Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 43
Capítulo Quarenta e Três - Curiosidade


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem de ler esse capítulo tanto quanto eu gostei de escrever.



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          Alfred estava na cozinha, caçando alguma coisa para comer, foi ai que ouviu o grito desesperado de Kyle.
          Alfred correu de volta para o quarto, encontrando Mark no meio do corredor, o rosto amaçado e cabelo desgrenhado, ainda sem a camisa. Nenhum se deu ao trabalho de perguntar, somente invadiram o quarto de Charlotte. Vendo Char acocada ao lado do corpo de Kyle, que ofegava no chão, suando e levemente encolhido.
—O que merda...? –Mark quis saber, mas sem conseguir achar uma palavra exata para compor a frase.
          Char não ergueu os olhos, ela olhava para Kyle, os olhos absurdamente claros. Alfred viu aquela chama ardente e selvagem dançando nos olhos dela.
          Charlotte tocou gentilmente o rosto de Kyle, que abriu os olhos lentamente, e o fez encara-la.
—Sabe o problema de querer jogar comigo, Kyle? –Ela questionou de leve. –É que eu não perco. –Ela informou. –Eu, em toda minha vida, só perdia, e normalmente era proposital, para uma pessoa... Katharine. –Suspirou cansadamente. –Mas ela já morre. –Acariciou o rosto do rapaz. –Então não ache que você pode tentar me ganhar na base do grito e força. –Ela informou, perdendo a sutileza que fingia ter. –Eu não sou sua, nunca fui e pode ter a certeza de que não vou ser. –Ela o encarou de forma apática. –Sempre que você pensar em me agarrar, como fez ainda a pouco, lembre-se que eu posso fazer muito pior do que isso. O que fiz com você foi só um pequeno grão de areia comparado ao que poderia ter realmente ocorrido.
         Charlotte se ergueu e encarou de cima.
—Certo. –Mark a encarou. –O que diabos você fez com esse ai? –Ele indicou Kyle.
—Só comentei com Kyle que eu posso fazer... Coisas. –Ela deu de ombros. –E que não é inteligente tentar me prender.
        Alfred arregalou os olhos e assobiou de leve.
—Você tá cada dia pior. –Mark comentou e ela suspirou.
—Olha só quem fala. –Char voltou a olhar para Kyle, que sentara no chão, ainda ofegando. –Se recomponha, Kyle. –Ela mandou. –E depois vá embora.
         Kyle a olhou com ódio.
—Você usa as pessoas e depois descarta.
—Você teve o que queria, não teve? –Ela bufou. –Dormiu comigo e me teve por mais tempo do que qualquer pessoa já conseguiu. –Deu de ombros. –Não entendo porque não fica satisfeito.
—Você...
—Chega de seus discursos estúpidos e possessivos, não sou sua, coloque isso nessa cabeça. –Ordenou. –Agora saia daqui.
          Kyle ainda sentia o corpo queimar e pesar, mas as pernas o fizeram se erguer e o levaram para fora da casa, sem nem mesmo conseguir raciocinar no que estava acontecendo, só queria chegar em casa e deitar.
—O que você fez com aquele pobre infeliz? –Mark quis saber.
—Sei que você é uma coisa lindinha, mas sabe o que irão falar se encontrarem dois homens no meu quarto, sendo que um tá com cara de quem acabou de acordar e tá sem camisa?
—Eu acabei de acordar, sua idiota. –Mark resmungou. –Quer saber? Nem deveria ter acordado. –Char riu.
—Vai dormir.
—Vou mesmo, ficar te escutando é um pedido pra ter dor de cabeça. –Ele começou a seguir para o corredor e bateu a porta atrás de si. –Mas quando eu acordar de verdade, vou querer saber o que merda você fez! –A voz, apesar de abafada, chegou até Char.
         Char sorriu um pouco, mas não parecia feliz. A menina foi até a cama e sentou.
—O que aconteceu? –Alfred questionou se aproximando.
          Charlotte olhou para o braço esquerdo e viu as marcas de dedos em sua pele, o que a fez bufar.
          Alfred seguiu os olhos da menina e se agachou a sua frente, pegando seu braço com cuidado e sentindo a raiva lhe subir a cabeça, os dedos de Kyle estavam marcados na pele de Charlotte.
—Eu não deveria ter saído. –Ele falou.
          Char notou a rouquidão de raiva na voz de Alfred.
—Deveria sim. –Ela confirmou. –Eu queria ter essa conversa com Kyle, era necessário.
—Ele te machucou.
          Char o encarou, vendo que ele ainda olhava fixamente para a marca em seu braço.
—Daqui a alguns dias irá sumir.
—Mas eu não vou esquecer e...
—Ele não também não vai, Alfred. –Ela afirmou, o que o fez encara-la.
—O que você fez?
—Eu posso ter me excedido um pouco.
—Pouco? –Ele bufou. –Kyle estava gritando.
         Char notou que embora Alfred estivesse tentando debochar, havia raiva em seus olhos e que seu maxilar estava tensionado, o que deixava o rosto do rapaz muito mais bonito e charmoso.
—Kyle acha que sou um objeto, que posso simplesmente ter dono. –Ela rolou os olhos. –Eu não tenho dono.
—E nunca vai ter. –Ele concordou.
—Que bom. –Ela sorriu.
—Você é livre demais para ser de alguém, Charlotte Brand. –Ele brincou levemente.
—Sou mesmo. –Os dois riram.
—Você só fica enquanto quer, Chapeuzinho. –Ele falou sorrindo. –Sempre foi assim, mesmo quando éramos crianças.
—Achei que eu fosse manipuladora.
—Isso também. –Ela riu.
—Obrigada.
          Alfred rolou os olhos.
—Você sempre fez as pessoas te darem o que queria, sempre fez o que desejou e nunca levou a culpa por nada, mesmo pelas besteiras que fazia. –Ele sorriu outra vez. –Lembro que mesmo quando você parecia disposta a tomar a culpa, alguém fazia por você.
—Eu era uma garota terrivelmente mimada, não é?
—Ainda é. –Ele debochou e ela riu.
—Idiota.
—Olha só quem fala, a pior de todos.
—Que absurdo, Lobinho! –Ela se fez de ultrajada.
—A verdade mudou de nome agora, Chapeuzinho?
—Qual é? –Ela riu. –Eu sou um doce de garota, Alfred. –Ela se inclinou pra frente, ficando mais próxima ao rapaz.
—Nunca foi e continua sem ser.
—Você é tão mal com as palavras. –Brincou.
—Eu sou honesto, você que não admite.
—Eu me recuso veemente a concordar que eu não sou um doce.
—Doce? –Ele riu. –Acho que esqueceram de adoçar, então.
—Você é uma péssima pessoa! –Ela ria.
        Alfred notou o brilho suave nos olhos dela. Havia fogo ainda, sempre havia fogo nos olhos de Charlotte, mas agora era uma forma diferente, não era de raiva, havia diversão dançando com o fogo no verde de seus olhos.
—Devo ter aprendido com você, Chapeuzinho.
         A voz dele havia mudado de tom, rouco, mas não mais de raiva. Isso fez Char tomar consciência do toque quente dos dedos calosos, graças às horas que ele passava praticando no alaúde, em seu braço, próximo ao lugar que Kyle machucara.
         Alfred acariciou levemente o braço dela, provocando arrepios por sua coluna e fazendo os pelos de seu braço e nuca se eriçarem.
        Era necessário experimentar para saber e matar a curiosidade. Char sempre precisou sentir e saborear tudo o que a vida lhe proporcionava, só pondo a prova poderia esclarecer as dúvidas de sua própria cabeça.
        E se tinha algo que deixava Charlotte, desde o principio, curiosa, era saber o que ganharia ao experimentar Alfred.
         Char baixou o rosto na direção do rapaz.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram?
Gente! Esse capítulo Chared... O que será que vem agora? Céus! Alguém pra sofrer comigo?
Beijos e até o próximo capítulo.



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