Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 52
Capítulo Cinquenta e Dois – Função Irritante


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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          Era noite quando Alfred e Mark retornaram para o acampamento.

         Charlote ria tranquilamente. Era óbvio que ainda não havia entrado no assunto do que ocorrera realmente enquanto estiveram separados, estavam andando pelas beiradas e mantendo o bom humor do reencontro, a seriedade fora adiada para outro momento.

—Meu ruivo preferido, Mark. –Ela indicou, fazendo o ruivo sorrir divertidamente em sua direção.

—Sou o único ruivo da sua vida, por isso o favoritismo. –Ele implicou e olhou para os dois novos companheiros. –Sejam bem vindos ao fim do mundo, a propósito.

         Charlotte compreendia o que ele queria falar com aquilo e bufou, enquanto prendia o cabelo em um coque frouxo.

—Seu otimismo é inacreditável. –Disse a menina, rolando os olhos, enquanto os amigos riam. –Esses são...

—Fernanda e Harry. –Ele cortou, a mérito de provocação. Depois encarou Harry. –Ouvi muito sobre vocês.

—Isso é preocupante. –Fernanda respondeu, franzindo levemente os lábios e Mark sorriu.

—Ela realmente não foi bondosa.

—E quando ela é? –Alfred debochou, sentando na raiz de um árvore.

—Pelos mil demônios. –A menina soltou. –Vocês irão ficar me provocando mesmo?

        Harry somente ria e observava. Era interessante essa nova Charlotte, ainda era sua irmãzinha, só que com um ar tão misterioso a sua volta, assim como a névoa que encobria seus olhos, que despertava a curiosidade do que acontecera com ela. Mas apesar da preocupação, era tranquilizante ver a parceria entre Char e os dois rapazes, era notória e o suficiente para saber que a irmã, apesar de qualquer coisa que tivesse ocorrido durante seu desaparecimento, não esteve sozinha.

       Mark encarou os olhos azuis do rapaz e notou o que passava por sua mente, o que o fez sorrir. Harry, provavelmente, por ter crescido com Lottie não era alguém facilmente manipulável e fácil de ler, mas o rapaz estava tão tranquilo enquanto percebia que sua irmã estava a salvo e bem, que não havia notado ter deixado cair suas barreiras, o deixando exposto a pessoas como Mark.

       Charlotte, enquanto conversava com os amigos, notou Mark analisando Harry e riu baixinho, o que chamou atenção do ruivo e ele a encarou, dando de ombros.

—Não me julgue. –Disse após o momento de conversa silenciosa chegar ao fim, fazendo todos olharem para ele e Char sorrir.

—Mas essa é minha função, Cabeça Vermelha. –Ela respondeu enquanto pegava a garrafa de vinho da mão de Alfred e bebia um gole, direto da garrafa.

—Você tem uma função irritante. –Fernanda acusou.

—Quando que Charlotte não é irritante? –Harry questionou, ganhando um olhar fatal da irmã e em seguida ela gargalhava.

—Finalmente alguém que concorda comigo! –Mark falou, erguendo a mãos para o céu.

—E eu não concordo? –Alfred o encarou, com falsa indignação.

—Nem sempre. –Mark respondeu tranquilamente e Char riu.

—Vocês são dois idiotas. –Bufou e encarou Harry. –Melhor, vocês quatro são idiotas.

—O que eu tenho haver com isso? –Fernanda a olhava de olhos arregalados.

—Não seja fingida, Fernanda, isso não combina nem com você.

—Nunca fui tão humilhada. –Brincou e Char bufou.

—Passo alguns meses longe e você se torna a pessoa mais dramática do mundo? –Char suspirou e olhou seriamente pra irmã. –Volte ao normal, essa cena toda não combina com você.

        Fernanda riu.

—Idiota.

—Obrigada. –Char disse sorrindo e encarando Harry. –E como foi a viagem? –Ela quis saber, comendo um pedaço de pão.

—Cansativa? –Fernanda mais questionou do que respondeu.

—A estrada está com buracos enormes e tivemos que atravessar parte dela a pé, porque as carroças, quando tentavam passar, acabavam com rodas quebradas. –Harry informou, passando a mão no pescoço. –E encontramos uma garotinha no meio da estrada, ela estava desesperada e paramos pra ajudar, ela está no Vale agora, mas durante a viagem, qualquer movimento muito repentino a deixava assustada.

         Os olhos de Charlotte procuraram Alfred, que estava com o olhar duro.

—Ela disse o nome? –Char quis saber, voltando a encarar o irmão.

          Char se questionou se poderia ser uma das meninas que foram levadas quando a Caravana que estava foi saqueada ou se era outra, com uma história tão difícil quanto.

—Não, não disse.

—Ela estava apavorada. –Fernanda declarou. –Eu ajudei a tomar conta dela, mas ela não falava e quando falava, não fazia sentido... –Nanda fez careta.

—As únicas coisas que entendemos, é que o irmão está morto e a irmã ainda está presa. –Os olhos azuis pareciam gelos de tão frios, notou Char. –E ela parecia conhecer Stephan.

—Sim, quando ela o viu na caravana, correu diretamente pra ele. –Fernanda completou.

          Charlotte ficou em silêncio por um momento, tentando não deixar os sentimentos visíveis, principalmente para Harry.

—E em que lugar está Stephan, a propósito? –Char perguntou, parecendo mais leve e tranquila do que estava.

           Alfred e Mark compreenderam.

—Ele precisou ficar no Vale, por isso fui chamado e vim antes de vocês dois. –Alfred respondeu, dando de ombros. –Por quê? –Ele arqueou a sobrancelha.

—Preciso pegar algo com ele. –Ela notou a pergunta nos olhos do rapaz.

           Harry percebeu haver algo entre os dois e recordou de um trecho da carta de Charlotte, o que o fez sorrir um pouco.

—Ciúmes, Al? –Foi Mark a zombar e isso fez Charlotte rolar os olhos e rir, enquanto Fernanda e Harry compreendiam o que acontecia entre os dois.

—Da Charlotte? –Alfred pendeu a cabeça levemente para o lado direito e analisou a menina. –Acho que não, parceiro. –Ele voltou os olhos para Mark.

—Certeza?

            Charlotte percebeu que Mark trabalhava para aliviar a tenção do lugar.

—Seria o mesmo que ter ciúmes de um animal selvagem. –Debochou, chamando atenção de Char.

—Mas eu sou o melhor dos animais selvagens, Al. –Ela se inclinou levemente para o lado, focando os olhos verdes no rosto dele. –Você não acha? –A voz sutil e sedutora.

          Alfred, em questão de segundos, notou a diversão e debocho nos olhos dela, o que o fez sorrir e saltar rapidamente da raiz em que estava sentado, ouvindo a madeira ranger, mas já estava do outro lado da fogueira.

           Mark viu o sorriso divertido da menina e expressão confusa e surpresa de Harry e Fernanda.

—Formigas? –Mark brincou, percebendo que os dois não tinham a visão de mundo que eles três traziam.

—Alguma coisa assim. –Alfred brincou, notando a confusão em Harry e Nanda. –Um bicho chato e irritante, acho.

          Charlotte notou o que acontecera e se repreendeu, estava tão acostumada a brincar desse modo com Alfred e Mark, que nem se dera conta que Fernanda e Harry não compreenderiam o que se passava.

          Mark viu o sorriso da menina desaparecer e ela suspirar, os olhos verdes ganhando a seriedade que ela vinha ignorando desde que vira os irmãos. Ela o encarou e Mark assentiu.

—Acho que está na hora de eu contar algumas coisas pra vocês. –Ela falou, mas os olhos estavam nas chamas da fogueira.

—Algumas? –Harry questionou, assumindo a seriedade que a situação pedia.

—Espero que isso nos esclareça o porquê de você estar assim. –Fernanda comentou, atraindo o olhar de Char, que sorriu de canto.

         Harry viu aquele sorriso perigoso no canto dos lábios de Char, aquela irritação que ela escondia de todos em Ventanis, somado com a melancolia que encobriu o verde de seus olhos, os deixando praticamente opacos. Seja qual fosse o mistério que ela trazia, não parecia que Charlotte estivesse realmente confortável a contar tudo, talvez, pensou Harry, conforto não fosse a questão.


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Notas finais do capítulo

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Beijos e até o próximo capítulo.



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