Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 56
Capítulo Cinquenta e Seis – Filhos do Império


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei a postar, contudo não estava conseguindo organizar o capítulo, então não valia a pena postar algo que não presta pra vocês.

Nesse ponto, a história, de certa forma, vai ganhar um novo... Como posso dizer? Talvez, um novo curso, além de novos personagens e um... Novo olhar.

A partir desse ponto uma história nova vai se entrelaçar com a da Char, eu citei nos comentários, há muito tempo, que estava pensando em uma história falando sobre o Império Central, a realeza e suas traições, as lendas por trás dos Feiticeiros e Lobos... E é aqui que pretendo dar início a essa história, que brevemente terá seu próprio livro, mas sem perder o laço com Chapeuzinho Vermelho, então decidi criar uma série (Provavelmente de 2 livros, que engloba a história que já conhecemos, Chapeuzinho Vermelho, com essa que está chegando agora) intitulada "Filhos do Império", mas ainda não revelarei o nome do próximo livro, contudo pretendo fazer isso o mais breve.

Eu realmente espero que vocês apreciem e me digam o que acham da ideia.



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                    Charlotte e Mark reapareceram após o pôr do sol, conversando como se não tivessem desaparecido o dia todo sem ter dito a ninguém que estavam de saída, mas Alfred notou haver algo fora do lugar, talvez os olhos de Char ou o modo sutil nos olhares que Mark direcionava a amiga. Mas seja o que estivesse errado, estava nos olhos dos dois.

—Eu deveria ter deixado vocês dois. –Alfred ameaçou, questionando aos dois sem ser evidente.

                   Char lhe sorriu e deu de ombros.

—Você não seria capaz de nos deixar.

—Até porque nós o caçaríamos e faríamos tapete com sua pele. –Mark comentou sorrindo, enquanto se jogava próximo a fogueira.

—Ficamos preocupados. –Harry argumentou, soando o mais tranquilo que podia.

                   Charlotte encarou o rapaz e viu o controle que ele utilizava para não demonstrar toda a preocupação.

—Desculpa. –Ela sorriu. –Mark e eu estávamos resolvendo um problema relacionado ao Vilarejo, então não podíamos chamar vocês. –Mentiu.

—Até porque se eu pudesse escolher minha companhia, não seria a Lottie, vocês podem ter certeza. –O ruivo provocou, a fazendo bufar.

—Eu sei que você adora minha companhia, Cabeça Vermelha.

                   Char pensou em sentar ao lado de Mark ou mesmo Alfred, durante os últimos meses eles funcionavam bem juntos, se tornando um grupo fácil de conviver, apesar de todas as provocações. Contudo caminhou até Harry e se jogou no peito do irmão, que se surpreendeu, mas em seguida a deixou se aconchegar, com Fernanda se jogando sobre ela, era um lugar familiar, mas que ainda assim Char estava preocupada em como agir desde o reencontro.

—Qual o maldito problemas de vocês? –Harry ralhou, as fazendo rir. –Será que não conseguem achar outro lugar pra se jogar?

                   Charlotte notou a diversão por trás das perguntas supostamente irritadas.

—Eu tendo você, acha que eu procuraria outro lugar? –Ela bufou. –Faz favor.

—Sem falar que aqui é confortável. –Nanda argumentou.

—Quentinho. –Char concordou.

—E que lugar mais familiar e confortável do que o colo dos meus irmãozinhos? –Nanda sorria.

                   Alfred viu a menina rolar os olhos, mas sorrir, parecendo relaxar mais.

—Por que senti falta de vocês mesmo?

—Porque ninguém mais consegue aturar você. –Harry informou.

—Nisso eu devo concordar e agradecer por vocês estarem aqui. –Mark disse. –Vocês me livraram de um grande problema.

—Ela estava dando tanto trabalho assim? –Harry riu.

—Você a conhece a vida toda, Harry. –Alfred brincou. –Acha que justo ela não estaria dando trabalho?

                  O comentário fez o grupo rir.

—Pensando por esse lado. –Fernanda concordou rindo.

—Vocês deviam ficar do meu lado. –Charlotte resmungou.

—O que eu ganharia com isso? –Harry quis saber.

—Sou sua irmã! –Ela fingiu estar indignada.

—Exatamente por isso eu sei que você só dá trabalho.

—Vou deserdar você. –Ela resmungou novamente e ele riu.

—Até parece, Chapeuzinho.

                  Charlotte se sentiu confortável ali, era conhecido e tranquilo, ele não a estava cobrando. Char compreendia que ele e Nanda ainda não entendiam o que ela era e, por tanto, não sabiam como aceitar, contudo estavam sendo extremamente delicados e amáveis, sem se ater ao fato dela ser Feiticeira, a estavam tratando somente como a irmãzinha caçula.

                 O grupo entrou em uma conversa divertida, enquanto se ajeitavam para jantar, cada um tomando seu lugar em volta da fogueira.

—A propósito, mandaram algum recado do Vale Vermelho? –Char questionou, encarando Alfred.

—Senhora Ornet está a sua espera, junto com a Elite.

                  Charlotte suspirou e assentiu lentamente, encarando o prato e beliscando a cocha da ave. Desde que descobrira quem e o que era, principalmente sobre seu colar, estava ansiando um encontro com Amélia Ornet, mas fazer isso no Vale Vermelho, próximo a Kyle, a deixava desconfortável.

—Bem, teremos que ir até lá. –Ela deu um sorrisinho. –E vocês? O que acharam do Vale e dos moradores?

                 Fernanda ponderou de uma conversa que tivera com um dos moradores, antes de deixar o Vale Vermelho e seguir para o local onde se encontrava.

—Eu conheci um rapaz, no Vale Vermelho. –Fernanda comentou.

—Rapaz? –Char fez careta, erguendo os olhos da comida e encarando a outra.

—Sim. –Ela assentiu. –Ele me disse que conhecia você.

—Quem? –Char questionou e deu um gole n’água.

—Kyle. –Ela comentou, fazendo Char quase se engasgar com a água.

                  Charlotte pensou sobre o assunto em uma fração de segundos, se questionando o que aquilo queria dizer, enquanto deixava o ar voltar a circular em seu pulmão outra vez.

—Você conheceu o Kyle?

                  Harry viu os olhos de Alfred encararem Fernanda e depois se voltarem ao rosto de Char.

—Sim. –Nanda sorriu. –Ele é muito gentil e me disse que são amigos.

                  Mark e Alfred riram zombeteiros.

—Kyle consegue ser amigo de alguém? –Alfred questionou.

—Nem dele mesmo, Alfred. –Mark concordou. –Ele é idiota demais pra ter amigos.

                   O comentário fez Fernanda franzir o cenho.

—Sério? Ele foi extremamente gentil. –Nanda fez beicinho. –Achei que você e ele...

—Kyle é alguém complicado, Nanda. –Charlotte comentou levemente, cortando o que Nanda dizia e recordando os olhos cinza cheios de fúria sobre ela. –Mas o que ele disse?

                  Fernanda ponderou.

—Falou que conhecia o tio Christopher e que você estava com ele. –Ela deu de ombros. –Que vocês se conheceram logo que você chegou ao Vale Vermelho e que vocês ficaram próximos. –Ela pensou. –Me disse que você ficou na casa dele por um tempo e que eram próximos, que...

                  Alfred bufou e Mark riu debochado.

—Não sei se fico mais chocado com ele fingindo ser seu amigo, Lottie, ou com os ciúmes de Alfred. –Mark brincou, fazendo Char rir.

                  Fernanda encarou Alfred, esquecendo completamente sobre Kyle.

—Então eu estava certa quando perguntei, mais cedo, sobre você e a Char! –Nanda soltou. –Você caiu nos encantos da minha garotinha!

—Não sei do que você tá falando. –Alfred respondeu tranquilamente.

—Vamos, me conte, eu irei compreender. –Disse solenemente.

—Do que estamos falando? –Alfred encarou Fernanda, que sorriu abertamente.

—Quais suas intenções com minha garotinha?

                   Alfred abriu um enorme e feroz sorriso.

—Matá-la e jogar o corpo na Floresta, provavelmente.

—Meu coração é frágil, Al. –Char debochou. –Com essa declaração de amor posso acabar me apaixonando.

                 Alfred riu e balançou negativamente a cabeça, encarando a menina.

—Você é louca.

—Por que você repete tanto isso? –O sorriso divertido da menina era sedutor.

—Porque é a verdade.

—Calúnia.

—Concordo com o Alfred. –Mark disse.

—Dessa vez vou precisar concordar com eles. –Harry respondeu.

—Fernanda! –Char chamou, como se pedindo ajuda.

—Sinto muito. –Foi tudo o que Nanda dissera.

—Pelos mil demônios, não posso contar com nenhum de vocês pra me defender!

—Nesse caso não, Lottie.

                   Charlotte encarou o Ruivo e lhe mostrou língua como uma garotinha. Era raro Char agir de modo tão infantil, normalmente o atacaria de outro modo, contudo ela parecia ter relaxado após a longa caminhada.

                   Eles estavam rindo, quando de repente a névoa tomou conta do acampamento e de tudo ao redor, densa de um modo que mal dava para ver adiante, fazendo a umidade apagar a fogueira.

—Fiquem juntos. –Charlotte mandou, se colocando em pé imediatamente.

                   Alfred a puxou pelo braço e a colocou junto a Harry e Fernanda, indo atrás de Mark e o puxando para junto ao grupo.

—Tá vindo alguém. –Alfred falou baixo, informando a todos. –Um grupo.

                   Charlotte sentiu Mark ao seu lado e lhe deu a costa, sentido que ele fizera o mesmo, os dois se apoiaram no outro, protegendo suas retaguardas.

                    Feiticeiros costumavam lutar em par com quem confiavam, sempre costa a costa com seu parceiro. Char recordou do livro em que lera no Vilarejo e provavelmente Mark era o único Feiticeiro, principalmente da Elite, que ela confiava.

—Alfred, fique com a Nanda e o Harry. –Ela mandou, os olhos verdes atentos. –Aconteça o que acontecer, os proteja.

—Char...

—Se necessário fujam.

—Que? –Harry parecia irritado e preocupado.

—Char e eu estaremos atrás de vocês. –Mark declarou. –Mas os indefesos aqui não somos nós, então não discutam.

                   Alfred e Charlotte sabiam o quão era raro Mark dar ordens e principalmente de modo sério.

                  Char prestou atenção a sua volta, os sons de passos ficavam cada vez mais próximo.

—São muitas pessoas.

—A maioria mulher. –Alfred alertou. –Deve ser um grupo, de no mínimo, doze pessoas.

                  Alfred sentia muitos odores, mas os femininos se destacavam, mal dando para notar os homens entre o grupo.

—Darla, tem alguém a frente. –Alfred ouviu a voz feminina e sutil alertar.

                   Charlotte ouviu a comoção parar.

—Coloque Harry e Fernanda atrás das árvores. –Ela sussurrou, tão baixo que mesmo Alfred só escutou por estar ao seu lado.

                   Alfred odiava ter que deixar Char e Mark em meio ao perigo iminente, contudo sabia que de todos ali, eles eram os mais bem equipados para se proteger. Segurou os dois, que mesmo contra a vontade, se deixaram remover sem falar nada.

—Pronta? –Mark quis saber, se colocando ao seu lado, já que o provável perigo vinha de uma só direção.

                   Charlotte sentiu o vento lhe rondar e o deixou se expandir, feroz ao ponto de limpar toda a névoa que os cercava, em seguida reacendeu as chamas da fogueira, a fazendo ficar mais forte que antes e lhe dando a visão de um bom grupo de pessoas. Contou rapidamente, dezesseis.

                   A primeira pessoa que lhe chamou atenção, não foi as pessoas da linha de frente, segurando espadas ou armas diversas. O que atraiu os olhos de Charlotte foi a mulher que era guardada por eles. Uma mulher alta, usando um vestido verde que outrora deveria ter sido extremamente elegante e belo, contudo estava sujo e danificado; de madeixas cor de fogo, tão intensas quanto as de Mark.

—Olá. –Charlotte cumprimentou, dando um passo à frente, calma e sem mostrar ameaça alguma.

—Olá. –A mulher da frente cumprimentou, mas Char nem mesmo se dignou a olhá-la.

                   A mulher ruiva, notando os olhos verdes sobre si, deu um passo adiante, fazendo que todos se movessem para impedi-la.

—Se acalmem. –Ela decretou, calma e elegante, com um tranquilo sorriso.

                  Char a viu vir para frente. O cabelo ruivo caia em ondas leves até o meio de sua costa e olhos lilases eram inacreditavelmente marcantes e ornamentados por cílios longos e claros, que tocavam gentilmente suas bochechas de maçãs altas e coradas. Ela trazia um ar nobre e sorriso gentil, assim como movimentos graciosos e leves.

                   Charlotte sabia quem era assim que a viu, a aparência não poderia ser escondida, não quando era tão exaltada pelos cantos do Império.

—Não iremos machuca-los. –Mark debochou, fazendo alguém bufar, enquanto ele passava o braço pelos ombros de Char, ambos demostrando toda a calmaria do mundo.

                   Charlotte sentia a magia pulsando da mulher ruiva, mas não tão forte como a sua própria ou de um Ancião, talvez na mesma proporção de Mark, que inacreditavelmente ainda não estava usando seus poderes para ajudar que eles ficassem suscetíveis a falar.

—Sinto incomoda-los. –A ruiva comentou. –Mas fomos atacados no meio da estrada, enquanto estávamos tentando chegar ao Império Central...

—Isso fica para o outro lado. –Mark informou, parecendo casual, mas atento a todos.

—Sim. –A ruiva sorriu. –Contudo viemos pelo Aequor. Viemos de Windstorm, e descemos na Pedreira, para visitar o convento e deixar alguns soldados lá. –Ela informou. –Devem saber que o Convento, por abrigar algumas garotas da realeza, foi atacado recentemente.

—Ouvimos falar. –Mark disse e era verdade, não devia ter passado nem dois meses do ocorrido.

—E do Convento decidimos pegar a Estrada Selvagem, que, embora demore mais, está em melhores condições que a Estrada Principal.

—Devo dizer que você é corajosa. –Mark parabenizou. –A Estrada Selvagem é um lugar peculiar.

—Creio que tenha sido mais burrice que coragem. –Ela deu de ombros. –Contudo não imaginei que seriamos atacados, não quando...

—Quando você está com uma pequena tropa de uma das Brigadas mais poderosas que o Império já viu? –Mark sorriu abertamente, vendo a surpresa passar pelos olhos arregalados da mulher.

                   Charlotte considerava Mark útil por muitos motivos, mas principalmente por não deixar nada passar pelos seus olhos astutos e conhecimentos excepcional.

—Esse é Mark. –Char apresentou e encarou o ruivo. –Seja gentil com nossos convidados, Cabeça de Fogo. –Ela solicitou e ele sorriu.

—Desculpa, Lottie. Força do hábito. –Isso fez Char sorrir e voltar a encarar a ruiva.

—Até porque eu imagino, mesmo que vocês sejam da Ventus Ferrum, devem estar cansados, afinal são seres humanos. –Ela sorriu. –E devo imaginar que Princesa Herdeira de Windstorm esteja exausta.

                  Novamente Charlotte viu o choque na mulher. Char devia admitir que estudara, enquanto pesquisava o Radva, sobre todas as famílias imperiais, as antigas e atuais, tentando construir uma árvore genealógica que indicasse quem, na atualidade, falasse Radva. Mas de todas as famílias que estudara, fizera principalmente com as grandes potências e nomes que Suzana lhe dera na última conversa, enquanto lhe falava sobre sua família e a de Christopher.

—Como sabe quem sou?

—Muito prazer, Princesa. –Char fez uma pequena reverência, tão pequena que mal passou de um aceno de cabeça.

—É um prazer, Majestade. –Mark a reverenciou como um lorde faria, o que fez Char sorrir.

—Sou Charlotte Brand, filha de....

—Você é a garota Valle Maddox! –Ela se surpreendeu. –Filha de Christopher Brand Maddox e Suzana Dennai Valle?!

              Foi a vez de Charlotte se surpreender.

—Pelo visto meus pais são famosos.

—Eles tiveram a ousadia de deixar o Império, o que muitos gostariam, mas não tem coragem de deixar todo o luxo pra trás. –Ela sorriu. –Mas meu tio costuma falar bastante do seu pai, eles eram inseparáveis na juventude.

                Charlotte se surpreendeu com aquela revelação.

—Dizem que os Maddox são a melhor parte do Império. –O homem extremamente alto e de olhos escuros como a noite, disse sorrindo, passando o braço pelos ombros da ruiva, exatamente como Mark fizera.

               Charlotte o encarou, percebendo que ele devia ser do tipo de homem que atraia os olhares dos demais com facilidade.

                Mark se sentiu um tanto quanto perdido. Charlotte sempre lhe pareceu ser da realeza, sua postura era sempre segura demais para uma plebeia comum, mas ele atribuía a sua criação. Contudo ele jamais imaginou que Lottie realmente tivesse o sangue dos Filhos do Império, como chamavam as pessoas de Famílias Nobres e com ligação com os Herdeiros dos Tronos do Império.


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Notas finais do capítulo

E então?
O que acharam?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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