Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 57
Capítulo Cinquenta e Sete - Ameaças e Meias Verdades


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se!



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              Charlotte assentiu levemente, sabia o suficiente sobre Windstorm e sua Herdeira, assim como conhecia o homem que estava sempre ao seu lado, ganhara uma alcunha que era sempre ligada a imagem da Princesa, um nome tão famoso quanto a Brigada Ventus Ferrum.

—É? –Ela arqueou a sobrancelha.

—Ele diz isso por não conhecer você, Lottie. –Mark brincou, a fazendo sorrir.

               Charlotte já ouvira a fama da força, poder e amabilidade dos Maddox, desde o momento em que começara a estudar sobre a família, mas por algum motivo ela achava que havia algo errado com essa boa popularidade.

—Posso trazer o sangue Maddox, Mark, mas não acho que ele seja tão presente, creio que o detalhe esteja ai.

—Provável. –Fingiu pensar.

                Charlotte olhou para a Princesa e depois para aquele que chamavam de Orgulho da Princesa. Char confessava que sua curiosidade era grande em respeito ao rapaz, não era qualquer um que trazia o título de orgulho de alguém.

—Darla, retirem-se um pouco, para que eu possa falar com nossa anfitriã, por favor. –A princesa pediu.

—Princesa. –A mulher esguia pareceu irritada com o pedido. Os olhos de safira focaram Charlotte, que lhe encarou de volta.

—Sua princesa não corre perigo estando comigo. –Char informou com um sorriso debochado.

—Não imaginei o contrário. –Empinou seu nariz fino.

                O desafio fez Char rir baixinho e assentir, sem comentar o que lhe vinha a mente, até porque imaginou que se falasse algo, no mínimo a metade das pessoas presentes ergueriam suas armas e ela não estava disposta a se meter em um duelo sem significado.

—Não se preocupem, eu ficarei. –O Orgulho da Princesa falou animado. –Tenho certeza que minha mais nova prima irá permitir. –Ele encarou Charlotte de modo brincalhão, a fazendo sorrir.

—É sempre ótimo estar próximo a família. –Debochou em retorno.

                As trocas de olhares se intensificaram, mas por fim, após todos assentirem ressentidos, Char notou que o Orgulho da Princesa tinha mais autoridade que qualquer outro presente, então todos se retiraram, deixando somente a Princesa e seu Orgulho.

—Creio que devamos nos apresentar corretamente. –Ele falou. –Já que vocês o fizeram quando chegamos.

—Realmente, nós fomos indelicados. –A princesa comentou. –Sou Lira Galván e esse é meu primo, Dilan Maddox.

                Charlotte assentiu levemente e suspirou, já sabia que o rapaz era um Maddox.

—Por favor, juntem-se a nós. –Convidou, sentando próximo a lareira e deixando o fogo amenizar. –Sinto muito a simplicidade de nossas acomodações. –Brincou.

—Melhores que as nossas. –Dilan disse.

                 Lira e Dilan sentaram do lado oposto da fogueira, enquanto Char se perguntava em que lugar estaria Alfred e seus irmãos.

—Você é...? –Lira se interrompeu, sem saber como perguntar diretamente.

—Como você? –Char desafiou e a ruiva sorriu, assentindo.

—Então sabe que sou uma Feiticeira. –Lira disse, contudo não fora uma pergunta.

—Não, não como você. –Char sorriu gentilmente, pegando um cantil d'água.

—Você, Princesa, é como eu. –Mark comentou sorrindo. –Lottie está acima de nós.

                 Os olhos lilases brilharam enquanto refletiam o fogo e focavam Charlotte.

—Acima? –Foi Dilan a questionar.

—Exatamente! –Mark parecia contente.

—Você é uma Anciã? –Dilan parecia estarrecido.

—Qual a surpresa? –Char se divertiu com o choque do rapaz.

—Achei que Anciãos eram mais... –Lira pareceu ponderar. –Velhos.

                O comentário fez Char rir audivelmente.

—Eu imaginava o mesmo, antes de me tornar um deles. –Ela admitiu. –Contudo não é por idade, como podemos ver.

                Os dois recém chegados sorriram.

—É o que parece. –Dilan comentou. –Mas é curioso char uma Maddox perdida por ai.

                 Charlotte riu.

—Não estou perdida, na realidade nunca estive tão certa de onde estou.

                 Mark viu a análise silenciosa nos olhos de Charlotte, percebendo que todos os presentes estavam dispostos a jogar, contudo ele não confiava na Ventus Ferrum, não quando eles não sabiam se eram aliados ou inimigos e a Brigada estava andando aos redores.

—Preciso perguntar. –Mark disse, recebendo o olhar dos demais presentes, com exceção de Charlotte, que não tirou os olhos dos dois. –O que os traz até os arredores do Vale Vermelho, princesa Lira?

                 Charlotte prendeu o sorriso, sentindo que Mark, levemente, tão leve, que mal era detectado, estava incitando Lira a falar.

                 Lira encarou o ruivo e sorriu, notando que ele era tão habilidoso quanto ela.

—Seria incrível ter alguém como você em minha Brigada. –Lira comentou e Mark gargalhou.

—Desculpe, mas tenho certeza que Lottie não abrirá mão de mim.

—Tão certo disso, Cabeça de Fogo? –Char brincou, tentando ganhar de volta atenção da Princesa e um riso de Mark. –Mas eu gostaria de ouvir a verdade, Princesa.

—Verdade? –Lira parecia tão inocente que Char riu.

—Você me faz lembrar de mim. –Charlotte comentou após um minuto de silêncio.

—E isso é bom?

                Charlotte via elegância em cada gesto de Lira, tão sutil e formosa que a fazia compreender o porquê de a beleza da Princesa Herdeira de Windstorm ser tão proclamada a cada vez que era descrita.

—Depende.

                 Lira se inclinou levemente para a frente, ficando cada vez mais curiosa, Charlotte parecia extremamente jovem, principalmente para o que ela imaginava dos Anciãos. A garota de olhos verdes não era somente habilidosa como Feiticeira, era extremamente boa com jogos de palavras.

—De que? –Ela quis saber.

                 Dilan estudava Charlotte, que tinha um ar tão nobre quanto Lira, assim como beleza. O cabelo castanho caia em ondas leves até o meio de sua costa, os olhos de esmeralda eram firmes e inteligentes, tão intensos que pareciam desvendar o mundo, assim como conter tempestades sem precedentes. E sua postura era de uma elegância que ninguém diria que não fora criada na parte mais nobre da corte, mas isso, ele bem sabia, era praticamente passado nos genes dos Maddox. Os Maddox por si só eram imperiosos e intensos, assim como poderiam trazer uma benevolência ou maldade que nenhum outro em todo o Império seria capaz.

—Eu considero vantajoso pelo mesmo motivo que sei que para você não é.

—E qual seria esse motivo?

—Porque isso faz com que eu a desvende. –Char fora simples e direta.

                  Dilan viu Lira passar a mão no cabelo, pensando nas vantagens de contar a verdade.

—Se eu lhe contar...

—Preciso fazer uma pergunta antes. –Charlotte foi direta novamente, pegando a Princesa de surpresa.

—Pois não?

—Você está indo para obter os Livros dos Deuses Antigos e os de feitiço, correto?

                  Charlotte pensou na possibilidade porque, ao perceber que realmente Lira a fazia lembrar dela, imaginou que seria uma das coisas que faria, ao descobrir do Vale Vermelho.

                  Lira empalideceu. Dilan notou que Charlotte via muito além do que demonstrava.

—Como...?

                  Raramente Lira ficava sem ter o que falar, mas Charlotte a encarava como se a lesse abertamente.

—E está atrás de mais o que?

                  Lira não se deixava intimidar, nem lembrava a última vez que alguém conseguira ver através dela, mas aquela garota parecia estar em sua mente.

                  Lira considerou até onde podia revelar. Meias verdades eram necessárias e boas armas.

—Meu mestre era um Ancião e recentemente faleceu, antes de sairmos de Windstorm. –Ela suspirou. –Ele me disse, em seu leito de morte, que eu deveria vir até os Anciãos e que conseguiria localiza-los se chegasse ao Vale Vermelho... Seu nome era Ronald e ele me pediu para entregar uma mensagem em seu nome, por isso viemos pela Estrada Selvagem, embora conhecêssemos os riscos, contudo era o único caminho que nos traria para esses lados sem sermos vistos pelos Olheiros do Império Central.

                  Charlotte aprendera, desde jovem, a evitar contato com o Império Central, mas sempre que ouvia falar dos Monges ou dos Olheiros, achava melhor se esconder, era comum encontrar um Olheiro em Mirelis, eles eram aqueles que observavam tudo para o Imperador, agindo por ordem dos Monges, em grande parte do tempo. Seres que qualquer pessoa, principalmente Feiticeiro, mantinha distancia se fosse inteligente o suficiente ou mesmo zelasse por sua vida.

                   Era dito que os Olheiros do Império eram seres sem escrúpulos e impulsivos, usando o Manto do Império, como chamavam para aqueles que tinham a proteção do Império, para poder praticar seus atos sórdidos sem punição.

—Entendo. –Char comentou e Lira suspirou. –Mas não posso permitir que você vá com tantas pessoas até o Vale, sinto muito.

—A questão é que enquanto eu não entregar essa mensagem, não poderei prosseguir com minha vida! –Ela estava irritada. –Você sendo uma Anciã, sabe que as vezes, nós, Feiticeiros, acabamos ficando à mercê dos feitiços e vontades de vocês.

                   Dilan se chocou ao ouvir Lira contar a verdade e a irritação na voz da mulher, e Mark se viu obrigado a concordar com Lira, os Anciãos poderiam ser extremamente sórdidos e terríveis.

—Eu concordo que nós, Anciãos, não somos exemplos em nada, mas estamos aqui não somente para representarmos uma ordem hierárquica, como muitos costumam dizer. –Char informou. –Também existimos para proteger nosso segredo e legado, Lira, você deveria saber, porque é o trabalho de um Feiticeiro também. Sem nós, todos nós, os Deuses Antigos e a magia já teriam desaparecido do mundo.

—Eu sei disso. –Ela pareceu irritada e suspirou. –Mas eu preciso fazer o que meu Mestre disse.

                   Charlotte fechou os olhos e respirou fundo.

A criança precisa da sua ajuda, Minha Espada. –Aquela voz familiar lhe sussurrou através do vento, calma e amável. –E você irá precisar dela em breve também.

                   Charlotte suspirou.

—Eu a levarei onde quer. –Abriu os olhos e encarou os dois através do fogo.

                   Mark se surpreendeu, mas não falou nada, se Char havia tomado aquela decisão, tinha motivos para tal e ele confiaria nela.

—Obrigada. –Lira lhe sorriu.

—Contudo você escolherá apenas os Feiticeiros que a estão acompanhando e permitirei que leve Dilan, por respeito ao meu próprio nome e curiosidade. –Sorriu de lado. –Porém, ao menor sinal de traição, se qualquer um de sua Brigada se mover para atacar ou agir contra o Vale Vermelho ou seus moradores, eu irie matar um por um. –Ela ameaçou muito seriamente. –Não importa as consequências, eu irei parar todos vocês, Lira Galván. Em seguida voltarei para acabar com aqueles que foram deixados para traz e sabem a localização das proximidades do Vale Vermelho.

—A Brigada Ventus Ferrum virá atrás com o decorrer do tempo. –Mark comentou levemente, a recordando disso. –Mas sinto dizer que temos proteção o suficiente para parar mesmo a Brigada mais feroz do Império.

                   A ameaça surtiu efeito imediatamente em Lira, fazendo seu sangue gelar. Ela era adaptada a ter um Anciã por perto, por tanto sabia que eles poderiam ser de uma frieza assustadora, mas Charlotte era uma Maddox, o que queria dizer que não precisava ser uma Anciã para ser ameaçadora e cumprir sua promessa.

—Não atacaremos ninguém, eu posso jurar pelo nome da Deusa do Mar. –Lira disse.

                   Charlotte deu um sorriso de canto, os olhos da menina, Lira e Dilan notaram, estavam completamente brancos e parecia que o fogo refletido ali dançava. Era como se uma chama crescente dançasse em meio ao gelo.

—Eu a levarei até o Vale Vermelho, Lira, Princesa Herdeira de Windstorm.

                   Ninguém sabia dizer o que havia acontecido com a expressão ou voz da menina, mas havia algo completamente diferente nela, era como um trovão retumbante, mas sutil ao mesmo tempo, era a única forma que a mente de Lira processava a voz que saia dos lábios de Charlotte.

                   Mark suspirou, estava começando a se adaptar com essa presença que sempre rondava Charlotte, não era quente, mas também não era fria, ele só sentia poder, um poder enorme irradiando dela e ao redor.


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Notas finais do capítulo

E ai? curtiram?
O que vocês esperam dessa "parceria" entre Char e Lira?
O que esperam da Lira? E do Dilan?
Como acham que acabará essa ida ao Vale Vermelho?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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