uma profundidade emocional muito grande, talvez não tão grande quanto as letras de Marceline ou qualquer coisa que a vampira escrevesse, mas eram grandes se for usar a princesa como parâmetro. A maioria dos textos mencionavam algum momento especial ou situação que a fez sentir feliz de alguma forma, mas havia um específico com o título de “Sky Witch”, aquele ela nunca mostraria para ninguém, muito menos para sua melhor amiga.

Estava mais uma vez preparada para alçar vôo, rapidamente Jujuba tentou guardar seu diário, mas com a pressa acabou deixando a mochila semi-aberta e ao se pôr de pé fez com que o diário de capa alaranjada caísse sobre o sofá.

— Rapazes! Desculpem-me pelo inconveniente, estou indo! — Apressou-se enquanto cruzava o campo de grama em direção à Manhã.

— Ei, P.J.! — Finn tentou chamá-la.

Jake, ao perceber que o irmão não conseguira chamar sua atenção, esticou sua perna elástica indo parar exatamente na frente de Jujuba com Finn em seus braços numa posição semi-fetal.

— Mas que caroço, Jubs, eu e o Finn ficamos preocupados com você, não acha que anda trabalhando demais? — O cachorro soltou o humano que caiu de cara no chão.

— É verdade! — sua voz era abafada pela terra que entrava em sua boca. Levantou-se do chão rapidamente, cuspindo os pedaços de grama presos em seus dentes. — P.J., acho que você deveria se dar uma folga!

— É, P.J. você deveria vir conosco para o luau — reiterou o cão.

— Mas, eu…

— Ah! — Jake interrompeu a princesa antes que pudesse justificar que era exatamente para lá que ela estava indo.

— O que eu quero dizer é que… — Tentou explicar mais uma vez.

— Na-na! — A interrompeu mais uma vez. — Você vai com ‘mim’ e Finn.

A princesa respondeu com um longo suspiro.

— Está bem. — Revirou os olhos. — Mas, eu vou na frente.

— Sem problemas, eu ainda tenho que ajudar Shelby a escolher uma roupa decente. — Concluiu, Jake.

— Certo.

— Vemos você lá, princesa. — Finn acenou para Jujuba, que retribuiu o gesto decolando com seu enorme falcão.

Não demorou até que a princesa finalmente chegasse a Red Rock Pass. O clima era um pouco frio devido a noite que se aproximava e ela logo se arrependeu por não ter colocado um casaco em sua mochila. Descendo de Manhã conseguiu ter uma boa visão da fogueira já montada. Se despediu de manhã que levantou vôo mais uma vez. A princesa do reino doce inconscientemente começou a correr os olhos por todos os lugares possíveis procurando por Marceline. A medida que ia se aproximando da fogueira pôde ver uma quantidade absurda de pessoas que não havia visto antes devido as pedras vermelhas que atrapalhavam o caminho. Quando finalmente conseguiu se aproximar o suficiente, encontrou uma garota flutuando com seus cabelos negros que quase tocavam o chão. Jujuba engoliu em seco para só então perceber o quão nervosa estava dentro daquela situação. Cogitou dar uma olhada em seu diário apenas para ter mais segurança, mas logo afastou a ideia, ela já sabia o que tinha que fazer, só faltava coragem.

Com cada passo mais difícil que o anterior, a princesa foi se aproximando de onde as pessoas sentavam-se ao redor da fogueira. Dona Tromba cantava “Slow Boat to China” enquanto senhor porco a acompanhava tocando a escaleta, a música poderia ser pior, mas nada que fizesse os outros desistirem de estar lá, pois todo mundo esperava pela vez de Marceline e Jake tocarem. Jujuba já estava perto o suficiente da vampira e aproveitou a aglomeração de pessoas para se aproximar.

Marcy… — sussurrou. — eu preciso falar com você.

A vampira sobressaltou ao ver Bonnibel Jujuba falando com ela, era o último lugar que a princesa iria.

Bonnie? — Perguntou ainda incrédula, por mais óbvio que fosse.

Jujuba fez um gesto apontando para trás com o polegar, como se quisesse falar a sós com a vampira. As duas se afastaram da multidão em volta da fogueira para ir para a entrada do luau. Marceline vestia uma camisa cinza quadriculada por cima de uma camiseta preta sem manga, uma calça jeans e um tênis All-Star, era um visual comum para a vampira, mas mesmo assim a deixava incrível. Foi olhando para o visual da amiga que Jujuba percebeu os braços pálidos cruzados sobre o peito, como se estivesse apenas esperando uma explicação para aquilo tudo. Quando o olhar das duas se encontraram, Jujuba sentiu que estava suando frio, percebeu que por mais que aquilo fosse algo bobo não conseguiria olhar nos olhos de Marceline e simplesmente pedir desculpa por tudo. Não porque não queria, mas porque simplesmente não sabia como fazer aquilo.

— Marceline eu… — A princesa se interrompeu passando a mão pela nuca.

— Esquece Jubs, acho que você nunca vai ser capaz de admitir, não é? — Marceline já estava saindo novamente.

— Não! — a princesa gritou fazendo com que a vampira parasse de andar. — Isso é injusto, sabia? Eu nunca quis que terminasse!

— É! — virou-se para Bonnibel mais uma vez. — Mas você também nunca fez nada para que continuasse! — Avançou alguns centímetros para perto de Jujuba. — Você nunca tinha tempo para mim, era sempre você, seu reino, suas coisas! Até perdeu a camisa que eu tinha te dado.

— Quer saber? — disse tentando conter as lágrimas. — Eu acho que você deveria…

As duas foram interrompidas pelo som alto de um ukulele. Atrás delas e longe o suficiente do círculo da fogueira estava Finn e Jake que haviam acabado de chegar. Jake tocava o ukulele e Finn tinha em suas mãos um objeto muito familiar para a princesa. Era seu diário, e estava aberto.

Finn… — ela disse nervosa — O que você está fazendo com isso?

— Desculpa princesa, mas é necessário! — O garoto humano parecia hesitante, mas seu senso de dever o permitiu seguir em frente com a melodia do ukulele.

Marceline já estava voltando para a fogueira mais uma vez, até ouvir a voz de Finn cantando.

I know
I have to do what's right

 

A melodia era calma e convidativa, pelo menos para Marceline, pois por outro lado Jujuba só queria encontrar o buraco mais próximo para poder se enterrar. Sentiu que suas bochechas estavam mais quentes do que nunca.

 

I have to give this shirt away
I mean... how couldn't I?

 

Desacreditada com aquela parte da música a vampira olhou diretamente para a princesa constrangida que evitava cruzar olhares.

 

Marceline
the vampire queen
I love her, I can't lie
so to my most precious thing...
I'll say goodbye

Lentamente, Marceline flutuou para perto de Bonnie para que pudesse olhá-la. Com o dedo indicador levantou o queixo da amiga e a encarou, seus olhos estavam avermelhados e cobertos de lágrimas, que desciam por seu rosto doce e rosado. A princesa percebeu que Marceline não tinha pressa para falar nada, mas ela queria sair daquela situação desconfortável, no caso, a situação de ser vista chorando.

— Marceline, você tem me evitado por dias, não era para sermos melhores…? — Jujuba foi interrompida.

Com um movimento rápido Marceline a segurou pela cintura colando seus lábios no dela impossibilitando-a de dizer qualquer coisa. Jujuba retribuiu o beijo abraçando de volta a vampira que não conseguia controlar um sorriso.

— Bonnie, eu te amo — a vampira disse abraçando mais forte a princesa.

— Eu também te amo sua boba — respondeu com sua bochecha mais corada do que o normal.

— Como uma amiga?

— Não. Agora você é minha.




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Notas finais do capítulo

Para quem quiser ouvir a música que tocou no capítulo: é uma composição de ScoutTheWise
Link: https://youtu.be/S_rymI4R29c?t=1m11s



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