Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 63
Capítulo Sessenta e Três – Algo Inconvencional


Notas iniciais do capítulo

IMPORTANTE!

Olá!

Sei que demorei novamente a postar, contudo eu estava com bloqueio criativo pra Chapeuzinho Vermelho, porém isso me possibilitou escrever um pouco sobre a Lira e iniciar o segundo livro de Filhos do Império. Mas esse aviso é, na verdade, para dizer pra vocês que eu postarei novamente dia 04 de Julho de 2018, contudo ficarei sem postar até o dia 24 de Julho. Vocês devem estar se perguntando o motivo, certo? Bem, é algo pessoal e muito importante pra mim, então ficarei afastada da internet por esse período, mas prometo que dia 24 postarei novamente.

Até lá, obrigada pela compreensão e por continuarem lendo Chapeuzinho Vermelho ^^



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            Charlotte ainda ria da piada de Alfred, assim como todos os outros. O grupo havia conseguido, em meio ao jantar, começar um bom entendimento, mesmo Alfred baixara a guarda e estava mais relaxado, ainda não gostava realmente dos novos integrantes do bando, contudo lhes daria o benefício da dúvida por hora. Estavam todos na sala quando Christopher entrou na casa de Dália. Samantha estava deitada na perna de Charlotte, que brincava nos fios cor de fogo do cabelo da menina, enquanto Alfred, sentado ao lado de Char, ria de algo que era falado por Dilan. Era um grupo diferente e que de alguma forma havia similaridades, entretanto as semelhanças eram tão poucas que só observando bem de perto para acha-las.

—Chegou na hora, Chris. –Dália o cumprimentou, carregando uma enorme bandeja cheia de biscoitinhos.

—Eu ajudo. –Alfred se ergueu rapidamente do sofá e foi até a mulher.

—Eu tinha algumas coisas a acertar, por isso a demora. –Christopher se explicou, retirando o casaco. –Desculpe o atraso.

            Charlotte não o esperava ali, imaginava que ele, por não ter saído com a Matilha, estivesse pelo menos se afastando do Vale Vermelho, já que a Lua Cheia seria na noite seguinte.

—Perdeu a melhor comida que eu já experimentei. –Dilan argumentou. –E olha que já comi em muitos lugares incríveis.

—Dália tem mãos de anjo. –Lira concordou.

—Vocês irão deixa-la mal acostumada. –Alfred resmungou, carregando a bandeja para a mesa de centro.

—Quieto. –Dália disse rindo, mas corando levemente.

—Você é o fã número um dela. –Char provocou. –É a pessoa que mais elogia a comida da Dália, não sei porque provocá-la tanto.

             Alfred bufou e a encarou por sob o ombro, dando um sorriso de canto.

—Provocar quem eu gosto é divertido.

             Charlotte riu.

—Lembrarei disso e passarei o recado ao Mark, pode deixar. –Alfred riu.

—Idiota.

             Lira notou a troca de olhares, contudo se questionava se Charlotte e Alfred percebiam o modo como olhavam para o outro, era encantador e intenso, mas apesar de tudo não havia romantismo, se eram apaixonados ela não poderia afirmar, talvez nem eles próprios soubessem, mas seus corpos os acusavam de quanto desejo havia ali.

 

             A noite terminou tranquilamente e os jovens caminhavam pelas vielas do Vale Vermelho na companhia de Christopher, ao meio de uma piada de Dilan e risos, foi quando encontraram Suzana. Charlotte parou de imediato e focou sua mãe, ela usava um vestido azul-celeste que destacava sua palidez, mas não era possível negar sua beleza e elegância. Suzana estava na companhia de Osíris, que focou os olhos azuis na menina.

—Char, minha querida. –Suzana cumprimentou.

             Charlotte tinha muito a dizer, contudo somente gesticulou com a cabeça.

—Osíris. –Ela desviou a atenção para o homem.

—Charlotte, já faz algum tempo. –Ele olhou para cada um dos companheiros da menina.

—Não importa quem são agora, contudo preciso que você marque um encontro com todos da Elite que estiverem presentes, amanhã, ao início da tarde. –Ela queria deixar claro que era antes de começar a anoitecer e os Lobos saírem para brincar, mas todos conheciam como as noites de Lua Cheia funcionavam, por tanto não era necessário verbalizar. 

             Foi notório o desgosto de Osíris, mas ele não poderia lhe dizer não.

—Está a mando de quem? –Ele questionou e a menina riu baixo.

—Não preciso de ordens, Osíris, você sabe disso. –Ela sorriu esplendorosamente. –Eu sou uma Anciã, por tanto posso dar as ordens.

             O homem chegou a um novo nível de vermelho, uma cor interessante e que divertiu Charlotte.

—Providenciarei. –Ele concluiu.

—Agradecida. –Charlotte recomeçou a caminhar, mas Suzana a segurou pela mão.

              Char sentiu como se tocasse em brasas e retirou a mão rapidamente, vendo o olhar magoado da mãe, gostaria que aquilo tudo fosse diferente, mas não conseguia olhar para Suzana e não recordar de todas as mentiras, manipulações e traições.

—Charlotte, eu sou sua mãe, você não pode me tratar assim pra sempre.

              Lira se chocou com o que fora dito, poderia esperar tudo, menos que aquela mulher de quem Charlotte queria distância fosse sua mãe.

—Tivesse pensado nisso antes. –Ela disse, a voz cheia de traição e raiva.

—Quando você estiver preparada pra conversarmos...

—Eu terei uma missão em breve pra você. –Char esclareceu. –Contudo não espere que eu seja amigável por sermos mãe e filha.

              Charlotte continuou seu caminho, ouvindo a voz da mãe chama-la, mas a ignorando.

—Irei ter uma conversa com sua mãe. –Christopher ofereceu.

—Faça o que desejar, estou exausta e preciso dormir. –Disse ela sem se dignar a olhar para nada além do caminho a frente, continuando a andar e deixar os mais velhos para trás.

              Lira viu a barreira, que Charlotte erguia contra o seu pai, erguer mais uma camada, ela parecia querer se isolar. Mas de repente Alfred bagunçou seu cabelo.

—Você está cada dia mais irritada, não é mesmo, Chapeuzinho? –Char o encarou de sobrancelha arqueada.

—Acho que Dália não deve te dar tanto vinho na próxima vez. –Ela permaneceu séria.

—Você acha que eu estou bêbado?

—Parece.

              Alfred abriu um sorriso maroto, o qual a fez recuar um passo.

—Não sei a merda que está passando em sua mente doente, mas acho melhor manter distância.

              Char ouviu o risinho de Dilan.

—Ao que parece essas garotas gostam de dar trabalho, em?

—Como se atreve? –Lira disse, fingindo indignação e parecendo entrar na brincadeira de Dilan.

               Alfred riu e assentiu, sendo observado por Connor e Emily, que parecia desconfiar de cada passo de Charlotte.

—Especialmente nossa bela, jovem e insuportável Anciã.

—Vai a merda. –Foi tudo que ela resmungou.

               O resto da trajetória até a casa de Alfred foi silenciosa, todos percebendo o estado de espirito da menina. Lira estava inquieta pela agitação do vento, que embora não estivesse tão forte, parecia rugir aos ouvidos, furioso de algum modo que ela não conseguia explicar.

—Durmam bem. –Foi tudo o que Charlotte disse antes de desaparecer para o correr.

               Lira encarou Alfred, que respirou fundo, antes de virar para olhar a todos, a expressão não trazia nada, ele parecia relaxado de um modo surpreendente, fazendo Lira se questionar de quão bom ator o rapaz poderia ser.

—Bem, minha casa só tem mais um quarto além do meu, que acaba de ser roubado, então vocês tem que decidir como irão se dividir.

 -Senhora Ornet não está aqui? –Lira questionou.

—Ah, não, não. –Alfred negou. –Ela está na casa do Stephen, só usou a minha para ter a conversa mais cedo com vocês, não se preocupem com isso.

—Mas de qualquer modo, você não irá querer o quarto? –Dilan quis saber.

—Não é inteligente dormir quando tem um Ancião de mau humor. –Lira comentou levemente, recordando uma frase de Ronald, o que fez Alfred sorrir de canto.

—Você está certa Princesa, contudo irei dormir de qualquer modo, a raiva de Charlotte parou de ser algo que me preocupa, mas obviamente não dormirei aqui. –Ele deu de ombros. –E então, como faremos?

               Alfred permitiu que a Princesa e Dilan ficassem no segundo quarto da casa, enquanto Emily e Connor se ajeitaram na sala.

               Alfred bateu levemente na porta do quarto antes de entrar, onde Charlotte estava apoiada na janela aberta e o vento bagunçava seu cabelo, a pouca luz do quarto fazia parecer que os fios castanhos estavam mais escuros e se movimentavam como serpentes prontas para dar o bote. Ele fechou a porta e a observou silenciosamente por um tempo.

—Eu fui dura? –Disse Charlotte, quebrando o silêncio. –É nisso que está pensando?

               Alfred sorriu, se aproximando da menina e se colocando ao seu lado.

—Não, não era isso. –Ele a viu virar a cabeça para encará-lo, os olhos verdes estavam avermelhados, ela chorara. –Às vezes até você quebra, não é mesmo, Chapeuzinho?

               Char deu um sorriso dolorido e apanhou uma lágrima que escapava.

—Não dá pra ser forte o tempo inteiro, dá?

—Não, não dá. –Ele confirmou e a puxou para o peito.

               Alfred estava apoiado na parede de um modo que não ficasse muito mais alto que ela. E Char enfiou o rosto no arco do pescoço e ombro do rapaz, sentindo cheiro de noite misturado com seu perfume.

               Ficaram daquele jeito por um longo tempo, simplesmente aproveitando a companhia que um podia oferecer ao outro.

—Pergunta, Al. –Ela sussurrou. –Você é uma das poucas pessoas que pode me perguntar o que quiser.

               Alfred acariciou os fios castanhos e macios, pensando sobre o que ela falara, era engraçado como eles chegaram a um ponto do relacionamento em que conseguiam decifrar o silêncio do outro.

—Nós chegamos a um momento bem interessante do que temos, não é mesmo? –Ele questionou, falando baixo.

—E nós dois sabemos, realmente, o que temos, Al? –Ela ouviu a leve risada do rapaz.

—Algo inconvencional e que não sabemos descrever, além de eu ser seu Cavaleiro.

—Só que ao invés de vir em uma armadura reluzente e de cavalo, vem sobre quatro patas e com pelos?! –Ela debochou e ele riu novamente.

—Bem, fazer o que se as histórias que os livros contam são romantizadas? –Isso a fez rir também.

—Você não acha que deve dormir um pouco?

—Estou ansiosa, não acho que vou conseguir. –Confessou. –Mas não era isso que você queria perguntar.

—Não, não era. –Ele suspirou.

—Pergunte então.

               Alfred permaneceu em silêncio por mais alguns instantes, até fazer a pergunta.

—Do que é que você está com tanto medo ultimamente?

               A pergunta de Alfred a fez arregalar os olhos, se perguntando quando ele notou o medo entranhado em sua pele, entrando nos ossos e a consumindo, fazendo-a perder o equilíbrio tão bem construído. Essa não era uma pergunta com resposta simples, nem ela sabia bem como confessar os sentimentos que a vinham confundindo e assustando, era tanta coisa, mesmo antes de Lira aparecer, mesmo antes de reencontrar os irmãos, ela simplesmente vinha sentindo coisas que lhe fugiam a racionalidade e limitavam suas explicações coerentes.

               Como ela poderia explicar pra Alfred o que vinha atormentando seus pensamentos?

               Como poderia lhe descrever os sonhos assustadores que vinha tendo quando fechava os olhos?

               Como podia lhe falar tudo o que vinha escondendo nos cantos mais profundos e mesmo sórdidos de sua mente?

               Como mostrar a Alfred que ela não era quem se esperava?

               Charlotte finalmente se desvencilhou dos braços do rapaz e o olhou nos olhos, ela queria verbalizar tudo, contudo as palavras pareciam escapar. A mente de Charlotte, mesmo para ela, sempre estaria brincando com as palavras e nunca lhe revelando tudo o que ela precisava e queria.

—Acho que nós precisamos conversar. –Ela confessou.

               Alfred viu que havia muito por trás daquelas palavras, por tanto assentiu e indicou a ponta da cama, para que pudessem sentar e conversar. Seria algo difícil, provavelmente. Ele soube disso porque o vento soprou melancólico e quebrado.


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Notas finais do capítulo

E ai? Curtiram?

Como podem ver nossa Char está começando a perceber que a vida de um Ancião não é tão simples.

Deixem seus comentários sobre o capítulo, estou curiosa pra saber os pensamentos de vocês sobre o que está acontecendo na história.

Beijos e até o próximo capítulo, dia 04 de julho.



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